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Belém finaliza 98% das obras e se prepara para receber a COP30

A cidade de Belém (PA) está prestes a viver um dos momentos mais emblemáticos de sua história recente. A menos de um mês do início da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), quase todas as obras planejadas para o evento estão concluídas. Segundo o governador do Pará, Helder Barbalho, 98% das intervenções previstas já foram entregues — um marco de organização e investimento que transforma a capital paraense em vitrine da transição ecológica brasileira.

Com cerca de R$ 5 bilhões em investimentos, o projeto de preparação envolveu desde requalificação urbana e mobilidade até saneamento básico e recuperação ambiental. As intervenções foram coordenadas pelo Governo do Estado do Pará, em parceria com o Governo Federal, com foco na melhoria da infraestrutura urbana e na criação de espaços sustentáveis para receber delegações, líderes globais e representantes da sociedade civil de 196 países.

Uma cidade em transformação

Entre as obras mais emblemáticas está a nova Estação de Tratamento de Esgoto, considerada a maior já inaugurada em Belém. A estrutura beneficia dez bairros da capital, reduzindo o lançamento de resíduos nos igarapés e melhorando significativamente a qualidade da água e do saneamento urbano — um legado ambiental direto da COP30.

Outros avanços incluem a revitalização da área portuária, a conclusão de quatro canais de macrodrenagem e a entrega do espaço que abrigará a Zona Azul e a Zona Verde, onde ocorrerão os debates e exposições oficiais da conferência. Esses locais foram pensados para simbolizar o diálogo entre o global e o local — de um lado, as negociações entre governos; de outro, as experiências da sociedade civil, comunidades e movimentos sociais.

O governador destaca ainda que, na próxima semana, será inaugurado o novo sistema BRT, com 8 quilômetros de corredores exclusivos, ampliando as opções de mobilidade urbana sustentável. Além disso, o novo Aeroporto Internacional de Belém deve entrar em operação até o início da conferência, facilitando o acesso de participantes de todo o mundo.

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Fabiola Sinimbú/Agência Brasil

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Infraestrutura verde e legado social

A preparação da cidade não se resume às obras de grande porte. O projeto de infraestrutura para a COP30 integra ações de requalificação ambiental e inclusão social. A meta é deixar um legado duradouro para a população local, com melhoria na mobilidade, saneamento e áreas de convivência.

Essas transformações estão alinhadas com os princípios defendidos pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), que coordena nacionalmente a participação brasileira na conferência. O evento em Belém é visto como um símbolo da tentativa de integrar a pauta climática à política de desenvolvimento regional, promovendo o equilíbrio entre economia, floresta e população.

Expectativas globais

Até o momento, mais de 57 mil pessoas estão inscritas para participar da COP30, um número que evidencia o interesse internacional pelo evento sediado na Amazônia. A conferência reunirá líderes mundiais, cientistas, representantes de comunidades tradicionais e organizações internacionais, todos em busca de soluções para enfrentar a crise climática global.

Para Helder Barbalho, sediar a COP30 em Belém é mais do que um desafio logístico: é um reconhecimento da Amazônia como protagonista da agenda ambiental mundial. “A COP em Belém é uma oportunidade histórica para mostrar que o desenvolvimento da Amazônia pode ser sustentável, inclusivo e justo”, afirmou o governador.

Com as obras praticamente concluídas e a infraestrutura pronta para receber o mundo, Belém se prepara para ser não apenas palco, mas símbolo da mudança. A cidade amazônica, antes marcada por desafios estruturais, agora se apresenta como espaço de diálogo global sobre o futuro do planeta — uma vitrine da capacidade brasileira de aliar crescimento, justiça social e compromisso ambiental.

Peixe de águas profundas tem dentes na testa e os usa para sexo

No fundo do oceano, você pode encontrar um peixe estranho com dentes não apenas na boca, mas também na cabeça.

peixe-rato-pintado , um parente dos tubarões, mede cerca de 60 centímetros de comprimento e é encontrado no nordeste do Oceano Pacífico. A espécie pertence a um grupo de peixes cartilaginosos chamados quimeras (também conhecidos como tubarões-fantasma ), e seus machos possuem uma característica distinta chamada tentáculo. Este apêndice se projeta da testa do peixe-rato e é usado para agarrar as fêmeas durante o acasalamento. Além disso, o tenáculo parece ser coberto por dentes afiados e retráteis.

Uma equipe de pesquisadores decidiu determinar se essas saliências pontiagudas são dentes verdadeiros, relacionados aos da boca do animal, ou apenas estruturas semelhantes a dentes, conhecidas como dentículos, vistas em alguns tubarões e raias.

Estudos sugerem que os primeiros dentes e mandíbulas evoluíram há cerca de 450 milhões de anos .

Para descobrir, os cientistas examinaram espécimes de peixe-rato usando microtomografias computadorizadas e amostras de tecido, comparando-os com centenas de outros peixes. Descobriram que as estruturas eram fileiras de dentes de verdade, enraizados em um tecido chamado lâmina dentária, que ajuda a dar origem a novos dentes. Esta descoberta marca a primeira vez que a lâmina dentária foi documentada fora da mandíbula.

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O apêndice dentado em forma de clava do peixe-rato macho é visto nesta foto

“Essa característica insana e absolutamente espetacular inverte a antiga suposição da biologia evolutiva de que os dentes são estruturas estritamente orais”, afirma Karly Cohen , pesquisadora da Universidade de Washington, em um comunicado . “O tenáculo é uma relíquia do desenvolvimento, não um caso isolado e bizarro, e o primeiro exemplo claro de uma estrutura dentada fora da mandíbula”.

Os pesquisadores também identificaram genes no tenáculo encontrados apenas em dentes verdadeiros, reforçando ainda mais os resultados. As descobertas foram publicadas na Proceedings of the National Academy of Sciences, recentemente.

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Peixe-rato macho e seu tentáculo, vistos estendidos na frente de sua cabeça

“Acho absolutamente incrível que os tubarões-fantasma tenham dentes crescendo na testa”, disse Dominique Didier, ictiólogo da Universidade Millersville que não estava envolvido na pesquisa, a Jack Tamisiea.

Os dentes do tenáculo são usados ​​para agarrar a fêmea durante o ato sexual. O peixe-rato-pintado também possui clásperes pélvicos para esse propósito, que também apresentam estruturas semelhantes a dentes. Mas os clásperes pélvicos não apresentaram evidências genéticas de dentes verdadeiros, sugerindo que se tratam apenas de dentículos.

No tentáculo, os dentes em forma de gancho formam sete ou oito fileiras. “As fileiras de dentes estão todas organizadas de forma muito semelhante nesta esteira de dentes que vemos nos tubarões”, disse o coautor do estudo, Gareth Fraser, biólogo evolucionista da Universidade da Flórida.

