Governo Federal intensifica ações contra a seca na Amazônia Legal e no Pantanal

O rugido silencioso da estiagem, um fantasma que anualmente assombra a Amazônia Legal e o Pantanal, encontra agora uma resposta proativa e robusta do Governo Federal. O Plano Nacional de Enfrentamento à Estiagem Amazônica e Pantanal, conhecido pela sigla PNEAP, não é apenas um conjunto de diretrizes; é um escudo preventivo forjado para proteger vidas e reduzir o impacto social de um dos mais severos desafios climáticos que o Brasil enfrenta.

Plano Nacional de Enfrentamento à Estiagem Amazônica e Pantanal (PNEAP)

Prever ações de resposta e assistência humanitária antes do agravamento da seca e da estiagem é o coração pulsante desse plano, concebido para tecer uma rede de atuação integrada e coordenada entre os diversos órgãos federais que compõem o Sistema Federal de Proteção e Defesa Civil, o SIFPDEC.

Screenshot-2025-07-28-185900 Governo Federal intensifica ações contra a seca na Amazônia Legal e no Pantanal
Imagem: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Desde o alvorecer desta semana, o PNEAP, ainda em suas fases finais de lapidação, começou a desdobrar suas asas sobre os estados mais castigados pela seca. Oficinas, verdadeiras sementes de conhecimento e colaboração, estão sendo plantadas com gestores locais e técnicos da área, desenhando um mapa de preparação que visa antecipar as crises e não apenas remediá las. É uma mudança de paradigma: da reação à previsão, do curativo à prevenção.

Um Mosaico de Preparação no Coração do Brasil

O PNEAP se expande por um território vasto e complexo, abrangendo os dez estados que compõem a Amazônia Legal e o Pantanal: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Em cada um desses pilares geográficos, uma base de atuação temporária será erguida, aproveitando as estruturas federais ou estaduais já existentes. Uma estratégia inteligente que otimiza recursos e acelera a resposta. A exceção a essa regra geográfica é o Pará, que terá duas bases estratégicas, e o Amazonas, que contará com três, um reconhecimento da magnitude dos desafios que essas regiões em particular enfrentam.

A espinha dorsal dessa missão é composta por uma equipe multidisciplinar, com técnicos da Defesa Civil Nacional e agentes de outros órgãos do SIFPDEC. A cada oficina, a expertise se multiplica, o conhecimento se compartilha e a capacidade de resposta se fortalece. A visão do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, ressoa como um mantra: a fase de preparação, anterior ao cenário mais crítico, é de fundamental importância.

“É muito importante ter um planejamento, com papéis e etapas bem definidas, começo, meio e fim, para enfrentar de forma eficiente a gravíssima crise de estiagem”, sublinha o ministro, com a clareza de quem entende a urgência da situação. “No Norte, de uma hora para outra, comunidades inteiras perdem a ligação com as cadeias de suprimento, ficam isoladas sem as hidrovias, e isso gera uma crise humanitária instantânea. Por isso, o MIDR está levando as oficinas para capacitar as defesas civis estaduais na atuação conjunta com a União”.

A cada palavra, a dimensão do desafio se revela, e a necessidade de uma ação coesa e antecipada se impõe. O secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, ecoa essa premissa: “O período de estiagem na Amazônia Legal e no Pantanal exige planejamento antecipado e a integração total entre União, estados e municípios.

O PNEAP nasce justamente para garantir que a ação governamental ocorra de forma eficaz, evitando lacunas ou sobreposições. Busca se, com isso, que nenhuma comunidade fique isolada ou sem assistência caso os rios atinjam níveis críticos nesse período. Nosso trabalho é prevenir para proteger vidas e reduzir impactos sociais, especialmente sobre a parcela da população mais vulnerável.”

O Legado da Estiagem: Desafios e Respostas Urgentes

As regiões da Amazônia Legal e do Pantanal, em um ciclo que parece imutável, periodicamente se veem enredadas entre as águas das cheias e a secura implacável das estiagens. Fenômenos naturais, é verdade, mas que nos últimos anos têm se intensificado de forma alarmante.

A estiagem recente, mais severa, mais seca e mais quente, tem deixado um rastro de desastres: escassez hídrica e incêndios florestais devastadores. Um cenário que se agrava diante das vulnerabilidades sociais que permeiam essas comunidades. Diante desse quadro de extrema gravidade, o Governo Federal sentiu se impelido a agir, adotando ações de socorro e assistência que visam proteger as populações atingidas.

Rafael Félix, coordenador geral de Gerenciamento de Desastres da Defesa Civil Nacional, lança luz sobre a triste realidade: “O histórico de ocorrências desse tipo de evento demonstra que os rios ficam muito secos, perdendo a navegabilidade.” A perda da navegabilidade dos rios não é um detalhe; é um entrave vital, pois são as hidrovias o principal meio de transporte e acesso para muitas comunidades isoladas.

“Portanto, o plano tenta mapear as populações que ficam vulneráveis no período de estiagem e antecipar as ações emergenciais, garantindo que os recursos e insumos cheguem a todos por meio fluvial antes que os rios fiquem com os níveis críticos”, explica Félix. A lógica é cristalina: se a água é o problema, ela também é parte da solução, sendo o caminho para levar a ajuda.

Além de salvar vidas e mitigar o sofrimento humano, o PNEAP carrega um benefício adicional: a diminuição dos custos. O coordenador Félix ressalta um ponto crucial: “Com o PNEAP, conseguimos garantir que essas comunidades não fiquem desabastecidas e uma resposta melhor. Além disso, nos últimos anos, essas comunidades foram atendidas por meio aéreo, o que encareceu as ações”.

A logística aérea, embora eficaz em emergências extremas, é notoriamente mais dispendiosa. Ao antecipar e planejar as entregas por via fluvial, o governo não apenas otimiza o socorro, mas também demonstra um uso mais eficiente dos recursos públicos.

O PNEAP: Uma Arquitetura de Prevenção e Resposta

A concepção do Plano Nacional de Enfrentamento à Estiagem Amazônica e Pantanal não surgiu do nada; ela foi gestada a partir das lições e experiências do Plano de Ação Integrada, o PAI. O PAI, um documento norteador em si, já buscava a integração entre os diferentes órgãos do Governo Federal vinculados ao SIFPDEC no desenvolvimento e acompanhamento de ações de preparação e resposta à estiagem na Amazônia Legal e no Pantanal. O PNEAP, portanto, é uma evolução, um aprimoramento dessa visão integradora.

Screenshot-2025-07-28-190904 Governo Federal intensifica ações contra a seca na Amazônia Legal e no Pantanal
Fonte: EBC

O plano, em sua essência, busca estruturar a atuação integrada e coordenada dos órgãos federais no âmbito do Sistema Federal de Proteção e Defesa Civil, de forma antecipada ao período de estiagem. Ele se apoia no princípio do planejamento conjunto e incorpora o monitoramento hidrológico e meteorológico, pilares fundamentais para antecipar cenários e agir com precisão. Mas a preparação não se restringe apenas aos órgãos do SIFPDEC; ela se estende às defesas civis estaduais e municipais e, de forma crucial, às próprias populações vulneráveis. A comunidade, afinal, é a linha de frente de qualquer desastre natural.

As ações do PNEAP, em sua amplitude, entrelaçam se com diversas políticas públicas já existentes, conectando se diretamente à Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, a PNPDEC. Desenvolvimento social, saúde, direitos humanos e cidadania, preservação e conservação ambiental, proteção e defesa civil no plano dos sistemas estaduais e municipais, e segurança pública: todas essas áreas são convocadas a convergir seus esforços. A implementação do plano se dará por meio de Eixos de Ação Coordenada, os EACs, que funcionam como os braços operacionais dessa grande estratégia.

Eixos de Ação Coordenada

  • Monitoramento:

A vigilância constante é a pedra angular. Realização do monitoramento hidrológico e meteorológico da situação adversa causada pela estiagem na Bacia Amazônica e no Pantanal. É o olho que tudo vê, antecipando os sinais da crise.

  • Assistência humanitária:

Quando a crise se instala, a ajuda precisa chegar. Realização de ações voltadas ao atendimento das necessidades urgentes apresentadas pelas populações atingidas pelo desastre. Alimentação, água potável, abrigos temporários: a resposta imediata para salvar vidas.

  • Logística:

A ajuda, por si só, não basta; ela precisa ser entregue. Implementação de ações para disponibilização de locais de armazenamento e emprego do transporte por meio de variados modais, a fim de propiciar que os itens assistenciais cheguem à população. Da balsa ao helicóptero, todos os meios são considerados para garantir que a ajuda alcance os mais remotos pontos.

  • Proteção:

Manutenção de informações atualizadas acerca das necessidades das populações e das especificidades para o atendimento emergencial. Concretiza o apoio às ações de logística e assistência humanitária, garantindo que a ajuda seja direcionada com precisão.

  • Saúde:

A saúde em tempos de crise é um desafio complexo. Disponibilização de insumos de saúde e formulação de estratégias para apoio local, em sintonia com as necessidades apontadas pelo eixo proteção. Da vacinação emergencial ao tratamento de doenças relacionadas à seca, a saúde é prioridade.

  • Governança:

A orquestra precisa de um maestro. Acompanhamento, orientação e consolidação da implementação do planejamento realizado pelos demais Eixos de Ações Coordenadas. A governança garante que todas as engrenagens funcionem em harmonia, sem falhas ou sobreposições.

Uma Dupla Camada de Gestão para a Eficácia

A gestão do PNEAP é uma estrutura inteligente, pensada em duas camadas para otimizar a eficácia: estratégica e situacional.

A camada estratégica é composta pela Casa Civil e pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, a Sedec. Ela é o cérebro que formula dados gerenciais para as ações de preparação e resposta, informações cruciais destinadas à Presidência da República. Além disso, promove a comunicação integrada com a população, garantindo transparência e informação acessível. A gestão estratégica pode, quando necessário, contar com a participação de outros órgãos do SIFPDEC, aproveitando suas expertises conforme a evolução das ações de monitoramento e resposta.

A camada situacional, por sua vez, é a mão que executa, realizada principalmente pelos órgãos do SIFPDEC. Compreende a efetiva implementação das ações de monitoramento e resposta ao desastre, seguindo o mapeamento das necessidades e o planejamento previamente elaborado. Essa camada opera sob a lógica dos eixos de atuação coordenada e da matriz de responsabilidades anexada ao PNEAP, garantindo que cada órgão saiba exatamente seu papel e suas atribuições.

Em síntese, o PNEAP não é apenas um plano, mas uma declaração de intenções: a de que o Brasil não assistirá passivamente aos impactos da estiagem. É um convite à ação, à colaboração e à construção de um futuro mais resiliente para as comunidades que habitam as preciosas regiões da Amazônia Legal e do Pantanal. Um verdadeiro escudo de prevenção para a vida.

Fonte: EBC

Comunidades quilombolas com título de terra reduzem desmatamento em até 55% na região amazônica

A floresta amazônica, pulsação verde do nosso planeta, tem guardiões silenciosos, muitas vezes invisíveis aos olhos do reconhecimento oficial. Agora, uma pesquisa pioneira lança luz sobre um fenômeno de proporções monumentais: os territórios quilombolas em quatro nações amazônicas: Brasil, Colômbia, Equador e Suriname, emergem como baluartes incansáveis da preservação ambiental. O que já se observava em comunidades indígenas, a capacidade inata de salvaguardar o berço da vida terrestre, ganha um novo e poderoso paralelo.

Estudo inédito

O estudo inédito da respeitada organização Conservação Internacional, publicado com pompa e circunstância na revista Communications Earth and Environment, um braço editorial do prestigiado grupo Nature, desvela dados que transformam percepções.

Screenshot-2025-07-28-122602 Comunidades quilombolas com título de terra reduzem desmatamento em até 55% na região amazônica
Fonte: InfoAmazonia

De forma contundente, a pesquisa aponta que o desmatamento em terras afrodescendentes devidamente tituladas nesses países apresenta taxas que variam entre 29% e 55% menores quando comparadas a áreas com características geográficas e ambientais similares. Uma revelação que, por si só, reconfigura o mapa da conservação.

O reconhecimento tardio de um legado ancestral

A voz de Martha Cecilia Rosero Peña, diretora de Inclusão Social na Conservação Internacional e detentora de um Ph.D., ecoa com a dignidade de quem testemunha uma injustiça histórica.

“Os povos afrodescendentes das Américas serviram por muito tempo como guardiões do meio ambiente sem reconhecimento nem compensação, inclusive, a maioria de seus territórios nem sequer está formalmente reconhecida”, lamenta a pesquisadora. Sua fala, carregada de um pesar palpável, é um lembrete vívido da dívida que a sociedade global tem para com essas comunidades.

Contudo, ela ressalta com firmeza: “a evidência é indiscutível; o mundo tem muito a aprender com suas práticas de gestão territorial”. Essa constatação não é apenas um apontamento científico; é um chamado à reorientação de paradigmas, uma reavaliação profunda de quem detém o saber ancestral sobre a floresta.

Metodologia de pesquisa rigorosa e detalhada

Para chegar a tais conclusões, o estudo empregou uma metodologia rigorosa e detalhada. Comparou os quilombos titulados, abarcando a vasta diversidade de biomas nos quatro países latino americanos, com áreas semelhantes que, no entanto, excluíam os territórios indígenas. A explicação para essa distinção é oferecida por Sushma Shrestha, diretora de Ciência Indígena, Pesquisa e Conhecimento na Conservação Internacional e principal autora do artigo.

Ela detalha que essas “áreas fora dos territórios quilombolas apresentam características mensuráveis semelhantes, incluindo cobertura florestal inicial, uso e proteção da terra, tempo de viagem até cidades, elevação, entre outros”. Essa abordagem minuciosa garante que os resultados da pesquisa não sejam meros acasos, mas sim a manifestação de um impacto real e mensurável das comunidades quilombolas na integridade da paisagem natural.

O retrato do Brasil: Desafios e potencial em terras quilombolas

No Brasil, a magnitude do desafio e do potencial é gritante. Dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE revelam que apenas uma fatia ínfima, 4,3% da população quilombola do país, reside em territórios que alcançaram a tão almejada titulação.

A população quilombola total brasileira, que inclui tanto as comunidades tituladas quanto as que ainda aguardam por esse reconhecimento vital, soma 1,32 milhão de pessoas. Um contingente significativo que representa 0,65% do total de brasileiros, e que, em sua maioria, ainda vive à margem de garantias territoriais plenas. Esse cenário, longe de ser um mero dado estatístico, é um reflexo da urgência em acelerar os processos de titulação e reconhecimento dessas comunidades, não apenas por justiça social, mas por um imperativo ambiental inadiável.

Os achados da Conservação Internacional não se limitam apenas à redução do desmatamento. O levantamento descortina um tesouro inestimável. Esses territórios afrodescendentes na América Latina abrigam não só uma menor taxa de desflorestamento, mas também quantidades significativamente maiores de biodiversidade e de carbono irrecuperável. Este último, um conceito crucial para a compreensão da crise climática, refere se ao carbono armazenado em ecossistemas naturais que, uma vez perdido, não pode ser recuperado em um horizonte de tempo inferior a trinta anos.

Dimensão da riqueza natural

A dimensão da riqueza natural presente nessas terras é estonteante: mais da metade dessas áreas, precisamente 57%, figuram entre os 5% de regiões mais biodiversas de todo o planeta. No Equador, essa proporção atinge um impressionante índice de 99%, o que demonstra a excepcionalidade desses ecossistemas sob a gestão quilombola. No total, esses territórios de povos afrodescendentes armazenam mais de 486 milhões de toneladas de carbono irrecuperável.

Este dado, por si só, é um argumento irrefutável para a preservação dessas áreas sob a gestão direta das comunidades, o que se torna um pilar essencial na prevenção dos efeitos mais catastróficos das mudanças climáticas. A proteção desses territórios não é apenas uma questão local; é uma estratégia global para a saúde do planeta.

