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RODA transforma reciclagem urbana e leva SOLOS a prêmio global

Belém, 12 de novembro de 2025 – A trajetória da startup baiana SOLOS ganhou projeção internacional ao ser reconhecida no Climate Resilience Awards for Business, iniciativa promovida pelo WBCSD e pela Global Resilience Partnership. Em meio ao ambiente efervescente da COP30, a empresa integrou o grupo de finalistas do COP30 Regional Resilience Award com uma proposta que coloca a gestão de resíduos urbanos em outra chave: o RODA – A reciclagem a sua porta.

Criado em parceria com a Prefeitura de Salvador e com o programa internacional Urban Ocean, da Resilient Cities Network, o RODA nasceu de uma pergunta simples, mas estruturante: como aproximar a reciclagem da vida cotidiana das pessoas, sem sobrecarregar cooperativas ou depender exclusivamente de modelos tradicionais de coleta? A resposta se tornou um modelo que reorganiza fluxos, dá visibilidade ao trabalho dos catadores e cria novas pontes entre cidadãos, empresas e o serviço público.

No piloto implementado na capital baiana, o processo se torna mais intuitivo: o cidadão agenda a retirada dos resíduos por meio de uma plataforma digital, e as cooperativas parceiras realizam o serviço utilizando pequenos veículos elétricos, semelhantes aos tuktuks usados em centros urbanos densos. A tecnologia embarcada nesses veículos permite monitorar indicadores como rotas, volumes coletados e emissões evitadas de CO₂. Assim, cada coleta deixa de ser apenas uma etapa operacional e passa a integrar um sistema que qualifica dados, amplia a rastreabilidade e reforça a responsabilidade compartilhada.

O desenho do RODA funciona como uma engrenagem que busca corrigir assimetrias históricas. Ao conectar catadores, cooperativas e grandes geradores de resíduos, o projeto se ancora em inclusão socioeconômica, remuneração mais justa e fortalecimento dos atores que sustentam a reciclagem no país. Em vez de replicar modelos genéricos, ele parte das necessidades reais dos territórios e as transforma em método, inovação e política pública em potencial.

Para Saville Alves, líder de negócios da SOLOS, chegar à final da premiação durante a COP30 é mais do que visibilidade; é um sinal de que soluções criadas em nível local têm força para dialogar com desafios globais. Como destaca, o RODA propõe uma lógica que reorganiza o ecossistema da reciclagem urbana de forma mais eficiente e equitativa, alinhada aos princípios da economia circular. Ao reconhecer iniciativas lideradas por territórios brasileiros, o prêmio reforça a relevância do país tanto na agenda climática quanto na construção de modelos de resiliência urbana.

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Divulgação – SOLOS

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O anúncio do resultado ocorreu em 12 de novembro, no Resilience Hub Pavilion da Blue Zone, entre 9h e 10h30, reunindo representantes de organizações internacionais, governos locais, empresas e instituições da sociedade civil.

A trajetória da SOLOS ajuda a explicar por que o RODA repercutiu em escala global. A startup atua diretamente com comunidades, governos e marcas que buscam atuar de maneira mais estratégica na economia circular. Seu portfólio inclui sistemas inteligentes para gestão de resíduos, conteúdos educativos e estruturas de reciclagem em grandes eventos — experiências que combinam tecnologia, impacto social e uma dimensão narrativa capaz de engajar o público. Tudo isso compõe um arcabouço que vai além da logística e se aproxima de um projeto de transformação cultural.

Ao longo de sete anos, a SOLOS consolidou parcerias com empresas como Ambev, Braskem, iFood, Nubank e Coca-Cola. Nesse período, coletou mais de 1700 toneladas de resíduos pós-consumo e contribuiu para gerar R$ 6,5 milhões em renda direcionada aos catadores — atores essenciais na engrenagem da reciclagem no Brasil, mas historicamente invisibilizados.

O reconhecimento recebido na COP30 sinaliza algo maior: as cidades brasileiras têm experimentado caminhos próprios para enfrentar a crise climática e reorganizar seus sistemas de produção e descarte. Projetos como o RODA mostram que inovação não está apenas nos grandes laboratórios ou nas grandes corporações, mas também na capacidade de redes locais imaginarem novos arranjos que unem tecnologia, justiça social e preservação ambiental.

Monitoramento integrado da Amazônia reforça cooperação regional e combate ao desmatamento

Na mais ambiciosa iniciativa ambiental lançada até agora na COP30, em Belém, os oito países que compartilham a floresta amazônica anunciaram a criação de um sistema conjunto de monitoramento do bioma. Coordenado pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), o projeto busca padronizar dados científicos e fortalecer ações de combate ao desmatamento e à degradação ambiental. A proposta será viabilizada por um investimento de R$ 55 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), via Fundo Amazônia, e contará com apoio técnico do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O anúncio foi feito nesta quinta-feira (13), durante um dos eventos paralelos da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que transformou Belém em palco de acordos internacionais para o futuro da floresta e da segurança climática do planeta.

Uma Amazônia sob vigilância colaborativa

O novo programa prevê a integração dos sistemas nacionais de observação por satélite e coleta de dados sobre desmatamento, incêndios, biodiversidade, recursos hídricos e populações tradicionais. A ideia é construir uma base unificada de informações ambientais, capaz de orientar políticas públicas, ações preventivas e a resposta a crimes ambientais transfronteiriços.

Para Martin von Hildebrand, etnólogo colombiano e secretário-geral da OTCA, a floresta amazônica deve ser tratada como um organismo vivo, interdependente e indivisível. “A Amazônia é um vasto sistema, e danificar uma peça significa comprometer o todo. Cada árvore importa. O monitoramento conjunto permitirá agir de forma preventiva ou curativa, dependendo da situação de cada região”, afirmou.

A dimensão da tarefa é monumental. A Amazônia se estende por 6,7 milhões de quilômetros quadrados, abriga quase 50 milhões de habitantes e é responsável por regular fluxos de umidade que influenciam o regime de chuvas de toda a América do Sul.

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Foto: Sergio Moraes/COP30

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Cooperação técnica e política

O INPE atuará na transferência de tecnologia de sensoriamento remoto e análise de dados para os países vizinhos, garantindo interoperabilidade e comparabilidade entre os sistemas nacionais. Segundo a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, o projeto marca uma nova fase de cooperação regional.

“Estamos consolidando um painel técnico-científico que servirá de base para decisões públicas em temas como clima, biodiversidade e recursos hídricos. Essa rede de conhecimento comum permitirá que as respostas políticas sejam mais coordenadas e eficazes”, afirmou.

Além do intercâmbio técnico, a OTCA propõe a criação de uma comissão de ministros de Meio Ambiente dos países amazônicos, voltada à definição de estratégias conjuntas para combater o desmatamento e o crime ambiental nas fronteiras. Marina Silva destacou ainda que a agenda inclui infraestrutura verde e resiliente, proteção da biodiversidade e mecanismos para evitar biopirataria, assegurando a partilha justa de benefícios oriundos do uso de recursos genéticos.

Observatório Regional da Amazônia

Uma das frentes centrais do projeto será o fortalecimento do Observatório Regional da Amazônia (ORA), já administrado pela OTCA, que reúne informações sobre florestas, biodiversidade, recursos hídricos, incêndios e áreas protegidas. A iniciativa ganhará novas funcionalidades, permitindo que governos e pesquisadores acessem dados atualizados e padronizados em tempo real.

A diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello, enfatizou que a interoperabilidade dos sistemas é essencial para enfrentar redes criminosas que se aproveitam da fragmentação institucional. “O Brasil não vai impor nada aos outros países, e os outros países não vão impor nada ao Brasil. Mas, se não unificarmos a metodologia, o crime organizado sai vencendo”, alertou.

Uma floresta, muitas nações, um desafio comum

A OTCA, criada em 1978, reúne Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Seu papel como organismo intergovernamental é promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia, conciliando preservação ambiental e prosperidade econômica. A nova aliança reforça a visão de que a defesa da floresta é uma responsabilidade compartilhada, tanto entre os países amazônicos quanto entre os setores público, científico e financeiro.

Com o projeto de monitoramento conjunto, a COP30 consolida-se como o marco de uma diplomacia climática amazônica – em que ciência, tecnologia e cooperação regional se unem para transformar a proteção da maior floresta tropical do planeta em uma missão coletiva e estratégica.

Marinha e BNDES lançam força de resposta rápida a desastres ambientais

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Marinha do Brasil apresentaram, nesta quinta-feira (13), no Rio de Janeiro, o projeto piloto da Força de Resposta Imediata a Desastres Ambientais, uma iniciativa que promete transformar a capacidade brasileira de agir diante de tragédias climáticas.

A nova tropa, formada no âmbito do Corpo de Fuzileiros Navais, foi concebida para atuar em situações emergenciais, oferecendo auxílio humanitário, resgate e apoio logístico em regiões atingidas por desastres naturais. Com estrutura anfíbia e expedicionária, a força poderá ser mobilizada com rapidez em áreas de difícil acesso — desde comunidades isoladas na Amazônia até zonas costeiras ou urbanas afetadas por enchentes, deslizamentos e incêndios florestais.

Capacidade de resposta em um país vulnerável

O Brasil vive uma escalada de eventos extremos: secas prolongadas, chuvas torrenciais, ciclones e queimadas têm se tornado mais frequentes e destrutivos. Em meio a esse cenário, a criação de uma força permanente dedicada a operações humanitárias representa um salto estratégico na preparação nacional para crises ambientais.

Segundo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o projeto simboliza um novo pacto entre desenvolvimento e proteção da vida. “O país precisa responder com eficiência e rapidez a eventos que colocam populações inteiras em risco. A parceria com a Marinha reforça o compromisso do banco com o desenvolvimento sustentável, a defesa da vida e a reconstrução verde de territórios afetados”, afirmou.

A iniciativa integra o esforço do governo federal de ampliar a cooperação entre instituições civis, militares e organismos internacionais em um momento em que a emergência climática exige respostas conjuntas.

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Fonte: Agência Marinha de Notícias

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Cooperação internacional e visão estratégica

O lançamento do projeto aconteceu durante o Seminário Internacional de Operações Humanitárias e Resposta a Desastres, realizado no Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo (CIASC), no Rio de Janeiro. O evento, promovido pelo Programa Pró-Defesa, reuniu especialistas brasileiros e estrangeiros para discutir estratégias de preparação e mitigação de crises humanitárias — com foco na integração entre ciência, defesa e políticas públicas.

Durante o encontro, foi assinada uma parceria entre a Marinha e o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UN OCHA), com o objetivo de aprimorar a cooperação em ações de resposta rápida no continente americano. O acordo busca fortalecer protocolos conjuntos de mobilização de recursos, logística e capacitação técnica em missões de socorro.