Os pesquisadores analisaram o registro fóssil de espécies intimamente relacionadas que também possuem um tentáculo e encontraram evidências de dentes nesses animais. O Helodus simplex , um peixe cartilaginoso com aproximadamente 315 milhões de anos, possui o exemplo mais antigo conhecido de tentáculo. O tenáculo do H. simplex estava mais próximo da mandíbula, em comparação com o do peixe-rato atual. Ao longo dos anos, esse tenáculo pode ter evoluído para os dentes que o peixe-rato possui atualmente na cabeça, de acordo com o artigo.

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Uma ilustração de H. simplex e seu tentáculo

O ictiólogo Dominique Didier,  disse que o tentáculo pode ter evoluído para um propósito além do acasalamento, porque as fêmeas de uma linhagem de peixe-rato têm vestígios da estrutura, o que sugere que ela já foi encontrada em ambos os sexos.

Tomografias computadorizadas dos fósseis e de quimeras modernas deram aos cientistas insights detalhados e sem precedentes sobre o desenvolvimento dos dentes do tenáculo, que se pareciam notavelmente com os dentes dos tubarões atuais. O prego no caixão veio da evidência genética. Os dentes do tentáculo expressam genes encontrados apenas em dentes verdadeiros, nunca em dentículos de pele de tubarão.

“O que eu acho muito interessante neste projeto é que ele fornece um belo exemplo de manipulação evolutiva ou ‘bricolagem'”, disse Michael Coates, Ph.D., professor de biologia na Universidade de Chicago:”Temos uma combinação de dados experimentais com evidências paleontológicas para mostrar como esses peixes se apropriaram de um programa preexistente de fabricação de dentes para criar um novo dispositivo essencial para a reprodução”.

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Anatomia básica de H. colliei

(A e B) Fotografia de um macho adulto de H. colliei em Puget Sound. (Fotografia usada com permissão de Tiare Boyes) (C) Tomografia computadorizada de um macho de H. colliei. (D) Tomografia computadorizada de volume do espinho dorsal em vista ventral, destacando as serrilhas ao longo do espinho. (E) Representação volumétrica do bico modificado, com regiões hipermineralizadas visíveis como colunas frisadas. (F) Representação volumétrica dos cláspers e da anatomia pré-pélvica. A pélvis é cravejada com seis dentículos grandes, e os cláspers são cobertos por centenas de dentículos pequenos em formato romboide. (G e H) Segmentação do tenáculo adulto, com dentes coloridos para destacar o arranjo. Escala, 1 cm.

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 Karly Cohen , Ph.D., pesquisadora de pós-doutorado no Friday Harbor Labs da Universidade de Washington e primeiro autor do artigo, disse que os cientistas nunca haviam identificado dentes fora da boca dessa maneira antes.

“O tentáculo é uma relíquia do desenvolvimento, não um caso isolado e bizarro, e o primeiro exemplo claro de uma estrutura dentada fora da mandíbula”, disse ela.

O caminho bizarro da boca cheia de dentes até os dentes da testa usados ​​para acasalamento demonstra a impressionante flexibilidade da evolução, dizem os pesquisadores, sempre pronta para redirecionar estruturas para novos usos estranhos e inesperados.

“Ainda há muitas surpresas nas profundezas do oceano que ainda precisamos descobrir”, disse Fraser.

Qualidade do ar: o elo invisível nas soluções climáticas, rumo à COP30

Em tempos de emergência climática, falar de qualidade do ar é falar de saúde pública, justiça ambiental e futuro sustentável. E, mesmo sendo invisível, o ar que respiramos é um dos elementos mais impactados – e, paradoxalmente, um dos mais negligenciados – nas agendas climáticas globais.

O ar não conhece fronteiras. Atravessa cidades, países e continentes, carregando consigo tanto vida quanto ameaça. Quando está limpo, representa equilíbrio ecológico e bem-estar. Quando poluído, torna-se vetor de doenças, desigualdade e crise ambiental.

O marco da COP30 e a urgência do tema

A COP30, que acontecerá em Belém do Pará em 2025, representa um marco histórico. Pela primeira vez o Brasil será o anfitrião da conferência climática mais importante do mundo — reunindo líderes, cientistas, empresas e sociedade civil em busca de caminhos concretos para conter a crise climática.

Mais do que um evento, a COP30 simboliza uma virada de chave. O Brasil, dono da maior floresta tropical do planeta, passa a ocupar o centro das discussões sobre o futuro do clima. E essa é uma oportunidade única — e também uma responsabilidade imensa — de colocar a qualidade do ar no centro das negociações internacionais.

Esse é um tema que conecta ciência, saúde, tecnologia, biodiversidade e justiça social, e que ainda carece de protagonismo. Falar de ar é falar de tudo: da energia que produzimos, do transporte que usamos, das florestas que protegemos e dos espaços em que vivemos e trabalhamos.

O ar que adoece: a face invisível da crise

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição do ar é hoje o quarto maior fator de risco para mortes no planeta, ficando atrás apenas da hipertensão, do tabagismo e da má alimentação. São 7 milhões de mortes prematuras todos os anos — causadas por doenças cardiovasculares, respiratórias e até cânceres associados à exposição prolongada a poluentes.

Isso significa que, a cada minuto, dezenas de pessoas perdem a vida simplesmente por respirar.

No Brasil, o desafio é duplo. Nas cidades, a frota de veículos movidos a combustíveis fósseis, a falta de mobilidade sustentável e o crescimento urbano desordenado criam verdadeiros bolsões de ar tóxico. Nas áreas rurais e florestais, queimadas — muitas vezes ilegais — lançam toneladas de material particulado e gases nocivos na atmosfera. A fumaça de uma queimada no Pará pode ser sentida em São Paulo.

Essas partículas — como MP2.5 e MP10 — não apenas afetam o clima global, mas penetram profundamente no sistema respiratório humano, provocando inflamações, agravando doenças crônicas e impactando o desenvolvimento infantil.

Mais grave ainda é o aspecto social. A poluição do ar não afeta a todos igualmente. São as comunidades mais vulneráveis, com menor acesso à saúde e infraestrutura, que sofrem os maiores impactos. Crianças, idosos e trabalhadores de baixa renda estão entre os mais expostos. Portanto, a qualidade do ar é também uma questão de justiça ambiental e direitos humanos.

Do desafio à liderança: o papel do Brasil

O Brasil, por outro lado, possui um potencial imenso para liderar soluções inovadoras que unam saúde, clima e desenvolvimento sustentável. Integrar a pauta da qualidade do ar às negociações da COP30 é uma forma de mostrar ao mundo que o país pode ser referência em uma nova visão: a que coloca o bem-estar das pessoas no centro da ação climática.

Brasilia-coberta-por-fumaca-por-Joedson-Alves-Agencia-Brasil-400x267 Qualidade do ar: o elo invisível nas soluções climáticas, rumo à COP30

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Alguns caminhos estratégicos se destacam:

🌱 1. Soluções baseadas na natureza (SbN)

Proteger florestas significa preservar a biodiversidade e garantir a qualidade do ar. Florestas e áreas verdes urbanas atuam como filtros naturais, absorvendo poluentes e regulando o microclima. Investir em restauração florestal é investir em saúde preventiva e resiliência climática.

