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Professores da rede estadual podem se inscrever em oficina sobre patrimônio histórico e sensibilização musical

Professores da rede estadual podem se inscrever gratuitamente no projeto Fima na Escola, que consiste em uma atividade de formação em patrimônio histórico e sensibilização musical. O curso tem vagas limitadas e será realizado no dia 09 de novembro no Centro de Formação de Profissionais de Educação Básica do Estado do Pará (Cefor), em Belém.  As inscrições são limitadas e podem ser feitas no site do Cefor.

“O curso será voltado para professores da rede estadual de ensino, que terão uma oportunidade imperdível para enriquecer seu repertório pedagógico e se conectar com as raízes culturais de nossa terra. Lembrando que este ainda é o primeiro momento do projeto, depois teremos algo mais grandioso e voltado para os nossos estudantes da rede”, ressalta o diretor do Cefor, professor Augusto Paes.

A formação será ministrada pelo diretor artístico do Festival Interativo de Música e Arquitetura, Pablo Castellar, juntamente com o historiador e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Aldrin Figueiredo, que conduzirão a atividade de formação em patrimônio histórico e sensibilização musical. O curso será realizado das 10h às 12h e das 13h30 às 15h30.

O projeto Fima na Escola é uma realização do Ministério da Cultura e Instituto Cultural Vale, em parceria com a Seduc.

Mudanças climáticas: conheça os sete motivos que colocam o Brasil no centro dos debates

O Brasil será mais uma vez destaque nos debates sobre o clima no mundo. O país vai participar da COP28, que acontece de 30 de novembro a 12 de dezembro, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e cumprirá um papel importante ao apresentar sete motivos que o colocam como protagonista nas discussões.

A energia eólica offshore — que usa a força dos ventos em alto mar para produção de energia — é uma dessas ações que serão abordados no encontro.  Segundo o gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Davi Bomtempo, essa energia tem alto potencial de geração de eletricidade, além de ser uma grande oportunidade para a indústria brasileira se descarbonizar e manter sua relevância frente à transição energética.

“É um dos pilares mais importantes quando se fala de transição para a economia de baixo carbono. Hoje, a gente tem dentro desse pilar, a exploração a partir da eficiência energética, a expansão de energias renováveis e aí entra a exploração a partir de eólica offshore, temos também o fortalecimento da Política Nacional de Biocombustíveis e a atração de novas tecnologias como hidrogênio e captura de carbono”, destaca.

A CNI divulgou um estudo que revela um total de US$ 500 bilhões até 2030 para projetos de larga escala anunciados a partir de 2021. Isso mostra que o país tem condições de entrar de forma competitiva nesse mercado, tanto pela disponibilidade de recursos renováveis, como pelas possibilidades de uso interno e exportação.

“A offshore ela veio pra somar rumo a essa expansão de renováveis com o objetivo de manter a matriz energética e elétrica do Brasil cada vez mais limpa, cada vez mais sustentável”, afirma Davi Bomtempo.

Mas as discussões vão além. O Brasil também quer mostrar que possui a segunda maior cobertura florestal do mundo – 60% de seu território – e abriga 20% da biodiversidade do planeta, além de ser detentor de 12% da água doce do globo terrestre. Ao abordar a abundância de recursos naturais, o país pretende destacar que é possível avançar, por exemplo, na agenda da bioeconomia, que tem como uma das bases o uso da biodiversidade para o desenvolvimento de novos bens e serviços sustentáveis.

Somado a abundância de recurso naturais, o Brasil vai aproveitar para dizer que já se encontra na vanguarda da transição energética, com elevada participação de fontes renováveis na matriz energética e que segue em uma trajetória sustentável, ampliando e diversificando, cada vez mais, o uso dessas fontes. A participação das renováveis na matriz energética brasileira hoje é de 45%, mais que o triplo da média mundial, que é de 14%.

Veja a lista com os sete motivos:

  • Abundância de recursos naturais
  • Matriz energética limpa
  • Ambiciosos projetos de produção de hidrogênio de baixo carbono e energia eólica offshore 
  • Agenda de biocombustíveis
  • Rearranjo das cadeias globais de produção
  • Redução do desmatamento na Amazônia
  • Retomada do Fundo Amazônia

Agenda de biocombustíveis

Durante a COP28, o país quer destacar o estímulo à produção e ao uso de biocombustíveis — demanda que o coloca como segundo maior produtor do mundo, atrás dos EUA. Na Cúpula do G20 em setembro, Brasil, Índia e Estados Unidos lançaram a Aliança Global de Biocombustíveis.

A gasolina, por exemplo, já tem 27,5% de etanol em sua mistura — e o governo federal estuda aumentar esse percentual para 30%. No caso do diesel, o Executivo espera alterar a proporção da mistura obrigatória de biodiesel no diesel fóssil de 12% para 20%.

O Brasil é o país que mais tem fontes renováveis de energia e está entre as 20 maiores economias do mundo. Além dos parques eólicos, da energia solar e de biomassa, os projetos de hidrogênio verde têm se multiplicado. Isso também será destacado no encontro no fim do ano, em Dubai. O Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe vai repassar até US$ 600 milhões para o BNDES e para o Banco do Nordeste em linhas de crédito para plantas industriais verdes.

Outro dado de destaque a ser apresentado é a redução de 33,6% do desmatamento na Amazônia, em relação ao primeiro semestre de 2022. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) aplicou 1.141 autos de infração na Amazônia no primeiro semestre, o que representa um aumento de 348% em relação à média dos primeiros semestres dos quatro anos anteriores, com R$ 125 milhões em multas.

E, para encerrar, o Brasil vai falar sobre a retomada do Fundo Amazônia. O programa de apoio a medidas de proteção da região, financiado com recursos estrangeiros, desempenha papel central no apoio às ações necessárias à reversão das novas tendências de desmatamento. Atualmente, conta com R$ 3,9 bilhões em caixa, doados por Noruega e Alemanha.

O Brasil é destaque nessa temática das mudanças climáticas desde a Conferência de Meio Ambiente, em Estocolmo, passando pela Eco92, Rio+20 e Acordo de Paris. Ainda que China e Estados Unidos sejam os países que mais emitem gases poluentes, as atenções costumam recair sobre o Brasil, o que acaba atribuindo mais relevância às discussões no país.

Fonte: Brasil 61

Governo Federal implementa Rota do Cacau no estado de Rondônia

Rondônia conta agora com um polo da Rota do Cacau. A iniciativa do Governo Federal, por meio do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), vai beneficiar cerca de 3 mil produtores em 43 municípios do estado (confira no quadro ao fim da matéria). O objetivo é estimular o empreendedorismo, o cooperativismo e a inclusão produtiva, possibilitando que os produtores trabalhem em conjunto, ganhem escala e possam comercializar com outras localidades, estados e até países.

“Rondônia é hoje o quarto maior produtor de cacau do Brasil e vem buscando ganhar competitividade. O estado tem ampla área no bioma amazônico, de onde o cacau é proveniente, e há grande potencial para que a produção possa crescer e gerar renda e oportunidades para as famílias”, destaca o coordenador-geral de Gestão do Território da Secretaria de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial do MIDR, Vitarque Coelho.

A produção de cacau em Rondônia ocupa uma área de aproximadamente 10 mil hectares, o que corresponde a 100 quilômetros quadrados. A maior parte está localizada em pequenas propriedades de agricultores familiares, que serão os principais beneficiados com a criação da Rota do Cacau no estado.

Processo de criação

Para a implantação do polo da Rota do cacau no estado, foram realizadas oficinas com o objetivo de fazer um diagnóstico da produção local e, assim, desenvolver projetos estratégicos para estruturar a cadeia produtiva.

Durante os encontros, foi definida a abrangência do polo e identificados os itens essenciais da cadeia produtiva, como insumos e produção, comercialização, agregação de valor, sustentabilidade e infraestrutura. O resultado desse processo foi uma carteira de projetos estratégicos, com o objetivo principal de impulsionar o desenvolvimento dos produtores locais.

Para garantir a efetiva execução desses projetos, foi estabelecido um comitê gestor responsável pela governança do polo. Esse comitê trabalhará em colaboração com o Governo Federal na concepção e implementação dos projetos, enquanto o MIDR buscará recursos para concretizar essas iniciativas.

Para o produtor de cacau Deoclides Pires, a aproximação do MIDR com os produtores de cacau de Rondônia é de grande relevância. “Eu vejo com bons olhos a implementação da Rota do Cacau. Só de virem ver a realidade em que vivemos e trabalhando já é muito importante”, comentou.

Outras iniciativas

Em julho, o MIDR, em mais uma ação da Rota do Cacau, aprovou o repasse de R$ 1 milhão para a estruturação de um laboratório de estudo de solos e da água na Universidade Federal do Pará (UFPA), que vai atender os produtores locais do fruto no estado, que são carentes desse serviço.

Atualmente, o MIDR reconhece, em todo o País, seis polos da Rota do Açaí; seis da Rota da Biodiversidade; três da Rota do Cacau; 15 da Rota do Cordeiro; duas da Rota da Economia Circular; cinco da Rota da Fruticultura; seis da Rota do Leite; nove da Rota do Mel; quatro da Rota da Moda; sete da Rota do Pescado; e quatro da Rota da Tecnologia, Informação e Comunicação (TIC).

Fonte: Brasil 61

Ministério da Cultura lança a Política Nacional Aldir Blanc com R$ 15 bilhões de investimentos previstos

A maior política cultural da história do Brasil. Essa é a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), lançada pelo Ministério da Cultura, em Brasília, em um evento marcado pela presença de parlamentares, artistas e representantes da sociedade civil. uma noite em que imperaram os sentimentos de emoção e alegria.

Por meio da PNAB, serão investidos, anualmente, R$ 3 bilhões, do fundo nacional de cultura. Até o final de 2027, período de vigência da lei. Ao todo, serão R$ 15 bilhões destinados a estados, municípios e distrito federal.

A ministra da cultura, Margareth Menezes, definiu como uma noite histórica e especial, o lançamento da PNAB.

“Hoje é uma noite histórica, especial, sem precedentes para as políticas públicas da cultura desse país: estamos entregando a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (pnab), uma política muito esperada em um momento tão grandioso. A Política Nacional Aldir Blanc é uma política cultural com um investimento histórico: vai garantir investimentos até 2027, com repasses anuais do governo federal, de R$ 3 bilhões de reais, totalizando R$ 15 bilhões nos próximos cinco anos. é o maior investimento em cultura da história do brasil, de forma descentralizada, alcançando a todos os cantos de nosso imenso país. é uma honra para mim e para nós do sistema minc concretizarmos, com a implementação da Política Nacional Aldir Blanc uma missão que o presidente lula nos deu, que é fazer com que o direito à cultura se torne uma política pública de estado, que reflete a imensidão e grandeza de um país tão criativo”.

Para receber os recursos, os entes federativos e consórcios públicos intermunicipais interessados devem cadastrar seus planos de ação, a partir do dia 31 de outubro, na plataforma transferegov. o documento deve ter informações como metas e atividades previstas. Os valores começam a ser repassados em 2023 e os lançamentos de editais, prêmios e chamamentos públicos acontecerão em 2024.

A cerimônia de lançamento da PNAB foi comandada pela atriz Adriana Lessa. Para ela, foi um momento de intensa alegria poder ver a lei Aldir Blanc sendo colocada à serviço da cultura.

Esse lançamento da Política Nacional Aldir Blanc é um momento histórico para todos nós, um caminhar muito potente, vigoroso e é muito bom percebermos que a escuta, a possibilidade e realização irão acontecer, né? e isso é muito bom, é um momento histórico, muito feliz, é claro.