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, que acompanhou o lançamento, ressaltou que a política de prevenção e resposta a desastres está diretamente ligada ao avanço científico e à inovação tecnológica. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), vinculado ao ministério, será um dos pilares técnicos do novo sistema, fornecendo dados em tempo real sobre riscos e cenários meteorológicos críticos.

Um novo paradigma de defesa e sustentabilidade

A Força de Resposta Imediata é parte de uma estratégia maior que pretende integrar planejamento climático, infraestrutura e segurança nacional. Ao combinar a expertise militar com a capacidade de financiamento do BNDES e a base científica do MCTI, o projeto cria uma rede de ação coordenada, voltada tanto à emergência quanto à reconstrução sustentável de comunidades atingidas.

Nos bastidores do seminário, especialistas destacaram que o modelo brasileiro poderá se tornar referência internacional em gestão integrada de desastres, especialmente em países com grandes extensões territoriais e diversidade ambiental, como o Brasil.

Mais do que uma tropa de resgate, a iniciativa é um símbolo de resiliência institucional diante de um novo tempo, em que a crise climática impõe desafios inéditos à logística, à infraestrutura e à solidariedade humana. A união entre forças armadas, agências de desenvolvimento e organismos multilaterais representa uma virada de chave na forma como o país encara os desastres: não apenas como tragédias inevitáveis, mas como fenômenos que exigem resposta, ciência e planejamento coletivo.

Pará apresenta na COP30 experiências pioneiras em habitação sustentável e cidades resilientes

O Governo do Pará, por meio da Companhia de Habitação do Pará (Cohab), destacou na COP30 suas ações voltadas à criação de moradias sustentáveis e adaptadas ao clima amazônico. O debate ocorreu durante o painel “Política Habitacional no Estado do Pará – Construindo Cidades Resilientes”, realizado no estande do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará (Crea-PA), na Green Zone da conferncia, em Belém.

A participação do estado evidenciou como políticas públicas de habitação podem dialogar diretamente com o enfrentamento das mudanças climáticas e com a inclusão social. Entre os destaques esteve o Programa Sua Casa, iniciativa que já beneficiou mais de 150 mil famílias paraenses desde 2019, além de projetos inovadores de regularização fundiária e da Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social (Athis), prevista na Lei Federal nº 11.888/2008, que garante suporte gratuito de arquitetos, engenheiros e assistentes sociais para famílias de baixa renda.

Habitação adaptada à Amazônia

Durante o painel, Isabela Monteiro, gerente de Política Habitacional da Cohab, apresentou as experiências do estado na construção de moradias sustentáveis. Um dos exemplos mais simbólicos é o projeto Sua Casa COP30, que está erguendo as primeiras casas ecológicas nas ilhas de Belém — uma região onde o clima úmido e as condições do terreno exigem soluções construtivas específicas.

Essas novas unidades utilizam tijolos ecológicos produzidos a partir do caroço de açaí tratado, tecnologia que alia sustentabilidade ambiental, valorização de resíduos da bioeconomia e redução das emissões de carbono. Mais de 150 mil tijolos com esse material estão sendo empregados, representando um marco na adoção de práticas construtivas que respeitam as particularidades da Amazônia.

Segundo Isabela Monteiro, o objetivo é oferecer moradias que não apenas protejam, mas dialoguem com o ambiente natural. “Com o apoio da Athis, garantimos que as famílias tenham casas ventiladas, iluminadas e adequadas ao clima da Amazônia. São construções pensadas para a realidade local, que unem conforto, sustentabilidade e dignidade”, destacou.

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Foto: Rodrigo Pinheiro / Ag.Pará

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Regularização e direito à cidade

Outro eixo apresentado pela Cohab foi a Regularização Fundiária Urbana (Reurb-S), voltada para áreas ocupadas predominantemente por população de baixa renda. A política assegura o título de propriedade sem custo aos beneficiários, garantindo segurança jurídica e inclusão territorial.

A gerente estratégica de Regularização da Cohab, Thays Milena Henriques, ressaltou que o processo vai além da entrega de títulos: ele é uma ferramenta para planejar cidades mais organizadas e resilientes. “A regularização é uma medida que retira famílias da vulnerabilidade e promove o direito à moradia, ao mesmo tempo em que reduz conflitos fundiários e estimula o desenvolvimento urbano sustentável”, explicou.

Desde 2019, cerca de 10 mil famílias já foram beneficiadas com a titulação, acompanhada por obras de infraestrutura e melhorias urbanas. A iniciativa integra o esforço do governo estadual em alinhar políticas habitacionais à função social da propriedade urbana, conforme previsto na legislação federal.

Cidades resilientes e futuro sustentável

As experiências apresentadas pelo Pará na COP30 mostram um modelo de política habitacional que integra inovação, justiça social e adaptação climática. Ao priorizar o uso de materiais sustentáveis e o desenho arquitetônico compatível com o bioma amazônico, o estado se coloca como referência no debate sobre habitação verde.

Mais do que um compromisso técnico, trata-se de uma visão política que reconhece o papel estratégico da moradia na transição ecológica e na construção de cidades resilientes. A convergência entre habitação, meio ambiente e planejamento urbano, segundo os especialistas presentes no painel, é o caminho para enfrentar as pressões climáticas e sociais que já afetam as regiões mais vulneráveis da Amazônia.

O Pará, ao apresentar soluções que unem tecnologia social, bioeconomia e respeito às comunidades locais, reforça seu protagonismo na agenda ambiental e urbana da COP30, demonstrando que a sustentabilidade também começa dentro de casa — literalmente.

Cidades mais verdes: Brasil apresenta plano nacional de arborização na COP30

Durante a COP30, em Belém, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) lançou o Plano Nacional de Arborização Urbana (PlaNAU) — uma iniciativa ambiciosa que busca transformar a paisagem das cidades brasileiras, aproximando a população da natureza e enfrentando os desafios das mudanças climáticas a partir do espaço urbano.

A meta é clara: garantir que 65% dos brasileiros vivam em ruas com pelo menos três árvores. Atualmente, segundo dados do MapBiomas, apenas 28,2% do território urbano do país possui cobertura verde — um índice que revela o quanto as cidades ainda estão distantes de um equilíbrio ambiental saudável.

Segundo o secretário nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental do MMA, Adalberto Maluf, o plano não se limita a plantar árvores. Ele propõe uma nova cultura urbana, na qual o verde se integra à infraestrutura, à saúde e ao bem-estar social. “A arborização é um direito coletivo. Ela melhora o microclima, reduz ilhas de calor, aumenta a biodiversidade e devolve qualidade de vida às pessoas”, afirmou Maluf durante o lançamento, na Zona Azul da conferência.

O PlaNAU se baseia na metodologia 3+30+300, desenvolvida pelo pesquisador Cecil Konijnendijk, em 2021. A proposta sugere que toda pessoa tenha ao menos três árvores em sua rua, que cada bairro conte com 30% de cobertura verde, e que ninguém viva a mais de 300 metros de uma área arborizada. Essa equação simples, mas poderosa, resume a ambição do plano: garantir que o verde seja parte cotidiana da vida urbana.

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Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

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Planejamento participativo e resiliência climática

O desenho do PlaNAU foi construído de forma participativa, reunindo 350 contribuições de encontros regionais e 45 sugestões vindas de consulta pública online. Para o diretor do Departamento de Meio Ambiente Urbano, Maurício Guerra, esse processo colaborativo foi essencial para que o plano refletisse as realidades e desafios locais.

“A árvore não é um adorno urbano, é infraestrutura viva. Ela protege, refresca, abriga e conecta as cidades”, observou Guerra. Ele explicou que o plano prevê corredores ecológicos que ligarão parques, praças e florestas urbanas — um sistema interligado que também se estenderá entre municípios vizinhos, promovendo a conectividade ambiental em escala regional.

Além de aumentar a vegetação, o PlaNAU se articula a uma Estratégia Nacional de Soluções Baseadas na Natureza, ainda em desenvolvimento, que busca integrar o verde às escolas, espaços públicos e políticas de adaptação climática. O objetivo é criar cidades mais resilientes, onde o contato com a natureza seja parte do aprendizado e da convivência social.

Financiamento e inovação verde

O governo federal, por meio do MMA, estuda mecanismos financeiros para viabilizar a execução do plano. As ações devem combinar investimentos públicos diretos, emendas parlamentares e parcerias com estados e municípios.

Segundo Maluf, o Banco de Projetos do Programa Estados Verdes e Resilientes já reúne mais de 300 iniciativas, com custo estimado de R$ 10 bilhões, voltadas a soluções baseadas na natureza e arborização urbana. “São ações concretas que mostram como o Brasil pode se tornar uma referência global em cidades verdes e inclusivas”, destacou.

Mais do que um plano técnico, o PlaNAU propõe uma mudança de olhar sobre o que é desenvolvimento urbano. Ao colocar a árvore no centro das políticas públicas, o país sinaliza que a sustentabilidade não é um luxo estético, mas uma condição essencial para o futuro das cidades brasileiras.

Sociobioeconomia do Amapá ganha destaque global na COP30

Em um dos momentos mais simbólicos da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), o Amapá apresentou-se ao mundo como um laboratório vivo de sustentabilidade, inovação e biodiversidade. O estande do estado, inaugurado nesta terça-feira (11), em Belém (PA), marcou o início de uma programação intensa com mais de 150 apresentações de projetos e iniciativas voltadas à sociobioeconomia, ao desenvolvimento verde e à valorização das comunidades tradicionais.

O evento também foi palco do lançamento do Plano de Apoio à Sociobioeconomia, que consolida políticas públicas voltadas à geração de renda sustentável, integração produtiva e conservação ambiental. A cerimônia contou com a presença do governador Clécio Luís, de autoridades nacionais e locais, além de um público diverso que ocupou o espaço com entusiasmo.

Uma vitrine amazônica de inovação

O estande amapaense tornou-se uma verdadeira vitrine de oportunidades. Reúne instituições de pesquisa, startups, lideranças indígenas e quilombolas, escolas famílias agrícolas e representantes dos poderes Legislativo e Judiciário, além de 14 secretarias estaduais que compartilham experiências e resultados de políticas voltadas à bioeconomia, tecnologia e cultura.

“É um momento histórico. Este espaço mostra a força do Amapá e cria oportunidades reais de negócios e cooperação internacional”, destacou Gutemberg Silva, coordenador da delegação do estado na COP30. Segundo ele, o estande simboliza uma nova fase da economia local, que alia conservação e inovação: “Queremos mensurar os resultados também em termos de parcerias e investimentos que vão permanecer após o evento.”