🏙️ 2. Urbanismo e arquitetura sustentáveis

Cidades verdes, com transporte público eficiente, ciclovias, fachadas vegetadas e áreas arborizadas, reduzem emissões e melhoram o fluxo do ar. A neuroarquitetura e o design biofílico também mostram como os espaços construídos influenciam diretamente o bem-estar e a saúde respiratória.

⚙️ 3. Tecnologias limpas e inteligentes

Inovações como sistemas de purificação por radiação UV-C, sensores de qualidade do ar, ventilação inteligente e filtros de alta eficiência estão transformando ambientes internos. Escolas, hospitais e empresas que adotam essas tecnologias reduzem significativamente a exposição a poluentes e melhoram a produtividade e o conforto.

☀️ 4. Transição energética e eficiência

Substituir combustíveis fósseis por fontes limpas – solar, eólica, biomassa – é essencial para reduzir emissões e melhorar a qualidade do ar. A energia limpa é, ao mesmo tempo, ação climática e ação de saúde pública.

O elo invisível nas negociações climáticas

Curiosamente, apesar da centralidade do tema, a qualidade do ar ainda é um elo invisível nas negociações internacionais sobre clima. O foco costuma recair sobre o carbono, a energia e a biodiversidade — todos essenciais — mas o ar, que conecta todos esses elementos, raramente ganha destaque.

A COP30 tem o poder de mudar isso. Ao pautar a qualidade do ar, o Brasil pode demonstrar que saúde e clima são agendas inseparáveis. Respirar ar limpo não é um luxo: é uma condição essencial para que crianças aprendam, trabalhadores sejam produtivos e comunidades prosperem.

Colocar o ar no centro das políticas climáticas é também acelerar o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS):

ODS 3 – Saúde e Bem-Estar

ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis

ODS 13 – Ação Climática

Tratar do ar é, portanto, trabalhar por todos eles ao mesmo tempo.

A inovação brasileira como resposta: o exemplo da Light Air

Nesse contexto, o Brasil também se destaca por meio de iniciativas nacionais de tecnologia e inovação, que mostram que soluções concretas já estão sendo implementadas aqui.

A Light Air, empresa brasileira de consultoria e tecnologia ambiental, nasceu com o propósito de tornar o invisível visível. Focada na qualidade do ar interno, a empresa atua na interseção entre ciência, sustentabilidade e saúde, desenvolvendo soluções que medem, monitoram e melhoram o ar que respiramos em ambientes fechados — onde passamos cerca de 90% do nosso tempo.

A Light Air une engenharia, saúde e ESG, oferecendo desde diagnósticos ambientais até sistemas integrados de purificação com radiação UV-C, sensores inteligentes e estratégias de eficiência energética.

Com base no tripé Pessoas – Negócios – Meio Ambiente, a Light Air demonstra que cuidar do ar é cuidar da produtividade, da saúde e da sustentabilidade financeira das organizações.

🌬️ Inovação com propósito

Os projetos da Light Air já contemplam ambientes críticos como hospitais, clínicas odontológicas, escolas, restaurantes e espaços corporativos, garantindo ar mais limpo e ambientes mais saudáveis. Além de reduzir a propagação de vírus, fungos e bactérias, suas soluções contribuem para a redução de absenteísmo, melhoria da performance cognitiva e bem-estar geral.

Durante a COP30, trazer iniciativas como a da Light Air ao debate significa valorizar o protagonismo brasileiro em um tema que é global. Mostra que inovação, sustentabilidade e saúde podem caminhar juntas — e que as soluções climáticas podem nascer dentro de casa, nas empresas, nas escolas e nos espaços públicos.

Mais do que tecnologia, a Light Air propõe uma mudança de consciência: compreender que o ar limpo é um ativo estratégico, um diferencial competitivo e um símbolo de responsabilidade social.

Rumo a um futuro respirável

A COP30 em Belém é a oportunidade de mostrar ao mundo que o Brasil pode liderar um movimento que integra saúde, clima e justiça ambiental.

É hora de transformar o invisível em prioridade, de medir o que ainda não é medido e de implementar políticas públicas que tornem o ar limpo uma meta tangível.

Monitorar a qualidade do ar interno, incentivar transporte limpo, apoiar a inovação verde e estimular a transição energética são ações que convergem para um mesmo objetivo: garantir que o futuro seja respirável.

Um chamado à ação

Ar puro é ação climática, é saúde para todos, é justiça social.
Mas, acima de tudo, é um direito humano.

Ao colocar o tema no centro das discussões, o Brasil pode inspirar o mundo a agir.
E empresas como a Light Air mostram que o futuro já começou — aqui, agora, em cada ambiente que respira inovação.

Porque cuidar do invisível é cuidar do essencial.
E, rumo à COP30, o Brasil tem a chance de provar que o ar limpo é o verdadeiro indicador de prosperidade.

Texto por: Paula Machado – CEO da Light Air, cirurgiã-dentista e mestre em Ciências da Saúde. Lidera iniciativas em qualidade do ar interno e sustentabilidade, conectando ciência, saúde e inovação para um futuro mais equilibrado. Coordenadora do GT Saúde e Bem Estar da ABRAPS

Cidades e alimentação: como Porto Alegre e outras reinventam sistemas

Em um cenário marcado por secas, enchentes e ondas de calor que ameaçam a vida urbana, as cidades emergem como protagonistas na construção de resiliência. A alimentação — o que comemos, como produzimos, distribuímos e consumimos nossos alimentos — assume centralidade nessa tarefa, sendo ao mesmo tempo vulnerável aos choques climáticos e poderosa ferramenta de transformação.

Os sistemas alimentares têm papel decisivo no contexto das mudanças climáticas: são responsáveis por mais de um terço das emissões globais de gases de efeito estufa, e no Brasil, a agropecuária e o uso da terra lideram entre as fontes. Ao mesmo tempo, esses sistemas se fragilizam rapidamente sob o impacto de eventos extremos: secas cortam colheitas, inundações isolam cadeias logísticas, e a inflação dos alimentos atinge com mais força as periferias urbanas.

Diante dessa realidade, estratégias que nasçam localmente, com ritmo mais rápido que as políticas nacionais esmagadoramente centralizadas, ganham relevância. Hortas urbanas, cozinhas comunitárias, circuitos curtos de comercialização — todas essas práticas, bem conhecidas em tempos de crise, assumem um papel duplo: reduzem emissões de transporte, reforçam soberania alimentar e fortalecem a segurança alimentar. Nesse contexto, políticas urbanas de alimentação articuladas à agenda climática não são meramente desejáveis — são fundamentais para construir sistemas com capacidade de prevenir, antecipar, absorver, adaptar e transformar diante de choques, conforme diretrizes da FAO para sistemas alimentares urbano-regionais (CRFS).