A ciência encontra o ativismo: Um chamado global

O artigo da Conservação Internacional não é apenas uma peça de pesquisa; é um marco. É a primeira investigação a entrelaçar de forma tão complexa e robusta dados estatísticos, espaciais e históricos para quantificar, com precisão científica, a função inestimável dos povos afrodescendentes na proteção da natureza.

Screenshot-2025-07-28-124223 Comunidades quilombolas com título de terra reduzem desmatamento em até 55% na região amazônica
Fonte: InfoAmazonia

Sua publicação, em um momento estratégico, ecoa o reconhecimento formal alcançado no ano anterior pela Convenção sobre Diversidade Biológica na Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade COP16. Naquele fórum global, o papel vital que as pessoas afrodescendentes desempenham na conservação da biodiversidade e na consecução das metas globais de preservação foi, enfim, reconhecido.

Relação da pesquisa com a COP 30

A divulgação deste estudo se dá em um contexto de efervescência diplomática e ambiental, enquanto o Brasil se prepara para ser o anfitrião da tão aguardada cúpula climática da ONU, a COP30. Este evento de magnitude internacional direcionará os holofotes para o papel singular das Américas na mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Nesse palco, a voz e as práticas das comunidades quilombolas assumem uma relevância sem precedentes, oferecendo soluções comprovadas e eficazes para os desafios ambientais mais prementes.

As descobertas do estudo, apesar de animadoras, expõem uma lacuna gritante, uma desproporção que clama por correção. Embora quase uma em cada quatro pessoas na América Latina se identifique como afrodescendente, esses povos permanecem tristemente sub representados em arenas ambientais globais.

Incluem se aqui as cúpulas de clima e biodiversidade da ONU, justamente os espaços onde se delineiam políticas cruciais, se define o fluxo de financiamento e se tomam decisões de liderança que impactam diretamente suas vidas e seus territórios. Essa ausência não é apenas uma falha de representatividade; é uma perda inestimável de conhecimento, de perspectivas e de soluções que poderiam enriquecer e fortalecer as estratégias globais de conservação.

zapp8 Comunidades quilombolas com título de terra reduzem desmatamento em até 55% na região amazônica

O futuro da conservação: Apoio e reconhecimento para os quilombos

Sushma Shrestha, a principal autora do artigo, reafirma a magnitude do legado quilombola e a urgência de sua visibilidade. “Durante séculos, as comunidades afrodescendentes têm gerido paisagens que sustentam tanto as pessoas quanto a natureza, no entanto, suas contribuições continuam sendo e grande parte invisíveis”, lamenta a pesquisadora.

Em sua voz, há um clamor por justiça e reconhecimento. Ela conclui com uma declaração poderosa: “Esta pesquisa deixa claro que sua gestão ambiental não é apenas histórica. Está em curso e deve ser reconhecida, apoiada e tomada como exemplo.” Essa fala não é apenas um apelo moral; é uma constatação científica, uma prova irrefutável de que as práticas sustentáveis dos quilombos são um modelo a ser seguido.

O estudo não se limita a apresentar dados; ele faz um chamado à ação. Propõe a adoção de medidas que, embora ainda necessárias para povos indígenas e comunidades locais, cujas contribuições para a conservação e direitos sobre a terra seguem sem o devido reconhecimento apesar da vasta evidência científica, agora se estendem de forma explícita aos quilombos.

Recomendação da Conservação Internacional

A recomendação da Conservação Internacional é clara e multifacetada. Em primeiro lugar, a titulação e o reconhecimento desses territórios quilombolas devem ser acelerados e universalizados. Em segundo lugar, é imperativo que haja um aumento significativo em pesquisa e financiamento para apoiar os afrodescendentes e o trabalho inestimável de conservação que eles realizam. Por fim, e de forma crucial, as práticas sustentáveis desses povos precisam ser integradas de forma orgânica e central nas políticas climáticas e de biodiversidade globais. Não como apêndices, mas como pilares fundamentais.

A voz do Embaixador Martin Kimani, Presidente do Fórum Permanente da ONU para Pessoas de Ascendência Africana, corrobora a tese do estudo com autoridade e convicção. “As comunidades afrodescendentes protegem ecossistemas críticos. Este estudo pioneiro quantifica seu impacto e demonstra que justiça, segurança da posse da terra e ganhos em biodiversidade estão alinhados”, afirma o embaixador.

Sua fala ressalta a interconexão indissociável entre direitos humanos, justiça social e a saúde ambiental do planeta. Ele conclui com um apelo contundente: “As negociações globais que buscam impacto real deve colocar a liderança afrodescendente no centro, e o Fórum Permanente as apoia para garantir esse espaço.” Essa declaração não é apenas uma manifestação de apoio; é um endosso institucional à centralidade da experiência quilombola nas discussões e soluções climáticas.

Perspectiva vital para a discussão

Angélica Mayolo, ex ministra da Cultura da Colômbia e bolsista MLK na Iniciativa de Soluções Ambientais do MIT, com suas raízes fincadas no centro afrodescendente de Buenaventura na Colômbia, traz uma perspectiva vital para a discussão. Ela afirma com clareza: “A titulação coletiva de terras para comunidades afrodescendentes é um mecanismo comprovado e eficaz para a conservação ambiental, contribuindo significativamente para a preservação de ecossistemas estratégicos na América Latina e no Caribe.”

Sua experiência pessoal e profissional valida a tese central do estudo, reforçando a ideia de que a garantia de direitos territoriais é um motor poderoso para a preservação ambiental. A titulação, portanto, não é apenas um ato de justiça, mas uma ferramenta poderosa de conservação que beneficia a todos.

A pesquisa da Conservação Internacional transcende a mera acumulação de dados. Ela é um farol que ilumina um caminho. O caminho da justiça social, da valorização do conhecimento ancestral e da compreensão de que a conservação ambiental eficaz passa, inevitavelmente, pelo reconhecimento e pelo fortalecimento das comunidades que, por gerações, têm sido as verdadeiras guardiãs da floresta. Os quilombos, com suas histórias de resistência e sabedoria, não são apenas beneficiários de políticas de conservação; eles são os protagonistas essenciais de um futuro mais sustentável para a Amazônia e para o planeta.

Óxidos de ferro fortalecem a captura de carbono nos ecossistemas de manguezal

Em uma era onde a busca por soluções para as mudanças climáticas se torna cada vez mais premente, a ciência nos brinda com descobertas que podem redefinir nossa abordagem através de uma pesquisa recente.

A pesquisa

Empregando uma metodologia verdadeiramente inovadora, o estudo desvendou mecanismos ocultos que capacitam os solos alagados de áreas costeiras, como os manguezais, a reter carbono com uma eficiência notável. Ao aprofundar a compreensão desse processo fundamental, o estudo não apenas ilumina um fenômeno natural complexo, mas também acende uma chama de esperança, revelando um leque de oportunidades na busca por ferramentas para enfrentar os impactos negativos das mudanças climáticas que são resultantes da ação humana sobre o uso da terra.

Screenshot-2025-07-28-020447 Óxidos de ferro fortalecem a captura de carbono nos ecossistemas de manguezal
Coleta de solo e gases em área de manguezal convertida para pastagem (foto: Angelo Fraga Bernardino/Universidade Federal do Espírito Santo)

Os manguezais são há muito tempo reconhecidos pela comunidade científica como alguns dos ecossistemas mais eficazes do planeta na captura de gases de efeito estufa, superando até mesmo a exuberância de florestas tropicais, como a Amazônia. Tradicionalmente, essa capacidade extraordinária era atribuída sobretudo à ausência de oxigênio nesses ambientes singulares. A carência de oxigênio retarda significativamente a decomposição da matéria orgânica, o que, por sua vez, limita a liberação do dióxido de carbono CO2, um dos principais vilões do aquecimento global. Contudo, essa nova investigação adiciona uma camada de complexidade e otimismo a essa compreensão.

A química oculta da estabilização de carbono

O estudo, que teve suas descobertas minuciosamente detalhadas e publicadas na prestigiada revista Nature Communications, traz à luz um papel até então subestimado: o dos óxidos de ferro de baixa cristalinidade.

Minerais como a ferri hidrita e a lepidocrocita, abundantes nos solos dos manguezais, atuam como verdadeiros estabilizadores do carbono orgânico do solo. Eles funcionam como escudos protetores, blindando as frações mais instáveis do carbono aquelas que os biogeoquímicos chamam de “lábeis”. Sem essa proteção, essas frações estariam vulneráveis à decomposição biológica, um processo que invariavelmente culminaria na liberação do CO2 para a atmosfera. A relevância dessa descoberta é ainda mais acentuada quando consideramos as intervenções humanas.

Quando ocorre uma mudança no uso da terra em áreas de manguezal, seja para a construção de tanques de camarões ou para a expansão da pastagem, situações infelizmente comuns e registradas nas áreas analisadas pela pesquisa, o impacto é drástico. Tais alterações promovem uma transformação profunda no ambiente geoquímico do solo, levando à sua oxidação ou acidificação. Esse desequilíbrio, por sua vez, desencadeia a metamorfose dos minerais óxidos de ferro menos cristalinos em formas mais cristalinas. O problema é que essas formas cristalinas são notavelmente menos eficazes na estabilização do carbono orgânico, diminuindo a capacidade de “segurar” esse carbono no solo.

A cristalinidade, vale ressaltar, não é um mero detalhe técnico. Ela se refere à maneira como os átomos estão organizados no material, dispostos de forma repetitiva e ordenada, criando uma estrutura tridimensional que impacta diretamente as propriedades físicas e químicas do material. A forma como esses óxidos de ferro se estruturam é, portanto, diretamente proporcional à sua eficácia em proteger o carbono.

Screenshot-2025-07-28-021458 Óxidos de ferro fortalecem a captura de carbono nos ecossistemas de manguezal

Inovação metodológica e quebra de paradigma

O pesquisador Francisco Ruiz, do Departamento de Ciência do Solo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo Esalq USP, é um dos cérebros por trás dessa pesquisa revolucionária. Em declaração à Agência FAPESP, Ruiz enfatiza as inovações trazidas pelo estudo.

“Nosso estudo traz inovações importantes. Uma delas está na metodologia que criamos. Usamos técnicas já estabelecidas, mas que, em uma sequência inovadora, nos permitiram inferir a importância do ferro na estabilização do carbono. Outro ponto de destaque foi conseguir demonstrar o mecanismo envolvido na proteção das frações mais lábeis da matéria orgânica”, explica o cientista.

Para alcançar tais insights, o grupo de pesquisa empregou uma combinação sofisticada de técnicas analíticas. Utilizaram a espectroscopia no infravermelho, que investiga as interações entre a matéria e a radiação, a análise térmica TG DSC thermogravimetric differential scanning calorimetry e a extração química seletiva. As amostras foram coletadas no estuário Mocajuba Curuçá, uma região costeira de inestimável valor ambiental localizada no Estado do Pará, a leste da foz do rio Amazonas. Essa localização estratégica permitiu um estudo aprofundado em um dos maiores e mais complexos sistemas de manguezais do mundo.

Francisco Ruiz, primeiro autor do artigo na Nature Communications, tem seu trabalho apoiado por uma bolsa da FAPESP projeto 23/06841 9. A FAPESP também contribuiu significativamente para a pesquisa por meio do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa RCGI e do Centro de Pesquisa em Carbono na Agricultura Tropical CCARBON, destacando o apoio institucional à ciência de ponta no Brasil.

O engenheiro agrônomo Tiago Osório Ferreira, orientador de Ruiz e autor correspondente do estudo, não hesita em classificar os resultados como uma “quebra de paradigma”. Em sua análise, o professor da Esalq pontua:

“O estudo avança na compreensão real de como os solos dos manguezais funcionam como drenos de carbono em um cenário importante de mudanças climáticas e busca por estratégias para mitigação de seus efeitos. Quando entendemos os processos por trás da estabilização, é possível vislumbrar que tipo de uso da terra é mais ou menos nocivo, além da possibilidade de potencializar ou frear determinados mecanismos para ter uma estabilização de carbono mais eficiente e menor emissão de gases de efeito estufa”. Essa visão estratégica demonstra como a pesquisa básica pode se traduzir em aplicações práticas para o manejo ambiental.

Tiago Osório Ferreira, que dedica mais de 25 anos à pesquisa em manguezais, atualmente coordena o projeto “BlueShore Florestas de Carbono Azul para mitigação de mudanças climáticas offshore”, desenvolvido no âmbito do RCGI. Entre os ambiciosos objetivos dessa iniciativa estão o estudo aprofundado dos mecanismos de sequestro e estabilização de carbono nos solos, a criação de um índice de saúde do solo para classificar regiões mais ou menos degradadas, e a análise de como a biodiversidade dos manguezais responde a maiores concentrações de CO2.

A inestimável importância dos mangues para o planeta

Os mangues, frequentemente chamados de “florestas de carbono azul”, são verdadeiros sumidouros naturais. Sua capacidade de capturar e armazenar carbono é tão significativa que as emissões provenientes da perda de vegetação de manguezais na Amazônia Legal, por exemplo, poderiam ser até três vezes superiores às registradas em uma área equivalente de floresta terrestre. Isso significa que deter o desmatamento desses ecossistemas evitaria a emissão de CO2 na ordem de 1.228 toneladas por hectare, um dado que ressalta a urgência da proteção desses biomas. A inclusão dos mangues amazônicos no programa REDD+ do Brasil é um passo fundamental nessa direção.

Para conscientizar a população global sobre a importância desses ecossistemas costeiros e a imperiosa necessidade de sua proteção, as Nações Unidas instituíram o 26 de julho como Dia Mundial de Proteção aos Manguezais. Uma data que, em Belém do Pará, adquire um significado ainda mais especial, dada a riqueza de mangues na região.

O Brasil ostenta a segunda maior área de manguezal do mundo, com aproximadamente 1,4 milhão de hectares distribuídos ao longo de sua extensa faixa costeira. É também o lar do maior trecho contínuo, que se estende entre os estados do Amapá e do Maranhão, um tesouro natural de valor incalculável. Contudo, estimativas preocupantes indicam que 25% dos manguezais em todo o país foram destruídos desde o início do século 20. Esse processo de degradação pode ser acelerado por fatores como o aumento do nível do mar, as próprias mudanças climáticas e a maior frequência de eventos extremos, além do desmatamento e da expansão urbana desordenada.

A importância dos manguezais transcende a regulação climática. Cerca de 500 mil brasileiros dependem diretamente dos recursos desses ecossistemas para sua sobrevivência, incluindo pescadores artesanais, marisqueiros e extrativistas, que veem nesses ambientes seu sustento e sua cultura. Com uma biodiversidade exuberante, abrigando mais de 770 espécies de fauna e flora, essas áreas também são vitais para a pesca comercial, servindo como berçário para o estágio inicial de desenvolvimento de inúmeros tipos de peixes.

“O problema não está na coleta do caranguejo ou no extrativismo, mas sim na ruptura do equilíbrio biogeoquímico, quando há remoção de vegetação ou mudança inadequada de uso da terra. Nesse sentido, a pesquisa também joga luz sobre a importância da conservação e do controle do uso do solo em manguezais”, complementa Ferreira, ressaltando que a intervenção humana desequilibrada é a verdadeira ameaça.

O estudo enfatiza que os esforços de restauração desses ecossistemas devem ir muito além do simples reflorestamento. É fundamental incorporar estratégias inovadoras para restaurar o equilíbrio geoquímico do solo. A recuperação natural dos minerais dos solos de manguezais é, em geral, um processo lento, dificultado por erosões e degradação preexistentes. Portanto, a ação humana consciente e embasada em ciência é crucial para acelerar essa recuperação.