Fonte: Brasil 61

Governo Federal debate recursos hídricos sob a ótica da sustentabilidade

Debater a gestão da água sob a ótica da sustentabilidade. Esse é o objetivo do Seminário Nacional Revitalização de Recursos Hídricos, promovido pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, o MIDR, a partir desta terça-feira, 31 de outubro.

Durante dois dias, integrantes da Pasta e de suas vinculadas, além de representantes dos comitês de bacias hidrográficas, universidades e da sociedade civil, se reúnem em Brasília para propor soluções integradas para o planejamento e a gestão das ações de revitalização de recursos hídricos.

Além disso, os especialistas vão discutir o papel dos comitês que farão a gestão dos R$ 5,8 bilhões provenientes da desestatização da Eletrobras e que serão usados em ações de revitalização de bacias.

Na abertura do evento, o ministro Waldez Góes afirmou que a agenda da água é uma das prioridades do governo Lula.

“Essa agenda, se tratando de um país de dimensões continentais, que tem a principal bacia do mundo, e certamente também os principais desafios do mundo. Isso exige da gente redobrar os esforços. Ao longo do tempo, o presidente Lula lançou o PAC Saneamento lá atrás, numa tentativa de mostrar que isso é uma prioridade para o país. A gente hoje soma aí uns R$ 13 bilhões de reais nessas políticas de infraestrutura hídrica e o Novo PAC traz essa política pública da água como um eixo principal. Então virou um eixo do PAC. Ou seja, a transversalidade desse tema, água, é muito grande. Aqui nós estamos falando de um assunto, mas que tem conexão direta com tantos outros e, por isso, a gente precisa estar muito unido, fazer as escolhas certas, sermos proativos na aplicação dos recursos disponíveis e na capacidade de captação e disponibilidade de outros recursos”.

Para saber mais sobre as ações federais em segurança hídrica, acesse mdr.gov.br.

Fonte: Brasil 61

Registros geológicos deixam pistas sobre variações climáticas ao longo da história

As variações climáticas ao longo da história geológica da Terra, também chamadas de mudanças paleoclimáticas, podem ser determinadas a partir da análise do registro geológico deixado em ambientes sedimentares, como antigos mares, lagos e rios. Este assunto é bastante atual e é um dos temas abordados na pesquisa da Dra. Mariane Candido, que atualmente é bolsista de pós-doutorado Nota 10, da FAPERJ, no programa de Pós-Graduação em Geofísica do Observatório Nacional (ON), sob supervisão do pesquisador Dr. Daniel R. Franco.

Conforme explica Mariane:

“A análise e o estudo de vestígios naturais podem ajudar a determinar o clima em épocas passadas. Ou seja, a história do clima pode ser compreendida através de diversas evidências, tais como: variações das massas de gelo, anéis de crescimento de árvores, registros fósseis e também rochas sedimentares, através do chamado registro geológico, o qual é seu objeto de estudo.”

Segundo Mariane, o registro geológico permite estudar as variações climáticas porque os antigos ambientes sedimentares, que hoje estão preservados nas rochas, guardam essa informação. Isto é, a deposição dos sedimentos (areia, silte, argila, entre outros) em antigos mares, lagos ou rios estaria diretamente relacionada a mudanças no clima, as quais podem ter sido, sob determinadas condições, controladas pelos ciclos orbitais do planeta, que apresentam intervalos de tempo na escala de dezenas a centenas de milhares de anos.

Os movimentos orbitais estão relacionados a mudanças na posição da Terra em relação ao Sol. Essas mudanças afetam a distribuição de radiação solar sobre a superfície terrestre e, portanto, influenciam no clima do planeta e nos mais distintos sistemas sedimentares. Os movimentos mais conhecidos definem os chamados ciclos de Milankovitch, que são três: precessão, que é a variação na direção do eixo de rotação da terra; obliquidade, que é uma mudança no ângulo de inclinação do eixo em relação ao plano orbital; e excentricidade, que é a forma da órbita da Terra, ora configurando uma trajetória mais curta, ora mais longa. Para este intervalo geológico, os movimentos para os três tipos de ciclo são de, aproximadamente, 25,7 mil anos (precessão), 41 mil anos (obliquidade), 100 mil e 405 mil anos (excentricidade curta e longa).

Esses ciclos podem controlar as variações no padrão dos sedimentos, ou seja, na sua composição, na granulometria, entre outros aspectos. “Quando conseguimos identificar os movimentos orbitais que interferiram nas características dos sedimentos, podemos estabelecer uma relação entre as condições em que os sedimentos foram depositados e as condições climáticas do período estudado. A investigação de padrões deposicionais cíclicos é o princípio básico da Cicloestratigrafia”, observa Mariane.

A Estratigrafia é o ramo da Geologia que descreve e classifica as camadas das rochas (ou estratos), correlacionando-as no espaço e no tempo. Portanto, a Cicloestratigrafia é a subdivisão que investiga os padrões sedimentares cíclicos e sua formação, sob influência de processos periódicos operantes em diferentes escalas de tempo. A partir da interação dos processos climáticos e sedimentares com processos tectônicos, os ciclos estratigráficos são registrados.

Além disso, técnicas de medição de tempo dos ciclos também são aplicadas para a construção de arcabouços geocronológicos, que seriam os registros rochosos posicionados nos tempo, ajudando a determinar a idade e história das rochas da Terra.

“A Cicloestratigrafia vem sendo empregada em estudos paleoambientais diversos e na indústria petrolífera e mineradora, para otimizar a produção nesses setores”, diz Mariane. Atualmente, eu desenvolvo um projeto focado em Cicloestratigrafia intitulado ‘Investigação de ciclos quase-periódicos em escala milenar a orbital nas formações Palermo e Irati (Bacia do Paraná) e sua influência no registro deposicional’.”

O objetivo do estudo da pós-doc do ON é verificar as periodicidades que controlaram a deposição dos sedimentos na Bacia do Paraná, no intervalo das formações Palermo e Irati, do período Permiano. De acordo com a oceanóloga, estas periodicidades poderão ser relacionadas às variações climáticas que influenciaram o registro deposicional e ainda permitirão estabelecer os intervalos de tempo envolvidos na deposição das rochas, além de outros aspectos.

“As formações Palermo e Irati constituem ótimos objetos de estudo devido a suas características. Elas são rochas heterolíticas, que é quando há alternâncias de litologia e, normalmente, de cor, e estão associadas a ambientes marinhos, onde os processos de sedimentação tendem a ser mais contínuos. Em especial, a Formação Irati atrai interesse econômico devido às grandes reservas de hidrocarbonetos.”

Para realização deste projeto, Mariane vai analisar testemunhos de sondagem pertencentes ao Serviço Geológico do Brasil e alguns afloramentos, através de análises diversas, incluindo técnicas de mineralogia magnética (a serem realizadas no Laboratório de Paleomagnetismo e Mineralogia Magnética do ON, atualmente em fase final de instalação) e fluorescência de raios-X.

“A aplicação desta investigação potencialmente resultará em novos subsídios para os debates sobre as condições ambientais e climáticas, bem como contribuirá para os atuais estudos sobre a evolução das bacias sedimentares brasileiras”, conclui.

Fundação Banco do Brasil irá distribuir R$ 6 milhões em prêmios a projetos socioambientais e sustentáveis

O Banco do Brasil, por meio da Fundação BB, distribuirá R$ 6 milhões a instituições sem fins lucrativos que desenvolvem Tecnologias Sociais que visam resolver problemas socioambientais e promover o desenvolvimento sustentável. O investimento será realizado através da seleção das melhores iniciativas apresentadas na 12ª edição do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, cujas inscrições vão até o dia 10 de novembro.
Do total de R$ 6 milhões em prêmios, R$ 5 milhões são destinados a 10 projetos de Tecnologias Sociais premiadas pela Fundação BB, e R$ 1 milhão será distribuído entre 20 ideias finalistas. Podem concorrer aos prêmios entidades sem fins lucrativos como instituições de ensino e de pesquisa, fundações, cooperativas, organizações da sociedade civil e órgãos governamentais de direito público ou privado legalmente constituídas no Brasil.
A premiação, considerada um dos principais eventos do terceiro setor no país, traz nesta 12ª Edição novidades no âmbito da diversidade ao bonificar ações pela igualdade racial e de gênero, e inclusão dos povos e comunidades tradicionais. Além do investimento financeiro, as instituições contempladas participarão da Semana Nacional de Tecnologia Social, prevista para acontecer no primeiro semestre de 2024, em Brasília, cuja programação inclui dinâmicas com palestras, hackathon (maratona de programação de computadores), e novas premiações e investimento social em projetos vencedores.
Kleytton Morais, presidente da Fundação BB, destaca que “o Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social é uma forma de mostrar que é possível impactar positivamente a vida das comunidades com soluções que geram trabalho e renda, que melhoram a segurança alimentar, que mostram a relevância da agricultura familiar, que impulsionam a criatividade, e que têm a diversidade no topo”.
Realizado a cada dois anos desde 2001, o Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social já destinou um total de R$ 14,6 milhões em premiações e investiu cerca de R$ 1 bilhão na reaplicação de tecnologias sociais certificadas, em parceria com órgãos públicos, empresas privadas e organizações do terceiro setor.
Desde 2001, as instituições sem fins lucrativos premiadas nas edições anteriores do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social apresentaram iniciativas inovadoras nos mais diversos campos de atuação. Todas as iniciativas estão reunidas na plataforma Transforma!, da Fundação BB, que traz a descrição e documentação completa das tecnologias sociais premiadas, finalistas e certificadas desde a primeira edição do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. A plataforma pode ser acessada pelo link https://transforma.fbb.org.br/

Serviço
12ª Edição do Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social
Inscrições: de 1º de setembro de 2023 a 10 de novembro de 2023
Link para inscrição: https://www.bb.com.br/tecnologiasocial

Sobre a Fundação Banco do Brasil
Há quase quatro décadas, em 1985, o Banco do Brasil instituiu sua Fundação para contribuir com a transformação social dos brasileiros e com o desenvolvimento sustentável do país. É a principal instituição gestora dos projetos socioambientais apoiados por meio do Investimento Social Privado – ISP do BB e de parceiros. Nos últimos 10 anos, foram investidos R$ 2,6 bilhões em 10 mil iniciativas que impactaram positivamente a vida de 6,6 milhões de pessoas. Os eixos de atuação são: Tecnologia Social (eixo transversal), Educação para o Futuro, Meio ambiente e Renda, Saúde e Bem-estar, Ajuda Humanitária e Voluntariado.

ICMBio abre concurso público com 98 vagas para analista ambiental

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) lançou nesta quarta-feira (25) o edital para a realização do concurso público com o objetivo de contratar 98 analistas ambientais e formar um cadastro reserva. O processo seletivo será realizado pelo Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe), com início das inscrições no dia 3 de novembro.ebc ICMBio abre concurso público com 98 vagas para analista ambientalDe acordo com o documento, do total de vagas, 73 serão de ampla concorrência, 20 serão reservadas a candidatos negros e cinco a pessoas com deficiência. Os candidatos devem ter graduação em nível superior de qualquer área do conhecimento, com diploma registrado e reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC).

A remuneração inicial prevista para o cargo, de 40 horas de trabalho semanal, é de R$ 9.475,72 e ainda pode ser maior caso o candidato aprovado tenha especialização, mestrado ou doutorado. Entre as atividades que deverão ser desempenhadas pelos profissionais estão regulação, controle, fiscalização, licenciamento e auditoria ambiental; monitoramento ambiental; gestão, proteção e controle da qualidade ambiental; ordenamento dos recursos florestais e pesqueiros; conservação dos ecossistemas e das espécies neles inseridas; e estímulo e difusão de tecnologias, informação e educação ambientais.