Alguns municípios brasileiros já mostram que isso é possível. Em Porto Alegre (RS), por exemplo, durante as enchentes de 2024 que deixaram bairros ilhados por dias, as redes de cozinhas solidárias integradas aos Pontos Populares de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (PPSSAN) atuaram como pontos de apoio nutricional, logístico e emocional. Uma das unidades chegou a preparar mais de 117 mil refeições em poucas semanas — com insumos da agricultura familiar e da solidariedade popular. A prefeitura e o governo estadual incorporaram essa atuação ao escopo da política pública municipal.
Em Belo Horizonte (MG), a política consolidada de Segurança Alimentar e Nutricional já incorpora hortas urbanas, feiras agroecológicas, captação de água da chuva e restaurantes populares — e, mais recentemente, o tema das mudanças climáticas foi inserido explicitamente no plano municipal de alimentação.
No Recife (PE), a aposta envolve agroecologia urbana, alimentação escolar baseada em produtos frescos de origem local e a criação de uma Secretaria Executiva de Agricultura Urbana que articula plantio urbano, reaproveitamento de resíduos orgânicos e captação hídrica — reduzindo emissões de transporte e reforçando a segurança nas periferias vulneráveis ao clima.

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Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará

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Por fim, em Santarém (PA), todas as escolas municipais são abastecidas por produtos frescos da agricultura familiar. A secretaria municipal de educação organiza os cardápios em diálogo com nutricionistas e coordena a logística em três regiões distintas — urbana, planalto e ribeirinha (acessada por via fluvial). O modelo encurta cadeias de abastecimento, valoriza a produção local e reforça a adaptação climática.

Esses casos evidenciam que fortalecer sistemas alimentares locais não é apenas uma questão de garantir comida no prato — trata-se de cuidar do solo, da água, da biodiversidade, da memória alimentar, do território, das relações. Mas ainda persistem barreiras: falta de coordenação entre políticas nacionais e locais; baixa participação de atores comunitários; escassez de financiamento para infraestrutura alimentar; ausência de indicadores claros para medir transformação e resiliência. O relatório da FAO avisa: muito do que se faz por “absorção” de choque permanece reativo, e os sistemas retornam ao funcionamento anterior, perdendo a chance de transformação profunda.

É urgente que cidades deixem de ver-se apenas como receptoras de impactos e passem a agir como laboratórios vivos de justiça climática e alimentar. A alimentação urbana, nesse sentido, é um campo estratégico para a ação: modular cadeias, encurtar distâncias, envolver comunidades, reconstruir práticas alimentares saudáveis e locais. A importância da “pequena área” — o bairro, a horta comunitária, o restaurante popular, a feira local — nunca foi tão alta. Porque, se não for nas pequenas escalas, a resiliência não se sustenta. E se não for localmente enraizada, a sustentabilidade não vira transformação.

Plástico da COP30 em Belém vira tijolos, lixeiras e bancos para a cidade

Em Belém do Pará, a chegada da COP30, a 30ª conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, traz consigo uma iniciativa que vai além dos debates: transformar resíduos plásticos gerados durante o evento em bancos de praça, tijolos e lixeiras. A responsável por essa virada sustentável é a Concaves, Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis, de Belém, em parceria com a startup paraense FlexStone.

A proposta vai bem além da simples coleta seletiva. O plano é processar até sete toneladas por mês de plásticos pouco aproveitados comercialmente, material que, tradicionalmente, iria direto para aterros ou incineradores. A inovação está no maquinário desenvolvido pela FlexStone, que transforma esses plásticos em “britas ecológicas”: pequenas pedras artificiais que substituem minerais na construção civil, podendo servir de base para tijolos, mobiliários urbanos ou lixeiras. A tecnologia opera com alta temperatura e pressão, sem queima ou uso de água, características críticas em um contexto amazônico.

Para a cooperativa, a oportunidade abre caminho para negócio e dignidade. O catador Jonas de Jesus, cooperado há 22 anos, afirma que a iniciativa é “a realização de toda a união e o esforço dos cooperados”, mostrando que a coleta seletiva em Belém “é rentável e é um bom negócio para a cidade”. Já a presidente da Concaves, Débora Baía, destaca que, na região amazônica, “é uma solução essencial, porque já temos grande dificuldade logística para comercializar plástico”.

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Reprodução

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A operação ganha fôlego com o evento. A expectativa é que boa parte do plástico reutilizável venha da Cúpula dos Povos, espaço paralelo à COP30 organizado pela sociedade civil entre 12 e 16 de novembro na Universidade Federal do Pará (UFPA), com público estimado em 15 mil pessoas. Também a Freezone, área com gastronomia e cultura, deverá contribuir com resíduos. A cooperativa vai trabalhar em turnos, inclusive à madrugada, para processar os materiais 24 horas por dia, em parceria com a Prefeitura de Belém e outras associações de catadores.

Além disso, a sede da Concaves, localizada próxima à travessia Belém-Arapari, tem 3.000 m² e está em reforma, com financiamento da Itaipu Binacional, para ampliar sua triagem e processamento durante o evento. Após a reforma, a capacidade será de 300 toneladas de materiais recicláveis por mês. Em 2024, a cooperativa já havia processado 469 toneladas de papel, 274 toneladas de plástico, 165 toneladas de metal e 84 toneladas de vidro.

No quadro maior das mudanças climáticas, a iniciativa de Belém mostra como resíduos urbanos e economia circular se entrelaçam: a transformação de plástico descartado em material de construção protege o ambiente e cria valor. E, mais importante, reforça a visibilidade e a valorização do trabalho de catadores, historicamente invisibilizados. Como afirma Débora Baía: “antes, como catadora, eu sempre dizia: ‘Quero que a minha filha estude, porque eu não quero vê-la na catação’. Hoje, eu digo o contrário. A minha filha está estudando, se tornando técnica em meio ambiente, e eu espero, sim, que ela esteja na Concaves.”

Se olharmos para além da COP30, esse esforço pode se tornar modelo para outras regiões da Amazônia Legal que enfrentam desafios logísticos e de mercado para resíduos plásticos. O que está em jogo não é só a redução dos danos ambientais, mas a construção de uma economia circular com protagonismo local, geração de emprego e real transformação urbana.

Ipaam reforça lista de atividades sob licenciamento da SemmasClima e explica critérios de baixo impacto ambiental

O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) reforçou à população e ao setor produtivo que diversas atividades classificadas como de baixo impacto ambiental agora são de competência da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Mudança do Clima (SemmasClima), órgão da Prefeitura de Manaus. A medida, alinhada à Lei Complementar nº 140/2011, busca aprimorar a repartição de responsabilidades entre os entes federativos e garantir mais agilidade nos processos de licenciamento ambiental.

Segundo o diretor-presidente do Ipaam, Gustavo Picanço, a iniciativa tem como objetivo organizar o fluxo de atendimento e esclarecer à população qual órgão deve ser procurado em cada caso. “Atividades de pequeno porte e menor impacto ambiental devem ser tratadas diretamente com a SemmasClima. Assim, o Ipaam concentra esforços em empreendimentos mais complexos, enquanto o município atende demandas mais simples e cotidianas”, explicou.