Construindo o conhecimento do solo

Francisco Ruiz destaca que, na ciência de solos bem drenados, como os de floresta, as técnicas empregadas em seu trabalho são aplicadas com maior frequência do que em regiões de solos alagados. “Para os manguezais, estamos no início das avaliações dessa interação do ferro com carbono. Comecei a me debruçar na análise de mecanismos de estabilização nas interações organominerais ao estudar os tecnossolos”, compartilha o pesquisador, revelando a complexidade e a novidade de sua área de estudo.

A jornada acadêmica de Ruiz é marcada por excelência. Durante seu mestrado e doutorado, ele se dedicou ao estudo de tipos de solos construídos tecnossolos, capazes de recuperar áreas degradadas. Seu empenho e suas descobertas foram reconhecidos com o Prêmio Tese Destaque USP em Ciências Agrárias e o Prêmio Capes de Tese Edição 2024 com menção honrosa em Ciências Agrárias I, selos de reconhecimento que atestam a relevância e o impacto de sua pesquisa.

O artigo científico que detalha essas importantes descobertas, intitulado “Iron’s role in soil organic carbon (de)stabilization in mangroves under land use change”, está disponível para leitura e aprofundamento em www.nature.com/articles/s41467-024-54447-z. As informações contidas ali são um farol para futuras pesquisas e políticas públicas, reforçando a importância de olharmos para a natureza com mais atenção e compreendermos seus segredos para o bem de todos.

Fonte: Agência FAPESP

Como plantar jasmim-manga e aproveitar seu perfume no jardim

Ele não é apenas bonito — é quase hipnótico. O jasmim-manga, com suas flores perfumadas e aparência tropical, tem o poder de transformar qualquer canto do jardim em um refúgio sensorial. Seu perfume lembra o de frutas doces com um toque floral exótico, enquanto suas flores em forma de espiral chamam atenção por onde passam. E o melhor? Com o cultivo certo, ele floresce por meses a fio. Se você quer aprender a plantar e cuidar dessa espécie encantadora, este guia vai direto ao ponto.

O que é o jasmim-manga e por que ele merece um espaço no seu quintal

Apesar do nome, o jasmim-manga (Plumeria) não tem relação direta com o jasmim comum nem com a fruta manga. O apelido veio do perfume adocicado de suas flores, que lembra jasmim, e do formato das folhas, que se parecem com as da mangueira. Originário da América Central e amplamente cultivado no Brasil, o jasmim-manga é uma árvore de pequeno porte que pode ser plantada tanto no solo quanto em vasos grandes.

Além do perfume envolvente, o jasmim-manga também encanta pela resistência ao calor, pela baixa exigência de manutenção e pela beleza de suas flores em tons que variam do branco ao rosa, amarelo, salmão e até roxo.

Escolhendo o local ideal para plantar o jasmim-manga

Para florescer com abundância e exalar seu perfume característico, o jasmim-manga precisa de muito sol. Escolha um local que receba pelo menos 6 horas diárias de luz solar direta. Em regiões muito quentes, ele até tolera meia-sombra, mas com menor intensidade de floração.

Se for plantar no jardim, dê preferência a um solo bem drenado, levemente arenoso e enriquecido com matéria orgânica. Em vasos, use uma mistura de terra vegetal, areia grossa e húmus de minhoca ou composto orgânico.

Importante: o jasmim-manga não gosta de encharcamento. Evite locais com solo argiloso e compacto. Caso o solo do seu quintal não seja ideal, a melhor saída é cultivá-lo em vaso grande, com boa drenagem.

Como plantar o jasmim-manga a partir de estacas

Embora seja possível adquirir mudas já formadas em viveiros, plantar o jasmim-manga por estaca é um método simples e bastante eficaz. Veja como fazer:

  1. Escolha uma estaca saudável com cerca de 30 a 40 cm de comprimento, retirada de um galho firme, mas não muito grosso.

  2. Deixe a estaca secar por 5 a 7 dias em local sombreado e arejado. Esse passo evita o apodrecimento do corte.

  3. Prepare o solo ou vaso com a mistura apropriada e plante a estaca enterrando aproximadamente um terço da sua altura.

  4. Regue levemente nos primeiros dias e mantenha o solo apenas úmido, nunca encharcado.

  5. Em 4 a 6 semanas, a planta começará a emitir raízes e novas folhas — sinal de que a estaca pegou.

Cuidados essenciais para manter seu jasmim-manga saudável

Depois de plantado, o jasmim-manga exige poucos cuidados, mas alguns detalhes fazem diferença para garantir uma floração intensa e prolongada:

  • Rega: nos primeiros meses, regue duas vezes por semana. Após o crescimento da planta, regue apenas quando o solo estiver seco. Em períodos chuvosos, suspenda totalmente.

  • Adubação: durante a primavera e o verão, aplique adubo rico em fósforo (NPK 4-14-8 ou 10-30-10) a cada 30 dias. Esse nutriente favorece o desenvolvimento de flores.

  • Poda: faça uma poda leve no final do inverno, retirando galhos secos ou mal formados. Essa prática estimula brotações novas e floradas mais vigorosas.

  • Pragas e doenças: o jasmim-manga é resistente, mas pode atrair cochonilhas. Inspecione as folhas e, se necessário, aplique óleo de neem ou uma solução de sabão neutro com água.

Perfume no ar: como aproveitar o jasmim-manga ao máximo no paisagismo

O perfume do jasmim-manga é mais intenso ao fim da tarde e à noite. Por isso, posicionar a planta próximo de áreas de convívio ao ar livre, como varandas, decks e bancos de jardim, é uma forma excelente de valorizar esse efeito sensorial. Quando floresce em massa, o aroma se espalha com o vento e cria uma experiência memorável.

Se quiser um toque ainda mais tropical, combine o jasmim-manga com outras espécies como palmeiras, alpínias, helicônias e bromélias. O contraste de texturas e cores cria um jardim exuberante e acolhedor.

Flores que caem: problema ou presente?

As flores do jasmim-manga duram vários dias na planta, mas eventualmente caem — e aí está outro charme. O chão fica salpicado com pétalas macias e perfumadas, como um tapete natural. Você pode recolhê-las para compor arranjos ou até para perfumar armários e gavetas.

Muitas pessoas também usam essas flores em banhos energéticos ou decorações de eventos. Só evite deixá-las acumuladas por muitos dias no solo, pois podem atrair insetos em decomposição.

Cultivar é acolher a natureza em sua forma mais sensível

O jasmim-manga não é só mais uma planta bonita: ele evoca lembranças, desperta emoções e convida à contemplação. Plantar e cuidar dele é um gesto de sensibilidade — e uma escolha que recompensa com beleza, aroma e tranquilidade.

Se você deseja um jardim que fale com os sentidos, essa é uma das espécies que não pode faltar.

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Preguiça-real reaparece em áreas urbanas da Mata Atlântica

A cena parece saída de um documentário: um morador abre a janela de manhã e vê, bem ali na árvore do quintal, uma preguiça-real pendurada e imóvel. Essa cena inusitada está se tornando cada vez mais comum em regiões urbanizadas próximas a fragmentos de mata. Pouco conhecida, a preguiça-real (Bradypus torquatus) é um símbolo da biodiversidade brasileira e também um alerta silencioso sobre os impactos da urbanização.

A preguiça-real e suas características únicas

A preguiça-real é uma das três espécies de preguiça existentes no Brasil e a única restrita à Mata Atlântica. É facilmente reconhecida por sua pelagem longa e espessa, com um colar escuro ao redor do pescoço — o que lhe confere o nome “real”. Ela mede cerca de 60 cm e pesa em torno de 4 a 6 quilos, sendo levemente menor que a preguiça-comum.

Seu comportamento é calmo, quase meditativo. Passa a maior parte do tempo pendurada nos galhos altos, movendo-se lentamente entre as árvores. Seus hábitos silenciosos e seu modo de vida discreto explicam por que ela passa despercebida até mesmo por quem vive próximo ao seu habitat.

O retorno da preguiça-real às áreas urbanas

Nos últimos anos, pesquisadores e moradores têm notado um fenômeno curioso: o reaparecimento da preguiça-real em áreas urbanas do litoral da Bahia, Espírito Santo e sul do Rio de Janeiro. Isso acontece por dois fatores principais: a expansão da cidade sobre áreas de Mata Atlântica e a própria resiliência da espécie, que tenta se adaptar mesmo diante da pressão urbana.

Em muitos bairros com remanescentes florestais, é possível encontrar preguiças cruzando fios elétricos, sendo resgatadas em muros de residências ou caminhando lentamente por calçadas. Apesar do charme da cena, ela revela um problema sério: a perda de habitat e a fragmentação florestal estão forçando o animal a circular por ambientes perigosos e incompatíveis com sua natureza.

Perigos da vida urbana para a preguiça-real

A adaptação da preguiça-real ao espaço urbano não significa que ela esteja segura. Muito pelo contrário. As ameaças são diversas: atropelamentos, choques elétricos, ataques de cães, queimadas e até mesmo o tráfico de animais silvestres. Muitas vezes, ao avistar uma preguiça, moradores bem-intencionados tentam ajudá-la, mas acabam colocando a própria vida do animal em risco por falta de conhecimento técnico.

ONGs e centros de reabilitação de fauna recebem constantemente preguiças machucadas, desnutridas ou órfãs. O resgate é uma medida emergencial, mas o ideal seria conservar os corredores ecológicos e fragmentos de mata nativa que permitem a circulação desses animais com segurança.

Como agir ao encontrar uma preguiça-real

Se você encontrar uma preguiça-real em seu bairro ou jardim, mantenha a calma. A primeira recomendação é não tentar manusear o animal. Embora pareça inofensiva, a preguiça pode se estressar com facilidade e se defender com garras afiadas. O melhor a fazer é entrar em contato com a Secretaria de Meio Ambiente local ou com órgãos ambientais como o Ibama ou a Polícia Ambiental. Eles têm equipes treinadas para realizar o resgate sem prejudicar o animal.

Em casos onde a preguiça está em área segura, como uma árvore ou um jardim cercado, o ideal é apenas observar à distância e aguardar que ela siga seu caminho. A presença da preguiça-real é um indicativo de que ainda há vida silvestre resistente nos entornos urbanos.

O papel da preguiça-real no ecossistema

Apesar do nome e do comportamento lento, a preguiça-real tem um papel fundamental na cadeia ecológica. Ao se alimentar de folhas, ela ajuda na poda natural das árvores e contribui para o equilíbrio da flora. Sua pelagem serve de abrigo para algas, fungos e microfauna, funcionando como um pequeno ecossistema ambulante. Ela também é presa de animais maiores, como onças e harpias — embora essas já estejam praticamente extintas em áreas urbanas.

A conservação da preguiça-real ajuda a proteger um conjunto muito maior de espécies e mantém viva a diversidade da Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do planeta.

Um encontro que nos ensina a desacelerar

Encontrar uma preguiça-real é, para muitos, uma experiência quase espiritual. Sua presença transmite calma, paciência e um ritmo de vida desacelerado — tudo aquilo que falta no cotidiano urbano. Ela nos lembra que é possível viver com menos pressa, com mais silêncio e em harmonia com o ambiente ao redor.

Preservar a preguiça-real é, acima de tudo, preservar o nosso próprio equilíbrio com a natureza. E, quem sabe, inspirar novas formas de coexistência entre cidades e florestas.

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Tribo Amazônica processa New York Times por reportagem que associa internet à pornografia

Uma tribo amazônica está movendo uma ação judicial contra o renomado jornal The New York Times NYT, em decorrência de uma reportagem que, segundo a comunidade, os rotulou como viciados em pornografia após a chegada da internet de alta velocidade.

O processo

O processo por difamação alega que o periódico norte americano retratou a tribo Marubo como “incapaz de lidar com a exposição básica à internet” e enfatizou “alegações de que seus jovens se tornaram consumidos pela pornografia”. Na ação, também foram nomeados como réus o TMZ e o Yahoo, acusados de “zombar de sua juventude” e “deturpar suas tradições” em suas matérias.

Screenshot-2025-07-28-005506 Tribo Amazônica processa New York Times por reportagem que associa internet à pornografia
Imagem: Victor Moriyama/The New York Times

O NYT, por sua vez, defende se, afirmando que sua reportagem não mencionou que qualquer membro da tribo seria viciado em pornografia. O TMZ e o Yahoo foram contatados para comentários, mas até o momento não se pronunciaram. A tribo Marubo, uma comunidade indígena de aproximadamente duas mil pessoas, busca uma indenização de pelo menos 180 milhões de dólares cerca de 133 milhões de libras.

A chegada da internet e seus desafios

A reportagem original do The New York Times foi publicada nove meses após a tribo Marubo ter acesso à Starlink, o serviço de internet via satélite da SpaceX de Elon Musk. A matéria afirmava que a tribo já estava “enfrentando os mesmos desafios que atormentam as famílias americanas há anos”. Isso incluía fenômenos como “adolescentes grudados nos telefones”, “videogames violentos” e “menores assistindo pornografia”.

O artigo destacava que um líder comunitário, crítico vocal da internet, estava “mais incomodado com a pornografia” e havia relatos de “comportamento sexual mais agressivo” entre os jovens. Contudo, a reportagem também reconheceu os benefícios percebidos da internet pela tribo, como a capacidade de alertar as autoridades sobre problemas de saúde, denunciar a destruição ambiental e manter contato com familiares distantes. Essa dualidade de impactos, embora presente na matéria original, parece ter sido ofuscada pela interpretação de outras mídias.

A tempestade midiática e o contra ataque

A ação judicial alega que outros veículos de notícias sensacionalizaram a reportagem do NYT, incluindo uma manchete do TMZ que fazia referência direta ao vício em pornografia. A repercussão levou o NYT a publicar uma reportagem de acompanhamento cerca de uma semana após a matéria original, com a manchete “Não, uma tribo remota da Amazônia não se viciou em pornografia”. Essa matéria subsequente afirmava que “mais de cem sites em todo o mundo” haviam “publicado manchetes que falsamente alegavam que os Marubo se tornaram viciados em pornografia”.

Ainda assim, o processo sustenta que a reportagem original do NYT “retratou o povo Marubo como uma comunidade incapaz de lidar com a exposição básica à internet, destacando alegações de que seus jovens se tornaram consumidos pela pornografia”. Os autores da ação, o líder comunitário Enoque Marubo e a ativista brasileira Flora Dutra, que auxiliou na distribuição das vinte antenas Starlink de 15 mil dólares para a tribo, afirmaram que a matéria do NYT ajudou a alimentar uma “tempestade midiática global”, conforme noticiado pelo Courthouse News Service.

Essa tempestade, segundo eles, os submeteu a “humilhação, assédio e danos irreparáveis à sua reputação e segurança”. A matéria do TMZ, em particular, incluiu imagens de vídeo de Marubo e Dutra distribuindo as antenas, o que, de acordo com o processo, “criou a impressão inconfundível de que [eles] haviam introduzido material nocivo e sexualmente explícito na comunidade e facilitado a alegada decadência moral e social”.

Defesa do New York Times

Um porta voz do New York Times se manifestou sobre o caso, defendendo a integridade da reportagem original. “Qualquer leitura justa desta peça mostra uma exploração sensível e matizada dos benefícios e complicações da nova tecnologia em uma vila indígena remota com uma história orgulhosa e cultura preservada”, declarou o porta voz. A afirmação sugere que o jornal acredita ter abordado o tema com a devida profundidade e sensibilidade, sem intenção de difamar a tribo. “Pretendemos nos defender vigorosamente contra o processo”, concluiu, sinalizando que o NYT não recuará diante das acusações.

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Fonte: Britannica

A disputa legal entre a tribo Marubo e o New York Times levanta questões cruciais sobre a responsabilidade da imprensa, a interpretação de reportagens e o impacto da cobertura midiática em comunidades vulneráveis. Além disso, a controvérsia expõe os desafios inerentes à introdução de tecnologias avançadas, como a internet, em contextos culturais distintos, onde os efeitos e as adaptações podem ser múltiplos e nem sempre previsíveis. O desfecho deste processo será acompanhado de perto, pois poderá estabelecer precedentes importantes sobre o papel da mídia na representação de comunidades indígenas e sobre a proteção de sua imagem e dignidade em um mundo cada vez mais conectado.