Além de serem aprovados nas provas objetivas e discursivas do processo seletivo, os candidatos deverão ter nacionalidade brasileira ou portuguesa; ser maior de 18 anos e estar quite com as obrigações eleitorais, militares e em gozo dos direitos políticos. Para concorrer às vagas reservadas, os candidatos com deficiência passarão ainda por avaliação biopsicossocial e os candidatos negros serão submetidos ao procedimento de heteroidentificação, complementar à autodeclaração.

A taxa de inscrição no concurso público é de R$ 110 e poderá ser paga após a inscrição no site do Cebraspe, no período entre as 10h do dia 3 de novembro e as 18h do dia 22 de novembro (horário de Brasília). Durante esse período também poderá ser solicitada a isenção da taxa de inscrição.

As provas serão aplicadas no dia 21 de janeiro de 2024 e avaliarão conhecimentos relacionados à língua portuguesa; língua inglesa; noções de gestão pública; noções de direito administrativo; noções de direito constitucional; legislação e normas ambientais; integridade pública; atualidades; biodiversidade, florestas e direitos animais; mudança do clima; qualidade ambiental e bioeconomia; gestão ambiental.

Além das vagas disponibilizadas, o concurso vai organizar um cadastro reserva com os candidatos aprovados no processo seletivo e classificados, com 147 candidatos das vagas de ampla concorrência, dez candidatos das vagas destinadas às pessoas com deficiência e 39 candidatos das vagas destinadas às pessoas negras.

Uma em cada 10 crianças até 3 anos tem risco de baixo desenvolvimento

Crianças de famílias beneficiárias de programas de transferência de renda, famílias que estão em insegurança alimentar e famílias onde as mães têm menor grau de escolaridade têm risco aumentado para um desenvolvimento aquém do esperado. O alerta é do Projeto Pipas – Primeira Infância Para Adultos Saudáveis, divulgado nesta quarta-feira (25) pelo Ministério da Saúde em parceria com a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal.  ebc Uma em cada 10 crianças até 3 anos tem risco de baixo desenvolvimentoebc Uma em cada 10 crianças até 3 anos tem risco de baixo desenvolvimento

Para a coordenadora de Saúde da Criança e do Adolescente, Sônia Venâncio, os dados corroboram outros estudos que apontam a influência das condições socioeconômicas sobre o desenvolvimento infantil.

“Esse conjunto de resultados pode nos ajudar a aprimorar as ações que a gente vem desenvolvendo na saúde, na educação e na assistência social, visando a melhorar o desenvolvimento infantil. E reafirma o impacto das desigualdades sociais no desenvolvimento das crianças”, destacou.

A pesquisa mostra que a frequência de crianças com risco de não atingir seu pleno potencial de desenvolvimento no Brasil é de 10,1% entre os menores de 3 anos e de 12,8% entre maiores de 3 anos. “Tudo isso mostra a necessidade de priorizar crianças em situação de vulnerabilidade.”

O estudo utilizou como amostra 13.425 crianças menores de 5 anos em 13 capitais, incluindo o Distrito Federal, em 2022, com predomínio das faixas etárias de 37-48 meses (21%) e 49-59 meses (19%), sendo 51% do sexo feminino. Em 79,6% dos casos, a mãe era a cuidadora principal.

Para cada criança, foi aplicado um conjunto de questões relacionadas a habilidades e comportamentos esperados para sua faixa etária a partir de quatro domínios, relacionados às habilidades motoras, cognitivas, de linguagem e socioemocionais.

Saúde

Os dados mostram que 14,8% das crianças não foram atendidas por uma equipe de saúde em sua primeira semana de vida – uma recomendação da Organização Mundial da Saúde e do próprio Ministério da Saúde. “Isso tem impacto direto na redução da mortalidade e no aumento das taxas de amamentação”, destacou Sônia.

Nutrição adequada

A pesquisa também indica que apenas 57,8% crianças menores de 6 meses estavam em aleitamento materno exclusivo, outra recomendação da OMS e da pasta, em razão dos impactos para o desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento global da criança.

Aprendizagem

Os números revelam que 24% das crianças menores de 3 anos não tinham nenhum livro infantil ou de figuras no domicílio, conforme relato dos cuidadores. “É preciso trabalhar essas orientações junto às famílias que, muitas vezes, não reconhecem essa importância no desenvolvimento da criança”, explicou Sônia.

Tempo de tela

Outro dado de destaque é que 33,2% das crianças menores de 3 anos assistem a programas ou jogam na televisão, no smartphone ou no tablet por mais de duas horas diárias.

Disciplinas punitivas

O estudo também mostra que 33% e 35% de cuidadores de crianças menores de 3 anos consideram que gritar com elas ou dar umas palmadas nas mãos, nos braços, nas pernas ou no bumbum são medidas necessárias para educá-las.

Estimulação

Por fim, a pesquisa indica que 75,6% das crianças menores de 3 anos foram envolvidas por outro membro da família em pelo menos quatro atividades de estímulo, como ler ou olhar livros, contar histórias, cantar, passear, jogar ou brincar nos últimos três dias.

Ao todo, 42,8% dos cuidadores de crianças menores de 3 anos relataram nunca ter recebido informações sobre desenvolvimento infantil por profissionais da saúde, educação ou assistência social. “Isso sinaliza que a gene precisa trabalhar intersetorialmente”, concluiu a coordenadora do ministério.

Conselho de Segurança da ONU rejeita proposta de resolução dos EUA

O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) rejeitou, na tarde desta quarta-feira (25), uma proposta de resolução dos Estados Unidos sobre o conflito entre Israel e o grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza. A proposta foi aprovada por dez países, mas rejeitada por Rússia e China, membros permanentes do conselho e que, por isso, têm poder de veto.ebc Conselho de Segurança da ONU rejeita proposta de resolução dos EUAebc Conselho de Segurança da ONU rejeita proposta de resolução dos EUA

Essa foi a terceira proposta de resolução rejeitada no Conselho de Segurança da ONU. A primeira foi apresentada pela Rússia no dia 16, mas sem consulta a outros países na construção do texto. A segunda proposta foi apresentada pelo Brasil, que preside o conselho no mês de outubro. Apesar de longa negociação e inclusão de sugestões de outros países, o texto foi rejeitado pelo veto dos Estados Unidos.

Nesta quarta-feira, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, afirmou ter incorporado vários elementos da resolução apresentada pelo Brasil na semana passada, a mesma resolução rejeitada pelo próprio Estados Unidos. O texto também exigia uma pausa humanitária para permitir que a ajuda chegasse à população na Faixa de Gaza.

No entanto, acrescentou um trecho que assegura o direito de Israel de revidar os ataques terroristas sofridos, algo que não havia no texto apresentado pela diplomacia brasileira. Após a rejeição, ela se disse desapontada pelo resultado e afirmou que ouviu a todos na construção do texto.

Nova proposta da Rússia

Em seguida, a Rússia apresentou uma nova proposta de resolução, que foi rejeitada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, ambos com poder de veto, e contou com várias abstenções, nove, entre elas do Brasil.

Segundo a representante do Reino Unido, Barbara Woodward, a proposta da Rússia não poderia ser aceita por não garantir o direito de Israel se defender das agressões sofridas. Além disso, Woodward destacou que, novamente, não houve qualquer consulta do representante da Rússia aos demais membros do conselho.

Entenda

O Conselho de Segurança da ONU tem cinco membros permanentes, a China, França, Rússia, Reino Unido e os Estados Unidos. Fazem parte do conselho rotativo a Albânia, Brasil, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique, Suíça e Emirados Árabes. Para que uma resolução seja aprovada, é preciso o apoio de nove do total de 15 membros, sendo que nenhum dos membros permanentes pode vetar o texto. Já na Assembleia Geral da ONU não existe tal mecanismo.

Compartilhamento de dados abertos é essencial na busca de soluções para a sustentabilidade

A união de forças entre diferentes países e agências de fomento será essencial para garantir a sustentabilidade do planeta e para enfrentar crises como a da COVID-19. A avaliação foi feita por participantes do seminário virtual “GRC Americas – Open Science, International Cooperation and Sustainability”, ocorrido em 11 de outubro. O evento reuniu representantes de agências de fomento à pesquisa do continente americano que integram o Global Research Council (GRC) – entidade que congrega os principais financiadores de pesquisa do mundo.

Segundo os participantes, os repositórios abertos de dados de pesquisa já são uma realidade, mas ainda têm grande potencial de avançar por meio da colaboração entre instituições de diferentes países.

“Ciência é um bem público. Os resultados das pesquisas financiadas com dinheiro público, portanto, são bens públicos e têm de ser disponibilizados o mais rapidamente possível, respeitando os princípios da ética científica, privacidade e segurança, assim como a proteção de propriedade intelectual”, frisou Carlos Frederico de Oliveira Graeff, professor da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista (FC-Unesp), em Bauru, durante a abertura do evento, transmitido para inscritos pela plataforma Zoom.

Graeff apresentou iniciativas em ciência aberta da FAPESP, como o lançamento em 2011 do Código de Boas Práticas Científicas (atualizado em 2014), que versa, entre outros tópicos, sobre a acessibilidade das informações, além da experiência com a SciELO, plataforma de revistas científicas de acesso aberto que completou 25 anos em 2023.

Em 2019, lembrou, a Fundação lançou sua política de acesso aberto dos resultados das pesquisas apoiadas, além de ter dado suporte à rede de repositórios institucionais do Estado.

“Toda pesquisa apoiada pela FAPESP deve ter um plano de gestão de dados e isso foi especialmente importante na recente crise da COVID-19. Estamos muito envolvidos em garantir que tenhamos dados abertos de pesquisa e acho que, nesse ponto, isso está se tornando cada vez mais importante para a prática da ciência”, disse o pesquisador, mencionando o FAPESP COVID-19 DataSharing/BR, base que reúne dados compartilhados de pacientes diagnosticados com COVID-19 em hospitais parceiros.

Por sua vez, Lautaro Matas, diretor técnico executivo da plataforma La Referencia, contou que um dos principais objetivos da iniciativa é dar visibilidade à produção científica das instituições de educação superior e pesquisa da América Latina, promovendo o acesso aberto e gratuito às publicações científicas.

“Operamos como uma rede federada, somos construídos à base de agregadores nacionais. Damos o software, a tecnologia, a infraestrutura para construir esses portais e para desenvolver também as melhores práticas acerca da interoperabilidade de dados, compartilhamento de literatura e diferentes tipos de padrões. Com isso, constroem-se nós [nodes] nacionais e regionais, que se interligam com redes internacionais”, explicou.

Para o pesquisador, é importante a representação de cada país, por meio de uma governança construída por instituições nacionais e regionais. Atualmente, a plataforma tem um acordo com a Espanha, e está em negociações com Portugal e países africanos, para colaborarem e terem acesso à rede de repositórios.

Inteligência artificial

Durante o seminário, Graeff, da Unesp, lembrou outro evento ocorrido no âmbito do GRC em setembro. No webinário “GRC Americas – International Cooperation on Artificial Intelligence”, discutiu-se a necessidade de chamadas multilaterais em inteligência artificial (IA), buscando a sustentabilidade na América Latina.

“A pandemia de COVID-19 mostrou que a colaboração internacional é um mecanismo muito eficiente para reforçar as capacidades e tornar o conhecimento acessível para todos. Mais do que discutir sustentabilidade e as aplicações da inteligência artificial, é fundamental discutir o papel das agências de fomento em moldar o futuro da pesquisa e o desenvolvimento da IA”, disse Esther Luna Colombini, professora do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (IC-Unicamp), que abriu o seminário.