O dirigente destacou que a descentralização do licenciamento traz ganhos de eficiência tanto para o poder público quanto para os empreendedores. Com o novo arranjo, o Ipaam poderá direcionar equipes técnicas para análises de projetos que envolvem maior risco ou relevância ambiental, ao passo que o município passa a atender solicitações de negócios de menor porte, otimizando o tempo de resposta.

Entre as atividades agora licenciadas pela SemmasClima estão lavagem e troca de óleo de veículos, lavanderias, dedetização, manutenção de máquinas e equipamentos, envase de toner, coleta e transporte de resíduos e esgoto sanitário de pequeno porte. No setor da construção civil, o repasse inclui loteamentos e obras habitacionais de menor escala, usinas de concreto, terraplenagem e abertura ou recuperação de ramais.

O setor industrial também passa a contar com uma série de empreendimentos sob a alçada municipal. Estão entre eles padarias, confeitarias, fabricação de sorvetes, beneficiamento e envasamento de alimentos, serralherias, estruturas metálicas, esquadrias, moldes e artefatos de ferro e alumínio sem tratamento químico. Pequenas indústrias de gráfica, perfumaria, cerâmica, têxteis e farmacêuticos completam a lista.

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FOTOS: José Narbaes/Arquivo

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Para serem classificadas como de baixo impacto, as atividades precisam atender a critérios específicos relacionados à área útil, ao porte e ao potencial poluidor. Em geral, são enquadradas nessa categoria as operações com área útil inferior a 1 hectare ou, no caso de loteamentos e obras habitacionais, até 10 hectares. No setor de infraestrutura, ramais com até 3 quilômetros de extensão também se enquadram na categoria. O número de empregados e o potencial de poluição também são levados em conta.

Com a descentralização, os pedidos de licenciamento dessas atividades devem ser feitos diretamente à SemmasClima, que passa a ser responsável pela análise, emissão de autorizações e fiscalização. O Ipaam continua atuando nos empreendimentos de maior complexidade ou impacto, como hidrelétricas, portos, mineração e grandes obras de infraestrutura.

O processo é parte de uma tendência nacional de fortalecimento da gestão ambiental municipal, prevista na Lei Complementar nº 140, que incentiva a cooperação entre União, estados e municípios na proteção do meio ambiente. A legislação reconhece que a atuação mais próxima das comunidades e dos empreendedores locais facilita o monitoramento e reduz a sobrecarga dos órgãos estaduais.

Segundo técnicos do Ipaam, a mudança também permite aproximar o licenciamento das realidades locais, já que o município possui melhor conhecimento do território e das condições ambientais. A descentralização, afirmam, não significa fragilização do controle, mas sim uma redistribuição inteligente de responsabilidades.

A lista completa das atividades repassadas, com os respectivos códigos e especificações técnicas, está disponível no site do Ipaam e pode ser consultada também junto à SemmasClima, responsável pelo licenciamento e fiscalização no município.

A medida reforça o compromisso dos órgãos ambientais do Amazonas em aperfeiçoar a governança ambiental, fortalecendo o papel dos municípios e tornando o sistema de licenciamento mais acessível, transparente e eficiente.

Evento global reúne especialistas em restauração ecológica e marca presença brasileira

Entre 29 de setembro e 4 de outubro de 2025, a cidade de Denver, no estado do Colorado (EUA), sediou a 11ª edição da 11th World Conference on Ecological Restoration — mais conhecida pela sigla SER 2025, evento promovido pela Society for Ecological Restoration (SER) para reunir a comunidade global voltada à restauração ecológica. O encontro contou com cerca de 1.400 participantes de 75 países, entre pesquisadores, gestores, técnicos e representantes de governos — uma demonstração da amplitude e relevância que o tema vem ganhando.

A delegação brasileira teve entre seus membros representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que apresentou cases e ferramentas de gestão voltados à restauração ecológica no Brasil. Um dos destaques foi a plataforma Recooperar, cuja finalidade é consolidar dados sobre áreas degradadas ou alteradas sujeitas à recuperação, fortalecendo a governança ambiental.

Da teoria à prática: lições e trajetórias

Durante o evento, especialistas apresentaram resultados concretos de restauração em biomas variados — mangues, zonas áridas, pradarias, florestas e até em áreas urbanas — refletindo o caráter multifacetado da restauração ecológica moderna. A programação de SER 2025 destacou temas como “Restoration in my backyard – urban context” e “From commitment to action on global targets”, sinalizando que a restauração já não é apenas discurso, mas ação que integra clima, biodiversidade e mobilização social.

No Brasil, a participação trouxe ao palco internacional duas frentes importantes: inovação tecnológica em monitoramento e licenciamento (com a Recooperar), e avanços em regulação de sementes nativas, apresentados por analistas do Ibama. Em campo, os representantes brasileiros também participaram de visitas a restaurações de pradarias nos EUA, o que permitiu uma troca de experiências diretamente relacionada a ecossistemas abertos no Brasil, como os campos nativos ou a savana do Cerrado.

8a8b0c3e-4a47-47f2-a230-39ee44ee5c67-400x182 Evento global reúne especialistas em restauração ecológica e marca presença brasileira
Evento em Denver (EUA) reuniu cerca de 1.400 especialistas de 75 países – Foto: SER2025

VEJA TAMBÉM: Bioeconomia é aposta para viabilizar restauração florestal

Significado para o Brasil — e para o mundo

O impacto desse tipo de conferência extrapola o encontro em si. Estamos em meio à UN Decade on Ecosystem Restoration (Década das Nações Unidas para a Restauração de Ecossistemas) e ao novo Kunming–Montreal Global Biodiversity Framework, que estabelecem metas ambiciosas de restauração até 2030. SER 2025 funcionou como plataforma de aceleração dessas agendas: conectar ciência, prática, política pública e mercados para restaurar ecossistemas degradados em escala.

Para o Brasil, o evento reforça que restauração ecológica não é apenas replantio pontual, mas componente estratégico de enfrentamento da mudança climática, conservação da biodiversidade e geração de soluções socioambientais. Ferramentas como a Recooperar mostram o salto de gestão que o país busca: transparência, dados geoespaciais e governança alinhadas às metas internacionais.

Desafios e caminhos

Mesmo com mobilização crescente, há desafios concretos. Entre eles, compatibilizar a escala das intervenções com a variedade de ecossistemas brasileiros, assegurar que a restauração seja também regeneração sustentável, integrar comunidades locais, e garantir financiamento privado e público. A participação brasileira no evento coloca o país em posição de protagonismo — mas demanda continuidade, articulação e supervisão para que os compromissos se traduzam em hectares efetivamente recuperados.

Além disso, o intercâmbio internacional promove o aprendizado de práticas de monitoramento, licenciamento, tecnologias de restauração e impactos sociais — elementos que a conferência destacou como essenciais à “qualidade” das intervenções e não apenas à “quantidade”.