Entre os destaques, está o projeto Açaí Direct, liderado pelo pesquisador e professor do Instituto Federal do Amapá (Ifap), Bruno Cavalcante. A startup desenvolveu uma plataforma que conecta extrativistas, peconheiros e barqueiros diretamente a compradores de açaí, eliminando intermediários e valorizando o produto amazônico. O projeto recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amapá (Fapeap), por meio do programa Doutor Empreendedor, com investimento de R$ 50 mil. “Viemos em busca de novos investidores e parcerias. O ambiente da COP é ideal para isso”, afirma Cavalcante.

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Arte e ancestralidade como mensagem ambiental

A abertura também teve um momento de expressão artística com o artista amapaense Afrane Távora, que realizou intervenções de pintura corporal nos visitantes, simbolizando a conexão entre a arte, a natureza e a identidade amazônica. “Cada traço representa a vida que corre sob a floresta, como os rios subterrâneos que alimentam as sementes”, explicou o artista. O tradutor inglês Dan Rocha, que participou da performance, descreveu a experiência como “um encontro entre culturas, cores e energia”.

O estado mais preservado do Brasil em evidência

Com 73,5% de seu território protegido por unidades de conservação, terras indígenas e territórios quilombolas, o Governo do Amapá busca demonstrar que desenvolvimento e conservação não são conceitos opostos, mas complementares. Durante os dez dias da conferência, o estande apresentará painéis temáticos conduzidos por órgãos como o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), as secretarias de Ciência e Tecnologia (Setec), Cultura (Secult), Meio Ambiente (Sema), Planejamento (Seplan), Povos Indígenas (Sepi) e Relações Internacionais e Comércio Exterior (Amapá Internacional), entre outras.

O esforço é resultado de uma articulação interinstitucional, que envolve também a Agência de Desenvolvimento Econômico do Amapá (Agência Amapá) e a Fundação Marabaixo, reforçando o compromisso do estado com políticas inclusivas e sustentáveis.

A COP da Amazônia

Realizada pela primeira vez na Amazônia, a COP30 reafirma o protagonismo da região nas discussões globais sobre o clima. O Amapá chega a Belém não apenas como participante, mas como referência em gestão ambiental e inovação socioprodutiva. Sua presença expressiva no evento simboliza um modelo possível: o de um território que protege sua floresta e aposta na ciência e na cultura como motores de transformação.

Governador Clécio Luís propõe sistema integrado de dados climáticos em plenária da ONU

Em um momento em que a crise climática exige respostas rápidas e coordenadas, o governador do Amapá, Clécio Luís, levou à 4ª Reunião Ministerial sobre Urbanização e Mudança Climática, realizada durante a COP30, uma proposta que reflete o espírito de cooperação federativa e tecnológica da Amazônia: a criação de um sistema unificado de dados entre governos, capaz de orientar políticas públicas mais eficazes e inclusivas.

O debate, promovido pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), reuniu representantes de países como Austrália, Itália, Japão e Alemanha, além do ministro das Cidades, Jader Filho. A plenária destacou o papel dos governos subnacionais na ação climática e na construção de cidades mais resilientes.

Um chamado à diplomacia federativa

“A vida acontece nas cidades”, afirmou Clécio Luís ao defender a integração entre União, Estados e Municípios por meio de plataformas tecnológicas compartilhadas. Segundo ele, essa “diplomacia federativa” deve fortalecer a troca de informações e experiências entre diferentes esferas de governo, reduzindo a fragmentação institucional que muitas vezes limita a efetividade das ações climáticas.

Ex-prefeito de Macapá, o governador lembrou que decisões locais podem ter grande impacto global — e que um sistema nacional de dados, interoperável e de acesso comum, seria essencial para transformar informações em ações concretas. “Os indicadores precisam refletir não apenas metas globais, mas as necessidades de cada território”, ressaltou.

A proposta ecoou entre representantes internacionais e reforçou a visão de que a governança do clima precisa ser descentralizada e cooperativa, especialmente em países com dimensões continentais e alta diversidade socioambiental, como o Brasil.

Amazônia urbana no centro do debate

Durante o encontro, Clécio destacou também a Amazônia Urbana como um espaço estratégico para a ação climática e para a construção de modelos de desenvolvimento sustentáveis. Cerca de 70% da população amazônica vive em cidades, e esses territórios têm se tornado laboratórios vivos de inovação socioambiental.

O governador defendeu que os programas de financiamento climático internacional considerem as realidades urbanas da Amazônia, onde as desigualdades sociais e os efeitos das mudanças climáticas se cruzam de forma mais intensa. “A cooperação entre governos e o acesso direto a recursos podem transformar a Amazônia em uma vitrine global de soluções sustentáveis, baseadas no conhecimento tradicional e na ciência”, afirmou.

Essa perspectiva reforça o protagonismo dos governos locais na implementação de políticas climáticas e reconhece que a escala urbana é o elo entre compromissos internacionais e o cotidiano das populações.

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Foto: Paulo Lisboa/GEA

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A COP da Amazônia e o papel do Amapá

Realizada pela primeira vez na Amazônia, a COP30, sediada em Belém (PA), reúne até 21 de novembro chefes de Estado, cientistas, empresas e representantes da sociedade civil para debater estratégias de mitigação e adaptação à crise climática. O evento simboliza uma mudança de paradigma: a Amazônia, por muito tempo vista apenas como fronteira de preservação, torna-se agora epicentro do diálogo climático global.

Nesse contexto, o Amapá se apresenta como exemplo concreto de equilíbrio entre conservação e desenvolvimento humano. Com 73,5% do território sob proteção ambiental, incluindo unidades de conservação, terras indígenas e quilombolas, o estado busca demonstrar que a preservação pode ser uma estratégia de futuro econômico e social.

Essa visão é sustentada por um ecossistema institucional robusto, formado por órgãos como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Amapá (Fapeap), a Fundação Marabaixo, o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) e as secretarias estaduais de Ciência e Tecnologia (Setec), Cultura (Secult), Meio Ambiente (Sema), Planejamento (Seplan), Povos Indígenas (Sepi), Juventude (Sejuv) e Educação (Seed), além da Agência de Desenvolvimento Econômico do Amapá e da Secretaria de Relações Internacionais e Comércio Exterior – Amapá Internacional.

Juntas, essas instituições formam uma rede que traduz, em políticas e projetos, a visão defendida por Clécio Luís: integrar conhecimento, dados e cooperação para enfrentar as mudanças climáticas de forma mais eficiente e justa.

O Amapá como símbolo de integração climática

A participação do governador na plenária da ONU reforça a imagem do Amapá como território-laboratório da sustentabilidade amazônica, onde o avanço científico, a inclusão social e o respeito à natureza se entrelaçam.

A proposta de um sistema unificado de dados climáticos transcende o debate técnico: trata-se de um convite à colaboração entre governos, universidades, comunidades e organismos internacionais. É um chamado à construção de uma nova arquitetura de governança ambiental, capaz de alinhar tecnologia, equidade e responsabilidade compartilhada.

Ao defender a integração entre diferentes níveis de governo e o uso estratégico da informação, Clécio Luís consolidou o Amapá como um exemplo de liderança regional e inovação política — um estado pequeno em território, mas grande em ambição climática.

Corredores de fauna: caminhos seguros onde a vida silvestre pede passagem

Nas margens de rodovias e ferrovias que cortam o Brasil, há estruturas discretas, mas vitais para o equilíbrio ecológico. São os corredores de fauna, passagens subterrâneas ou aéreas que permitem que animais silvestres cruzem estradas com segurança, preservando o fluxo da biodiversidade e reduzindo acidentes.

Essas estruturas são fruto de um trabalho técnico e contínuo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), responsável pelo licenciamento ambiental federal. Quando uma obra de infraestrutura viária atravessa um habitat natural, o órgão impõe condicionantes ambientais para mitigar os impactos sobre a fauna. É o caso dos corredores, que conciliam dois interesses públicos: o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental.

Conexões que salvam vidas

“Nos processos de licenciamento, buscamos reduzir ao máximo a fragmentação das áreas de vegetação”, explica Claudia Barros, diretora de Licenciamento Ambiental do Ibama. “Mas, quando a intersecção é inevitável, exigimos estruturas que garantam o deslocamento seguro da fauna.”

Essas passagens são projetadas a partir de critérios técnicos definidos pela equipe do Ibama — tipo de solo, espécies existentes, relevo, regime de chuvas e densidade populacional dos animais. Em trechos de Mata Atlântica, por exemplo, onde há presença de primatas, são comuns as pontes de cordas suspensas, que conectam copas de árvores sobre as estradas. Já em regiões do Cerrado ou do Pampa, que abrigam felinos e canídeos de médio e grande porte, prevalecem as passagens subterrâneas — verdadeiros túneis ecológicos que permitem travessias discretas e seguras.

Essas infraestruturas reduzem drasticamente o número de atropelamentos e a mortalidade da fauna em áreas de expansão viária. Mais do que isso, promovem a conectividade ecológica: mantêm os animais em circulação, preservam a variabilidade genética das populações e contribuem para a resiliência dos ecossistemas diante das mudanças ambientais.

2025-11-11-familia-de-oncas-passeia-com-seguranca-por-corredor-de-fauna-no-tocantins-400x230 Corredores de fauna: caminhos seguros onde a vida silvestre pede passagem
Foto: Rumo Logística

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Histórias de sucesso em todo o país

A eficiência dessas medidas é comprovada por monitoramentos e câmeras instaladas nas passagens. No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, câmeras de uma concessionária de rodovias registraram a travessia de saguis e micos-leões-dourados, mostrando que as estruturas estão sendo assimiladas pelos animais. “Essas medidas ajudam a preservar a vida silvestre em áreas impactadas pela presença humana”, afirma Telma Bento de Moura, coordenadora de Licenciamento Ambiental de Transportes do Ibama.

Outro caso marcante vem de Porto Nacional (TO), onde uma passagem construída sob a ferrovia da Rumo Logística, em cumprimento às condicionantes do licenciamento ambiental, registrou em 2023 a travessia de uma família de onças-pardas — uma fêmea e três filhotes. Espécie típica do Cerrado, a onça-parda depende de grandes áreas contínuas para caçar e se reproduzir. A imagem das onças atravessando o túnel tornou-se símbolo da convivência possível entre infraestrutura e conservação.

No sul do país, o projeto da BR-285, que liga o Rio Grande do Sul a Santa Catarina, implementa uma série de passagens de fauna para proteger os animais dos campos de altitude. O graxaim-do-mato e o zorrilho, duas espécies emblemáticas da região, já foram flagrados utilizando as estruturas antes mesmo do término das obras.

“Esses corredores também ajudam a mitigar a fragmentação dos habitats e reforçam a conectividade entre populações animais”, explica o analista ambiental Mozart Lauxen, do Ibama. Ele destaca que, além de proteger os animais, as passagens beneficiam os motoristas, evitando colisões com espécies de grande porte, como antas e capivaras, que podem causar acidentes graves.