Segundo a pesquisadora, as agências têm o poder de fomentar um ecossistema ético e inclusivo, que beneficie toda a humanidade, independentemente da região geográfica. Por isso, é essencial que as agências deem suporte a iniciativas que promovam acesso igualitário à IA em todos os países.

“Na minha opinião, as agências de fomento podem liderar pelo exemplo. Podem estabelecer diretrizes e requisitos éticos para as pesquisas em IA que financiam. Essas diretrizes podem servir como faróis, guiando pesquisadores e desenvolvedores para trabalhar segundo as melhores práticas”, afirmou.

Estudo traça perfil dos poluentes encontrados em uma das principais bacias hidrográficas de São Paulo

A bacia hidrográfica dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí – também chamada de “bacia PCJ” – estende-se por 76 municípios do Estado de São Paulo e atende a mais de 5,8 milhões de pessoas. Com uma área de drenagem superior a 14 mil quilômetros quadrados, suas águas são muito demandadas pela agricultura, pela indústria e pelo consumo da população. Em função disso, e no contexto da crise climática global, a bacia sofre atualmente com escassez hídrica. Mas esse não é o único nem o maior dos problemas: o grande conjunto de rios, riachos e córregos que compõem a bacia encontra-se também fortemente contaminado por efluentes agrícolas, industriais e domésticos.

As expressões visíveis dessa poluição já foram objeto de várias reportagens da mídia. Mas faltava um estudo em profundidade que identificasse as principais áreas contaminadas e a natureza dos contaminantes individuais e das misturas de contaminantes; que calculasse sua concentração, frequência e toxicidade; e que apontasse seus potenciais riscos para humanos e organismos aquáticos. Esse estudo foi feito agora por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e parceiros de outras instituições do país e do exterior.

O trabalho foi apoiado pela FAPESP por meio de três projetos (14/50951-4, 21/12484-9 e 20/14988-1). Artigo relatando os resultados foi publicado no periódico Chemosphere.

“Além de contaminantes tradicionais, já bastante conhecidos e sujeitos à legislação, encontramos também contaminantes emergentes, ainda não legislados, que apresentam toxicidade em condições de exposição crônica. Nossa pesquisa forneceu o primeiro retrato da ocorrência de compostos do grupo dos PFAS em rios do Estado de São Paulo”, diz Cassiana Carolina Montagner, professora do Instituto de Química da Unicamp e coordenadora do estudo.

Os PFAS são um grupo com milhares de compostos químicos sintéticos, perfluoroalquilados, utilizados pela indústria em uma grande variedade de produtos com o objetivo de torná-los antiaderentes, impermeáveis e resistentes a manchas. A utilização mais conhecida ocorre nos utensílios antiaderentes recobertos por teflon.

Informe da United States Environmental Protection Agency (Usepa, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos) lista vários problemas de saúde humana comprovadamente associados à exposição a PFAS. Entre eles, o aumento do risco de alguns tipos de câncer, incluindo de rim, próstata e testículo. “A ocorrência de sete PFAS em diferentes rios do Estado de São Paulo foi relatada pela primeira vez em nosso estudo”, afirma Montagner.

Mas isso não é tudo. “Detectamos também muitos outros contaminantes, compondo um total de 45. Os pesticidas agrícolas atrazina, carbendazim, tebutiurom e 2,4-D foram os que apresentaram a maior frequência de detecção, tendo sido encontrados em 100% das amostras coletadas. A mesma frequência, de 100%, foi detectada também para a cafeína e o bisfenol A [BPA], levados aos rios pelos esgotos domésticos”, acrescenta a pesquisadora.

Aqui é importante dizer que, embora bem tolerada pelos humanos, a cafeína pode ser bastante prejudicial para a biota aquática, como ressalta Montagner. Já o bisfenol A é uma substância química orgânica, o 2,2-bis(4-hidroxifenil) propano, utilizada na fabricação de polímeros e revestimentos de alto desempenho. Plásticos empregados em eletrodomésticos, computadores, brinquedos, talheres descartáveis, mamadeiras, revestimentos de latas de comida e bebida e resinas epóxi contêm BPA. Ele aparece também como componente do PVC maleável em papéis térmicos, como os extratos bancários e os comprovantes de pagamento liberados por caixas eletrônicos e máquinas para leitura de cartões.

Para avaliar a dimensão dos impactos causados por todos esses contaminantes, é preciso considerar que a região servida pela bacia PCJ é um importante polo agrícola e industrial e também a sede de cidades de grande porte. A área responde por 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Destaques são a produção de cana-de-açúcar no município de Piracicaba, a indústria têxtil no município de Americana e a grande concentração populacional no município de Campinas.

“Além de ser a principal fonte de água potável de toda a área, a bacia do PCJ fornece água para irrigação, que não recebe nenhum tratamento antes de ser utilizada nos campos agrícolas. Ao mesmo tempo, a região abriga muitas cidades pequenas que lançam esgoto quase in natura nos rios”, informa Montagner.

A pesquisadora enfatiza que contaminantes emergentes, como pesticidas, hormônios, produtos farmacêuticos, produtos químicos industriais e PFAS, estão sendo liberados na bacia do PCJ, sem que a atual legislação brasileira exija o seu monitoramento.

“Em nosso estudo, coletamos amostras em 15 pontos diferentes da bacia. E avaliamos os contaminantes presentes considerando três fatores: concentração, frequência e toxicidade. Além das altas frequências já mencionadas, obtivemos elevados quocientes de risco para os herbicidas diuron e atrazina, além do inseticida imidacloprido”, conta.

E conclui: “Além de velhos problemas de poluição não resolvidos, como a contaminação por coliformes fecais, por exemplo, há novos problemas agora causados pela presença dos contaminantes emergentes, que são produzidos para garantir a qualidade de vida moderna, mas chegam ao ambiente devido à má gestão dos resíduos sólidos e saneamento ineficiente. Nosso estudo sugere que é necessário estabelecer um programa de monitoramento abrangente para garantir a proteção da vida aquática e da saúde humana”.

Monitoramento

Procurada pela reportagem, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informou em nota que, atualmente, são feitas medições trimestrais em 519 pontos de amostragem, dos quais 91 estão distribuídos na bacia PCJ. Além de parâmetros tradicionais, como matéria orgânica, nutrientes, coliformes e metais, a Cetesb faz medições de agrotóxicos e de alguns compostos emergentes, quantificados indiretamente por meio de dois ensaios: um que mede atividade estrogênica, para a detecção de compostos do tipo interferentes endócrinos (que mimetizam os hormônios femininos, como o BPA); e outro que mensura a atividade de glicorticoides, para a detecção de medicamentos da classe dos anti-inflamatórios.

O texto afirma ainda que os agrotóxicos (42 diferentes ativos) são medidos pela Cetesb desde 2017, em trechos de rios localizados em bacias com uso do solo predominantemente agrícola.

“Na bacia hidrográfica do PCJ, os agrotóxicos são monitorados desde 2018 no trecho de cabeceira do rio Corumbataí […], município de Analândia, com cerca de 65% da área da bacia destinada ao uso agrícola. Os agrotóxicos mais frequentemente detectados nesse trecho do rio Corumbataí no período de 2018 a 2022 foram o inseticida imidacloprida [bastante frequente também nas amostras analisadas na Unicamp] e o herbicida tebutiurom [este encontrado em 100% das amostras do estudo]. As concentrações de imidacloprida estiveram frequentemente acima do limite de ecotoxicidade crônico para invertebrados aquáticos da Usepa [Office of Pesticides Program, OPP], que é de 10 ng/L [nanograma por litro]. Nesse mesmo período, não foram detectados nesse trecho os agrotóxicos 2,4 D e atrazina [ambos detectados em 100% das amostras analisadas na Unicamp], que são contemplados com padrões de qualidade para a proteção da vida aquática pela Resolução Federal [Resolução Conama n.o357/2005].”

Por último, a Cetesb informa que não há valores legislados para a atividade estrogênica e os glicocorticoides. “Os resultados desses dois ensaios, obtidos ao longo dos últimos cinco anos na bacia hidrográfica do PCJ, indicaram valores, em ambos os ensaios, considerados baixos ou de baixa relevância, com base nos estudos já realizados e na experiência internacional.”

O artigo Uncovering the impact of agricultural activities and urbanization on rivers from the Piracicaba, Capivari, and Jundiaí basin in São Paulo, Brazil: A survey of pesticides, hormones, pharmaceuticals, industrial chemicals, and PFAS pode ser acessado em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0045653523022233?via%3Dihub.

Palmeira infectada com bactéria letal libera gases que alertam plantas vizinhas sobre ameaça

Uma doença bacteriana conhecida como bronzeamento letal vem devastando cerca de 20 espécies de palmeiras no sul dos Estados Unidos nas últimas duas décadas. O fitopatógeno já está presente em países do Caribe e, em breve, poderá chegar ao Brasil.

Estudo conduzido pela bolsista de pós-doutorado da FAPESP Jordana Alves Ferreira mostrou que as plantas infectadas liberam altas concentrações de compostos voláteis capazes de alertar palmeiras saudáveis ao seu redor sobre uma possível ameaça. Esses gases, descritos pela primeira vez na revista científica Plants, poderão ser usados na fabricação de insumos para tratar a infecção.

Causado pelo fitoplasma Candidatus Phytoplasma aculeata e espalhado para a planta pelo inseto-vetor Haplaxius crudus durante sua alimentação, o bronzeamento letal causa o escurecimento das folhas, apodrecimento e morte da palmeira devido ao entupimento do fluxo do floema (tecido pelo qual a seiva é transportada). O processo é seguido pela queda da copa da palmeira Sabal palmetto, nativa da Flórida. Além de ser responsável por perdas econômicas significativas para empresas paisagísticas e de viveiros, também reduz a proteção que essas plantas oferecem contra enchentes por meio da evapotranspiração da água das chuvas.

No caso do Brasil, estima-se que os danos seriam significativos: o país possui cerca de 280 mil hectares cultivados com coqueiro e produz 2 bilhões de frutos por ano para alimentação, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

A pesquisa desenvolvida por Ferreira na Embrapa Meio Ambiente teve o objetivo de buscar opções de tratamento para as palmeiras infectadas. Em trabalho anterior, conduzido na Universidade da Flórida, em Davie (Estados Unidos), com apoio de Bolsa Estágio de Pesquisa no Exterior (BEPE), a pesquisadora testou a aplicação de tratamentos com bioformulações diretamente dentro das plantas (técnica conhecida como endoterapia vegetal) usando um equipamento endoterápico pressurizado específico para palmeiras e desenvolvido no Brasil. Testes prévios, cujos resultados foram publicados na revista Analytical Methods, já haviam mostrado a capacidade da técnica de controlar lagartas de coqueiro, que causam prejuízo entre produtores nacionais, de forma rápida e com menos produtos.

No estudo mais recente, a bolsista desenvolveu um método de análise que envolve a técnica de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (GC-MS, na sigla em inglês) e mostrou que as folhas das palmeiras infectadas liberam altas concentrações de biomarcadores voláteis (os compostos hexanal e E-2-hexenal) que avisam as plantas próximas sobre uma possível ameaça. Essas, por sua vez, passaram a liberar outros tipos de marcadores (3-hexenal e Z-3-hexen-1-ol), sabidamente emitidos por plantas sob estresse, caracterizando uma comunicação entre as plantas pelos voláteis. Já as palmeiras não infectadas ou ameaçadas não liberam os biomarcadores.

“A substância produzida pela própria planta na tentativa de se curar, defender e de alertar as demais é também um poderoso antibiótico, que pode ser utilizado no desenvolvimento de novas bioformulações para tratar as palmeiras usando a endoterapia vegetal”, afirma Ferreira, que publicou recentemente um artigo de revisão sobre a técnica na revista Agriculture.