Presidente da COP30 André Corrêa do Lago revela os objetivos do evento climático em Belém

A cidade de Belém, no coração da Amazônia, se prepara para ser o epicentro das discussões climáticas globais em novembro, com a realização da trigésima Conferência das Partes, a COP30. À frente deste grandioso evento, que promete redefinir a agenda ambiental mundial, está o embaixador André Corrêa do Lago.

Ele, que até janeiro ocupava a estratégica posição de secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, agora se dedica integralmente à presidência da Conferência, um sinal inequívoco da importância que o Brasil atribui a este encontro. Sua nomeação, em conjunto com a da economista Ana Toni como diretora executiva, reforça a equipe de alto nível encarregada de conduzir as complexas negociações.

zapp8 Presidente da COP30 André Corrêa do Lago revela os objetivos do evento climático em Belém

Um facilitador global pelo clima

A função de Corrêa do Lago como presidente da COP30 transcende a representação nacional. Embora nomeado pelo Brasil, ele atuará como um facilitador neutro, orientando as discussões e trabalhos entre os representantes dos diversos países participantes. Essa posição exige uma habilidade diplomática ímpar e um conhecimento aprofundado das nuances das negociações multilaterais do clima, um campo em que o embaixador acumula vasta experiência. Sua capacidade de articular e mediar será crucial para o sucesso da Conferência, que busca consensos em um cenário de crescentes desafios ambientais e divergências políticas.

A trajetória de André Corrêa do Lago

Para entender a dimensão da liderança de André Corrêa do Lago, é fundamental olhar para sua rica trajetória. Diplomata de carreira, ele tem dedicado sua expertise à sustentabilidade desde 2001, consolidando um currículo impressionante. Foi negociador chefe do Brasil para a Mudança do Clima entre 2011 e 2013, período em que também liderou as negociações brasileiras para a emblemática Rio+20. Na COP29, realizada em 2024 em Baku, Azerbaijão, seu papel como articulador do posicionamento brasileiro foi amplamente reconhecido, demonstrando sua capacidade de construir pontes e influenciar o debate global.

Sua experiência como embaixador em diversas ocasiões reforça sua habilidade em navegar por cenários complexos e estabelecer diálogos construtivos. Em 2024, a convite do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável CEBDS, Corrêa do Lago esteve em um importante encontro com 23 executivos de empresas, onde o tema central foi o papel do setor privado no combate à mudança climática no Brasil.

Nesse fórum, discutiu se o legado da COP30 para o Brasil e o mundo e a construção de estruturas sustentáveis para a Conferência de Belém. Além disso, sua participação na revisão da Contribuição Nacionalmente Determinada NDC brasileira no ano passado sublinha seu comprometimento com metas ambiciosas e realistas para o país.

Em sua busca por soluções para a descarbonização da economia brasileira, o diplomata colaborou com o CEBDS em 2024, focando em cinco setores chave: transição energética, agronegócio, pecuária, transporte e florestas. Sua atuação se estendeu à Coalizão liderada pelo CEBDS, em parceria com o Grupo CCR e o Insper, contribuindo diretamente para a estratégia de redução de emissões do setor de transportes e fornecendo subsídios para novas políticas públicas.

Corrêa do Lago é um defensor incansável de NDCs mais ambiciosas e de políticas claras, além de advogar pela ampla participação do setor privado nos esforços globais de contenção da mudança climática, reconhecendo a potência da colaboração entre governos, sociedade civil e empresas.

Ana Toni uma mente estratégica no comando

Ao lado de Corrêa do Lago, a COP30 contará com a expertise de Ana Toni, a economista e doutora em Ciência Política que assume a posição de diretora executiva do evento. Seu histórico é igualmente robusto, com vasta experiência no terceiro setor, desenvolvimento sustentável, filantropia e advocacy das causas climáticas.

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Ana Toni – Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)

Ana Toni foi diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade iCS de 2015 a 2022, presidente de Conselho do Greenpeace Internacional entre 2010 e 2017 e diretora da Fundação Ford no Brasil de 2003 a 2011. Essa trajetória diversificada a posiciona como uma líder com uma visão holística e profunda dos desafios e oportunidades na agenda climática.

Nos últimos anos, Ana Toni participou ativamente da elaboração do Plano Clima e do Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas, demonstrando seu engajamento com a formulação de políticas públicas essenciais. Sua presença na COP29 e nas ações do G20 no Brasil reforça seu papel de destaque no cenário internacional. Ana Toni se declara otimista e acredita firmemente na descarbonização da agricultura no Brasil, um setor que, devido ao desmatamento e ao uso da terra, é uma das maiores fontes de emissões do país. “É preciso uma grande transformação. Para isto, contudo, precisamos de uma regulação melhor, incentivos mais claros, aumento de investimentos e inovação”, afirmou ela ao assumir seu novo cargo, traçando um panorama claro dos passos necessários para avançar nesta agenda.

Os grandes objetivos da COP30

Em uma recente entrevista à CNN, o embaixador André Corrêa do Lago delineou os principais objetivos da COP30, e sua fala ecoou um ponto crucial: a necessidade de restaurar a confiança na capacidade global de combater as mudanças climáticas. Para ele, a Conferência de Belém será uma vitrine para o mundo, expondo as tecnologias e os recursos inovadores que estão sendo desenvolvidos, com o propósito inequívoco de dar um novo impulso à ação climática global.

“Penso que a gente tem de devolver a confiança de que podemos combater a mudança do clima. Há tecnologia e recursos que estão indo em direções extraordinárias. Mostrar que isso está acontecendo e, com isso, dar um impulso ao combate à mudança do clima que só uma conferência como a de Belém pode conseguir porque o mundo inteiro estará olhando para lá. Então, a COP é uma oportunidade para nós”, pontuou o embaixador, com a clareza de quem compreende a magnitude do momento.

Ele também enfatizou a importância de manter uma visão realista, reconhecendo que a COP30 não será a panaceia para todos os problemas climáticos do planeta. Contudo, apontou para a possibilidade de avanços significativos em áreas críticas, como o financiamento climático, um dos temas mais urgentes e desafiadores da agenda global. A busca por soluções financeiras robustas e equitativas é, sem dúvida, um dos pilares para o êxito da Conferência.

Financiamento climático o nó a ser desatado

Um dos maiores obstáculos a serem transpostos na COP30 será, sem dúvida, a questão do financiamento climático. O acordo estabelecido na COP29, que previa a disponibilização de 300 bilhões de dólares por ano até 2035 por parte dos países desenvolvidos para apoiar as nações em desenvolvimento, tem sido alvo de fortes críticas. O montante é amplamente considerado insuficiente, e pairam dúvidas sobre a real capacidade de mobilização e gestão desses recursos.

Nesse cenário delicado, o Brasil se posiciona para desempenhar um papel de liderança, buscando soluções inovadoras e eficazes que garantam que os recursos cheguem aos países que mais necessitam de apoio para enfrentar os impactos devastadores das mudanças climáticas. Uma das propostas em discussão é a criação de mecanismos para viabilizar subsídios ambientais, que auxiliem projetos nas áreas de ecossistemas, água e educação ambiental. Esses subsídios seriam captados junto a instituições financeiras internacionais de peso, como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento BID, garantindo um fluxo de recursos mais estável e direcionado.

Brasil no palco global uma oportunidade única

Para o presidente da COP30, o evento em Belém representa uma oportunidade única para o Brasil se destacar como líder na agenda climática global. O país possui um vasto e impressionante catálogo de soluções e iniciativas bem sucedidas em transição energética, biocombustíveis, agroecologia e mercado de crédito de carbono. Essa riqueza de experiências e conhecimentos confere ao Brasil uma posição privilegiada para inspirar e guiar outras nações.

Corrêa do Lago complementou, com um toque de otimismo e orgulho, que “o país tem avançado com plataformas de gestão de informações ambientais e de investimentos climáticos, que podem servir de exemplo para outros países”. Essa afirmação reforça a convicção de que o Brasil não apenas cumpre seu papel na luta contra as mudanças climáticas, mas também se apresenta como um modelo a ser seguido, um farol de inovação e compromisso em um momento crucial para o futuro do planeta. A COP30 em Belém, portanto, não é apenas um evento, mas uma declaração de intenções, um convite à ação coletiva e uma esperança de que, juntos, podemos construir um futuro mais verde e justo.

Estudantes indígenas debatem justiça climática e direitos humanos em Manaus

A cidade de Manaus, coração da Amazônia, prepara se para um evento de inestimável importância: o XII Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas, conhecido como ENEI. De cinco a oito de agosto de 2025, o Centro de Convenções Vasco Vasques será o epicentro de discussões vitais sobre Justiça Climática e Direitos Humanos, com um foco particular nas ciências indígenas como um elo essencial para o equilíbrio entre a humanidade e o mundo terrestre.

Este encontro transcende a mera reunião; ele se configura como um grito potente, um convite irrecusável à reflexão sobre o papel insubstituível dos saberes ancestrais na construção de um futuro mais harmonioso.

O despertar do protagonismo indígena

A organização do ENEI 2025 é um testemunho da força e da articulação do movimento estudantil indígena.

Screenshot-2025-07-27-205125 Estudantes indígenas debatem justiça climática e direitos humanos em Manaus

Liderado pelo Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas MEIAM, com o apoio fervoroso de estudantes de todo o país, da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amazonas APIAM e do Fórum de Educação Escolar e Saúde Indígena FOREEIA. O evento conta ainda com o suporte institucional de pesos pesados como a Universidade do Estado do Amazonas UEA, a Universidade Federal do Amazonas UFAM e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira COIAB. Essa colaboração multifacetada é a própria materialização do espírito de rede que permeia o encontro, unindo movimentos estudantis regionais e redes de pesquisa em um propósito comum.

O objetivo primordial do ENEI é inequívoco: impulsionar o protagonismo indígena no ensino superior e abrir um vasto e fértil campo para um debate público, científico e intercultural sobre temas que nos tocam a todos. Justiça climática, direitos humanos e a valorização das ciências indígenas não são apenas palavras da moda; são pilares para a edificação de uma resistência vibrante e a construção de um bem viver coletivo, uma filosofia que nos remete à conexão intrínseca entre o ser humano e a natureza. As inscrições para participação podem ser feitas no link do evento.

Saberes ancestrais para um futuro sustentável

O manifesto lançado pela organização do ENEI ressoa como um chamado à ação, uma reiteração veemente da crença inabalável nos saberes ancestrais como a mais promissora das soluções para a intrincada crise climática. “As ciências indígenas oferecem soluções únicas para os desafios da crise climática e das desigualdades sociais”, pontua o documento, com uma clareza que desarma qualquer ceticismo.

Mais do que um encontro, o ENEI é “uma convocação ao reconhecimento dos saberes ancestrais como pilares de um futuro mais justo e sustentável”. É um lembrete contundente de que a sabedoria acumulada por milênios em harmonia com a terra detém as chaves para desvendar os complexos nós do presente.

Um mergulho em pautas essenciais

A programação do XII ENEI foi concebida para ser um mosaico de temas urgentes e inovadores. Desde o aprofundamento nas ciências indígenas até a discussão de políticas públicas para a permanência indígena no ensino superior, cada tópico foi cuidadosamente selecionado para instigar o pensamento crítico e a troca de experiências.

A intercientificidade será explorada como uma ponte entre diferentes mundos do conhecimento, enquanto o racismo institucional será confrontado em sua brutalidade. A descolonização dos saberes é um convite à revisão de paradigmas arraigados, e a construção das universidades indígenas no Brasil aponta para um futuro onde a educação se ergue sobre alicerces culturalmente enraizados.

O formato do evento é tão rico quanto seu conteúdo. Conferências temáticas proporcionarão visões aprofundadas, enquanto mesas redondas e rodas de conversa abrirão espaço para o diálogo horizontal e a construção coletiva de ideias. Apresentações de trabalhos acadêmicos demonstrarão a efervescência da produção intelectual indígena, e lançamentos de livros e documentários trarão novas perspectivas e narrativas.

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A feira de artesanato indígena e a mostra de audiovisual indígena celebrarão a riqueza cultural e artística dos povos originários, enquanto as atividades culturais com danças, cantos, rituais e culinária tradicional prometem uma imersão completa na vibrante herança dos participantes. A presença de lideranças indígenas locais e nacionais, artistas convidados, pesquisadores reconhecidos e representantes de instituições de ensino superior garante um intercâmbio de saberes e experiências de alto nível, enriquecendo o debate e fortalecendo as redes de colaboração.

Reconhecimento e legado

O ENEI 2025 não apenas olha para o futuro, mas também honra o passado e aqueles que pavimentaram o caminho. Duas premiações de grande significado serão entregues: o Prêmio Cris Baré, uma homenagem à advogada Cristiane Soares Baré, uma líder indígena de destaque do povo Baré, do Alto Rio Negro Amazonas, que nos deixou em julho de 2024. Sua memória será eternizada como um farol de luta e resistência.

O II Prêmio Ornaldo Sena reconhecerá trabalhos acadêmicos e iniciativas de destaque produzidos por estudantes indígenas, celebrando o legado de Ornaldo Baltazar Sena Ibã, um médico indígena da etnia Huni Kuin Acre, que teve um papel ativo e inesquecível no movimento estudantil indígena e que faleceu em setembro de 2024. Essas homenagens são mais do que simples reconhecimentos; são a afirmação de que a luta e a dedicação desses líderes ecoam e inspiram as novas gerações.

Lema

O lema que inspira o encontro, “Posso ser quem você é, sem deixar de ser quem sou”, sintetiza a essência do ENEI: a busca incansável por pontes entre diferentes saberes e culturas, sem que isso signifique a perda da própria identidade. É um chamado à compreensão mútua, ao respeito e à celebração da diversidade. Ao reconhecer a contribuição única das ciências indígenas para a crise climática e as desigualdades sociais, o ENEI reafirma que a solução para os desafios globais reside, em grande parte, na escuta atenta e na valorização das vozes ancestrais, que nos lembram de nossa interdependência com a natureza e com uns aos outros.

Este evento em Manaus não é apenas um encontro de estudantes; é um marco na história da luta indígena, um farol de esperança que ilumina os caminhos para um futuro mais equitativo e resiliente. É a Amazônia, com sua biodiversidade e seus povos guardiões, oferecendo ao mundo um modelo de sabedoria e coexistência. Mais informações podem ser acessadas nesse link.

O Código se Curva à Inovação: Low-Code, IA e a Reinvenção Tecnológica no Brasil

Houve um tempo em que programar significava atravessar vastas planícies de linhas de código, um labor minucioso e exaustivo que, se por um lado moldava a espinha dorsal da revolução digital, por outro exigia tempo, mão de obra especializada e paciência.

Low-code e a inteligência artificial

Esse tempo, ao que tudo indica, está ruindo. Sob o impacto de forças gêmeas, o low-code e a inteligência artificial, o desenvolvimento de software assume contornos cada vez mais acessíveis, rápidos e integrados às necessidades de um mercado que não espera.

Screenshot-2025-07-25-224618 O Código se Curva à Inovação: Low-Code, IA e a Reinvenção Tecnológica no Brasil

No coração desse novo paradigma, o Brasil surge como terreno propício à metamorfose. Em vez de espectador, torna-se protagonista, adaptando-se com velocidade e apetite às potencialidades que essas tecnologias oferecem. As cifras ajudam a contar essa história: segundo a Gartner, 70% dos novos aplicativos até 2025 serão construídos com pouco ou nenhum código. A Forrester complementa: 87% dos desenvolvedores corporativos já utilizam plataformas low-code em algum grau. Os números não são meras projeções. São sintomas de uma mudança em curso, talvez irreversível.