Engenharia e ecologia lado a lado

O processo de licenciamento conduzido pelo Ibama exige que o empreendedor planeje e mantenha as passagens em conformidade com as características locais. Isso inclui o uso de materiais compatíveis com o ambiente, a escolha de locais estratégicos com base em estudos de comportamento animal e a monitoria contínua por câmeras e armadilhas fotográficas.

Essas exigências são complementadas por programas de educação ambiental com trabalhadores das obras e comunidades vizinhas, reforçando o respeito à fauna e a importância da coexistência entre o progresso e a natureza.

Um modelo de política pública ambiental

Os corredores de fauna se tornaram um símbolo da integração entre engenharia e ecologia no Brasil. São exemplos concretos de como o licenciamento ambiental pode ser um instrumento de inovação sustentável, capaz de unir segurança viária, conservação da biodiversidade e responsabilidade social.

Ao exigir e fiscalizar essas medidas, o Ibama reafirma seu papel de guardião da biodiversidade brasileira — garantindo que o avanço da infraestrutura ocorra com planejamento, sensibilidade ambiental e compromisso com as futuras gerações.

Ibama inspeciona maior embarcação sísmica do mundo e reforça rigor ambiental nas pesquisas marítimas

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, uma vistoria técnica no Ranform Titan, a maior embarcação de pesquisa sísmica do mundo. O navio, de bandeira norueguesa e pertencente à empresa global de aquisição de dados geofísicos TGS, estava em manutenção e abastecimento antes de iniciar suas atividades na Bacia Sedimentar de Pelotas, no sul do Brasil, onde deve começar a operar no dia 24 de novembro.

A ação, conduzida pela equipe da Diretoria de Licenciamento Ambiental do Ibama, teve como foco verificar o cumprimento das condicionantes estabelecidas na Licença de Pesquisa Sísmica emitida pela autarquia. Trata-se de uma etapa crucial para garantir que a operação siga padrões ambientais rigorosos, mitigando os impactos sobre ecossistemas marinhos sensíveis.

O Brasil é reconhecido por possuir um dos marcos regulatórios mais avançados do mundo no licenciamento de atividades sísmicas, um campo que exige constante inovação e vigilância. As normas nacionais buscam assegurar que as pesquisas de prospecção de petróleo e gás natural sejam conduzidas de forma sustentável, conciliando o avanço científico e energético com a proteção da biodiversidade marinha.

Vigilância ambiental e mitigação de impactos

Durante a inspeção, técnicos do Ibama avaliaram itens que vão desde o gerenciamento de resíduos e emissões atmosféricas até o controle de espécies exóticas invasoras e a redução dos impactos acústicos sobre cetáceos e tartarugas. Também foram observados os protocolos de segurança e capacitação da tripulação para garantir condutas sustentáveis a bordo.

A licença emitida pelo Ibama exige uma série de medidas mitigadoras inovadoras, entre elas:

  • monitoramento e reabilitação de animais marinhos encalhados em áreas próximas às operações;

  • implementação de dispositivos para evitar colisões de aves com cabos e estruturas rebocadas;

  • controle de ruídos submarinos gerados pelos equipamentos sísmicos;

  • e uso de telemetria por satélite para acompanhar os padrões de ocorrência e deslocamento de mamíferos marinhos mergulhadores de profundidade.

Essas ações, além de reduzir os impactos ambientais diretos da pesquisa sísmica, contribuem para ampliar o conhecimento científico sobre a fauna marinha brasileira e seus ecossistemas. O Ibama ressalta que cada licença concedida é acompanhada por monitoramento contínuo, que orienta ajustes e aprimoramentos durante a execução dos projetos.

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Foto: Dilic/Ibama

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Como funciona a pesquisa sísmica

A pesquisa sísmica é a primeira etapa da cadeia de exploração de petróleo e gás natural. Nesse processo, canhões de ar comprimido rebocados pelo navio emitem pulsos acústicos que se propagam pelas camadas geológicas do fundo do mar. O eco desses sons é captado por hidrofones — sensores também rebocados pela embarcação — que registram o retorno das ondas sonoras após refletirem nas formações rochosas.

Esses dados são processados e transformados em mapas tridimensionais do subsolo marinho, permitindo identificar possíveis reservatórios de hidrocarbonetos e orientar as fases seguintes da exploração, como a perfuração de poços exploratórios.

Embora o método seja essencial para a indústria de energia, ele também levanta preocupações ambientais. O ruído submarino pode interferir na comunicação e na navegação de animais marinhos sensíveis, como baleias e golfinhos. Por isso, o Ibama adota protocolos rigorosos para garantir que a prospecção sísmica ocorra com responsabilidade e sob supervisão científica permanente.

Tecnologia norueguesa a serviço da eficiência

O Ranform Titan, embarcação norueguesa operada pela TGS, representa o que há de mais avançado em tecnologia sísmica global. Com 24 bobinas de serpentina e seis lanças independentes de emissão acústica, o navio é capaz de operar com alto desempenho e segurança mesmo em condições climáticas adversas.

Essa configuração técnica permite ampliar a área de varredura geofísica, reduzindo o tempo de operação e, consequentemente, diminuindo a pegada ambiental da atividade. A bordo, sistemas automatizados de lançamento e recolhimento dos equipamentos otimizam o uso de energia e minimizam riscos à tripulação e à fauna marinha.

Licenciamento ambiental de ponta

O Brasil ocupa posição de destaque entre os países que mais evoluíram na gestão ambiental da prospecção sísmica. O Ibama mantém um corpo técnico altamente qualificado, que atua desde a análise de risco até o acompanhamento em campo das operações. O licenciamento envolve planos de emergência, relatórios de impacto, auditorias ambientais e protocolos de observação de fauna, garantindo um processo transparente e baseado em evidências científicas.

Ao vistoriar o Ranform Titan, o Instituto reafirma seu compromisso com a governança ambiental, com a segurança energética e com a proteção da biodiversidade marinha — princípios que colocam o país na vanguarda da transição para uma economia mais responsável e equilibrada.

Plano Estadual de Bioeconomia transforma a floresta em oportunidade para 400 mil famílias no Pará

O Pará consolidou-se como um dos principais laboratórios de inovação verde do mundo ao implantar o Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio) — uma política pioneira que já beneficiou mais de 400 mil famílias, movimentou R$ 9 bilhões em 13 cadeias produtivas e inspirou a criação do Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia, que será apresentado durante a COP30, em Belém.

Lançado há três anos pelo Governo do Pará, o PlanBio traduz em números o potencial da Amazônia de gerar riqueza preservando a floresta. São 2,3 mil negócios sustentáveis apoiados, com investimentos que somam quase R$ 1 bilhão. O programa promove o uso responsável dos recursos naturais e estimula modelos produtivos que unem inovação tecnológica, inclusão social e conservação ambiental.

Segundo Camille Bemerguy, secretária adjunta de Bioeconomia da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), o plano representa “uma das mais sólidas políticas públicas de transição ecológica na Amazônia, pois mobiliza comunidades, empreendedores e instituições em torno da floresta em pé como ativo econômico e social”.

Ela explica que o PlanBio tem como essência fortalecer cadeias produtivas sustentáveis — como as do açaí, cacau, castanha, óleos vegetais, mel e essências florestais — ao mesmo tempo em que estimula novos arranjos de negócios sustentáveis. “O Pará está mostrando que é possível crescer com responsabilidade, valorizando o conhecimento tradicional e impulsionando a inovação. Nosso Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia é o exemplo mais concreto desse novo paradigma”, afirma.

Um parque que une floresta, ciência e tecnologia

Inaugurado em outubro, o Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, localizado no Complexo Porto Futuro, em Belém, é o maior polo do setor na América Latina e o único parque tecnológico do mundo que tem como foco o uso sustentável do potencial da floresta amazônica. Instalado nos Armazéns 5 e 6 do antigo porto da capital paraense, o espaço foi concebido para abrigar startups, cooperativas e comunidades tradicionais, aproximando tecnologia, pesquisa científica e saberes locais.

O parque é, na prática, um laboratório vivo de soluções baseadas na natureza. Ali, empreendedores e cientistas desenvolvem produtos que vão desde cosméticos e alimentos naturais até bioplásticos e biofármacos, transformando a biodiversidade amazônica em vetor de inovação.

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Foto: Marcelo Lelis / Ag. Pará

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Negócios que nascem da sociobiodiversidade

Entre os negócios impulsionados pelo PlanBio está a JuCarepa, fundada por Juliana Monteiro, que utiliza cumaru, semente aromática amazônica, para desenvolver insumos destinados às indústrias alimentícia e cosmética. A empresa trabalha em parceria com extrativistas e agricultores familiares, transformando o fruto em pó, extrato e geleia por meio de biotecnologia.

Juliana define o PlanBio como “um salto de autonomia para quem vive da floresta”. Segundo ela, o acesso a maquinários e estrutura tecnológica por meio do Parque de Bioeconomia representa uma revolução silenciosa. “O grande desafio da Amazônia é verticalizar sua produção. Com o apoio do governo, conseguimos transformar recursos locais em produtos de alto valor agregado, sem sair do território”, destaca.

Rotas da Bioeconomia: o turismo da floresta viva

Em outubro, o governo lançou, em parceria com a Associação dos Negócios da Sociobioeconomia da Amazônia (Assobio), o projeto Vitrine da Bioeconomia, que deu origem à Rota da Bioeconomia — um circuito turístico e comercial voltado à valorização dos produtos e experiências sustentáveis da região. A iniciativa prevê 11 rotas temáticas até o fim de 2026, com potencial para atrair 200 mil visitantes por ano e ampliar o alcance dos negócios locais.

Mais do que uma ação de fomento, a proposta busca aproximar consumidores, comunidades e empreendedores, reforçando o conceito de “floresta viva” como eixo de desenvolvimento.

Governança, dados e transparência

Para garantir que os investimentos do PlanBio sejam acompanhados com rigor, o Pará desenvolveu uma plataforma de gestão integrada, que conecta 18 secretarias e órgãos executores das ações de bioeconomia. O sistema atualiza mensalmente indicadores sobre volume de recursos aplicados, pessoas beneficiadas e impacto ambiental, fortalecendo a transparência e o monitoramento contínuo das políticas públicas.

Um modelo para o Brasil

Os resultados do PlanBio colocam o Pará no centro do debate global sobre o futuro da Amazônia. O modelo será base do Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia, a ser lançado durante a COP30, em Belém. O estado torna-se, assim, referência em economia de baixo carbono, valorização de saberes tradicionais e inovação tecnológica a partir da biodiversidade.

“O PlanBio mostra que desenvolvimento e conservação não são opostos, mas faces da mesma estratégia de futuro”, resume Camille Bemerguy.