Solução natural e de amplo uso

Apesar de estudos adicionais ainda serem necessários para detalhar a produção dos compostos voláteis, a descoberta abre caminho para uma série de possibilidades de tratamentos para plantas na agricultura. Exemplos são a avaliação de compostos que podem ser utilizados no tratamento de infecções, criação de estímulos para que as plantas gerem suas próprias defesas, desenvolvimento de impedimentos alimentares e atrativos para inimigos naturais de H. crudus.

Nos Estados Unidos, especificamente, a grande vantagem seria ter à mão uma substância natural alternativa ao antibiótico sintético tradicionalmente utilizado – a oxitetraciclina, não usada no Brasil –, capaz de causar problemas ambientais como a resistência que gera.

“É importante destacar ainda que tanto os voláteis descobertos quanto a endoterapia podem ser alternativas a serem testadas no tratamento de doença em outras plantas perenes”, completa Sônia Cláudia do Nascimento de Queiroz, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente e supervisora do estudo.

O artigo Identification of Green-Leaf Volatiles Released from Cabbage Palms (Sabal palmetto) Infected with the Lethal Bronzing Phytoplasma pode ser lido em: www.mdpi.com/2223-7747/12/11/2164.

Grupo obtém patente de método que permite criar filtros solares mais naturais, eficazes e ecológicos

Cientistas vinculados ao Centro de Pesquisa em Processos Redox em Biomedicina (Redoxoma) da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um método para obter partículas de sílica revestidas com potencial uso na fabricação de filtros solares mais naturais, ecológicos, seguros e com proteção mais ampla.

O processo criado no Redoxoma – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP – teve a “Patente de Invenção” recentemente concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), no âmbito do projeto “Processo de obtenção de nanossílica revestida e seu uso”.

“Os fotoprotetores utilizados atualmente atuam muito bem contra os efeitos da radiação ultravioleta B [UVB], que penetra nas camadas mais superficiais da pele. Ou seja, são eficazes em evitar vermelhidão e outras reações inflamatórias agudas que acontecem durante a exposição solar e nas horas posteriores”, explica Mauricio da Silva Baptista, professor do Departamento de Bioquímica do IQ-USP e coordenador do trabalho, conduzido durante o mestrado de André José Cardoso de Miranda, defendido em 2016.

“Porém, protegem apenas parcialmente contra os raios UVA, causadores de fotoenvelhecimento, câncer, catarata e degeneração macular relacionada à idade. Além disso, deixam passar completamente a luz visível, faixa espectral que forma os maiores níveis de radicais livres por exposição ao Sol. Isso é um problema, já que é comprovado que todas as células da pele respondem a essas radiações e que seu excesso produz um dano razoavelmente severo, com consequências crônicas, como envelhecimento celular”, acrescenta Baptista.

No novo processo, partículas de sílica são sintetizadas e revestidas com um filme ultrafino de melanina, capaz de impedir que esses raios atinjam e sejam absorvidos pelo DNA presente no núcleo das células da pele. “Essa é a grande vantagem comercial prevista para a invenção”, afirma Baptista.

Por envolver apenas produtos naturais (partículas de sílica são basicamente um derivado da areia e melanina é um polímero natural proveniente do aminoácido tirosina), o processo dá origem ainda a um protetor mais ecológico. “Muitos filtros solares comerciais estão sendo banidos porque algumas de suas moléculas, como o dióxido de titânio, causam danos significativos no meio ambiente, como a morte de corais”, lembra Baptista.

Outra vantagem é que não há risco de danos sistêmicos, já que a partícula não penetra na pele como alguns fotoprotetores comerciais – aos quais já foram associados efeitos equivalente à ingestão de hormônios.

Baixo custo

O método patenteado tem ainda outra vantagem: se desenvolvido e escalado pela indústria cosmética, pode ter um custo acessível. Isso porque a enzima tirosinase, usada na síntese da melanina, não está ligada diretamente à partícula de sílica – o que aumenta sua atividade catalítica (de acelerar a transformação de tirosina e melanina) e permite o reaproveitamento desse insumo.

“Nossa expectativa é que, com a patente concedida, consigamos nos aproximar de empresas para desenvolver o filtro solar em nível comercial, especialmente porque não há nada nem remotamente semelhante a nosso processo no mercado”, diz Baptista.

De acordo com o pesquisador, o que mais se aproxima da tecnologia são os BB Creams com cor, que são feitos com óxidos de ferro e possuem fator de proteção solar (FPS) e também protegem da luz visível. No entanto, segundo o pesquisador, esses produtos também podem trazer consequências desfavoráveis para o organismo e para o meio ambiente.

Patente obtida pelo grupo do Redoxoma tem prazo de validade de 20 anos, contados a partir de outubro de 2016. Está disponível nas bases de patentes internacionais e do INPI.

Mudanças climáticas podem levar à perda de espécies em mais de 90% das comunidades de mamíferos da Caatinga

O cenário de mudanças climáticas previsto para a Caatinga é catastrófico para a maioria das espécies de mamíferos terrestres que habitam a região.

Em estudo publicado nesta terça-feira (17/10) na revista Global Change Biology, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e das federais da Paraíba (UFPB) e de Minas Gerais (UFMG) preveem a perda de espécies em 91,6% das comunidades desses animais no bioma, com 87% das espécies perdendo hábitat ainda em 2060.

“Esse é o cenário otimista, em que a humanidade cumpre o Acordo de Paris, reduz as emissões de gases do efeito estufa e diminui o ritmo do aquecimento previsto para as próximas décadas”, explica Mário Ribeiro de Moura, pesquisador do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp apoiado pela FAPESP e coordenador do estudo.

A equipe de pesquisadores cruzou as mais recentes previsões de temperaturas futuras divulgadas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), com bancos de dados de ocorrência de espécies de mamíferos na Caatinga.

Foram utilizados diferentes modelos estatísticos para capturar as tolerâncias fisiológicas das espécies ao clima atual. Esses modelos foram então explorados em futuros cenários do clima, trazendo resultados semelhantes entre si.

Até 2060, segundo o IPCC, as temperaturas médias devem subir em 2,7° C no norte da América do Sul, com aumento de 21 dias secos consecutivos na estação seca.

Uma vez que são necessários milhares ou milhões de anos para os animais se adaptarem a mudanças tão drásticas, os modelos apontam que apenas algumas poucas espécies encontrariam mais áreas climaticamente adequadas no futuro, entre elas tatus, cotias e veados, todas de grande porte. Entretanto, espécies de primatas, por exemplo, perderiam áreas adequadas.

Pequenos mamíferos, cujos indivíduos adultos têm menos de um quilo, serão os mais prejudicados. Esses animais constituem 54% dos mamíferos da Caatinga. No total, 12 espécies (12,8%) perderiam completamente os hábitats em 2060, no cenário mais otimista. Segundo o modelo mais pessimista, porém, seriam 28 espécies (30%) sem áreas adequadas até 2100.

 

Rato-bico-de-lacre (Wiedomys pyrrhorhinos) faz parte dos 54% de pequenos mamíferos que serão mais prejudicadas com mudanças climáticas na Caatinga (foto: Sarah Mangia)

Entre pequenos roedores e marsupiais, animais como a cuíca (Gracilinanus agilis), o rato-da-árvore (Rhipidomys mastacalis) e o rato-de-espinho (Trinomys albispinus) serão alguns dos mais prejudicados.

“Para 70% das comunidades de mamíferos, vai haver uma homogeneização, com poucas espécies generalistas substituindo as raras e especialistas. Isso traz a perda de funções ecológicas, como dispersão de sementes, e todo o ecossistema se torna menos resiliente”, conta Moura.

Em um trabalho anterior, Moura e outros coautores também utilizaram modelos estatísticos e bancos de dados para prever como as plantas da Caatinga seriam afetadas pelas mudanças climáticas.

Entre os resultados, também está prevista uma homogeneização de 40% das comunidades de plantas, com substituição de espécies arbóreas por gramíneas, por exemplo (leia mais em: agencia.fapesp.br/41840).

Zona de transição

Moura explica que, ainda que os mamíferos possam mudar comportamentos para escapar das maiores temperaturas, o período do dia com clima mais ameno poderá ser utilizado por muitas espécies ao mesmo tempo. Isso pode gerar maior competição por recursos, o que também pode afetar as chances de sobrevivência.

Em todos os cenários, a parte mais afetada do bioma será a leste. Nessa área ocorre a transição com a Mata Atlântica. A maior umidade trazida da costa tem como uma das consequências mais espécies vivendo ali.

“Essa também é a parte da Caatinga onde estão as maiores cidades da região. O desmatamento, a caça e outras práticas históricas contribuem para que a situação seja ainda mais complicada no local, o que pode amplificar os efeitos das mudanças climáticas”, avalia o pesquisador.

Por isso, os autores defendem que o sucesso de políticas socioambientais e de planejamento da conservação de longo prazo depende que previsões sobre a biodiversidade sejam consideradas.

Além do projeto coordenado por Moura, o trabalho recebeu financiamento por meio de um Auxílio à Pesquisa concedido a Mathias Mistretta Pires, professor do IB-Unicamp e coautor do artigo.

O artigo Climate change should drive mammal defaunation in tropical dry forests pode ser lido em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/gcb.16979.

* Texto atualizado em 20 de outubro de 2023.

Maior mapa tridimensional do Universo começa a ser construído

O maior mapa tridimensional do cosmos, com centenas de milhões de galáxias, está começando a ser elaborado por meio das observações do projeto “Javalambre Physics of the Accelerating Universe Astrophysical Survey” (J-PAS). Esse levantamento de galáxias, fruto de uma colaboração entre Espanha e Brasil, será realizado desde o Observatório Astrofísico de Javalambre (OAJ), próximo à cidade de Teruel, na Espanha, com previsão de durar uma década.

O J-PAS observará milhares de graus quadrados do céu, mapeando centenas de milhões de galáxias, estrelas e quasares, com o objetivo de avançar na compreensão da energia escura por meio da formação das grandes estruturas cósmicas.

O projeto é liderado pelo Centro de Estudios de Física del Cosmos de Aragón (CEFCA), baseado em Teruel, Espanha, em conjunto com o Observatório Nacional, a Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto de Astrofísica de Andalucía (IAA) de Granada, Espanha, dentro de uma colaboração internacional que envolve mais de 250 pesquisadores, de 18 países.

“O início das observações e a obtenção dos primeiros dados da colaboração J-PAS coroam um esforço conjunto de cientistas brasileiros e espanhóis na construção deste que será o maior mapa tridimensional do céu”, disse o diretor do Observatório Nacional (ON), Jailson Alcaniz, em comunicado divulgado pelo Serviço Técnico de Comunicação e Apoio Institucional do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.

Para Alcaniz, que é também o pesquisador principal do Centro de Dados do J-PAS no Brasil, a análise dos dados exigirá desenvolvimentos em computação de alto desempenho e aprofundará significativamente a compreensão do Universo que nos cerca. “Certamente, eles contribuirão para a formação da nova geração de astrônomos em várias partes do mundo.”

O astrofísico Eduardo Cypriano, professor do IAG-USP, destacou o papel do J-PAS especialmente para a ciência brasileira. “A participação dos pesquisadores brasileiros, desde as fases iniciais do projeto J-PAS até agora, quando os primeiros dados começaram a ser distribuídos, significou um processo de amadurecimento e entendimento dos dados que não ocorre quando entramos em um projeto no qual não somos protagonistas.”