Em síntese

A SER 2025 foi um ponto de encontro estratégico para a restauração ecológica global e para o Brasil em particular. A participação do Ibama, a apresentação de ferramentas como a Recooperar e a troca de saberes entre ecossistemas evidenciam que o país já está engajado nessa frente. Agora, resta transformar esse engajamento em resultados no campo — hectares restaurados, biodiversidade recuperada, comunidades envolvidas e metas alcançadas. A restauração ecológica, portanto, segue de compromisso a ação.

MPF reforça necessidade de marco legal para responsabilizar empresas por violações de direitos humanos

O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), transformou-se em um símbolo trágico da ausência de mecanismos eficazes de responsabilização empresarial. Anos depois, com a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) se aproximando, o tema volta ao centro do debate: é possível conciliar desenvolvimento econômico e respeito aos direitos humanos sem um marco legal robusto? Para o Ministério Público Federal (MPF), a resposta é clara — e urgente.

Coordenada pela Comissão de Direitos Humanos e Empresas da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), a atuação do órgão busca preencher um vácuo histórico na legislação brasileira: a ausência de normas obrigatórias que obriguem empresas a prevenir, conter e reparar violações de direitos fundamentais. Para o procurador federal dos Direitos do Cidadão, Nicolao Dino, a pauta transcende disputas jurídicas. “Proteger direitos e oferecer segurança jurídica não são caminhos opostos — são dimensões complementares de um mesmo esforço civilizatório. Nenhuma atividade econômica deve prosperar à custa de direitos fundamentais”, defende.

Da tragédia à construção institucional

A comissão nasceu em 2016, impulsionada por demandas da sociedade civil após o desastre de Mariana — causado pela Samarco Mineração S.A. — e pelas violações socioambientais associadas à Usina Hidrelétrica de Belo Monte, controlada pela Norte Energia. Desde então, o grupo ampliou sua estrutura e papel político, consolidando-se como referência nacional no debate sobre a interface entre empresas e direitos humanos.

Composta por sete procuradores, a comissão atua em três frentes: fortalecimento de políticas públicas, responsabilização de empresas e difusão de conhecimento. O trabalho inclui notas técnicas, audiências públicas, produção de estudos e articulação com órgãos governamentais, academia e sociedade civil.

O procurador Thales Coelho, coordenador da comissão, explica que o objetivo é garantir que o país avance de compromissos voluntários para normas efetivas. “Precisamos de instrumentos normativos vinculantes, que tornem obrigatória a devida diligência e criem caminhos reais de reparação às vítimas. Sem isso, continuaremos reféns de tragédias anunciadas.”

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IV Consulta Regional sobre Empresas e Direitos Humanos para a América Latina e o Caribe, realizada em 2019 – Divulgação/MPF

SAIBA MAIS: MPF articula medidas para proteger povos tradicionais na COP30

O PL 572/2022: um marco para o século XXI

Um dos principais pontos de atuação do MPF é o Projeto de Lei 572/2022, que institui o marco nacional sobre empresas e direitos humanos. A proposta estabelece obrigações jurídicas para prevenir e reparar violações, transformando a chamada “devida diligência” em dever legal. Também prevê mecanismos de responsabilização empresarial e amplia o acesso à justiça para comunidades e trabalhadores afetados.

A nota técnica emitida pela PFDC em março de 2025 é categórica: o Brasil vive um vácuo regulatório que favorece a impunidade corporativa. A falta de regras claras permite que práticas abusivas avancem, gerando impactos sociais e ambientais irreversíveis.

O texto do projeto foi construído de forma participativa, com audiências e escutas populares. “O PL traz previsibilidade às empresas e fortalece os direitos das populações afetadas. Ele cria um arcabouço jurídico que une dignidade, transparência e sustentabilidade”, reforça Coelho.

Reparação integral e protagonismo das vítimas

Outro avanço do projeto está na forma como trata a reparação. O texto prevê que a gravidade e o impacto de cada violação determinarão o tipo de compensação, assegurando a centralidade das vítimas no processo. O PL cria ainda um fundo de reparação, a ser administrado por comunidades atingidas, garantindo participação direta e autonomia nas decisões.

Durante audiência pública realizada pelo MPF em agosto de 2024, representantes de órgãos públicos, empresas e organizações civis defenderam a urgência da medida. O debate integrou a série de ações da campanha “MPF: Guardião do Futuro, Protetor de Direitos”, que vem destacando, até a COP30, o papel da instituição na defesa da justiça socioambiental.

Alinhamento internacional e novas frentes

O MPF argumenta que a aprovação do PL 572/2022 pode reforçar o papel do Brasil no Sistema Interamericano de Direitos Humanos, evitando condenações internacionais por omissão estatal. A Corte Interamericana de Direitos Humanos já reconheceu que os Estados têm o dever de prevenir violações decorrentes de atividades empresariais, com medidas jurídicas, políticas e administrativas eficazes.

A comissão também acompanha temas emergentes, como violações em cadeias produtivas globais, abusos cometidos por grandes empreendimentos, cooperação de empresas com regimes autoritários (justiça de transição corporativa) e práticas de “socialwashing” — ações de marketing social desvinculadas de compromissos reais com direitos humanos.

Para o procurador Nicolao Dino, o enfrentamento das violações corporativas exige mais do que boas intenções. “Não basta retórica ou voluntarismo empresarial. Precisamos consolidar obrigações jurídicas eficazes e justas. O desenvolvimento sustentável não se faz sem dignidade, nem a dignidade se sustenta sem responsabilidade.”

Às vésperas da COP30, o Brasil tem diante de si a oportunidade de redefinir os parâmetros de sua economia à luz da justiça climática e dos direitos humanos. O futuro, como defende o MPF, dependerá de como o país responderá à pergunta que Mariana e Belo Monte deixaram em aberto: quem paga o preço do progresso?

Agropalma amplia impacto socioambiental no Pará com programa SOMAR e reforça protagonismo amazônico rumo à COP30

Com indicadores sociais abaixo da média nacional e desafios históricos de renda, saúde e educação, a região exige respostas que integrem sustentabilidade e inclusão. Nesse contexto, a Agropalma, reconhecida internacionalmente pela produção sustentável de óleo de palma, vem se consolidando como um dos agentes privados mais relevantes na construção desse caminho por meio do programa SOMAR – sua principal plataforma de responsabilidade socioambiental.

Amazônia além da floresta: desafios humanos e sociais

O bioma amazônico ocupa 6% da superfície terrestre e abriga a maior biodiversidade do planeta. Ao mesmo tempo, é cenário de desigualdades profundas. Estados como Pará, Amazonas e Maranhão estão entre os que apresentam os piores índices de desenvolvimento humano do Brasil, segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano. Esse contraste entre abundância natural e fragilidade social revela o tamanho da tarefa: promover dignidade, segurança e oportunidades para milhões de pessoas enquanto se protege a floresta.

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José Brás Pereira, inspetor florestal, protege as reservas da Agropalma contra caçadores e madeireiros há 32 anos

A ciência alerta para os riscos do chamado “ponto de não retorno”, quando a perda de vegetação comprometeria a capacidade de a Amazônia se regenerar. Mas também aponta que políticas públicas e investimentos privados consistentes podem transformar o bioma em vitrine de uma transição justa, onde conservação e crescimento caminham juntos. É nessa interseção que a Agropalma aposta desde sua fundação, há mais de 40 anos, e que ganhou nova forma com a estruturação do SOMAR em 2023.