Pavilhão Pará simboliza o protagonismo amazônico na COP30

No coração da COP30, o Pavilhão Pará, localizado na Green Zone, no Parque da Cidade, em Belém, tornou-se o epicentro da participação do Estado na conferência climática. Mais do que um espaço físico, o pavilhão foi concebido como uma experiência imersiva da Amazônia, reunindo floresta, cultura, arte e ciência em mais de 350 atividades que incluem painéis, exposições, debates e apresentações culturais.

Idealizado pelo Governo do Pará e coordenado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), o Pavilhão Pará foi pensado como um símbolo do protagonismo amazônico em um momento histórico: a COP realizada dentro da floresta. A proposta é traduzir, em sons, cores e ideias, uma nova forma de fazer política climática — baseada na valorização da floresta viva, na economia verde e na pluralidade de vozes.

“O pavilhão é o nosso ponto de imersão, uma oportunidade para que o mundo vivencie o que é estar na Amazônia e compreender a força do Pará na agenda ambiental global”, afirmou o governador Helder Barbalho, destacando que o espaço reflete o caráter democrático e participativo da política ambiental do Estado.

Amazônia como experiência sensorial e política

Cada elemento do Pavilhão Pará foi planejado para conectar os visitantes ao território amazônico — da decoração inspirada em elementos da floresta à nomeação simbólica das salas. O espaço busca unir ciência, cultura e afetos para traduzir o que significa viver e proteger a Amazônia.

A educadora ambiental Dayana Duarte, de Minas Gerais, que apresentou o painel “Juventudes pelo Clima: vozes e ações que transformam o território”, ressaltou o sentimento de pertencimento proporcionado pelo espaço. “Viver uma COP na Amazônia é um sonho. O Pavilhão Pará nos acolhe e nos conecta. Cada detalhe foi pensado para ambientar o visitante e mostrar a potência das juventudes amazônicas”, disse.

A programação inclui temas como transição justa, bioeconomia, educação ambiental e direitos dos povos da floresta. O objetivo é que governos, organizações da sociedade civil, setor privado, povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e juventudes possam se encontrar em torno de soluções concretas para a crise climática.

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Rodrigo Pinheiro – Ag. Pará

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Juventude e inclusão no centro do debate

Entre os destaques da programação está a participação de estudantes e jovens lideranças. Sabrina Santos, de 16 anos, aluna da Escola Estadual de Ensino Integral Bilíngue Mestra Idalina Rodrigues Pereira, em Icoaraci, e participante do programa “Meu Futuro, Minha Voz”, do Instituto Limpa Brasil, compartilhou sua motivação: “Precisamos agir nas nossas comunidades, mudar hábitos e inspirar outras pessoas. Cada pequeno gesto pode se transformar em algo muito grande”.

A gestora ambiental Adassa Lima, coordenadora do programa, destacou que esta edição da COP tem um olhar diferenciado sobre os povos amazônicos e a juventude. “A Amazônia precisa ser vista como território de gente, de cultura e de saberes. O Pavilhão Pará mostra que é possível unir esses elementos para construir um mundo mais justo e sustentável”, afirmou.

Cultura e acessibilidade como pilares da experiência

Além das mesas de debate, o Pavilhão abriga a exposição “Juruti Terra Mundurukus e Muirapinimas”, resultado de parceria entre o governo estadual e a Prefeitura de Juruti, além de um palco voltado a apresentações culturais que reafirmam a diversidade amazônica.

Na quarta-feira (12), o coral “Mãos em Melodia”, da Universidade do Estado do Pará (UEPA), emocionou o público ao apresentar músicas regionais traduzidas em Libras, com alunos surdos e ouvintes. “Cada apresentação cultural fortalece nossa identidade e mostra a Amazônia como lugar de inclusão e criatividade”, disse a maestrina Lorena Rátis.

Um espaço de encontro entre mundos

Com acesso livre ao público, a Green Zone é o espaço da COP dedicado à sociedade civil, aberto diariamente das 9h às 19h. Seu papel é aproximar as discussões diplomáticas da realidade das comunidades e dos movimentos sociais. No Pavilhão Pará, essa missão se concretiza: ali, a Amazônia se apresenta como sujeito político global, protagonista de soluções que unem floresta, economia e justiça social.

Mais do que um pavilhão, o espaço representa a visão de um Estado que se reconhece como guardião de um bioma essencial para o equilíbrio do planeta — e que, ao abrir suas portas para o mundo, reivindica o direito de liderar a transição climática com a voz da Amazônia.

Pará aposta na economia circular como caminho para a descarbonização e inclusão social

Durante a COP30, realizada em Belém, o Governo do Pará reforçou sua estratégia de transição climática baseada em uma visão inovadora: a economia circular como instrumento de descarbonização, inclusão social e desenvolvimento regional. Ao longo da semana, três painéis realizados na Green Zone mostraram como o Estado vem estruturando políticas públicas que unem sustentabilidade, renda e inovação — um modelo de desenvolvimento que procura valorizar as pessoas e os territórios.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas) conduziu os debates, que reuniram gestores públicos, cooperativas de reciclagem, pesquisadores e representantes da sociedade civil. O objetivo comum: discutir como transformar resíduos em valor, reduzir emissões e criar oportunidades econômicas sustentáveis.

O painel “Descarbonização e circularidade: a economia dos resíduos como uma nova agenda para o clima”, realizado no Pavilhão Pará, abriu a série de discussões com foco no papel do poder público na criação de um modelo produtivo de baixo carbono. Nos dias seguintes, os debates “Economia circular e enfrentamento à pobreza: caminhos para transição justa” e “Políticas públicas de fortalecimento da sustentabilidade e circularidade nas cooperativas do Estado do Pará” ampliaram a conversa para o campo da inclusão social e do protagonismo das cooperativas.

Circularidade como política de Estado

Para o secretário adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da Semas, Rodolpho Zahluth Bastos, a transição ecológica precisa ser acompanhada por uma profunda transformação econômica e cultural. “A economia circular precisa ir além da reciclagem ou da logística reversa. Queremos pensar a circularidade desde a geração até o descarte, com reuso, redução e novos ciclos de aproveitamento. Esse debate é essencial para desenharmos um modelo que faça sentido para a realidade do Pará”, afirmou.

Segundo ele, o Estado está em processo de construção de uma política estadual de economia circular, que se conecta diretamente às metas de mitigação de carbono e de desenvolvimento justo. O programa prevê o fortalecimento das cooperativas de catadores, o estímulo à inovação tecnológica e a criação de parcerias público-privadas voltadas ao reaproveitamento de resíduos e à geração de renda.

Zahluth destacou exemplos práticos já em andamento, como a implantação de unidades de reciclagem e manejo sustentável em municípios como Salinópolis e Castanhal, que contam com trituradores de vidro e equipamentos de reaproveitamento de materiais. A expansão para outras regiões da costa paraense está prevista nos próximos meses.

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Foto: Lucas Maciel/ASCOM SEMAS

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Sustentabilidade que gera inclusão

O secretário adjunto ressaltou que o avanço da economia circular no Pará está diretamente ligado à valorização das cooperativas de reciclagem e à autonomia das comunidades locais. “Estamos construindo políticas públicas com base na participação social e no fortalecimento das cadeias produtivas sustentáveis. O objetivo é que o Pará se torne referência em um modelo de baixo carbono que valoriza os territórios e seus atores locais”, afirmou.

A perspectiva de que a circularidade deve incluir quem está na base da cadeia foi reforçada por Débora Silva, presidente da Concaves (Cooperativa de Trabalho dos Catadores de Materiais Recicláveis). Para ela, a presença das cooperativas na COP30 é simbólica e estratégica. “A economia circular precisa incluir quem está na base: os catadores. Eles são parte essencial da cadeia de reciclagem e precisam ser reconhecidos como agentes ambientais e empreendedores sociais”, disse.

Débora ressaltou que o Pará tem se tornado referência ao associar a valorização dos resíduos à inclusão produtiva, abrindo espaço para que os catadores sejam reconhecidos como protagonistas na agenda climática. “Estar num espaço global como a COP mostra que o trabalho dos catadores é parte da solução climática”, concluiu.

Transição justa e inovação amazônica

Ao posicionar a economia circular como eixo da transição climática, o Pará propõe um novo paradigma: a sustentabilidade como vetor de inovação e justiça social. A Semas vem articulando ações de educação ambiental, regulação e incentivo à pesquisa para criar um ecossistema que una a eficiência econômica à preservação da floresta viva.

“A COP é um espaço estratégico para mostrar que o Pará está comprometido com um modelo de desenvolvimento que alia floresta viva, inovação e justiça social”, afirmou Rodolpho Zahluth, destacando o papel do Estado como laboratório de soluções amazônicas para a transição global de baixo carbono.

Ao colocar os resíduos no centro da agenda climática, o Pará demonstra que a descarbonização não depende apenas de tecnologias limpas, mas de novos modos de produzir, consumir e incluir. Na Amazônia, essa transformação já começou — e passa, sobretudo, pelo reconhecimento de que a economia circular é também uma economia da dignidade.

Brasil lidera aliança global contra desinformação climática na COP30

Em um dos momentos mais simbólicos da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém, o Governo do Brasil apresentou ao mundo a Iniciativa Global pela Integridade da Informação sobre a Mudança do Clima, uma coalizão internacional que busca enfrentar o avanço da desinformação ambiental e fortalecer o acesso a informações baseadas em ciência.

A iniciativa, lançada originalmente em 2024 durante o G20 no Rio de Janeiro, foi desenvolvida em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e agora ganha força política com a adesão de 11 países: Brasil, Canadá, Chile, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Espanha, Suécia, Uruguai e Holanda.

Durante o evento de alto nível, o grupo divulgou uma declaração conjunta, reafirmando o compromisso global de garantir a integridade das informações sobre o clima e de proteger o espaço público contra a manipulação, o negacionismo e as ameaças à liberdade de imprensa.

O combate à desinformação como ação climática

“Esta é a primeira COP que traz a integridade da informação como tópico da agenda de ação”, afirmou João Brant, secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom). “Ao trazer a integridade da informação para o processo de cooperação, aprendemos uns com os outros — tanto no campo da ação climática quanto no da comunicação — e unimos forças para agir com urgência.”

A Iniciativa Global reúne governos, organismos multilaterais, universidades, sociedade civil e empresas de tecnologia em torno de um objetivo comum: garantir que o debate público sobre o clima seja pautado por dados confiáveis, ciência e transparência. Para Brant, o enfrentamento à desinformação é um pilar essencial da governança climática moderna.

Cooperação e pluralidade como princípios

O embaixador Benoît Faraco, chefe da delegação da França e responsável pelas negociações sobre mudanças climáticas e energias descarbonizadas, destacou o caráter colaborativo da iniciativa. “Não há uma solução única para combater a desinformação climática. Precisamos agir em conjunto — governos, ONGs, cientistas e empresas — porque todos somos afetados por esse fenômeno. É uma luta coletiva, em sintonia com a presidência brasileira da COP30”, afirmou.