As observações do J-PAS são realizadas por meio do telescópio JST250, com espelho de 2,5 metros de diâmetro e uma visão “grande angular” do céu. Esse telescópio está equipado com a câmera panorâmica JPCam, de 1,2 milhão de pixels – a segunda maior câmera astronômica do mundo na atualidade. Essa câmera utiliza um sistema único e inovador, com 56 filtros ópticos desenhados especialmente para o projeto, que permitem imagens em múltiplas cores de grandes áreas do céu, obtendo informações detalhadas de todos os objetos em seu grande campo de visão. Tudo isso faz do instrumento JPCam-JST250 uma máquina capaz de cartografar o Universo e medir distâncias extragalácticas com a precisão necessária para mapear o cosmos em detalhe.

As primeiras observações do J-PAS se iniciam agora, após um árduo processo de verificação, checagens e otimizações dos sistemas do JST250 e da JPCam, levado a cabo pelos cientistas, técnicos e engenheiros do CEFCA. A última fase do comissionamento iniciou-se em maio de 2023, sendo concluída com êxito recentemente após a confirmação de que o sistema JPCam-JST250 cumpre todos os requisitos técnicos e científicos previstos inicialmente, tendo-se verificado a excelente qualidade das imagens em todo o campo de visão.

“A JPCam é um protótipo, no sentido de que não existe nenhuma outra câmera igual a ela no mundo. Os 14 detectores CCD de grande formato foram desenvolvidos especificamente para este projeto, assim como a complexa eletrônica de controle e o próprio sistema de filtros do J-PAS”, descreveu no mesmo comunicado Antonio Marín, subdiretor do OAJ e responsável pelo projeto JPCam. “Devido à sua altíssima complexidade tecnológica, a caracterização, validação e ativação da JPCam foram desafios que demandaram novos desenvolvimentos de engenharia durante o processo de comissionamento.”

Até o momento, foram observados os primeiros 15 graus quadrados do mapa com todos os 56 filtros do J-PAS (o equivalente a 60 luas cheias). Apesar de isso ser apenas o início, esses dados já trazem informações sobre 1 milhão de estrelas e galáxias, a maioria delas nunca antes observada com esse nível de detalhe.

“A JPCam, juntamente com o maior sistema existente de filtros de baixa largura, é um exemplar único no mundo, provendo um espectro de cada ponto da câmera de qualquer objeto, seja ele uma galáxia no início do Universo ou um asteroide próximo à terra”, explicou Renato Dupke, pesquisador titular do ON e investigador principal do projeto J-PAS no Brasil, que atua como diretor científico na colaboração. “Isso dá ao projeto não só a capacidade de fazer estudos cosmológicos de ponta, mas também um legado que permite estudos de ponta em basicamente todas as áreas da astronomia.”

Devido ao seu grande campo de visão, cada imagem da JPCam ocupa 1 Gigabyte (GB) de dados, aproximadamente, sendo que em uma única noite pode-se efetuar centenas de imagens. Esse grande volume de informação gerado pelo J-PAS exige um centro de processamento dedicado à armazenagem, gestão e ao tratamento dos dados do levantamento.

Para Héctor Vázquez, responsável pelo Departamento de Processamento e Arquivos de Dados do CEFCA, “o início da tomada de dados do J-PAS é um momento muito especial, pois estamos aplicando o nosso conhecimento e a experiência multidisciplinar de outros mapeamentos precursores do J-PAS para garantir tanto a eficiência das observações astronômicas como o processamento adequado da quantidade gigante de imagens que elas geram”.

O J-PAS é um projeto que deixará um legado para a comunidade científica internacional por meio de uma visão única do Universo. Seja pelas novas informações, seja pela quantidade de dados, que cobrirão centenas de milhões de objetos observados, o J-PAS abre novas oportunidades de pesquisa em quase todos os campos da astrofísica e da cosmologia.

Essa ideia é reforçada pelo pesquisador Laerte Sodré Junior, do IAG/USP: “O J-PAS ilustra bem o tempo entre a concepção de um projeto científico e seu início. Começamos a pensar no que viria a ser o J-PAS em 2009 e, apenas 14 anos mais tarde, ele começa a produzir os dados que queremos obter. Foi o trabalho incessante de cientistas e engenheiros, no Brasil e na Espanha, ao longo de todo esse período, que tornou isso possível”, afirmou. “Agora os dados coletados pelo telescópio vão nos ajudar a saciar nossa curiosidade científica, ajudando a responder inúmeras perguntas sobre o cosmos. E, na verdade, continuarão a fazer isso por muito tempo, representando mesmo um legado para as gerações futuras.”

“A história da astronomia nos ensina que os grandes mapas astronômicos realizados no passado marcaram o antes e o depois do nosso conhecimento sobre o cosmos”, lembrou o subdiretor científico do CEFCA, Carlos López San Juan. “O J-PAS será o maior e mais preciso mapa fotométrico multicores com capacidade para proporcionar informação espectral de qualquer região do Universo. E, como tal, aspira a se converter em uma referência para a astronomia do século 21.”

As perspectivas para o Brasil no contexto da colaboração são bastante animadoras, segundo Raul Abramo, professor do Instituto de Física (IF) da USP. “O J-PAS está permitindo a participação e liderança de cientistas brasileiros num dos maiores e mais inovadores mapas do Universo da atualidade. A partir de hoje, teremos inúmeras oportunidades para novas descobertas e aplicações desses dados, seja por pesquisadores seniores, estudantes de pós-graduação e mesmo estudantes de graduação”, conta Abramo. “Desse modo, o J-PAS está alavancando o desenvolvimento de uma geração de astrônomos e físicos que trabalham na fronteira do conhecimento sobre a energia escura e a origem das galáxias e das estruturas cósmicas.”

A participação brasileira no J-PAS recebe apoio da FAPESP por meio de quatro projetos (13/50803-2, 15/17199-0, 22/03426-8 e 23/02709-9). E também do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

Novo mapa traz o levantamento total da biomassa da Floresta Amazônica

No contexto da grave crise vivida pela Amazônia, uma boa notícia é a divulgação de um novo mapa de toda a biomassa da floresta situada acima do solo. Combinando varredura por lasers aerotransportados, imagens de satélite e inventários de campo geolocalizados, tudo isso integrado por tratamento computacional pesado com aprendizado de máquina, o mapa constitui o maior levantamento de biomassa em floresta tropical do mundo.

Resultados da pesquisa, apoiada pela FAPESP, foram publicados no periódico Scientific Data, do grupo Nature.

“Nosso trabalho estimou a biomassa total da Floresta Amazônica, com base no mapeamento de 3,6 mil quilômetros quadrados por meio de transectos [faixas de terreno ao longo das quais são registradas e contabilizadas ocorrências de interesse] distribuídos por todas as categorias de vegetação da região. E mostrou uma concentração média de biomassa de 174 toneladas por hectare e um máximo de 518 toneladas por hectare”, conta Jean Ometto, pesquisador sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), integrante do comitê de coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) e primeiro autor do artigo.

O levantamento principal foi feito mediante varredura por lasers aerotransportados. Em duas campanhas consecutivas (2016/2017 e 2017/2018) foram coletados dados de 901 transectos distribuídos por todas as partes da floresta. Cada transecto cobria uma área de, no mínimo, 375 hectares, em retângulo de 300 metros de largura por 12,5 quilômetros de comprimento. E foi sobrevoado a baixa altitude (600 metros) por avião Cessna equipado com sensor Lidar (do inglês Light Detection and Ranging). Emitindo, em média, oito pulsos de laser por metro quadrado, o equipamento permitiu determinar as alturas, diâmetros e densidades das árvores existentes no setor.

“Os números obtidos nos 901 transectos foram integrados com dados do radar Palsar [Phased Array L-band Synthetic Aperture Radar], transportado pelo satélite Alos [Advanced Land Observing Satellite]; com índices de vegetação fornecidos pelo satélite Modis [Moderate-Resolution Imaging Spectroradiometer]; e com informações de precipitação da missão TRMM [Tropical Rainfall Measuring Mission]. E os resultados foram extrapolados para a floresta toda. O tratamento matemático nos permitiu estimar, com bastante precisão, o conteúdo de biomassa da floresta não desmatada – da ordem de 75 bilhões de toneladas [lembrando que essa é a biomassa da floresta acima do solo, não considerando as raízes]”, afirma o pesquisador.

Como a Amazônia passou por um intenso processo de desmatamento no quadriênio 2019-2022, o valor total da biomassa é, hoje, certamente menor. Nas áreas desmatadas, o cruzamento dos dados do mapa com informações de desmatamento providas pelo sistema Prodes, do Inpe, permite calcular, com maior precisão, a perda de biomassa e a correspondente emissão de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera.

“Na verdade, nosso objetivo não foi criar um mapa estático, mas produzir uma série histórica. Refazer o mapa em um ou dois anos nos permitirá saber se está ocorrendo perda ou ganho de biomassa”, comenta Ometto.

Neste momento, em que há fortes alertas de que a Amazônia pode estar chegando perto de um ponto de não retorno, deixando de ser um sumidouro para se tornar um emissor de carbono para a atmosfera, e com o risco de sua biomassa se degradar em outro tipo de estrutura florestal, o mapa fornece informações críticas para a tomada de decisões relativas ao planejamento, conservação e manejo sustentável.

Adicionalmente, a pesquisa possibilitou algumas descobertas muito interessantes, como a de geoglifos pré-colombianos, que atestam o povoamento relativamente denso da Amazônia no passado, ou a da árvore mais alta da floresta, um majestoso angelim vermelho de 88,5 metros de altura.

O estudo A biomass map of the Brazilian Amazon from multisource remote sensing, que também recebeu financiamento do Fundo Amazônia, pode ser acessado em: www.nature.com/articles/s41597-023-02575-4.

Hidrogel produzido por cientistas da Unesp e da Unifesp melhora a cicatrização de feridas diabéticas

Pesquisadores brasileiros desenvolveram um hidrogel de baixo custo com ação anti-inflamatória que poderá, no futuro, ajudar a tratar feridas crônicas na pele, como as que costumam acometer pessoas com diabetes. Resultados promissores de testes em animais foram divulgados na revista Biomedicine & Pharmacotherapy.

De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, o Brasil é o sexto país em número de pessoas com a doença, que atingiu proporções epidêmicas e se tornou a quinta causa de morte no mundo. São 17,7 milhões de indivíduos sofrendo diariamente com as alterações metabólicas causadas pelo comprometimento da secreção e ação da insulina, como nefro e neuropatias e dificuldades na cicatrização de feridas. Estima-se que um entre cinco pacientes com diabetes possa desenvolver feridas crônicas, como a úlcera do pé diabético.

Em pessoas saudáveis, lesões cutâneas são imediatamente seguidas de uma sequência de eventos que levam à cicatrização: o sangramento é controlado pela agregação plaquetária, proporcionando uma estrutura de suporte para a fixação e proliferação celular, ocorre formação de novos vasos sanguíneos e deposição de colágeno. Para quem sofre de diabetes, no entanto, o processo é muito mais complicado. A hiperglicemia aumenta a produção de substâncias derivadas do oxigênio (oxidantes) e, ao contrário da cicatrização normal, as feridas diabéticas são caracterizadas principalmente pela resposta inflamatória exacerbada e o processo da formação de vasos sanguíneos prejudicado.

Recentemente, hidrogéis biológicos têm sido empregados com sucesso para acelerar o processo de cicatrização de feridas por conta do ambiente úmido e estéril que proporcionam. No trabalho apoiado pela FAPESP (projetos 19/19949-7, 16/02012-4 e 15/12411-0) e conduzido durante o doutorado de Monielle Sant’Ana Leal, pesquisadores das universidades Estadual Paulista (Unesp) e Federal de São Paulo (Unifesp) desenvolveram uma fórmula à base da proteína anexina A1, cujo envolvimento na regulação da inflamação e da proliferação celular já havia sido comprovado em estudos prévios do mesmo grupo. No artigo mais recente, o grupo descreve que o tratamento pode modular o microambiente da lesão, favorecendo a regeneração do tecido.