Soluções digitais

A lógica por trás do low-code é simples, mas revolucionária. Ao reduzir a dependência de linguagens de programação complexas, ele democratiza a criação de soluções digitais. Permite que equipes menores, por vezes não tão especializadas, desenvolvam produtos robustos em tempo recorde. Não se trata apenas de acelerar o ciclo de desenvolvimento, mas de liberar as mentes técnicas para focarem no essencial: a estratégia de negócio, o valor entregue ao cliente, a inovação contínua.

Mas o low-code, sozinho, não responde às complexidades de um mercado moldado por consumidores exigentes e imprevisíveis. Entra, então, a inteligência artificial como complemento natural, quase orgânico. Juntas, essas tecnologias formam uma espécie de simbiose operacional. A IA analisa comportamentos, antecipa demandas, sugere soluções. O low-code traduz essas percepções em produtos tangíveis, interfaces intuitivas, experiências personalizadas. É um ciclo virtuoso: quanto mais dados, melhor a IA; quanto mais adaptabilidade, melhor o low-code.

Potencial

Empresários e especialistas brasileiros têm percebido o potencial dessa união. Carol Cabral, à frente da Nimbi, relata que com low-code, um módulo que levaria um ano e meio para ser finalizado ficou pronto em três meses. A Sys Manager, por sua vez, combina IA para prever preferências e LC para construir rápido. Resultados? Maior produtividade, menos erros, custos controlados. Essa eficiência não é apenas um diferencial competitivo. É o novo normal.

No horizonte, despontam os turingbots, agentes de IA que auxiliam desde a escrita de código até a automação de testes. Eles anunciam um futuro em que a inteligência generativa e a engenharia de software se entrelaçam profundamente. As chamadas plataformas AppGen caminham nessa direção: ambientes unificados que integram análise, segurança, desenvolvimento e entrega. Com turingbots, espera-se uma maturidade que tornará o desenvolvimento não apenas mais rápido, mas mais humano, mais responsivo ao usuário final.

Microcosmo da revolução brasileira

A experiência da Nimbi funciona como um microcosmo da revolução brasileira. De 2015 para cá, a empresa alcançou funcionalidades similares às dos grandes nomes do mercado, movimentando mais de R$ 550 bilhões em transações. Seu marketplace B2B, com 400 mil itens, é abastecido por uma média de 1,2 milhão de chamadas de API por dia. Não são apenas métricas impressionantes. São indícios de um modelo escalável, sustentável e, sobretudo, replicável.

Screenshot-2025-07-25-224152-1 O Código se Curva à Inovação: Low-Code, IA e a Reinvenção Tecnológica no Brasil

Do ponto de vista dos investimentos, o otimismo é palpável. Levantamento da 4Network com a OutSystems mostra que 69% das grandes empresas privadas brasileiras já adotam low-code. Outras 31% pretendem fazê-lo em breve. O montante destinado à tecnologia em 2024 é estimado em R$ 53,2 milhões, distribuídos em 260 projetos. Automatização de processos, aplicativos mobile, eficiência operacional e aumento de receita são os focos principais.

Desafios

Obstáculos persistem, claro. Sistemas legados ainda desafiam integrações rápidas. Backlogs se acumulam. Mas o low-code, por sua flexibilidade e agilidade, tem se mostrado uma das respostas mais eficazes. A segurança, escalabilidade e integração continuam sendo exigências prioritárias na escolha de fornecedores, o que denota maturidade na tomada de decisão.

Estamos diante de uma inflexão. Um ponto em que a tecnologia deixa de ser apenas ferramenta para se tornar linguagem comum entre negócios, clientes e desenvolvedores. A alavanca não está mais em linhas e linhas de código, mas na capacidade de imaginar e iterar rápido. O low-code e a IA, juntos, não estão apenas moldando o futuro da tecnologia no Brasil. Estão redesenhando o próprio conceito de inovação.

Frustração climática da COP29 e o amargo sabor da inação global

A Conferência das Partes, COP29, que se encerrou recentemente em Baku, deixou no ar um denso manto de frustração e desconfiança, especialmente entre as nações em desenvolvimento. Estas últimas viram suas prementes demandas por um financiamento climático robusto e substancial serem, em grande medida, ignoradas.

Conferência em Baku: cenário pouco animador

Um cenário pouco animador já se desenhava no horizonte, não apenas devido ao histórico, muitas vezes ambíguo, das COPs anteriores, mas também em razão do complexo contexto geopolítico atual e, ironicamente, da própria escolha do Azerbaijão, um país fortemente ligado à indústria do petróleo, como sede do evento.

Screenshot-2025-07-25-220738 Frustração climática da COP29 e o amargo sabor da inação global
Fonte: Agência de Notícias da Indústria

O desfecho da conferência culminou na aprovação de uma meta de financiamento de 300 bilhões de dólares anuais até 2035, um valor que se revela pálido diante dos 1,3 trilhões de dólares que, conforme amplamente reconhecido, seriam de fato necessários para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas nas regiões mais vulneráveis do planeta.

As fissuras de um acordo frágil

Organizações da sociedade civil, como a influente Cúpula dos Povos Rumo à COP30, prontamente apontaram diversas deficiências no resultado final. Embora a decisão tenha sido formalmente aprovada, ela falha em impor uma responsabilidade clara e inequívoca aos países desenvolvidos, limitando sua atuação a uma posição de liderança meramente simbólica, sem a contrapartida de compromissos financeiros concretos. Esta lacuna é profundamente preocupante, pois abre uma perigosa brecha na arquitetura do financiamento climático global.

Adicionalmente, e não menos alarmante, a nova meta de financiamento vislumbra a possibilidade de que parte significativa desses recursos possa vir de empréstimos. Tal abordagem, se concretizada, lançaria os países em desenvolvimento em um risco considerável de maior endividamento, comprometendo ainda mais suas já frágeis economias. Essa estratégia, em última análise, enfraquece sobremaneira os esforços globais para conter uma crise climática que se agrava a cada dia, e que clama por respostas urgentes e de magnitude incomparável.

O texto aprovado na COP29

O texto aprovado na COP29, em um tom que beira a evasiva, fez uma menção genérica à necessidade de se alcançar a cifra de 1,3 trilhões de dólares, mas sem delinear um compromisso real ou um plano de ação para atingir tal montante. Esta ambiguidade foi alvo de críticas contundentes e justas, pois expõe uma flagrante falta de vontade política para assegurar o financiamento imprescindível. É imperativo que os recursos necessários cheguem aos países mais afetados, permitindo lhes não apenas mitigar os impactos das mudanças climáticas, mas também adaptar se a uma nova realidade, que já bate à porta.

Enquanto a conferência ensaiou alguns passos em direção à mobilização de recursos, o valor proposto é, de forma transparente, insuficiente para cobrir as necessidades urgentes. Comparações com o financiamento destinado a outros setores e com a magnitude das crises que já assolam os países em desenvolvimento evidenciam a inadequação da meta. A inclusão de mecanismos de financiamento por meio de empréstimos, por sua vez, é encarada por muitos como uma solução perigosa, capaz de sobrecarregar ainda mais as economias de nações já imersas em vulnerabilidades socioeconômicas e ambientais.

Rumo à COP30 o Brasil na linha de frente

A próxima conferência, que terá como cenário a vibrante cidade de Belém, capital do estado do Pará, no Brasil, será um ponto de inflexão decisivo para redefinir as expectativas globais e solidificar a responsabilidade das nações mais pricas na incansável luta contra a crise climática. O Brasil, como país anfitrião, carregará sobre os ombros o desafio monumental de liderar um processo que transcenda as limitações do que foi debatido em Baku. O objetivo primordial será buscar soluções mais robustas e abrangentes, garantindo que os recursos necessários cheguem aos países em desenvolvimento de forma justa, equitativa e, acima de tudo, eficaz.

zapp8 Frustração climática da COP29 e o amargo sabor da inação global

A COP30 representa uma oportunidade histórica para o Brasil assumir uma postura firme e verdadeiramente ambiciosa no cenário global. É o momento de promover a justiça climática em sua essência e de ampliar a cooperação global a patamares inéditos. Será fundamental assegurar que os países mais vulneráveis possam, de fato, contar com recursos financeiros adequados para enfrentar os impactos climáticos que já se fazem sentir, além de exercer uma pressão contínua e incisiva por compromissos mais ousados e tangíveis por parte dos países desenvolvidos. A narrativa precisa mudar de promessas vazias para ações concretas e ambiciosas.

COP 30: momento decisivo para a comunidade internacional

Este será um momento decisivo para a comunidade internacional, onde o Brasil poderá, e deverá, desempenhar um papel de liderança catalítica, buscando unificar esforços e galvanizar a vontade política para atender às necessidades mais urgentes da crise climática. A meta inegociável de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C deve permanecer no cerne de todas as discussões e decisões. É um imperativo moral e prático.

Cúpula dos Povos

A Cúpula dos Povos, como parte indissociável deste movimento global pela justiça ambiental, reafirma seu compromisso inabalável com uma agenda climática que promova a equidade e a justiça em todas as suas dimensões. O objetivo é assegurar que todos os países, especialmente aqueles que se encontram na linha de frente da vulnerabilidade climática, tenham acesso irrestrito aos recursos necessários para enfrentar, adaptar se e, finalmente, superar os desafios hercúleos impostos pelas mudanças climáticas. A esperança, em Belém, é que as palavras se transformem em atos, e a frustração de Baku seja o catalisador para uma nova era de colaboração e responsabilidade climática.

Como desinfetar seu alicate de unhas em casa de forma segura

Você já pensou quantas bactérias podem se acumular no seu alicate de unhas depois de cada uso? Muita gente simplesmente passa uma água e acha que está tudo certo. Mas a verdade é que instrumentos de manicure, mesmo os de uso pessoal, podem se tornar focos de fungos e infecções se não forem higienizados corretamente. E não estamos falando de uma limpeza superficial, mas de uma desinfecção real, capaz de eliminar micro-organismos invisíveis a olho nu.

Como desinfetar alicate de unhas de forma eficaz

Para garantir que seu alicate de unhas esteja realmente seguro para o próximo uso, o processo precisa ir além da limpeza aparente. O ideal é combinar duas etapas: limpeza com detergente neutro e desinfecção com produto apropriado.

Comece lavando o alicate com água morna e detergente neutro. Use uma escova de cerdas duras (pode ser até uma escova de dentes velha) para alcançar as ranhuras e dobradiças. Essa etapa remove resíduos visíveis de pele, esmalte ou poeira.

Depois de limpo, vem a desinfecção. O álcool 70% é o mais comum e acessível, mas não o único. Você pode usar também soluções à base de clorexidina ou hipoclorito de sódio diluído, respeitando as instruções de uso.

Ferva ou não ferva? Entenda o que o calor faz

Uma dúvida muito comum é se ferver o alicate de unhas resolve o problema. A resposta é: depende. A fervura em água por 20 minutos pode ajudar a matar fungos e algumas bactérias, mas não substitui a desinfecção com produtos específicos. Além disso, dependendo da liga metálica do seu alicate, o calor excessivo pode danificar a mola ou afetar o corte.

Se você quiser usar calor como etapa complementar, vale mais a pena investir em um esterilizador portátil, que atinge temperaturas mais controladas e seguras. Mas, para o uso doméstico, o combo detergente + álcool 70% já cobre bem as necessidades.

Evite erros comuns que comprometem a higiene

Muita gente comete deslizes na hora de guardar o alicate depois da limpeza. E aí, todo o esforço vai por água abaixo. Um dos erros mais comuns é secar o alicate com toalhas de tecido, que podem transferir fiapos e bactérias de volta ao metal.

O melhor método é deixar o alicate secar naturalmente sobre uma toalha de papel, em um local arejado. Após seco, guarde em estojo limpo e fechado, longe de umidade. Evite deixá-lo exposto no banheiro ou em nécessaires de uso diário sem proteção.

Outro erro comum é reutilizar o mesmo algodão ou pano para aplicar o álcool em vários instrumentos. Isso pode, na prática, espalhar contaminantes ao invés de eliminá-los.

E se for compartilhar o alicate com outra pessoa?

Se você divide o alicate de unhas com alguém da família, redobre os cuidados. A desinfecção precisa ser feita antes e depois de cada uso, especialmente se alguma pele foi cortada. Isso vale ainda mais em casos de diabéticos, idosos ou pessoas com a imunidade comprometida.

O risco de contaminação por doenças como hepatite B e C, ou micoses, é real mesmo em ambientes domésticos. Por isso, nunca subestime a importância de higienizar corretamente cada item, por mais “inofensivo” que pareça.

Quando é hora de aposentar seu alicate de unhas

Mesmo com todos os cuidados, nenhum alicate dura para sempre. Com o tempo, o fio perde o corte e a mola pode ficar frouxa. Mas um ponto que muita gente ignora é o acúmulo invisível de oxidação interna, principalmente em dobradiças e molas, que nem sempre dá para limpar direito.

Se você percebeu que o corte está falhando, ou se o alicate começa a apresentar pontos de ferrugem, é hora de trocar. Um instrumento mal conservado não apenas machuca a pele, como também pode se tornar um vetor perigoso de contaminação.

Desinfecção como rotina: simples, mas poderosa

Transformar a desinfecção do alicate de unhas em um hábito de rotina é um passo simples que pode fazer muita diferença. Não se trata de exagero, mas de cuidado com a saúde — sua e de quem mais compartilha o espaço com você.

Faça disso um ritual: terminou de usar, já faz a limpeza e a desinfecção. Em menos de cinco minutos você garante segurança, evita infecções e ainda prolonga a vida útil do seu instrumento.

No fim das contas, cuidar bem do seu alicate de unhas é também uma forma de cuidar de você. Afinal, uma unha encravada ou uma micose mal tratada podem virar um problema bem maior do que parece.

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Borra de café nas plantas: como a zamioculca e o lírio-da-paz reagem a esse tipo de adubação

Pouca gente sabe, mas aquela borra de café que sobra no coador pode ser uma aliada e tanto no cuidado das plantas. Ainda assim, não é todo vegetal que responde da mesma forma a esse tipo de adubação natural. Duas plantas de interior muito populares — a zamioculca e o lírio-da-paz — têm reações distintas à borra. O segredo está em como aplicar e, principalmente, na frequência. Neste artigo, vamos detalhar os efeitos da borra de café nessas duas espécies e como usar sem causar danos.

Como a borra de café age nas plantas

A borra de café é rica em nitrogênio, elemento essencial para o desenvolvimento de folhas saudáveis e crescimento vegetativo. Também contém pequenas quantidades de fósforo, potássio e magnésio. Além disso, seu pH levemente ácido favorece plantas que preferem solos não muito alcalinos.

Outro ponto positivo: a borra ajuda a melhorar a estrutura do solo, deixando-o mais solto e aerado. Isso facilita a absorção de água e nutrientes pelas raízes. Porém, o uso excessivo pode compactar o substrato e até atrair fungos indesejados.

Zamioculca e a borra de café: uma combinação promissora

A zamioculca (Zamioculcas zamiifolia) é conhecida por sua resistência e facilidade de cultivo. Originária de regiões tropicais da África, essa planta armazena água nos rizomas, o que permite que sobreviva por longos períodos sem rega. Quando o assunto é adubação, ela é discreta: prefere fórmulas suaves, ricas em nitrogênio, e não tolera solos muito encharcados.

Por isso, a borra de café, quando bem usada, pode ser benéfica. O nitrogênio ajuda a manter o verde brilhante das folhas, e o solo levemente ácido favorece o metabolismo da planta. A recomendação é misturar a borra seca ao substrato a cada 30 dias, em pequenas quantidades — cerca de uma colher de sopa para vasos médios. A versão úmida deve ser evitada para não comprometer a drenagem.