O programa SOMAR: responsabilidade socioambiental estruturada 

O SOMAR é fruto da evolução de iniciativas socioambientais iniciadas em 2003 e, desde 2023, atua com metodologia definida e apoio da Earthworm Foundation. O programa promove diálogo direto entre empresa, comunidades e parceiros, transformando demandas locais em projetos que geram resultados concretos. Mais do que reduzir vulnerabilidades, busca engajar moradores como protagonistas de seu próprio desenvolvimento, unindo preservação da floresta a geração de renda e acesso a oportunidades.

Mulheres_da_Vila_S_o_Vicente_em_Moju_PA_beneficiadas_pelo_SOMAR Agropalma amplia impacto socioambiental no Pará com programa SOMAR e reforça protagonismo amazônico rumo à COP30
Mulheres da Vila São Vicente, em Moju (PA), beneficiadas pelo SOMAR

Em apenas dois anos, o programa já impactou positivamente a vida de mais de mais de 10 mil pessoas em 34 comunidades nos municípios de Tailândia, Moju, Acará e Tomé-Açú, incluindo assentamentos, núcleos rurais, e urbanos e populações tradicionais e associações de produtores. Assim, a iniciativa avança em frentes diversas: trabalho e renda, empoderamento, infraestrutura, educação e cultura.

Resultados transformadores e expressivos que sobressaem  

Fortalecimento econômico: mais de 400 contratações diretas realizadas dentro das comunidades. O Programa de Agricultura Familiar e Integrada, existente desde 2002, já assegura renda média superior ao dobro do PIB per capita brasileiro aos produtores locais, garantindo perspectivas às novas gerações rurais.

Capacitação e empoderamento: 46 moradores participaram de cursos de gestão financeira, 40 receberam formação em processamento de frutas e 51 mulheres foram capacitadas em projetos de empoderamento feminino, reforçando o protagonismo da mulher rural em áreas de acesso limitado a qualificação.

Infraestrutura básica: melhorias em estradas e pontes beneficiaram cerca de 1.000 pessoas; a doação de caixas d’água levou segurança hídrica a mais de 1.300 moradores.

Educação ambiental e cultura: palestras sobre preservação alcançaram 1.400 pessoas; projetos como Jornada Jovem Consciente (87 participantes), Participa Jovem (119 jovens), Cine Agropalma e (Re)ciclo de Cinema reuniram mais de 2.600 crianças e jovens, muitos deles tendo sua primeira experiência no cinema.

Saiba mais- Relatório de Sustentabilidade da Agropalma

Saiba mais- Agropalma reforça compromisso com a biodiversidade e impulsiona pesquisas na Amazônia

Saúde e bem-estar: campanhas de prevenção ao câncer de mama, como o Outubro Rosa, beneficiaram mais de 100 mulheres.

Além dessas frentes, o SOMAR promoveu doações de brinquedos em escolas da região, ações de voluntariado corporativo, plantio de mudas nativas e fornecimento de materiais didáticos. A proposta é somar esforços com o poder público e ampliar a resiliência das comunidades.

Vozes da transformação 

Para Monica Neves, gerente de Responsabilidade Socioambiental da Agropalma, o impacto real vai além dos relatórios: “O maior ganho está em ver uma família prosperando na agricultura, um jovem descobrindo sua vocação ou uma mulher tornando-se liderança em sua comunidade. Cada vida transformada é prova de que estamos no caminho certo.”

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O programa já impactou positivamente a vida de mais de mais de 10 mil pessoas em 34 comunidades nos municípios de Tailândia, Moju, Acará e Tomé-Açú, incluindo assentamentos, núcleos rurais, e urbanos e populações tradicionais e associações de produtores

Na mesma linha, Wander Antunes, coordenador do programa, destaca a conexão com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. “O SOMAR reafirma nosso compromisso com a sustentabilidade e com os direitos humanos, alinhando inovação e responsabilidade social para construir um futuro em que sociedade e meio ambiente prosperem juntos”.

Legado para a Amazônia e para o mundo 

A atuação da Agropalma no Pará simboliza como a iniciativa privada pode ir além do discurso, assumindo papel ativo na transformação de territórios vulneráveis. Ao conectar conservação ambiental e desenvolvimento humano, o SOMAR coloca comunidades amazônicas como protagonistas de soluções que dialogam com a agenda global da COP30 e com os compromissos internacionais de clima e direitos humanos.

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Mais que um programa corporativo, o SOMAR se apresenta como uma plataforma de inclusão e esperança. Um lembrete de que a preservação da Amazônia passa não apenas pela floresta em pé, mas também pelo fortalecimento das pessoas que nela vivem. Afinal, sem justiça social não há sustentabilidade possível.

 

 

Cupins: engenheiros invisíveis que moldam os ecossistemas sul-americanos

Ocupando um espaço essencial, embora muitas vezes incompreendido, os cupins estão longe de ser apenas pragas urbanas. Um novo livro, elaborado por 58 pesquisadores de diversos países e editado por professores da Universidade Federal do ABC (UFABC), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), reúne o conhecimento mais atualizado sobre esses insetos sociais que há milhões de anos desempenham um papel silencioso, porém decisivo, na manutenção da vida terrestre.

A obra “Cupins da América do Sul”, disponível gratuitamente, surge como um marco de referência. Com 879 páginas e 29 capítulos, o livro revisita desde a origem e evolução dos cupins até suas interações ecológicas e sociais. É o primeiro grande compêndio sobre o tema em mais de duas décadas, resultado de uma lacuna percebida pelos organizadores Ives Haifig, Alberto Arab e Tiago Carrijo, todos professores do Centro de Ciências Naturais e Humanas da UFABC.

A proposta nasceu em 2019, durante o V Simpósio de Termitologia, quando pesquisadores de diferentes países identificaram a necessidade de uma obra que unificasse o vasto conhecimento sobre os cupins neotropicais. A produção enfrentou desafios — especialmente durante a pandemia de COVID-19 —, mas culminou em um lançamento simbólico no VIII Simpósio de Termitologia, realizado no campus da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande.

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foto: Renato Machado

SAIBA MAIS: Membros do ecossistema amazônico se unem para desenhar o futuro da bioeconomia na COP30

Muito além das pragas

A má fama dos cupins esconde uma realidade mais complexa: apenas 3% das quase 3 mil espécies conhecidas causam prejuízos à madeira ou às construções humanas. No Brasil, as principais espécies invasoras são exóticas, originárias de regiões como Ásia, Chile e Peru. No ambiente natural, porém, esses insetos são verdadeiros engenheiros ecossistêmicos, capazes de alterar a estrutura do solo e criar habitats que favorecem outras espécies.