O efeito do hidrogel contendo AnxA12-26 (os aminoácidos que vão do número dois ao 26 na cadeia de peptídeos que forma a proteína) foi avaliado em testes com camundongos que tiveram um quadro semelhante ao do diabetes tipo 1 induzido. Observou-se nos animais uma diminuição de células inflamatórias três dias após a indução das lesões. Após 14 dias, as feridas já estavam completamente cicatrizadas. A título de comparação, os animais que não passaram por nenhum tratamento e que receberam aplicação apenas do hidrogel apresentaram as características comuns da fase aguda da inflamação, com lesões mais intensas no terceiro dia.

Análises mostraram que o tratamento promoveu melhora na regeneração tecidual pela proliferação de queratinócitos (células com papel fundamental na restauração da homeostase da pele), redução de macrófagos (células-chave no processo de cicatrização) e aumento do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF, que induz o crescimento de vasos sanguíneos).

Já um ensaio de citotoxicidade in vitro (feito para avaliar como as células da pele reagem ao material) assegurou a biocompatibilidade do produto, sugerindo a segurança para aplicação tópica.

“Nosso hidrogel é altamente absorvente, mantém o meio úmido ideal para a cicatrização e mostra eficiência para levar ao processo de cicatrização completa da lesão, com redução de tempo de cicatrização, inclusive”, afirma Sonia Maria Oliani, pesquisadora do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce-Unesp) e coordenadora do estudo. “Trata-se de uma opção eficaz e que pode ampliar o arsenal terapêutico para o tratamento de feridas diabéticas.”

Economia

Outras vantagens do hidrogel desenvolvido pelos pesquisadores paulistas são a facilidade de produção e o baixo custo – este último é um fator fundamental a ser considerado, uma vez que os gastos médicos anuais com diabetes na América do Sul e Central ultrapassam US$ 65,3 bilhões.

O produto também tem potencial para ser usado com outras finalidades. No momento, os pesquisadores testam seu efeito no tratamento de lesões na mucosa bucal.

O artigo Annexin A12-26 hydrogel improves healing properties in an experimental skin lesion after induction of type 1 diabetes pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0753332223010211?via%3Dihub.

Economia mensal impulsiona energia solar no Brasil

O Brasil acaba de ultrapassar a marca de 34 GW de potência instalada da fonte solar fotovoltaica. Os dados são da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Nessa conta estão considerados a  soma das usinas de grande porte e os sistemas de geração própria. Esse volume representa 15,4 % da matriz elétrica do país.

Segundo a Absolar, desde 2012 a fonte solar já trouxe ao Brasil cerca de R$ 165,4 bilhões em novos investimentos, mais de R$ 46,9 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou mais de 1 milhão de empregos acumulados. Com isso, também evitou a emissão de 42,4 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.

De acordo com os dados da associação, no segmento de geração distribuída são 23,6 GW de potência instalada. Isso equivale a cerca de R$ 119,1 bilhões em investimentos, R$ 30,5 bilhões em arrecadação e mais de 709,3 mil empregos acumulados desde 2012, espalhados pelas cinco regiões do Brasil.

O Brasil possui cerca de 10,4 GW de potência instalada em usinas solares de grande porte. Desde 2012, as grandes usinas solares já trouxeram ao País cerca de R$ 46,3 bilhões em novos investimentos e mais de 311,8 mil empregos acumulados, além de proporcionarem uma arrecadação aos cofres públicos que supera R$ 16,4 bilhões.

 

É preciso não só avançar no entendimento sobre a evolução humana, mas também reduzir a nossa ignorância sobre o tema

Uma iniciativa pioneira está transformando a realidade das comunidades indígenas no coração da Amazônia. O projeto NAVI ON, desenvolvido pela startup NAVI Global (Flora Dutra — Ricardo Birenbaum) e Associação Kapyvanaway (Enoque Marubo), acaba de conectar 20 aldeias do Povo Marubo, no Vale do Javari, à internet por meio da tecnologia de satélites Starlink, proporcionando acesso à informação, serviços de saúde e monitoramento do território como nunca antes.

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Entrega das antenas Starlink na aldeia Kapyvanaway para lideranças indígenas. Imagens: Brandon Weaver.

A missão, que ocorreu em setembro de 2023, foi um marco histórico para as comunidades indígenas da Amazônia. A CEO da NAVI Global, Flora Dutra, e o Presidente da Associação Kapyvanaway, Enoque Marubo, lideraram essa iniciativa na floresta amazônica, contando com o apoio fundamental de colaboradores internacionais, Allyson Reneau e Brandon Weaver.

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Logística para acesso remoto ao Vale do Javari. Uma viagem de 6h de barco e mais 2 dias de caminhada pela floresta amazônica. Imagens: Brandon Weaver.

As instalações das antenas Starlink nas aldeias Marubo foram um desafio logístico impressionante, dadas as condições remotas da região. No entanto, a determinação da equipe e o apoio das lideranças locais permitiram que o projeto fosse concluído com sucesso.

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Cada antena Starlink foi distribuída em Kapyvanaway e levada de barco às comunidades Marubo do Alto Rio Ituí — Imagens: Brandon Weaver.
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Brandon Weaver, João Marubo, Flora Dutra, Enoque Marubo, Allyson Reneau e Shoi Marubo. Caminho na floresta amazônica no Território Indígena Vale do Javari.

O impacto desse projeto é imensurável. Mais de 1.000 indígenas Marubo agora têm acesso à internet de alta velocidade, o que abre um mundo de oportunidades. As implicações são profundas, desde a melhoria no acesso à informação até a possibilidade de pedidos de emergência para cuidados de saúde em tempo real.

Além disso, o projeto NAVI ON ganhou destaque internacional quando a equipe foi convidada para apresentar essa ação no painel da NASA na Assembleia Geral das Nações Unidas. A apresentação online transmitida para o mundo inteiro atraiu a atenção global para a importância da conectividade nas áreas remotas da Amazônia e sua relevância para a preservação da cultura e da biodiversidade.

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Participação no Painel da NASA para a Assembleia Geral das Nações Unidas.

O sucesso do projeto NAVI ON agora inspira planos para sua expansão. A equipe está empenhada em conectar mais de 200 aldeias, incluindo o Povo Yanomami, Huni Kuin, Matis, Mayuruna, Kulina e Guajajara, utilizando a mesma tecnologia de satélites Starlink. A ambição é criar uma rede de comunicação que abranja toda a região amazônica, proporcionando um aumento significativo na qualidade de vida das comunidades indígenas.

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“Este é apenas o começo”, disse Flora Dutra, CEO da NAVI Global. “Nossa visão é criar uma rede que conecte todas as comunidades indígenas da Amazônia, permitindo que elas preservem suas culturas, compartilhem conhecimento e tenham acesso a serviços essenciais”. Essa conexão não apenas melhora suas vidas, mas também reforça a importância da preservação da riqueza cultural e ambiental que a Amazônia representa para o planeta. O projeto NAVI ON é um exemplo inspirador de como a tecnologia pode ser usada para promover o bem-estar das comunidades indígenas e a conservação da Amazônia.

Os Desafios e Oportunidades da Conexão na Amazônia

Após o sucesso inicial do projeto NAVI ON, o foco agora está na expansão da conectividade para mais de 200 aldeias em toda a região amazônica, incluindo povos como Yanomami, Huni Kuin, Matis, Mayuruna, Kulina e Guajajara. No entanto, essa missão está acompanhada por desafios complexos como a logística de difícil acesso à áreas remotas.

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Reunião na Aldeia Pakavanaway — Vale do Javari (Amazonas) Imagens: Brandon Weaver.

Uma das maiores barreiras enfrentadas pelas equipes de implementação é a vasta extensão da floresta amazônica e as distâncias significativas entre as aldeias. Isso exige um planejamento logístico minucioso, que inclui a obtenção de autorizações ambientais para garantir que a instalação das antenas Starlink seja feita de forma sustentável e respeitosa ao meio ambiente.

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CEO da NAVI Global Flora Dutra conectando a Aldeia Pakavanaway. Imagens: Brandon Weaver.

Além disso, a equipe precisa levar em consideração as especificidades culturais e linguísticas de cada grupo indígena, garantindo que a tecnologia da informação seja utilizada de maneira que respeite e promova as tradições locais. Esse aspecto delicado requer uma colaboração estreita com líderes e anciãos das aldeias, de modo a garantir que a conexão à internet ajude na preservação das línguas e culturas indígenas.

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Assembleia na Aldeia Kapyvanaway sobre a conectividade de 20 aldeias no Alto Rio Ituí. Imagens: Brandon Weaver.

O Presidente da Associação Kapyvanaway, Enoque Marubo, destacou a importância dessa colaboração culturalmente sensível: “Não estamos apenas trazendo a internet para nossas comunidades, mas também aprendendo a incorporar essa tecnologia em nosso modo de vida, de maneira que fortaleça nossa identidade e nosso conhecimento tradicional”.

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Presidente da Associação Kapyvanaway, Enoque Marubo sobre a importância da conectividade para emergências de saúde indígena. Imagens: Brandon Weaver.

Uma das principais vantagens da conexão à internet via Starlink é a capacidade de acessar pedidos de emergência de saúde em tempo real. Isso é particularmente crucial em regiões remotas onde o acesso a serviços médicos é limitado. A CEO da NAVI Global, Flora Dutra, enfatiza esse aspecto: “A capacidade de buscar assistência médica imediatamente pode salvar vidas. Estamos comprometidos em garantir que as comunidades indígenas tenham acesso a cuidados de saúde adequados e oportunidades educacionais por meio da internet”. Além disso, a conectividade oferece oportunidades educacionais sem precedentes. As escolas nas aldeias podem acessar recursos educacionais online, permitindo que as crianças indígenas tenham acesso a um currículo mais amplo e a oportunidades de aprendizado enriquecedoras.

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CEO da NAVI Global Flora Dutra e a liderança de Kapyvanaway Eduardo Marubo sobre o desenvolvimento sustentável das aldeias. Imagens: Brandon Weaver.

O projeto NAVI ON também está em parceria com organizações e instituições de pesquisa para desenvolver programas de monitoramento do território e conservação ambiental. O uso de tecnologia de satélites permitirá que as comunidades indígenas desempenhem um papel ativo na preservação da Amazônia, monitorando a devastação ambiental e a intrusão ilegal em seus territórios. No entanto, é importante lembrar que essa iniciativa não está isenta de desafios contínuos, como a manutenção das antenas, a sustentabilidade energética e o acesso à capacitação técnica para as comunidades locais.

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Imagens: Brandon Weaver.

O projeto NAVI ON é um exemplo inspirador de como a tecnologia pode ser usada como uma ferramenta para o empoderamento das comunidades indígenas e para a conservação da Amazônia. À medida que a conectividade se expande para mais aldeias e povos, a esperança é que essas comunidades continuem a prosperar, mantendo suas tradições culturais enquanto aproveitam os benefícios da era digital. O mundo observa com interesse essa jornada extraordinária na busca por um futuro mais inclusivo e sustentável para a região amazônica e seus habitantes.

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Rosã Ewa sobre a importância do recebimento da conexão para o Povo Marubo do Vale do Javari em Assembleia na aldeia Kapyvanaway. Imagens: Brandon Weaver.