Lírio-da-paz: benefícios e riscos da borra de café

O lírio-da-paz (Spathiphyllum wallisii), por sua vez, também aprecia solos ricos em matéria orgânica e levemente ácidos, o que já o torna um candidato natural para a adubação com borra de café. Mas há um detalhe: ele é sensível ao acúmulo de sais minerais e à compactação do solo, o que pode acontecer se a borra for aplicada com frequência ou em grande volume.

Por isso, o ideal é usá-la de forma bem pontual: a cada dois meses, intercalando com outros tipos de adubo orgânico, como casca de banana seca ou húmus de minhoca. Uma dica eficiente é secar bem a borra ao sol e triturá-la antes de misturar com o substrato. Isso evita o aparecimento de mofo e mantém o solo leve.

Como aplicar sem erro: passo a passo

  1. Seque a borra por completo: espalhe sobre um jornal e deixe ao sol por dois a três dias. Isso evita a proliferação de fungos.

  2. Use pouca quantidade: uma colher de sopa para vasos médios é suficiente. Excesso pode acidificar demais o solo e prejudicar as raízes.

  3. Misture bem ao substrato: nunca coloque a borra diretamente sobre a superfície do vaso. Isso pode formar crostas e dificultar a oxigenação.

  4. Evite aplicar junto com rega: o solo já estará mais úmido e a borra pode compactar, impedindo a drenagem adequada.

  5. Intercale com outros adubos: especialmente no caso do lírio-da-paz, variar os nutrientes é essencial para um crescimento equilibrado.

Sinais de que a planta gostou (ou não)

Tanto a zamioculca quanto o lírio-da-paz dão sinais claros quando estão saudáveis. Folhas firmes, de coloração intensa e crescimento constante são indicativos positivos. No entanto, se as folhas começarem a amarelar, murchar ou apresentar manchas escuras após a aplicação da borra, é sinal de que algo não caiu bem.

Outro alerta importante é o surgimento de mofo branco sobre o solo — isso indica excesso de umidade e matéria orgânica em decomposição, o que pode ser prejudicial às raízes.

Melhor época para adubar com borra de café

A primavera e o verão são as estações ideais para esse tipo de adubação, já que é o período em que as plantas estão em crescimento ativo. No outono e no inverno, a frequência deve ser reduzida drasticamente, pois ambas as espécies tendem a entrar em dormência ou desacelerar seu metabolismo.

Vale mesmo a pena usar borra de café nas plantas?

Sim, mas com moderação. A borra de café é um adubo acessível, sustentável e funcional, especialmente para quem cultiva em apartamentos ou tem poucas plantas. Quando usada corretamente, ajuda a manter a zamioculca vibrante e o lírio-da-paz florido. O segredo está na observação e no equilíbrio.

E se sobrar borra, não jogue fora: ela pode ser usada também na composteira ou como repelente natural de formigas em pequenas hortas caseiras. A natureza agradece — e suas plantas também.

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Brasil na COP30 pode Liderar Cortes de Metano e Avançar na Transição Energética

O Brasil, prestes a presidir a COP30, encontra-se diante de uma encruzilhada que mescla urgência histórica e oportunidade política. Ao mesmo tempo em que carrega a promessa de liderar uma transição energética justa, convive com uma dependência persistente do petróleo.

Dilema

O dilema não é novo, mas os caminhos possíveis começam a ganhar contornos mais claros. Entre eles, um desponta com especial nitidez: reduzir as emissões de metano no setor de óleo e gás.

Screenshot-2025-07-25-195005 Brasil na COP30 pode Liderar Cortes de Metano e Avançar na Transição Energética
Fonte: Meio Ambiente Técnico

Essa estratégia, além de necessária, é realizável. E, sobretudo, urgente. Não são apenas os alertas climáticos que clamam por ação. Estudos recentes publicados na Communications Earth & Environment indicam que nem mesmo a meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC – estabelecida como horizonte ideal no Acordo de Paris – seria suficiente para evitar o colapso das geleiras. Segundo os pesquisadores, o limite real de segurança climática estaria abaixo de 1ºC. Diante disso, cada fração de grau conta. E cada tonelada de metano evitada também.

Mitigar os impactos das emissões

É nesse contexto que a fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ganha peso simbólico e político: “temos que, o quanto antes, prescindir do petróleo”. A frase, dita em entrevista ao programa Cidades e Soluções, sintetiza um sentimento crescente. Sabemos que não há tecnologia capaz de neutralizar as emissões associadas ao uso de combustíveis fósseis. Mas é possível, sim, mitigar os impactos da produção. E isso passa, necessariamente, pela redução do metano.

O metano é um dos gases de efeito estufa mais potentes. No curto prazo, é dezenas de vezes mais agressivo que o dióxido de carbono. Estima-se que ele seja responsável por cerca de 45% do aquecimento global recente. E, ainda assim, o Brasil não conta com uma regulação efetiva para limitar suas emissões no setor energético. Um paradoxo evidente, mas também uma oportunidade latente.

Protagonismo na COP 30

Assumir a presidência da COP30 é mais que um papel cerimonial. É a chance de ocupar o centro do palco global com propostas concretas, exemplares. Estabelecer uma regulação robusta para a emissão de metano na cadeia de óleo e gás – como já fizeram outras nações produtoras – não apenas reforçaria o compromisso ambiental do país, mas também o posicionaria com mais força em arenas multilaterais como o Brics ou a Opep+. Liderança, nesse caso, é coerência entre discurso e prática.

Dados da Agência Internacional de Energia (IEA) reforçam o tamanho do desperdício. Em 2023, o volume de gás natural que poderia ter sido recuperado pela mitigação de metano e pelo fim da queima rotineira superou as exportações totais dos Estados Unidos, o maior exportador mundial. Foram 196 bilhões de metros cúbicos perdidos, contra 177 bilhões exportados. Estamos deixando escapar, literalmente, uma fonte de energia.

zapp8 Brasil na COP30 pode Liderar Cortes de Metano e Avançar na Transição Energética

Reduzir essas emissões não é apenas um imperativo ambiental. É também uma escolha racional do ponto de vista econômico. Menos metano significa mais eficiência na produção, menos investimentos necessários em exploração, mais recursos liberados para fontes renováveis. Trata-se de uma estratégia que combina responsabilidade climática com inteligência financeira.

E há mais. Pesquisa realizada pelo Global Methane Hub em 17 países revelou que o Brasil lidera em dois aspectos fundamentais: é onde a população mais apoia a redução do metano e onde os impactos dos eventos climáticos extremos são mais perceptíveis pela sociedade. Isso significa que a base social para essa transição já existe. Falta-lhe apenas uma direção institucional clara.

Redução do metano  é o primeiro passo

A COP30 pode ser, para o Brasil, o momento de fundar essa direção. De mostrar que é possível, sim, promover uma transição justa, que respeite os limites planetários sem negligenciar as demandas sociais. A redução do metano é o primeiro passo desse caminho. Um gesto simbólico e prático. Um ponto de partida para que a mudança comece não apenas no discurso, mas nas tubulações, nos poços, nas leis.

A história da transição energética brasileira pode começar a ser escrita com menos metano. Cabe a nós decidir se essa oportunidade será agarrada ou desperdiçada. Porque o tempo, como o gás, escapa.

Fórum Raízes do Amanhã marcará os 100 dias para a COP30

Em resposta à realização da 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudança do Clima – COP30, que acontecerá pela primeira vez na Amazônia, o Sistema Comércio – CNC, Fecomércio, Sindicatos Empresariais, Sesc e Senac promoverá em agosto de 2025 uma ampla programação cultural e educativa gratuita.

“Fórum Raízes do Amanhã – Diálogos do Sistema Comércio rumo à COP 30”

Um dos principais destaques da iniciativa é o “Fórum Raízes do Amanhã – Diálogos do Sistema Comércio rumo à COP 30”, que será realizado nos dias 05 e 06 de agosto, no Sesc Doca e no Sesc Teatro Casa Isaura Campos, em Belém. A agenda completa e o formulário para inscrições estão disponíveis no site bit.ly/ForumRaizesdoAmanha.

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O Fórum reunirá autoridades, especialistas, representantes da sociedade civil, mestres da cultura popular e profissionais do Sesc em uma série de atividades voltadas ao debate sobre meio ambiente, mudanças climáticas e sustentabilidade. “O evento será um espaço de debate e reflexão sobre meio ambiente, sustentabilidade e mudanças climáticas, no contexto da preparação para a COP30”, explicou Vinicius Zavalis, gerente do Centro de Cultura e Turismo Sesc Ver-o-Peso e curador da programação.

Objetivo

A proposta é criar um espaço de escuta, troca de saberes e construção coletiva de soluções, conectando o conhecimento técnico-científico aos saberes tradicionais da Amazônia. A programação inclui palestras, mesas temáticas, oficinas, vivências socioambientais, feira de economia criativa, apresentações culturais e a produção de um videocast temático com o Canal Futura/Fundação Roberto Marinho, parceiro da ação.

 

Todas as atividades são gratuitas, com acessibilidade em Libras e poderão ser acessadas mediante a doação de 1 kg de alimento não perecível, destinado ao programa Sesc Mesa Brasil, de combate à fome.

WhatsApp-Image-2025-07-22-at-17.51.21-2 Fórum Raízes do Amanhã marcará os 100 dias para a COP30

“O Fórum é uma oportunidade única de conectar saberes e fortalecer o protagonismo amazônico nas discussões globais sobre sustentabilidade”, destacou Heloiva Távora, Diretora Regional do Sesc no Pará. Um dos momentos simbólicos será a elaboração de uma Carta Aberta, com os principais resultados e reflexões do Fórum, que será encaminhada às discussões oficiais da COP30.

Sistema Comércio na COP30

O projeto é fruto de uma cooperação técnica entre o Departamento Nacional do Sesc e o Sesc no Pará, com apoio do Sesc São Paulo e da Fundação Roberto Marinho. Ele está estruturado em dois grandes eixos: o “Fórum Raízes do Amanhã – Diálogos do Sistema Comércio rumo à COP 30” e as “Casas Sesc na COP30”, que ocuparão culturalmente as unidades do Sesc em Belém com exposições, oficinas, rodas de conversa, mostras de cinema e outras ações gratuitas, antes, durante e após a conferência.

A iniciativa tem como público prioritário os trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo e seus dependentes, mas também contempla artistas, comunidades tradicionais, estudantes, pesquisadores, turistas e instituições parceiras.

zapp8 Fórum Raízes do Amanhã marcará os 100 dias para a COP30

Programação completa

  • Dia 05/08
    Manhã | Sesc Teatro Casa Isaura Campos

• 08h30 às 09h – Credenciamento
• 08h30 às 09h – Café de Boas-vindas
• 09h às 10h – Boas-vindas Institucional
• 10h00 às 11h – Palestra Magna
Palestrante: Fábio Scarano (UFRJ | Museu do Amanhã)
• 11h às 12h – Mesa: Emergências Climáticas em Pauta
– Debatedores: Everaldo de Souza (UFPA), Hermógenes Sá (Instituto Peabiru) e Lucas Nassar (LabCidade)
– Mediação: Daniel Nardin (Amazônia Vox)

Intervalo – Almoço | Sesc Doca
• 12h às 14h – Almoço no Restaurante do Sesc Doca

Tarde | Sesc Doca (Atividades Simultâneas)
• 14h às 14h30 – Case: Áreas Naturais Protegidas do Sesc
– Debatedora: Cristina Cuiabália (Sesc)
• 14h às 14h30 – Case: Artigo “Impactos das Mudanças Climáticas sobre o Programa Cultura do Sesc e Caminhos para Adaptação”
– Debatedores: Vicente Júnior e Bruna Medeiros (Sesc)
• 14h às 15h – Mesa: Juventude e Protagonismo Climático
– Debatedores: Natália Mapuá (COJOVEM), Lilian Melo (CineCLUTF) e Preto Michel (Educador, Escritor e Rapper) e Marco Aurélio Filho (vereador licenciado, autor da lei do Dia S e atual Secretário de Direitos Humanos e Juventude do Recife).
– Mediação: Leonardo Moraes (Sesc)
• 14h às 15h30 – Vivência: Pigmentos Naturais
– Facilitadora: Evna Moura (Artista Visual)
• 15h30 às 16h – Case: Atuação da Saúde na Crise Emergencial do Rio Grande do Sul
– Debatedora: Mari Estela Kenner (Sesc)
• 16h às 17h30 – Mesa: Saúde e Mudanças Climáticas
– Debatedores: Kely Martins de Freitas (FHCGV), Fernanda Jorge Sequeira (PGE-PA), Fernando Henrique Brandão Molento (Instituto Evandro Chagas) e Marcos Samuel Costa da Conceição (Escritor e Pesquisador)
– Mediação: Victor Coutinho (Sesc)
• 16h às 17h30 – Mesa: Etnicidades e Clima
– Debatedoras: Nay Jinkss (Curadora) e Stephanie Lobato (Sesc)
– Mediação: Leo Moraes (Sesc)
– Observação: Exibição de vídeo com resultados do projeto
• 16h às 17h30 – Mesa: Reimaginando Instituições Culturais para um Futuro Sustentável
– Debatedores: Ronaldo Silva (Instituto Arraial do Pavulagem), Sue Anne da Costa (UFPA | Museu Emílio Goeldi), Janete Borges (Semec | Bamboler) e Rita Mazine (Sesc)
– Mediação: Luciana Medeiros (Holofote Cultural)
• 18h às 19h – Assinatura do Termo de Criação da Câmara Setorial dos Empresários do Boulevard Gastronomia

Noite | Sesc Doca
• 18h às 19h – Batalha de Slam com Mana Josi e Pelé do Manifesto
• 19h às 20h – DJ Marcelo
• 20h às 22h – Veropa Sessions

Atividades Contínuas | Sesc Doca
• 14h às 19h – Espaço de Bem-estar
• 14h às 19h – Estúdio de Gravação Canal Futura
• 14h às 22h – Feira de Economia Criativa com Artesãos Associados da Praça da República
• 18h às 22h – Alimentação Regional com Coletivo das Tacacazeiras

  • Dia 06/08

Manhã | Sesc Teatro Casa Isaura Campos
• 09h às 10h – Credenciamento
• 10h às 11h – Palestra: Soluções Inspiradas na Natureza
Palestrante: Alexandra Araujo (BioInspirations)
• 11h às 12h – Mesa: Ecologia Política e Povos da Terra – D’África e do Brasil
– Debatedores: Bas’lélé Malomalo (UNILAB – Congo), José Guilherme Fernandes (UFPA), Denilson Batista (UFPA/UNILAB) e Márcia Kambeba (Escritora, geógrafa e indígena do povo Kambeba)
– Mediação: Maria Elane Gadelha (Sesc)

Intervalo – Almoço | Sesc Doca
• 12h às 14h – Almoço no Restaurante do Sesc Doca

Tarde | Sesc Doca (Atividades Simultâneas)
• 14h às 15h30 – Mesa: Negócios Sustentáveis
– Debatedores: Rubens Magno (SEBRAE), Marcel Botelho (FAPESPA) e Noanny Maia (Cacauará da Amazônia)
– Mediação: Tainah Fagundes (Da Tribu)
• 14h às 14h30 – Case: Aquisição de Gêneros Através do Credenciamento de Cooperativas da Agricultura Familiar
– Debatedora: Marcea Maciel (Sesc)
• 14h30 às 15h30 – Mesa: Mudanças Climáticas e Segurança Alimentar
– Debatedores: Marcelo Mena (Methane Hub), Gonzalo Muñoz (GFN/COP25) e Tainá Marajoara (Instituto Iacitatá Amazônia Viva)
– Mediação: Ana Catalina Suárez Peña (GFN | The Global Good Balancing Network)
• 14h às 15h30 – Mesa: Educação para o Clima
– Debatedores: João Alegria (Fundação Roberto Marinho), Michel Pinho (Historiador e Educador), Bianca Venturieri (UEPA) e Luiz Fernando (Sesc)
– Mediação: Edmar Fernandes Borges Filho (Senac)
• 14h às 16h – Vivência: Dos Saberes – Das Sabenças: Uso das Ervas
– Facilitadora: Dona Faustina (Quilombo Itacuã-Miri, Baixo Acará)
• 16h às 18h – Palestra + Oficina: Aproveitamento Integral dos Alimentos
– Facilitadora: Jane Glebia (Bonnutri Consultoria e Assessoria)
• 16h às 18h – Palestra + Oficina: ODS para Projetos
– Palestrante: Lavito Bacarissa (Secretário-Executivo da CNODS)
– Oficineira: Priscila Oliveira (Sesc)
• 16h às 18h – Oficina: Letramento para a COP30
– Oficineira: Ana Rosa Calado Cyrus (Engajamundo)
• 18h às 18h30 – Bate-papo: Riquezas Locais Consciência Global
– Debatedores: Representantes do AM, CE, GO, MG e PR

Noite | Sesc Doca
• 18h às 19h – Encontro de Doadores do Sesc Mesa Brasil para convidados
• 18hàs 19h – Aulão de Brega com Lívia Paixão (Sesc)
• 19h às 20h – Show: DJ Nat Esquema
• 20h às 22h – Show: Zé Miguel (AP)

Atividades Contínuas | Sesc Doca
• 14h às 19h – Espaço de Bem-estar
• 14h às 19h – Estúdio de Gravação Canal Futura
• 14h às 22h – Feira de Economia Criativa com Artesãos Associados da Praça da República
• 18h às 22h – Alimentação Regional com Coletivo das Tacacazeiras.