A declaração firmada pelos países reconhece que as ameaças à integridade da informação não se limitam à disseminação de conteúdos falsos. Elas também envolvem ataques à liberdade de imprensa, restrições à investigação jornalística e insegurança para profissionais da comunicação, fatores que comprometem a transparência e a credibilidade do debate ambiental.

A iniciativa propõe ainda criar mecanismos internacionais de cooperação e financiamento para apoiar projetos de comunicação climática e jornalismo científico, com foco em países em desenvolvimento.

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COP30 – Divulgação

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Informação como infraestrutura da democracia climática

Segundo Brant, o documento lançado em Belém é abrangente e pretende inspirar políticas públicas nacionais e regionais. “As condições de sustentabilidade para o jornalismo e a segurança de quem produz informação são fundamentais. A integridade da informação é parte da infraestrutura da democracia climática”, declarou.

No Brasil, o governo já vem testando modelos práticos dessa política. Brant citou uma chamada pública promovida com apoio do Fundo da Unesco, que recebeu 500 projetos, dos quais 10 foram selecionados para receber investimento de R$ 1 milhão. “Com esses projetos, mostramos aos investidores onde os recursos são aplicados, criando transparência e segurança para quem quer apoiar essa causa”, explicou.

Um marco para a COP30 e além dela

A diretora-executiva da COP30, Ana Toni, destacou que essa é a primeira conferência do clima a reservar dois dias inteiros à discussão da integridade da informação — um sinal claro de que o tema se tornou parte essencial das negociações climáticas globais.

A expectativa do grupo é que a declaração sirva como base para ampliar a coalizão e estimular novas fontes de financiamento dedicadas à comunicação responsável sobre o clima. A proposta também reforça a conexão entre integridade da informação e implementação do Acordo de Paris, consolidando o papel da informação verificada como ferramenta de ação e justiça climática.

Com a liderança brasileira, a Iniciativa Global surge como uma resposta concreta ao desafio contemporâneo de proteger a verdade em tempos de crise climática. Afinal, como indicou o tom da COP30, sem informação confiável, não há política climática eficaz — nem futuro sustentável possível.

Parceria internacional impulsiona conservação e renda na Terra do Meio

Durante a COP30, em Belém, o Governo do Pará deu mais um passo concreto em direção a uma economia florestal sustentável e inclusiva. Em cerimônia realizada na Blue Zone do evento, o Estado firmou um convênio com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) que destinará US$ 3,5 milhões a ações de conservação ambiental e geração de renda em comunidades tradicionais da Terra do Meio, no sudoeste do Pará.

A iniciativa faz parte da Política Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e deverá beneficiar diretamente cerca de 500 famílias indígenas, quilombolas e ribeirinhas. O propósito é fortalecer o papel dessas populações na preservação da floresta, garantindo que sua contribuição ecológica seja reconhecida e remunerada de forma justa.

O projeto será executado pelo Funbio, sob coordenação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), com apoio técnico da organização internacional The Nature Conservancy (TNC). Cerca de 40% dos recursos serão direcionados diretamente ao pagamento dos serviços ambientais, em um projeto-piloto vinculado ao programa estadual Valoriza Territórios Sustentáveis, que visa consolidar uma política pública permanente de PSA no Pará.

Um pacto entre floresta e dignidade

O governador Helder Barbalho destacou o caráter transformador do acordo, que une justiça climática, inclusão social e economia verde. Segundo ele, o Estado reafirma, com essa parceria, o compromisso de construir um modelo de desenvolvimento que respeita as pessoas e a natureza.

“O Pará tem mostrado ao Brasil e ao mundo que é possível conciliar desenvolvimento econômico com a conservação ambiental e a valorização das pessoas que vivem na floresta. Com este projeto, damos mais um passo para reconhecer o papel fundamental dos povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais como guardiões da Amazônia”, afirmou o governador.

A parceria com o BID e o Funbio representa mais do que um aporte financeiro — trata-se de uma aliança estratégica para consolidar uma governança florestal participativa. Ao fortalecer o PSA, o Pará busca criar instrumentos que integrem conservação, geração de renda e autonomia comunitária.

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Marco Santos – Agência Pará

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Vozes da floresta

A assinatura do convênio também teve o peso simbólico de uma conquista histórica para as populações locais. Francisco de Assis, presidente da Rede Terra do Meio, destacou a importância do momento: “Já vivenciei muitos ciclos, mas este é o mais importante. Estar aqui ao lado do governador assinando um contrato que vai fomentar políticas públicas para as comunidades vulneráveis da Terra do Meio é um marco”.

A região da Terra do Meio é uma das mais estratégicas da Amazônia brasileira. Com mais de 23 milhões de hectares, abriga cinco unidades de conservação e oito terras indígenas, onde vivem dezenas de comunidades que mantêm altos índices de preservação, mesmo sob pressão constante do desmatamento e da grilagem.

Estrutura e legado

Para Rosa Lemos de Sá, secretária-geral do Funbio, o convênio simboliza uma mudança estrutural no modelo de financiamento ambiental no país. “A parceria com o BID e o Estado do Pará constitui uma ação estruturante que lança as bases para um programa de PSA com perspectiva de longo prazo. Certamente, vai gerar lições valiosas que podem se tornar modelo para todo o Brasil”, afirmou.

O acordo também integra o programa Amazônia Sempre, do Grupo BID, voltado à ampliação do financiamento e do impacto de ações sustentáveis em toda a região. O programa prioriza iniciativas que combinem conservação da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e fortalecimento socioeconômico das comunidades locais.

Com a assinatura do convênio, o Pará consolida sua liderança na agenda climática da Amazônia, demonstrando que a transição ecológica só é possível quando envolve quem vive e protege o território. A iniciativa não apenas injeta recursos na economia comunitária, mas também reconhece a floresta como fonte de riqueza viva — social, cultural e ambiental.

Detran garante segurança e fluidez nas vias de Belém durante a COP30

Enquanto chefes de Estado, ministros e negociadores circulam por Belém para participar da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), um outro grupo trabalha em ritmo intenso, mas longe dos holofotes. São os agentes do Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran-PA), que realizam um trabalho decisivo para o funcionamento da conferência: a escolta de autoridades.

A operação começou ainda na Cúpula dos Líderes, etapa inaugural da COP30, e segue de forma contínua durante todo o evento. Sob a coordenação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no âmbito da Central de Escolta, o grupo atua a partir do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), estrutura mantida pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup). O espaço reúne forças de segurança estaduais e federais responsáveis por coordenar o trânsito e as ações de mobilidade na capital durante o encontro global.

A equipe do Grupamento Tático Motociclístico (GTM) do Detran é composta por 30 agentes treinados para manobras rápidas e seguras. São eles os responsáveis por abrir caminho, controlar semáforos e garantir o deslocamento eficiente de delegações entre o aeroporto, os hotéis e o Parque da Cidade, onde ocorrem as principais sessões da conferência. Segundo o agente Deninson Maia, um dos coordenadores da operação, “cada trajeto é calculado para otimizar o tempo, sem comprometer a segurança nem o fluxo urbano. Nosso trabalho é invisível quando dá tudo certo — e é assim que deve ser”.

Nos primeiros dias da COP30, mais de 35 missões de escolta foram realizadas. Durante a fase de chegada das autoridades, 22 lideranças internacionais foram acompanhadas pelo GTM, e outras 13 já receberam o mesmo suporte nas etapas seguintes da conferência. O tempo médio de deslocamento varia de 10 a 40 minutos, dependendo do horário e da distância — rotas que incluem, por exemplo, o distrito de Outeiro, um dos pontos mais distantes da capital.

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Agência Pará

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O Detran destaca que nenhum incidente operacional foi registrado desde o início das atividades, reflexo do rigor no planejamento e da experiência acumulada dos agentes. O grupo também se destaca pelo domínio de um extenso caderno de rotas, composto por mais de mil trajetos detalhados, mapeando cada deslocamento previsto na programação da conferência. Cada integrante precisa memorizar e dominar as particularidades dessas vias — um trabalho que exige precisão, reflexo e conhecimento profundo da malha urbana de Belém.

Apesar da eficiência, o desafio cotidiano dos batedores vai além da logística. A relação com o trânsito civil ainda é uma das maiores dificuldades. Segundo Maia, muitos motoristas não compreendem a importância da escolta e, por desconhecimento, resistem à orientação de abrir passagem. “Quando o batedor sinaliza, ele não está pedindo, está garantindo a segurança de todos. A gente reforça esse apelo: atenção e respeito às instruções dos agentes ajudam a evitar acidentes e facilitam o andamento da COP”, explica.

O trabalho das escoltas é apenas uma das frentes de atuação do Detran na COP30. Além do GTM, o órgão participa de ações educativas e de campanhas de conscientização sobre segurança viária, que buscam reduzir o risco de acidentes durante o período de maior movimento na cidade.

A COP30 transformou Belém em um grande laboratório de mobilidade urbana e cooperação institucional. Entre a pressa dos comboios oficiais e o vaivém cotidiano de moradores e visitantes, os agentes do Detran simbolizam a engrenagem silenciosa que permite o funcionamento de um evento global. Seu trabalho traduz, em gestos rápidos e precisos, a ideia de segurança pública como serviço essencial — uma coreografia invisível que mantém a cidade em movimento.

O Pantanal em transformação: 40 anos de perdas e resistências

O Pantanal, maior planície alagável contínua do planeta, atravessa uma transformação profunda e alarmante. Em quatro décadas, a paisagem moldada por ciclos naturais de cheias e secas foi sendo reconfigurada pela ação humana, pela expansão agropecuária e por eventos climáticos extremos. Segundo um novo relatório da rede MapBiomas, divulgado neste 12 de novembro, Dia do Pantanal, o bioma perdeu 75% de sua área permanentemente alagada entre 2015 e 2024 — o equivalente a 1,2 milhão de hectares.

A seca recorde de 2024, considerada a mais severa dos últimos 40 anos, expôs as fragilidades de um ecossistema que depende da água como nenhum outro. Ao mesmo tempo, as atividades antrópicas — pastagens, mineração, agricultura e aquicultura — já ocupam 15,2% do território pantaneiro. A conversão do solo avança de forma desigual, mas com intensidade crescente, especialmente nos planaltos que alimentam os rios e áreas úmidas do bioma.

O estudo do MapBiomas, elaborado a partir da Coleção 10 de Mapas de Cobertura e Uso da Terra no Brasil, revela o encadeamento ecológico entre o Pantanal, o Cerrado e a Amazônia. Esses três biomas formam um sistema interdependente: o Cerrado e a Amazônia concentram, respectivamente, 83% e 17% do planalto que regula o fluxo de água para a planície pantaneira. Quando um deles é degradado, o impacto repercute nos demais.