Apoio Global para Conectar os Povos Indígenas da Amazônia

O sucesso do projeto NAVI ON não se limita apenas às comunidades indígenas da Amazônia; ele também está impulsionando um movimento global em prol da conectividade e do apoio às populações indígenas em todo o mundo. A iniciativa, que conectou 20 aldeias Marubo à internet de alta velocidade, demonstrou o potencial transformador da tecnologia e destacou a necessidade urgente de expandir esse acesso para todas as comunidades indígenas.

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Participação do painel da NASA para a Assembleia Geral das Nacções Unidas.

O projeto NAVI ON chamou a atenção de organizações de direitos humanos, empresas de tecnologia e agências governamentais em todo o mundo. Muitos estão agora buscando maneiras de apoiar essa causa e replicar o sucesso em outras regiões. A colaboração internacional desempenhou um papel fundamental no projeto NAVI ON. Allyson Reneau e Brandon Weaver, especialistas em tecnologia e conectividade, contribuíram com seu conhecimento e experiência para garantir o êxito da iniciativa. Isso ressalta a importância de parcerias entre diferentes setores da sociedade para abordar questões complexas, como a inclusão digital em áreas remotas.

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Allyson Reneau conectando a Aldeia Pakavanaway. Imagens: Brandon Weaver.

A CEO da NAVI Global, Flora Dutra, enfatiza a necessidade de uma abordagem colaborativa mais ampla: “A conectividade é um direito humano básico. Estamos encorajados pelo apoio que recebemos até agora, mas sabemos que há muito mais a ser feito. Precisamos de parcerias globais para garantir que todas as comunidades indígenas da Amazônia e de outras regiões tenham acesso à internet e às oportunidades que ela oferece”.

Essa crescente conscientização e apoio global estão abrindo portas para a criação de fundos e programas dedicados à conectividade indígena. Essas iniciativas visam não apenas fornecer acesso à internet, mas também garantir que as comunidades tenham a capacidade de aproveitar ao máximo essa tecnologia, desenvolvendo habilidades digitais e criando oportunidades econômicas sustentáveis.

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Aldeia Kapyvanaway. Imagem: Enoque Marubo

O sucesso do projeto NAVI ON na Amazônia inspira esperança para um futuro onde todas as culturas indígenas ao redor do mundo possam prosperar, mantendo suas identidades únicas e contribuindo para a preservação da biodiversidade global. Enquanto a conectividade indígena continua a ganhar destaque nas agendas globais, a esperança é que esse movimento seja um catalisador para ações concretas. A conectividade digital não apenas aumenta a qualidade de vida das comunidades indígenas, mas também desempenha um papel fundamental na preservação das florestas tropicais e na mitigação das mudanças climáticas.

O projeto NAVI ON é um lembrete poderoso de que, ao unirmos forças, podemos superar desafios aparentemente intransponíveis. Ao apoiar a conectividade das comunidades indígenas da Amazônia, estamos não apenas oferecendo oportunidades individuais, mas também investindo no futuro da humanidade e do planeta Terra. É um chamado à ação global para garantir que ninguém seja deixado para trás na era digital, independentemente de onde estejam localizados.

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Lideranças indígenas do Povo Marubo recebendo antenas Starlink para conexão via satélite. Imagens: Brandon Weaver.
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Distribuição da conectividade via satélite na maior ação de conexão indígena da Amazônia. Imagens: Brandon Weaver.

Depoimento de Allyson Reneau, Doadora das Antenas Starlink

“Estou profundamente emocionada e grata por ter tido a oportunidade de contribuir com o projeto NAVI ON, fornecendo as 20 antenas Starlink que agora conectam as aldeias Marubo no Vale do Javari à internet. Ver o impacto positivo que essa conectividade está tendo nas vidas dessas comunidades indígenas é verdadeiramente inspirador. Acreditamos firmemente que o acesso à internet é um direito humano fundamental e uma ferramenta poderosa para o empoderamento. Estamos comprometidos em continuar apoiando iniciativas como essa que buscam promover a inclusão digital e preservar a diversidade cultural das comunidades indígenas da Amazônia.”

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Allyson Reneau e Abraão Marubo na reunião da Associação Kapyvanaway. Imagens: Brandon Weaver.

Depoimento do Presidente da Associação Kapyvanaway, Enoque Marubo

“Para a Associação Kapyvanaway e para todas as comunidades indígenas do Vale do Javari, a conexão à internet é mais do que apenas uma inovação tecnológica. É uma ponte para o mundo fora das florestas que nos permite compartilhar nossa cultura, conhecimento e necessidades urgentes. Estar conectado significa melhorar o acesso a serviços de saúde, educação e comunicação, mas também significa que podemos ser uma voz mais forte na defesa de nossos territórios e na preservação da Amazônia. Agradecemos profundamente à equipe da NAVI Global, aos doadores, e a todos que tornaram este projeto uma realidade. Agora, podemos sonhar com um futuro mais promissor para nossas comunidades.”

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Imagens: Brandon Weaver.

Depoimento de Brandon Weaver, Voluntário de Filmagem e Fotografia

“Fazer parte da missão NAVI ON na Amazônia foi uma experiência verdadeiramente transformadora. Documentar o processo de instalação das antenas Starlink e a reação das comunidades indígenas à chegada da internet foi uma jornada emocionante. Ver o impacto imediato dessa tecnologia nas vidas das pessoas, desde o acesso a cuidados de saúde até a oportunidade de compartilhar suas histórias e culturas com o mundo, foi incrivelmente gratificante. Como voluntário, estou honrado por ter contribuído para disseminar essa importante mensagem de conectividade e inclusão digital.”

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Imagens: Flora Dutra.

Depoimento da CEO da NAVI Global, Flora Dutra

“O projeto NAVI ON representa não apenas um marco na nossa jornada como empresa, mas também uma missão pessoal que tem um lugar muito especial em meu coração. Ver as 20 antenas Starlink iluminarem as aldeias Marubo no Vale do Javari com conectividade de alta velocidade foi um momento de realização incomparável.

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Imagens: Brandon Weaver.

Acreditamos firmemente que a tecnologia pode ser uma força para o bem e que a conectividade é um direito humano fundamental. O acesso à internet não deve ser um luxo reservado apenas para alguns, mas uma ferramenta que capacita a todos, independentemente de onde vivam. As comunidades indígenas da Amazônia têm sido guardiãs da floresta tropical e de suas culturas ricas por gerações. Agora, com a capacidade de se conectarem ao mundo, esperamos que possam continuar a desempenhar esse papel fundamental, preservando não apenas suas florestas, mas também suas línguas, tradições e sabedoria ancestral.

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Flora Dutra e Sebastião Marubo, vice-presidente da Associação Kapyvanaway. Imagens: Brandon Weaver.

A colaboração com a Associação Kapyvanaway, o apoio de doadores como Allyson Reneau e a dedicação voluntária de Brandon Weaver tornaram tudo isso possível. Estamos comprometidos em seguir adiante, expandindo essa iniciativa para conectar mais comunidades indígenas e trabalhando em estreita colaboração com elas para garantir que a tecnologia seja usada de maneira sensível às suas necessidades e valores culturais. O projeto NAVI ON é um lembrete poderoso de que, quando nos unimos em busca de um objetivo comum, podemos superar desafios aparentemente insuperáveis e fazer a diferença nas vidas das pessoas. Estamos determinados a continuar essa jornada, não apenas na Amazônia, mas em todo o mundo, para criar um futuro mais inclusivo e sustentável para todos.”

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Imagens: Brandon Weaver.

Depoimento do Co-founder da NAVI Global, Ricardo Birenbaum

Participar deste projeto NAVI ON, mesmo à distância, tem sido uma experiência incrivelmente gratificante e inspiradora para mim como co-founder da NAVI Global. Ver nossa equipe se unir para conectar comunidades indígenas remotas na Amazônia à internet de alta velocidade é um testemunho do poder da inovação e da colaboração.

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Imagens: Denise Birenbaum.

Desde o início, a NAVI Global tem se dedicado a utilizar a tecnologia para criar impacto positivo na vida das pessoas, e o projeto NAVI ON é a realização desse compromisso. Acredito profundamente que a conectividade é uma ferramenta que pode capacitar as comunidades e amplificar suas vozes. Colaborar com a Associação Kapyvanaway e contar com o apoio de doadores, como Allyson Reneau, foi fundamental para o sucesso desta iniciativa. Ver as aldeias Marubo agora conectadas à internet, abrindo portas para oportunidades e serviços essenciais, é uma prova de que o trabalho em equipe e a dedicação podem superar desafios complexos.

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Imagens: Denise Birenbaum.

Estou orgulhoso de fazer parte dessa jornada, mesmo à distância, e estou comprometido em continuar apoiando a expansão desse projeto e outras iniciativas que usem a tecnologia para melhorar a qualidade de vida das comunidades em todo o mundo. O projeto NAVI ON é um exemplo inspirador de como a tecnologia pode ser uma força para o bem, e estou animado com o que o futuro reserva para essa parceria e nossa missão global de inclusão digital.”

Confira algumas imagens das aldeias Marubo sendo conectadas no Vale do Javari (AM)

Para colaborar com o projeto NAVI ON use PayPal [email protected]

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Aldeia Alegria — Alto Rio Ituí (VALE DO JAVARI — AM)
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Aldeia Carneiro — Alto Rio Ituí (VALE DO JAVARI — AM)
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Aldeia Kapyvanaway— Alto Rio Ituí (VALE DO JAVARI — AM)
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Aldeia Koma Matxi— Alto Rio Ituí (VALE DO JAVARI — AM)
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Aldeia Liberdade— Alto Rio Ituí (VALE DO JAVARI — AM)
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Aldeia Mancio Lima — Alto Rio Ituí (VALE DO JAVARI — AM)
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Aldeia Manakeyaway e Nane Matxi— Alto Rio Ituí (VALE DO JAVARI — AM)
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Aldeia Pakavanaway— Alto Rio Ituí (VALE DO JAVARI — AM)
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1*6XbJRe6rd8B1QxWd2V-Iew É preciso não só avançar no entendimento sobre a evolução humana, mas também reduzir a nossa ignorância sobre o tema
Aldeia Paraná e Aldeia Paulino — Alto Rio Ituí (VALE DO JAVARI — AM)
1*Bd0xYnIDfbbfX6rVjJT66A É preciso não só avançar no entendimento sobre a evolução humana, mas também reduzir a nossa ignorância sobre o tema
1*N5EX_N_QjwcBNCC1gybMyg É preciso não só avançar no entendimento sobre a evolução humana, mas também reduzir a nossa ignorância sobre o tema
Aldeia Pentiaquinho — Alto Rio Ituí (VALE DO JAVARI — AM)
1*OA8uBx0ibbuzgRs7RLhauA É preciso não só avançar no entendimento sobre a evolução humana, mas também reduzir a nossa ignorância sobre o tema
1*vVX4kN1jNTIGEaxRcOjm7g É preciso não só avançar no entendimento sobre a evolução humana, mas também reduzir a nossa ignorância sobre o tema
Aldeia Vida Nova — Alto Rio Ituí (VALE DO JAVARI — AM)
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Aldeia Boa Vista e Rio Novo — Alto Rio Ituí (VALE DO JAVARI — AM)

AGRADECIMENTOS: FUNAI de Atalaia do Norte, UNIVAJA, Morel Fourman, Gaia Soft, Matej Hacin, Instituto de Culturas Indígenas Karioka, Instituto Nawá, Fábio Alperowitch, Bruno Ferraz, Mario Regis, Fundação Txai, Fundação Planeta, Iron Wing Studios, NativeNet, NASA, ONU, Dan e Robin Hawk e todas pessoas que doaram para que pudessemos realizar essa missão. Muito obrigado.

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