WhatsApp-Image-2025-07-22-at-17.51.21-1 Fórum Raízes do Amanhã marcará os 100 dias para a COP30

Rastreando a jornada do carbono negro até o oceano

O carbono negro dissolvido (DBC) constitui a maior fração persistente conhecida de MOD em ambientes marinhos. No entanto, as alterações do DBC durante seu transporte através dos estuários permanecem em grande parte desconhecidas.

Seja de uma floresta em chamas ou da gasolina que move um carro, a matéria orgânica raramente se queima completamente: resíduos como carvão e fuligem podem persistir no meio ambiente por décadas. Com o tempo, à medida que processos físicos e biológicos decompõem os restos queimados, parte do carbono que eles contêm se infiltra nas águas subterrâneas, lagos e rios, chegando eventualmente ao oceano.

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Uma tempestade tropical começando a se formar no Mar da China Meridional em julho de 2017, conforme observado pelo satélite meteorológico Suomi National Polar-Orbiting Partnership (NPP)

Este carbono, conhecido como carbono negro dissolvido (CDS), representa o maior reservatório identificado de carbono orgânico dissolvido estável no oceano. No entanto, a assinatura isotópica do CDS no oceano não corresponde ao que os rios fornecem isoladamente. Essa discrepância sugere que há uma ou mais fontes desconhecidas de CDS que entram no oceano e que não são contabilizadas no orçamento global de carbono.

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A descarga de águas subterrâneas submarinas é responsável por cerca de 16–23% do fluxo de DBC fluvial para o oceano

Para abordar essa lacuna de conhecimento , Weiqiang Zhao e colegas conduziram seis pesquisas de campo ao longo da costa leste da China, nos estuários de Jiulong, Changjiang (Yangtze) e do Rio das Pérolas. Ao coletar amostras durante as quatro estações do ano, os pesquisadores buscaram quantificar as mudanças na DBC e esclarecer como ela se move pelos ecossistemas costeiros em direção ao mar.

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O sequestro de grandes quantidades de carbono orgânico dissolvido nos oceanos pode ter ajudado a recuperar o planeta de episódios de aquecimento anteriores. Será que os oceanos de hoje poderiam realizar outro resgate climático semelhante?

O artigo foi publicado na Global Biogeochemical Cycles. Pesquisas anteriores se concentraram apenas em estuários individuais e nem sempre levaram em conta como os processos podem variar entre as estações e os ciclos das marés.

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Os resultados do novo estudo revelam a descarga de águas subterrâneas submarinas (DSC) como uma provável fonte ausente de DBC. Os cientistas observaram que, à medida que a água do mar avançava para os estuários durante as marés de cheia, os níveis de DBC aumentavam. Por outro lado, quando a água fluía para fora dos estuários durante as marés vazantes, as concentrações de DBC diminuíam.

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Perfil de carbono orgânico dissolvido (COD) (linha contínua, com profundidades de amostragem de agosto de 2008 indicadas) e frações (regiões sombreadas) atribuídas ao Mar dos Sargaços Ocidental, em micromoles por quilograma. Os limites de concentração das frações mostrados são aproximados. RDOC, DOC refratário; SRDOC, DOC semirrefratário; SLDOC, DOC semilábil

Eles sugerem que esse padrão ocorre porque a água salgada do oceano que se mistura aos estuários durante as marés de cheia promove a liberação de DBC das águas subterrâneas para a coluna d’água.

Os pesquisadores estimam que, globalmente, o SGD contribui com aproximadamente 20% da descarga fluvial de DBC que entra no oceano a cada ano.

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O sol se põe sobre o Rio Tocantins, importante Rio da Bacia Amazônica, perto da vila de Moiraba, Brasil. Até recentemente, os pesquisadores não dispunham de características biogeoquímicas básicas para o Tocantins, como ocorre com muitos rios tropicais

Dado o papel que o DBC desempenha no sequestro de carbono e no ciclo biogeoquímico no oceano, as descobertas ressaltam a importância de incluir processos estuarinos em modelos globais de carbono.

320 milhões de árvores são mortas por raios a cada ano

Pesquisadores da Universidade Técnica de Munique (TUM) desenvolveram novos cálculos de modelos que, pela primeira vez, estimam a influência global dos raios nos ecossistemas florestais.

De acordo com suas descobertas na Global Change Biology, estima-se que 320 milhões de árvores morram a cada ano devido a raios. As perdas de árvores causadas por incêndios florestais de origem direta por raios não estão incluídas nesses números. No futuro, a mortalidade de árvores induzida por raios poderá aumentar devido ao aumento da frequência dos raios.

Danos causados por raios em florestas costumam ser difíceis de detectar e só foram estudados sistematicamente em alguns locais. Até agora, não estava claro quantas árvores no mundo morrem a cada ano devido a danos diretos causados por raios.

Raios-matam-grandes-arvores-em-florestas-tropicais-reduzindo-o-armazenamento-de-carbono 320 milhões de árvores são mortas por raios a cada ano
Raios matam grandes árvores em florestas tropicais, reduzindo o armazenamento de carbono

A equipe de pesquisa da TUM desenvolveu o primeiro método para estimar quantas árvores são tão severamente afetadas por raios que acabam morrendo. A conclusão: o impacto ecológico dos raios tem sido subestimado.

Enquanto estudos anteriores se concentravam em observações de campo em florestas individuais, os pesquisadores da TUM adotaram uma abordagem matemática. Eles ampliaram um modelo de vegetação global amplamente utilizado, integrando dados observacionais e padrões globais de raios.

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“Agora podemos não apenas estimar quantas árvores morrem anualmente devido a raios , mas também identificar as regiões mais afetadas e avaliar as implicações para o armazenamento global de carbono e a estrutura florestal “, explica Andreas Krause, principal autor do estudo e pesquisador da Cátedra de Interações entre a Superfície Terrestre e a Atmosfera.

O número de árvores mortas pode aumentar no futuro 

Segundo suas estimativas, raios matam cerca de 320 milhões de árvores anualmente, o que representa de 2,1% a 2,9% de toda a perda anual de biomassa vegetal. Estima-se que essa degradação da biomassa emita entre 0,77 e 1,09 bilhão de toneladas de CO2 anualmente.

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Representação esquemática de raios no LPJ-GUESS. Um raio pode matar árvores a até 45 m de distância do local do impacto (Richards et al. 2022 ; Yanoviak et al. 2020 ). Portanto, consideramos não apenas raios dentro de uma área, mas também raios na vizinhança da área, que ainda estão próximos o suficiente para matar árvores dentro da área. Neste exemplo, a densidade de árvores é 0 para árvores pequenas, 0,006 indivíduos por m² para árvores pequenas, 0,012 para árvores médias e 0,004 para árvores grandes

Os pesquisadores enfatizam que essas emissões são surpreendentemente altas: são comparáveis em magnitude aos aproximadamente 1,26 bilhão de toneladas de CO2 liberados anualmente pela combustão de plantas vivas em incêndios florestais. No entanto, as emissões totais de CO2 provenientes de incêndios florestais são substancialmente maiores — cerca de 5,85 bilhões de toneladas por ano —, visto que também incluem a queima de madeira morta e material orgânico do solo.

Densidades-de-raios-nuvem-solo-de-acordo-com- 320 milhões de árvores são mortas por raios a cada ano
Densidades de raios nuvem-solo de acordo com LIS/OTD-EMAC (ou seja, densidades totais de raios LIS/OTD multiplicadas pelas frações nuvem-solo EMAC) (a) e ENTLN (b).

“A maioria dos modelos climáticos projeta um aumento na frequência de raios nas próximas décadas, então vale a pena prestar mais atenção a essa perturbação amplamente negligenciada”, diz Krause.

Atualmente, a mortalidade de árvores induzida por raios é maior em regiões tropicais . No entanto, modelos sugerem que a frequência de raios aumentará principalmente em regiões de latitudes médias e altas, o que significa que a mortalidade por raios também poderá se tornar mais relevante em florestas temperadas e boreais.

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Simulação de mortalidade global por raios. Número total de árvores mortas (a) e porcentagem de árvores mortas por raios (b) para diferentes classes de tamanho, contribuição dos raios para a biomassa total morta (c) e mapas da contribuição dos raios para a biomassa total morta (d). (c, d) mostram a média das simulações LIS/OTD-EMAC e ENTLN

Relâmpagos são uma perturbação importante nos ecossistemas florestais. No entanto, a mortalidade direta por raios (ou seja, não relacionada a incêndios) é até agora frequentemente subestimada e, consequentemente, negligenciada em modelos computacionais usados para estudar como os ecossistemas florestais respondem a mudanças ambientais. Ao implementar um módulo de mortalidade por raios no modelo ecossistêmico LPJ-GUESS, descobrimos que raios matam cerca de 320 milhões de árvores a cada ano, causando assim ~0,25 GtC de biomassa morta. Essas descobertas confirmam estudos existentes que argumentam que a mortalidade por raios é uma causa importante da mortalidade de árvores em muitas florestas.

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As mortes das árvores, liberam cerca de 0,21 a 0,30 gigatoneladas de carbono anualmente, ressaltando o papel surpreendente dos raios na formação da estrutura florestal e no ciclo global do carbono.

As simulações pela dinâmica LPJ-GUESS revelaram:

  • 301–340 milhões de árvores (>10 cm de diâmetro) são mortas anualmente por raios

  • 24–36 milhões delas são árvores grandes (>60 cm de diâmetro)

  • Os raios causam anualmente 0,21–0,30 GtC de biomassa morta

  • Num mundo sem raios, a biomassa florestal global seria 1,3%–1,7% superior

Adolescente constrói colmeia 3D no próprio quarto e acolhe 40 mil abelhas

Um feito notável de um jovem de apenas 13 anos está redefinindo os limites entre o cotidiano urbano e a vitalidade da natureza. Em vez dos usuais videogames ou redes sociais, o quarto de Oliver Taylor se transformou em um laboratório vivo, onde a inovação e a biologia coexistem em perfeita sintonia.

Abelhas no quarto: O lar zumbidor de um adolescente inventor

Milhares de abelhas operam incessantemente em uma colmeia intrincadamente desenhada e materializada por ele mesmo, utilizando uma impressora 3D. Este notável empreendimento, conduzido inteiramente dentro das paredes de sua casa, proporciona um refúgio para até 40 mil abelhas, sublinhando a capacidade de mentes jovens em gerar soluções criativas para desafios contemporâneos.

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Fonte: Click Petróleo e Gás

A sinfonia de um ecossistema doméstico

Enquanto muitos de seus pares desfrutam das férias escolares em frente a telas luminosas, Oliver escolheu trilhar um caminho distinto, convertendo seu espaço pessoal em um vibrante experimento ecológico. Ele concebeu e ergueu uma colmeia modular, cujas peças foram impressas em 3D e meticulosamente conectadas à janela de seu quarto. Este engenhoso arranjo confere às abelhas a liberdade de transitar, entrando e saindo sem jamais invadir seu ambiente privado.

O que a princípio poderia soar como uma quimera, hoje é uma realidade que hospeda entre 30 mil e 40 mil abelhas. Todas elas trabalham em uníssono, produzindo mel em um ambiente cuidadosamente controlado, seguro e perfeitamente adaptado ao ritmo de uma residência comum. A estrutura da colmeia replica o design hexagonal encontrado nas construções naturais e nas colmeias comerciais, mas com um diferencial crucial: é tanto expansível quanto segura, prometendo uma adaptabilidade e durabilidade superiores.

Da inspiração comercial à inovação residencial

A faísca para esta extraordinária criação surgiu da observação de Oliver sobre os modelos comerciais de colmeias. Impressionado pelos custos elevados, ele sentiu se desafiado a conceber uma alternativa superior. Munido de software CAD, ele desenvolveu um sistema de encaixe hexagonal modular, espelhando a forma intrínseca das colmeias naturais. No entanto, sua visão transcendeu a mera replicação.

Oliver identificou uma vulnerabilidade nos designs existentes o risco de fuga em massa das abelhas quando as colmeias eram abertas para manutenção. Sua engenhosa solução emergiu de uma fonte inusitada os compartimentos herméticos dos submarinos. Ele projetou um sistema de porta dupla, que permite o acesso seguro aos módulos sem comprometer a integridade da colmeia ou provocar pânico entre as abelhas. O resultado é um sistema notavelmente funcional, facilmente desmontável e adaptável a uma infinidade de espaços. A manutenção pode ser realizada com total segurança, e o design inteligente permite uma expansão quase ilimitada, tornando o uma solução verdadeiramente escalável.

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Fonte: InkDesign.com.br

Tecnologia acessível, transformação tangível

Oliver valeu se de ferramentas amplamente disponíveis para concretizar todo o seu projeto. Com uma impressora 3D da marca Prusa, conhecida por sua natureza de código aberto, e softwares livres como o Blender, ele conseguiu produzir peças que são ao mesmo tempo funcionais, leves e robustas. A utilização estratégica de tecnologia acessível confere ao projeto um potencial imenso de replicabilidade em diversos contextos, democratizando o acesso a soluções inovadoras.

Este projeto singular possui um impacto direto e significativo na preservação das abelhas, que se encontram cada vez mais ameaçadas por uma miríade de fatores, incluindo o uso indiscriminado de pesticidas, as imprevisíveis mudanças climáticas e a implacável destruição de seus habitats naturais. Ao criar uma colmeia plenamente funcional dentro de casa, Oliver demonstra de forma eloquente que a conservação ambiental pode florescer em ambientes urbanos, com um investimento financeiro mínimo e uma dose abundante de criatividade.

Embora projetos análogos já estejam surgindo em metrópoles ao redor do mundo, como hotéis para insetos e miniabrigos em sacadas, a inovação de Oliver se distingue pela simplicidade de replicação e pela utilização de materiais comuns, tornando o um modelo de sustentabilidade acessível.

Pequenas sementes, grandes colheitas de ideias

O empreendimento de Oliver Taylor transcende a mera impressão 3D ou o cultivo de mel. Ele catalisa discussões mais amplas e profundas sobre a maneira como a natureza pode ser integrada harmoniosamente aos espaços urbanos e interiores.