Na Bacia do Alto Paraguai (BAP), área que abrange partes do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, a perda de vegetação nativa entre 1985 e 2024 foi drástica. No lado sul-mato-grossense, as áreas naturais caíram de 79% para 61%. No Mato Grosso, a redução foi ainda maior: de 80% para 58%. A expansão agrícola foi o principal vetor dessa mudança, com destaque para a cultura da soja, que já ocupa 80% da área total de lavouras. O avanço de monoculturas compromete não apenas a diversidade da fauna e da flora, mas também a resiliência ecológica do bioma.

No terreno humano dessa crise, vozes como a de Leonida de Souza, conhecida como Eliane, emergem como símbolo de resistência. Primeira mulher brigadista do Pantanal, formada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eliane é também fundadora da associação de artesãs Renascer e coordenadora da Rede Pantaneira. Filha de pescador, quilombola e indígena guató, ela carrega nas mãos e na memória a luta por um modo de vida que se esvai com a degradação ambiental.

“A seca é muito grande, as plantas não conseguem sobreviver. Antes, o solo se renovava com a folha seca. Agora, o que era da gente virou área particular”, lamenta. Seu testemunho traduz o colapso silencioso que o Pantanal enfrenta: menos chuvas, rios rasos, peixes escassos e calor insuportável. O desequilíbrio do pulso de inundação — que sempre foi o coração do bioma — ameaça tornar o Pantanal irreconhecível.

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A percepção empírica de Eliane encontra respaldo científico. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) confirmou que o Pantanal está entre as áreas mais afetadas pela crise hídrica e pelos incêndios dos últimos dois anos. O solo seco e a baixa regeneração natural indicam que o bioma pode estar se aproximando de um ponto de não retorno.

O professor Geraldo Alves Damasceno Júnior, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e coordenador do Núcleo de Estudos do Fogo em Áreas Úmidas (Nefau), explica que o fogo — tradicionalmente usado por comunidades locais de forma controlada — passou a agir de maneira imprevisível. “Quando o Pantanal seca e acumula biomassa, qualquer faísca se transforma em incêndio de grandes proporções”, diz o pesquisador.

Para prevenir esses desastres, o Nefau desenvolve o uso do fogo prescrito, uma técnica que queima de forma controlada pequenas áreas para reduzir o material combustível, evitando que chamas se alastrem de modo devastador. O trabalho conta com apoio do Prevfogo e do Corpo de Bombeiros.

Além do fogo, as hidrelétricas representam outra ameaça estrutural. “Quando represamos a água, quebramos o ciclo natural do Pantanal. Sem fluxo livre, o bioma entra em colapso”, alerta Damasceno. Desde 1928, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou a primeira usina no Rio da Casca, o modelo energético tem se expandido sem avaliar plenamente seus impactos hidrológicos.

Para enfrentar esse cenário, organizações da sociedade civil apostam em tecnologias de monitoramento. A diretora-geral da Mulheres em Ação no Pantanal (Mupan), Áurea Garcia, cita o Sistema de Inteligência do Fogo em Áreas Úmidas (Sifau), desenvolvido pela Wetlands International Brasil e pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa/UFRJ). O sistema cruza dados de satélites e do próprio MapBiomas para emitir alertas em tempo real sobre áreas queimadas e prever riscos meteorológicos de incêndios.

No Dia do Pantanal, Áurea resume o apelo que ecoa entre cientistas e comunidades: “É urgente reconhecer o Pantanal como peça-chave para a estabilidade dos ecossistemas e da vida. Sem ele, perdemos uma das maiores fontes de equilíbrio climático do continente.”

Com informações da Agência Brasil , Letycia Bond

Pará no centro do mundo: IBGE lança mapa simbólico na COP30

Durante a COP30, em Belém, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou uma nova leitura do planeta que muda o eixo do olhar global. O mapa-múndi “Pará no centro do mundo”, lançado oficialmente nesta quinta-feira (13), desloca o ponto de referência cartográfico para o coração da Amazônia e faz de Belém não apenas sede da conferência do clima, mas também o novo marco simbólico da geografia mundial.

A proposta, concebida pela Superintendência Estadual do IBGE no Pará, rompe com a representação tradicional dos mapas, geralmente centrados no hemisfério Norte e baseados em convenções eurocêntricas. Na nova projeção, o hemisfério Sul ocupa o topo e o Norte aparece abaixo, invertendo a lógica geopolítica e visual que domina o imaginário ocidental há séculos.

Mais do que um exercício gráfico, o mapa propõe uma mudança de perspectiva sobre o lugar do Brasil e da Amazônia no mundo. Ele reafirma que as representações espaciais não são neutras — são construções culturais e políticas que moldam o modo como compreendemos o planeta e a nossa posição nele.

A Amazônia como eixo do futuro

A escolha de colocar o Pará no centro do mapa reflete o papel estratégico da região nas discussões sobre clima, biodiversidade e sustentabilidade. A Amazônia Legal, que reúne nove estados brasileiros e faz fronteira com países vizinhos como Peru, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa, aparece em destaque, mostrando sua dimensão continental e o alcance de suas interconexões.

O novo mapa se transforma, assim, em um símbolo visual da centralidade da Amazônia nas decisões globais sobre o futuro do planeta. Ele convida à reflexão sobre como as noções de “centro” e “periferia” mudam quando a referência passa a ser a floresta tropical que regula o clima global e abriga a maior diversidade biológica do mundo.

“A inversão do mapa é também um ato propositivo de descolonização cognitiva”, afirmou o presidente do IBGE, Marcio Pochmann. “Simboliza que o modo como se representa o espaço está profundamente conectado ao protagonismo da COP30.”

Ao trazer Belém para o centro, o IBGE não apenas desafia uma tradição cartográfica, mas também valoriza a perspectiva dos povos amazônicos, historicamente invisibilizados nas narrativas globais. A nova projeção visualiza o território amazônico como núcleo de saberes, culturas e estratégias para o equilíbrio climático — e não como uma “fronteira distante” da civilização.

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Um mapa que também é manifesto

A iniciativa faz parte do esforço do IBGE em construir leituras mais inclusivas e plurais do território brasileiro, em sintonia com a missão da COP30 de dar voz às regiões mais impactadas pela crise climática.

“Ao colocar o Pará no centro, destacamos não apenas uma nova perspectiva geográfica, mas também simbólica — que valoriza o protagonismo da Amazônia e de seus povos nas discussões globais”, afirmou Pochmann. “Essa inversão nos lembra que o olhar sobre o mundo pode e deve mudar, reconhecendo a importância de diferentes territórios e realidades na construção de um planeta mais equilibrado e sustentável.”

O mapa-múndi invertido é, portanto, uma obra de comunicação geográfica e política: uma forma de ressignificar a maneira como o Brasil se vê e é visto. Em tempos de emergência climática, em que a Amazônia assume papel decisivo na regulação do clima global, o gesto do IBGE traduz em imagem o que a diplomacia brasileira tenta afirmar em palavras — que o país e sua floresta ocupam o centro das soluções para o futuro.

Belém, que já se tornou a “capital simbólica” do planeta durante a COP30, é agora literalmente o epicentro de uma nova cartografia política e ambiental. O mapa lançado pelo IBGE é mais que uma peça técnica: é um manifesto visual sobre o reposicionamento do Sul Global e o reconhecimento da Amazônia como fonte de conhecimento, não apenas de recursos.

Um novo olhar sobre o planeta

Ao fim, a iniciativa convida o mundo a olhar o planeta de cabeça para baixo — ou talvez, pela primeira vez, do ângulo certo. O mapa-múndi “Pará no centro do mundo” traduz o espírito da COP30: deslocar perspectivas, recentrar vozes e imaginar um futuro em que as coordenadas do poder e da consciência ecológica não coincidam mais com as fronteiras da desigualdade.

Plano global de adaptação do SUS marca nova frente do Brasil na COP30

Durante a COP30, em Belém (PA), o Brasil lança uma iniciativa inédita: o primeiro plano internacional de adaptação climática voltado à saúde pública. Articulado pelo Ministério da Saúde e apresentado oficialmente nesta quinta-feira (13), o documento posiciona o Sistema Único de Saúde (SUS) como protagonista de uma agenda global que une saúde e clima — duas dimensões que, diante dos impactos ambientais extremos, tornaram-se inseparáveis.

O plano surge em um momento de urgência. Enchentes, secas, ondas de calor e a proliferação de doenças vetoriais já desafiam os sistemas de saúde em todo o planeta. O objetivo é oferecer diretrizes concretas para que governos se preparem para os efeitos diretos e indiretos das mudanças climáticas sobre a saúde humana — desde a reestruturação física de hospitais até a criação de protocolos de vigilância epidemiológica e prevenção de riscos.

Segundo o ministro Alexandre Padilha, a proposta foi construída em parceria com o grupo de Baku, formado por países que sediaram as últimas cinco conferências do clima — Reino Unido, Egito, Azerbaijão e Emirados Árabes Unidos. Essa articulação reflete a nova diplomacia brasileira na área de saúde global, que busca transformar experiências nacionais em políticas de referência internacional.

“É a primeira vez que um plano internacional de adaptação climática é dedicado exclusivamente à saúde. O Brasil liderou sua formulação e quer mobilizar outros países a fazer o mesmo”, afirmou Padilha, durante entrevista à Agência Brasil.

A proposta foi inicialmente apresentada em maio, durante a Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra, e passou por uma série de consultas públicas e reuniões técnicas. Agora, em Belém, será apresentada oficialmente durante o “Dia da Saúde”, na Zona Azul, espaço reservado às negociações formais da conferência.

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Bruno Peres/Agência Brasil

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Estrutura do plano

O documento se organiza em três grandes eixos de ação. O primeiro envolve o monitoramento climático e epidemiológico, com foco em identificar como o aumento das temperaturas, a poluição atmosférica e a escassez de recursos hídricos afetam os padrões de adoecimento das populações.

O segundo eixo trata da infraestrutura resiliente, estimulando que unidades de saúde — de hospitais a postos básicos — sejam construídas ou reformadas com padrões capazes de resistir a desastres naturais, mantendo estoques de água, energia e conectividade mesmo em situações de crise.

Por fim, o terceiro eixo enfatiza a atenção especial às populações vulneráveis, garantindo acesso contínuo a exames, cirurgias e serviços básicos de saúde, mesmo em regiões afetadas por eventos extremos.

Primeiros exemplos e financiamento

O ministro destacou que a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, devastada por um tornado no último fim de semana, será o primeiro laboratório do plano. Lá, as novas unidades serão reconstruídas segundo o conceito de “unidades de saúde resilientes”, capazes de suportar situações climáticas extremas e manter serviços essenciais, como o sistema da Farmácia Popular.