Questões pertinentes emergem será que escritórios, escolas e apartamentos poderiam adotar soluções semelhantes? Na França, já se observam edifícios com fachadas meticulosamente projetadas para abrigar polinizadores, enquanto na Holanda, estruturas de ônibus com telhados verdes e ninhos para abelhas solitárias também estão em fase de teste. O experimento de Oliver pode, assim, ser o prenúncio de uma transformação de mentalidade coletiva, pavimentando o caminho para cidades mais verdes e biodiversas.

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Ilustração de favos de mel em 3D- Fonte: Pngtree

O caso de Oliver Taylor serve como um testemunho inspirador de que iniciativas individuais, mesmo quando partem de mentes tão jovens, têm o poder de gerar um impacto verdadeiramente significativo. Ao unir de forma brilhante a tecnologia acessível, uma profunda consciência ambiental e uma criatividade efervescente, ele conseguiu transformar seu quarto em um microcosmo pulsante de produção, aprendizado e biodiversidade. E no epicentro de toda essa efervescência, 40 mil abelhas trabalhando em perfeita harmonia, reiterando que as soluções para os mais intrincados problemas podem brotar de uma ideia aparentemente simples ou de uma janela gentilmente aberta.


Flor-de-maio: como estimular a floração mesmo fora de época

Você já viu sua flor-de-maio ficar cheia de folhas, mas sem nenhuma flor, mesmo na época em que deveria estar no auge da beleza? Ou talvez ela até floresça, mas só uma vez por ano e rapidamente perde o encanto? A flor-de-maio (Schlumbergera truncata), também conhecida como cacto-de-natal, é famosa por sua floração intensa no outono e inverno, mas com os cuidados certos, é possível fazê-la florir até fora de época — e com ainda mais intensidade.

Entendendo o ciclo natural da flor-de-maio

Originária das florestas úmidas do Brasil, especialmente da Mata Atlântica, a flor-de-maio é um cacto epífito que cresce em troncos de árvores, em locais com sombra e umidade equilibrada. Ao contrário dos cactos do deserto, ela não gosta de sol direto e precisa de umidade moderada.

O seu ciclo natural de floração ocorre entre maio e julho, quando os dias ficam mais curtos e as temperaturas amenas. No entanto, é possível “enganar” a planta e recriar essas condições em outros períodos do ano, incentivando-a a florescer novamente — ou até fora de época.

Como estimular a floração da flor-de-maio fora de época

Vamos direto ao ponto: se você quer ver sua flor-de-maio cheia de botões em qualquer época, é preciso controlar três fatores fundamentais: luz, temperatura e nutrição. Abaixo, explico como aplicar cada um deles de forma estratégica.

1. Controle a luz: simule dias mais curtos

A flor-de-maio é uma planta de “dias curtos”, ou seja, floresce quando há menos horas de luz por dia. Em condições naturais, isso acontece no outono. Para simular isso artificialmente, basta colocá-la em um ambiente onde receba apenas 8 a 10 horas de luz por dia.

Isso pode ser feito de duas formas:

  • Coloque a planta em um local com luz natural por apenas parte do dia e cubra com uma caixa de papelão ou pano escuro no final da tarde.

  • Ou deixe em um cômodo sem iluminação artificial durante a noite, para garantir a escuridão total.

Esse estímulo deve durar de 2 a 3 semanas. Após esse período, os primeiros botões começam a surgir.

2. Baixe a temperatura por alguns dias

Outro gatilho para a flor-de-maio florir é a queda da temperatura. Como é uma planta adaptada ao clima ameno, ela associa o frio à chegada da época de reprodução.

Se estiver tentando induzir a floração fora do outono, deixe a planta por algumas noites consecutivas em ambientes entre 10 e 15 °C, como uma varanda coberta, garagem bem ventilada ou até próximo de uma janela aberta durante a noite.

O choque térmico moderado sinaliza para a planta que o ciclo de floração pode começar. Mas atenção: nada de geada ou temperaturas muito baixas, pois isso pode danificá-la.

3. Adube na medida certa e no momento certo

A flor-de-maio responde muito bem à adubação, mas é preciso aplicar no momento certo. Use um adubo rico em fósforo (NPK 4-14-8 ou similar), pois esse nutriente é o responsável direto pela formação dos botões florais.

Dica prática:

  • Adube 15 dias antes de iniciar o controle de luz e temperatura, para que a planta esteja fortalecida.

  • Repita a adubação a cada 30 dias durante o período de indução floral.

Evite adubos ricos em nitrogênio, pois eles estimulam o crescimento de folhas, não de flores.

Cuidados extras que potencializam a floração

Além dos três estímulos principais, alguns cuidados ajudam a manter a flor-de-maio saudável e mais propensa a florescer:

  • Evite trocas de lugar frequentes: durante o processo de formação dos botões, mudanças bruscas de ambiente podem estressar a planta e fazer os botões caírem.

  • Regue com moderação: a flor-de-maio não gosta de solo encharcado. Deixe o substrato secar levemente entre uma rega e outra.

  • Use vasos pequenos: raízes apertadas favorecem a floração. Evite vasos grandes demais.

  • Faça podas estratégicas: após a floração, corte delicadamente os segmentos mais longos para estimular novos brotos florais.

Pode florescer o ano todo?

Na prática, sim — mas não de forma contínua. A flor-de-maio precisa de pausas para recuperar energia. O ideal é estimular no máximo duas florações por ano, com intervalos de 4 a 6 meses. Isso evita o esgotamento da planta e mantém sua saúde a longo prazo.

Flor-de-maio como símbolo de renovação

Ver uma flor-de-maio florindo fora de época é mais do que um feito de jardinagem — é um lembrete de que, com o ambiente certo e um pouco de paciência, a beleza pode surgir mesmo nos momentos mais inesperados. Seja como presente, decoração de mesa ou companhia silenciosa na varanda, ela sempre encanta com suas cores vivas e formato delicado.

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Lavar o rosto com sabonete comum pode prejudicar a pele

Durante anos, lavar o rosto com o mesmo sabonete do banho parecia prático e até econômico. Eu nunca tinha parado para pensar que essa rotina, tão comum, podia estar sabotando minha pele aos poucos. Até que um dia, cansada do ressecamento, da oleosidade descontrolada e das pequenas espinhas que insistiam em aparecer, resolvi investigar melhor. E o que descobri mudou minha relação com o cuidado facial.

Trocar o sabonete comum por um produto adequado ao rosto foi um divisor de águas — e não apenas do ponto de vista estético. Minha pele começou a responder com mais equilíbrio, menos inflamações e uma textura que eu achava impossível de alcançar sem tratamentos caros.

Por que o sabonete comum pode ser um problema para o rosto

Os sabonetes tradicionais são formulados para higienizar o corpo, que tem uma pele naturalmente mais espessa, resistente e com menor sensibilidade que a do rosto. Eles costumam conter fragrâncias fortes, agentes detergentes mais agressivos e até ingredientes que alteram o pH natural da pele.

O rosto, por outro lado, possui uma barreira protetora mais delicada. Quando lavamos com sabonete corporal, essa barreira é comprometida, abrindo espaço para ressecamento, excesso de oleosidade rebote e até descamações ou sensações de ardência.

Além disso, o uso contínuo de sabonetes inadequados pode acelerar o envelhecimento cutâneo, uma vez que a pele fica mais exposta aos radicais livres e à perda de água.

Os sinais de que minha pele não estava feliz com o sabonete comum

Antes de trocar o sabonete, eu percebia:

  • Sensação de repuxamento após a lavagem

  • Oleosidade excessiva no meio do dia

  • Descamação ao redor do nariz e da boca

  • Aparição frequente de cravos e pequenas espinhas

  • Textura áspera e aparência opaca

Eu achava que isso era “normal”, principalmente por ter pele mista. Mas bastou algumas semanas usando um sabonete facial adequado para entender que minha pele estava, na verdade, pedindo socorro.

Como escolhi o sabonete ideal para o meu tipo de pele

A primeira lição foi simples: rosto não é igual ao resto do corpo. A segunda, mais importante ainda: nem todo sabonete facial é igual. Existem diferentes tipos, com ativos específicos para cada necessidade. Veja alguns exemplos:

  • Pele oleosa: sabonetes com ácido salicílico, zinco, tea tree ou carvão ativado ajudam a controlar a produção de sebo.

  • Pele seca: fórmulas com glicerina, ceramidas, óleo de amêndoas ou ácido hialurônico são ideais para limpar sem agredir.

  • Pele sensível: sabonetes com calêndula, camomila ou sem perfume reduzem o risco de irritações.

  • Pele acneica: fórmulas com enxofre, ácido glicólico ou niacinamida podem ajudar a tratar sem ressecar demais.

Conversei com uma dermatologista, que indicou um sabonete específico para minha pele mista e reativa. Ele não fazia espuma em excesso, não deixava cheiro forte e, ainda assim, limpava profundamente sem agredir.

O que mudou depois da troca

Após apenas uma semana, comecei a notar:

  • A pele parou de repuxar;

  • A oleosidade diminuiu visivelmente;

  • O toque ficou mais uniforme;

  • Os poros estavam menos dilatados;

  • As espinhas desapareceram quase por completo.

Com o tempo, percebi que até o uso de hidratante ficou mais eficaz. Era como se minha pele finalmente estivesse “colaborando”, e não lutando contra o que eu aplicava.

Rotina ideal de limpeza facial

Hoje, sigo uma rotina simples, mas consistente:

  1. Lavo o rosto duas vezes ao dia: ao acordar e antes de dormir, com sabonete facial adequado.

  2. Uso água fria ou morna: evito água quente, que pode sensibilizar ainda mais.

  3. Enxugo com toalha exclusiva e sem esfregar: apenas pressionando suavemente.

  4. Aplico tônico, hidratante e protetor solar: de acordo com minha necessidade e clima do dia.

Dica extra: esfoliação suave 1x por semana

Com a pele mais equilibrada, introduzi um esfoliante suave semanalmente — e o efeito é ainda melhor. Ajuda a remover células mortas, melhorar a absorção de ativos e manter a pele com aspecto luminoso.

Mas e se eu não puder investir em sabonetes caros?

Felizmente, existem boas opções acessíveis no mercado, inclusive em farmácias e supermercados. O segredo é fugir dos rótulos genéricos como “para todos os tipos de pele” e observar a lista de ingredientes. Produtos sem álcool, sem corantes e com ativos hidratantes simples já são um ótimo começo.

Além disso, muitas marcas populares têm linhas dermatológicas específicas com preços justos — e que funcionam de verdade.

A pele fala — e merece ser ouvida

Trocar o sabonete comum por um produto voltado para o rosto pode parecer um detalhe pequeno, mas o impacto é imenso. Quando comecei a respeitar as necessidades da minha pele, percebi que o cuidado diário virou prazer, não obrigação.

E o melhor de tudo? Não precisei de mil cremes ou tratamentos para alcançar um resultado visível. Bastou começar pelo básico — a limpeza — e fazer isso com mais consciência.

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Economia do Mar Onde Estamos

O Brasil possui um litoral que se estende por mais de oito mil quilômetros. À sua frente, repousa uma vastidão oceânica que por décadas foi vista como paisagem, fronteira ou obstáculo. Hoje, ela se revela como um ativo econômico de valor imensurável, mas ainda não inteiramente compreendido. A chamada “economia do mar” desponta como uma força silenciosa, já presente, mas ainda não reconhecida com o devido peso nas decisões estratégicas do país.

Dinâmica da economia do mar

Por definição, essa economia não se limita às atividades que dependem diretamente do mar como matéria-prima. Ela abarca também os setores que se desenvolvem nas adjacências costeiras: turismo, logística, construção naval, extração energética, defesa, serviços. E aqui está o ponto crucial: se considerada em sua plenitude, a economia do mar responde por algo em torno de 20% do Produto Interno Bruto brasileiro, segundo dados de 2015 e 2018. Em números absolutos, falamos de R$ 1,36 trilhão em Valor Adicionado Bruto em 2018. Uma cifra que supera as estimativas de muitos setores mais celebrados, como o agronegócio.

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Screenshot-2025-07-22-190955 Economia do Mar Onde Estamos
Fonte: A Tribuna

Esse crescimento não é pontual. Entre 2015 e 2018, todos os indicadores da economia do mar subiram: o Valor Bruto da Produção saltou de R$ 1,99 trilhão para R$ 2,23 trilhões; o número de ocupações passou de 19,8 para 20,7 milhões; as remunerações cresceram de R$ 566 bilhões para R$ 675 bilhões. São números robustos, mas escondidos, por estarem pulverizados entre setores distintos das contas nacionais. A economia do mar é um gigante que opera à margem das estatísticas formais. E o que não se mede, não se prioriza.

Setores dominantes

Entre os setores dominantes, destacam-se os serviços (especialmente o turismo costeiro), a energia (notadamente o petróleo e gás do pré-sal) e a indústria naval. Em 2018, o setor de defesa superou a manufatura como terceiro maior contribuinte para o VAB, sinalizando a crescente militarização e vigilância da zona costeira. O turismo, por sua vez, se beneficia de um litoral de clima ameno durante todo o ano, com treze das setenta e seis regiões metropolitanas brasileiras situadas no litoral. Já o petróleo offshore, especialmente o pré-sal, foi responsável por um salto produtivo que impulsionou também a construção naval entre 2003 e 2012, graças a políticas públicas voltadas à autossuficiência energética.

No entanto, apesar desse potencial exuberante, a economia do mar ainda carece de reconhecimento institucional. Não existe, por exemplo, um setor econômico específico para o mar nas contas nacionais. Muitas de suas atividades estão registradas sob outras categorias, como a agropecuária. Essa imprecisão dificulta não apenas o planejamento, mas também a defesa política de um projeto estruturado para o litoral brasileiro.

Contas nacionais azuis

A solução começa por mensurar corretamente essa economia. A criação do Grupo Técnico PIB do Mar, em 2020, foi um passo relevante, mas precisa ganhar ritmo e transparência. As chamadas “contas nacionais azuis” são fundamentais para dar visibilidade à contribuição do oceano e embasar políticas públicas que maximizem seus benefícios e minimizem seus impactos.

Mas contar não basta. É preciso planejar. O Planejamento Espacial Marinho (PEM) surge como ferramenta essencial nesse cenário. Trata-se de um processo que aloca espacialmente as atividades humanas no mar, considerando variáveis ecológicas, econômicas e sociais. Seu objetivo é prevenir conflitos de uso, garantir a segurança energética, proteger a biodiversidade e permitir o uso sustentável de um território dinâmico e interdependente. Num país com reservas gigantes de petróleo, cabos submarinos, zonas pesqueiras, parques eólicos offshore e rotas turísticas, esse tipo de organização é mais que desejável: é imprescindível.

Avaliações preventivas

A desmobilização de infraestruturas pesadas no mar, uma vez instaladas, é extremamente difícil. Por isso, avaliações preventivas são vitais. Sem esse cuidado, corremos o risco de repetir no oceano os mesmos erros cometidos em terra firme: exploração predatória, ocupação desordenada, exclusão social. O mar não pode ser mais um território de urgência sem política, de riqueza sem redistribuição.

Importância do mar

No plano simbólico e estratégico, a economia do mar é o espelho líquido da dependência que o Brasil tem de sua geografia. Em 2018, se fosse um país, essa economia seria a segunda maior da América do Sul. E isso nos obriga a reconhecer que o mar é parte estruturante do nosso futuro. Não apenas como ativo econômico, mas como espaço de integração territorial, identidade cultural e desenvolvimento sustentável.

Screenshot-2025-07-22-192042 Economia do Mar Onde Estamos
Fonte: CONAFER

O oceano já é a sétima maior economia do mundo e pode dobrar de tamanho até 2030. O Brasil, com sua imensa Amazônia Azul, não pode mais ignorar esse movimento. A economia do mar é um gigante que pede contornos. Um corpo sem rosto, cuja força se percebe mas cuja forma ainda carece de nitidez. É hora de dar-lhe nome, medida e projeto. Só assim ele deixará de ser promessa e passará a ser presença. Sustentável, mensurável e estratégica. Como deve ser.