A resposta emergencial também contou com o apoio da Força Nacional do SUS, formada por sanitaristas, enfermeiros e especialistas em saúde mental, que atuam em regiões afetadas por desastres.

Para viabilizar o plano, o governo prevê o redirecionamento de recursos do orçamento federal e a captação de investimentos internacionais. Segundo Padilha, o Brasil já recebeu US$ 160 milhões em ações de adaptação do setor de saúde e deve ampliar esse montante por meio de bancos multilaterais e financiadores climáticos.

O país também prepara uma proposta de financiamento junto ao Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), instituição dos BRICS, buscando mais de US$ 350 milhões para a construção dos chamados “hospitais inteligentes” — centros de urgência e emergência projetados para resistir a eventos climáticos extremos.

Saúde como pilar climático

Com o lançamento do plano, o Brasil pretende consolidar a saúde como eixo central das discussões climáticas internacionais. “Estamos afirmando que a saúde é a face mais sensível e mobilizadora da crise climática. Adaptar os sistemas de saúde é essencial para proteger vidas e garantir o futuro das políticas públicas”, concluiu Padilha.

Ao transformar o SUS em referência global de adaptação, o país reforça sua ambição de liderar uma agenda de cooperação entre saúde e clima — um passo decisivo em direção à justiça climática e à proteção das populações mais vulneráveis.

UNAMAZ e GCF Task Force firmam aliança para impulsionar ciência e governança climática na Amazônia

Durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém (PA), a Associação de Universidades Amazônicas (UNAMAZ) e a Força-Tarefa dos Governadores sobre Clima e Floresta (GCF Task Force) firmaram uma parceria inédita para aproximar a produção científica das decisões políticas nos territórios amazônicos. O memorando de cooperação, assinado na Casa da Biodiversidade e Clima, no Instituto Tecnológico Vale, marca um novo capítulo na integração entre conhecimento acadêmico e gestão pública em escala pan-amazônica.

A iniciativa busca fortalecer a colaboração entre governos subnacionais e instituições de ensino superior em países que compartilham a floresta tropical, conectando pesquisa científica, políticas públicas e saberes locais. O acordo prevê a criação de um grupo de trabalho binacional até fevereiro de 2026, com a missão de formular um plano conjunto de ações voltado à sustentabilidade, ao manejo responsável dos recursos naturais e à mitigação das mudanças climáticas.

Um pacto pelo conhecimento e pela floresta

A assinatura do memorando reuniu lideranças de governos amazônicos e representantes do meio acadêmico. Entre os signatários estavam José Seixas Lourenço, presidente pro tempore da UNAMAZ; Manuel Gambini Rupay, do governo de Ucayali (Peru); Gladson Cameli, governador do Acre (Brasil); Tiyua Uynkar Kaniras, prefeito de Morona Santiago (Equador); e Luiz Francisco Ruiz Aguilar, representante do governo de Caquetá (Colômbia). O Secretariado Global da GCF Task Force foi representado por Colleen Lyons, diretora sênior, e Jason Gray, diretor de projetos.

Em um gesto simbólico de integração pan-amazônica, a cerimônia destacou a importância de articular esforços entre ciência e política. “Este é um momento histórico. A ideia é formar lideranças e usar a pesquisa como instrumento para promover sustentabilidade e governança ambiental. É apenas o começo de uma colaboração ampla, que envolve todos os estados-membros da GCF e seus parceiros globais”, afirmou Colleen Lyons.

WhatsApp-Image-2025-11-13-at-10.23.33-400x225 UNAMAZ e GCF Task Force firmam aliança para impulsionar ciência e governança climática na Amazônia
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Universidades como redes de transformação

A UNAMAZ, criada em 1987, reúne atualmente 80 universidades e centros de pesquisa dos nove países amazônicos. Para o professor José Seixas Lourenço, a rede é hoje um eixo de articulação fundamental entre o conhecimento acadêmico e os desafios do desenvolvimento sustentável.

“Temos um plano estratégico 2025–2030 que inclui o programa ‘Vozes do Clima’, voltado à integração de projetos sobre mudanças climáticas em toda a Pan-Amazônia. O papel da UNAMAZ é justamente conectar essas iniciativas e dar visibilidade ao trabalho das universidades amazônicas”, destacou Lourenço.

Segundo ele, a associação vem expandindo suas fronteiras de cooperação. “Estamos em vias de formalizar acordos com a Universidade da Guiana, em Caiena, e com instituições da Califórnia e do Colorado, nos Estados Unidos. Também buscamos parcerias com países do eixo Sul-Sul, incluindo diálogo com o governo da Indonésia”, acrescentou.

Cooperação como estratégia global

A parceria entre a UNAMAZ e a GCF Task Force insere-se em um contexto mais amplo de integração internacional em defesa das florestas tropicais. A GCF, que reúne 43 governos subnacionais de dez países, tem sido um fórum decisivo na articulação de políticas públicas para a redução do desmatamento, valorização de comunidades locais e desenvolvimento de economias de baixo carbono.

A aliança com as universidades amazônicas amplia esse alcance, criando uma base de evidências científicas capaz de orientar decisões políticas de longo prazo. Ao envolver pesquisadores, gestores públicos e comunidades, a cooperação pretende acelerar a transição para uma economia baseada no uso sustentável dos recursos da floresta, com foco na inovação e na inclusão social.

“Não basta apenas formular políticas. É preciso sustentá-las em dados, conhecimento e formação de lideranças locais. Essa parceria representa um passo concreto na construção de uma Amazônia mais resiliente e integrada”, sintetizou Marcelo Lima, coordenador adjunto da UNAMAZ em Brasília.

O papel estratégico da Amazônia na COP30

A realização da assinatura durante a COP30 reforça a centralidade da Amazônia nos debates climáticos globais. Ao sediar a conferência, Belém tornou-se símbolo de um novo modelo de cooperação: um que valoriza a ciência produzida no território, os saberes tradicionais e as iniciativas de governança compartilhada.

Como destacou o embaixador Carlos Lazary, consultor sênior da UNAMAZ, “a Amazônia é o coração do equilíbrio climático do planeta. O fortalecimento de suas instituições científicas e políticas é essencial para qualquer estratégia global de mitigação e adaptação”.

O memorando entre UNAMAZ e GCF Task Force reafirma esse compromisso: o de transformar a cooperação em ação e o conhecimento em ferramenta de futuro.

Arte a céu aberto transforma Belém em palco de reflexão climática

As ruas de Belém, palco da COP30, tornaram-se uma galeria viva de arte e consciência ambiental. Duas instalações monumentais – Eggcident, do holandês Henk Hofstra, e A Onda, do brasileiro Eduardo Baum – convidam o público a repensar a emergência climática por meio de imagens tão belas quanto perturbadoras. As obras integram a programação especial da Virada Sustentável, o maior festival de sustentabilidade da América Latina, que chega à capital paraense com uma proposta ousada: transformar a cidade em um espaço de diálogo entre arte, ciência e futuro.

As esculturas gigantes ficarão expostas até 21 de novembro, acompanhando o encerramento das discussões oficiais da conferência. Eggcident foi instalada no Boulevard da Gastronomia, e A Onda ocupa o Complexo Turístico Ver-o-Rio, dois espaços simbólicos que conectam o cotidiano dos belenenses à urgência global da preservação ambiental.

Um planeta sob o sol

A instalação Eggcident apresenta ovos fritando ao sol em escala monumental. A cena, ao mesmo tempo lúdica e desconcertante, traduz de forma direta o aquecimento global e o impacto das ações humanas sobre o planeta. Sob o sol amazônico, a obra ganha novas camadas de sentido — um lembrete visual de que a crise climática não é abstrata, mas uma ameaça concreta ao equilíbrio da floresta e à vida que dela depende.

Criada por Henk Hofstra, artista conhecido por intervenções urbanas de grande escala, Eggcident já percorreu cidades europeias e agora ecoa na Amazônia com força simbólica renovada. A montagem em Belém é viabilizada pela Embaixada e Consulados dos Países Baixos no Brasil, como parte de uma colaboração cultural que reforça o diálogo internacional em torno da sustentabilidade e da arte pública.

O plástico que virou mar

Do outro lado da cidade, no Ver-o-Rio, o artista Eduardo Baum ergueu A Onda — uma massa azul ondulante formada por cerca de 30 mil peças plásticas recolhidas em cooperativas de reciclagem. A instalação monumental denuncia o destino invisível dos resíduos descartados de forma irregular e convida à reflexão sobre a urgência da economia circular.

Mais do que uma escultura, A Onda é um manifesto sobre a cultura do descarte e sobre a capacidade humana de transformar lixo em arte, problema em solução. A obra foi viabilizada pelo Ministério da Cultura, com patrocínio da Accor, por meio da rede Novotel — empresas que vêm investindo em ações de conscientização ambiental e redução de impactos nas cadeias do turismo e da hospitalidade.

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Arte como tradução da urgência climática

As instalações são parte de um circuito que coloca a arte como ponte entre ciência e emoção. A Virada Sustentável, em parceria com a Organização das Nações Unidas no Brasil, aposta na força da cultura para traduzir questões complexas como a mudança do clima em experiências sensoriais e participativas.

A escolha de Belém como cenário não é por acaso. Às vésperas de receber líderes mundiais, a cidade torna-se laboratório vivo de inovação, onde o debate sobre o futuro do planeta ganha cores, sons e formas. “A arte, quando ocupa o espaço público, desperta o olhar para o que muitas vezes passa despercebido”, explica a curadoria do festival, que completa 15 anos ampliando o diálogo sobre sustentabilidade e impacto social positivo.

Mais do que denunciar, as obras convidam à reconstrução de vínculos — com o ambiente, com a cidade e com o outro. Em tempos de polarização e exaustão informativa, a arte oferece uma linguagem de reconexão. Ao caminhar entre ovos gigantes fritando ou sob o fluxo plástico de uma onda imóvel, o espectador é chamado a se reconhecer parte do problema e da solução.

Uma celebração coletiva

Durante a COP30, a Virada Sustentável realiza também uma programação paralela de experiências criativas, debates e exibições audiovisuais. A proposta é aproximar o público da pauta climática com uma mensagem propositiva, mostrando que sustentabilidade pode ser sinônimo de beleza, diversidade e esperança.

As informações detalhadas das atividades em Belém estão disponíveis no site da Virada Sustentável e no perfil oficial no Instagram.

Belém, por alguns dias, transforma-se não apenas na capital da Amazônia, mas em símbolo global de um novo tipo de engajamento — aquele em que arte e ação se encontram sob o mesmo sol, buscando resfriar um planeta que pede socorro.