Segundo Haifig, o livro busca “reconciliar o público com a biologia desses insetos” e revelar sua importância para o equilíbrio ambiental. Ele explica que os cupins “participam da ciclagem de nutrientes e ajudam a manter a umidade do solo”, funções essenciais em tempos de mudanças climáticas e degradação ambiental.

Arquitetos do subsolo e guardiões do carbono

Os cupins têm uma biomassa equivalente à dos seres humanos — uma comparação que ilustra sua presença e influência no planeta. Alberto Arab, também pesquisador da UFABC, destaca que eles decompõem a biomassa vegetal, transformando restos de plantas em nutrientes disponíveis para outros organismos. Além disso, cerca de 40% do carbono consumido por esses insetos fica armazenado em seus corpos, o que contribui para a regulação de gases de efeito estufa.

Arab coordenou o projeto “Efeito da dieta na diversidade bacteriana do trato digestivo de cupins”, apoiado pela FAPESP, e explica que, embora emitam metano, parte desse gás é consumida por arqueias metanotróficas, microrganismos que o convertem em CO₂, menos nocivo. Essa dinâmica complexa ilustra como os cupins integram ciclos bioquímicos cruciais à estabilidade climática.

Durante enchentes, suas galerias subterrâneas ajudam na infiltração da água; durante secas, trazem umidade das camadas profundas para a superfície, beneficiando o crescimento de plantas. Em regiões tropicais, a presença de cupinzeiros aumenta a fertilidade e a retenção de água do solo — uma engenharia natural que inspira até soluções agrícolas.

Ciência, educação e diálogo com o público

Além de reunir dados científicos, o livro dedica um capítulo à divulgação científica. Tiago Carrijo, um dos editores, enfatiza a importância de comunicar o conhecimento sobre esses insetos ao público leigo. Ele é fundador do projeto Wikitermes, uma plataforma que disponibiliza informações sobre cupins e promove atividades educativas em escolas.

Em parceria com Joice Paulo Constantini, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ-USP), Carrijo relata a experiência de usar a produção de conteúdo científico como ferramenta pedagógica: “A constância e a prática de traduzir a ciência em narrativas acessíveis permitem que novas gerações entendam a relevância desses organismos para o equilíbrio ambiental”.

A iniciativa reflete uma visão mais ampla sobre o papel da ciência — não apenas como produção de conhecimento técnico, mas como ponte entre pesquisa, sociedade e políticas públicas. Ao reunir especialistas de sete países, “Cupins da América do Sul” reafirma o potencial da colaboração científica latino-americana e o compromisso com o acesso aberto ao conhecimento.

Revista Amazônia – Edição de Setembro traz o esquenta da COP30 e destaca o protagonismo amazônico nas soluções globais para o clima

A edição de setembro da Revista Amazônia chega em ritmo de aquecimento para a COP30, que será realizada em novembro em Belém. A publicação traz uma série de reportagens que mostram como o planeta se mobiliza em torno do clima e como a Amazônia, mais do que cenário, se afirma como protagonista no debate sobre sustentabilidade, economia verde e governança ambiental.

01 Revista Amazônia – Edição de Setembro traz o esquenta da COP30 e destaca o protagonismo amazônico nas soluções globais para o climaEntre os destaques, está a reportagem sobre a Agropalma, que amplia o impacto socioambiental no Pará com o programa SOMAR. A empresa, reconhecida internacionalmente pela produção sustentável de óleo de palma, vem consolidando parcerias que unem inclusão social, renda e sustentabilidade em comunidades amazônicas. O projeto simboliza uma nova fase da responsabilidade corporativa na região, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e ao espírito da COP30.

02 Revista Amazônia – Edição de Setembro traz o esquenta da COP30 e destaca o protagonismo amazônico nas soluções globais para o climaA Cúpula do Clima 2025, realizada durante a abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU, é outro ponto alto da edição. O encontro reuniu líderes de todo o mundo para apresentar compromissos concretos e fortalecer a agenda de ação climática antes da conferência de Belém. Os Diálogos de Soluções Climáticas, realizados nos dias que antecederam a cúpula, resultaram em propostas voltadas para acelerar a transição energética, ampliar o financiamento climático e integrar comunidades tradicionais à governança ambiental.

03 Revista Amazônia – Edição de Setembro traz o esquenta da COP30 e destaca o protagonismo amazônico nas soluções globais para o climaA revista também acompanha o 5º Congresso Mundial de Reservas da Biosfera, promovido pela UNESCO, que discutiu o futuro dessas áreas protegidas no mundo e aprovou um novo plano de ação até 2035. O encontro destacou o papel das reservas como espaços vivos de inovação social, conservação e aprendizado — um modelo que dialoga diretamente com os desafios amazônicos e as metas de biodiversidade.

04 Revista Amazônia – Edição de Setembro traz o esquenta da COP30 e destaca o protagonismo amazônico nas soluções globais para o climaCom olhar voltado à economia, a reportagem Royalties da mineração na Amazônia: para onde vai o dinheiro? analisa a destinação dos recursos gerados pela exploração mineral e os contrastes regionais nos investimentos públicos. Apesar do crescimento de 7,5% no faturamento do setor em 2025, o desafio permanece o mesmo: transformar riqueza natural em desenvolvimento social sustentável.

05 Revista Amazônia – Edição de Setembro traz o esquenta da COP30 e destaca o protagonismo amazônico nas soluções globais para o climaEm escala global, a 42ª Reunião da ONU-Água reforçou o papel das políticas de integração hídrica e saneamento como eixos estruturantes da agenda ambiental. O encontro discutiu a necessidade de maior articulação entre as agências da ONU e governos nacionais para enfrentar crises hídricas crescentes — tema que também será central na COP30.

06 Revista Amazônia – Edição de Setembro traz o esquenta da COP30 e destaca o protagonismo amazônico nas soluções globais para o climaOs cientistas também soam um novo alerta. A reportagem A principal corrente do Atlântico pode começar a entrar em colapso já em 2055 detalha um estudo que aponta o enfraquecimento da Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), sistema que distribui calor entre os hemisférios e regula o clima global. Caso o colapso se confirme, os trópicos úmidos — incluindo a Amazônia — poderão enfrentar secas inéditas e mudanças drásticas nos regimes de chuva e temperatura.

Outros artigos completam o mosaico de temas desta edição:
– Florestas, biodiversidade e sociedades humanas
– A maioria dos políticos não sabe que estamos sem tempo para o clima
– NASA alerta: o sol está acordando lentamente
– A onda de calor que destruiu ecossistemas
– Áreas continentais de mega regiões de seca
– Os trópicos chuvosos podem enfrentar secas sem precedentes
– A maior corrente oceânica da Terra está parando
– Grande perda de gelo cria “fábricas de fertilizantes” subaquáticas
– Agrobiodiversidade para as pessoas e o planeta
– Novo mapa mostra onde há maior potencial agrícola no Brasil
– E uma curiosa descoberta científica: o peixe de águas profundas que tem dentes na testa e os usa em rituais de acasalamento.

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Novos focos de incêndio sobem sobre a Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO)

Na semana passada, raios que caíram durante tempestades na região provocaram um novo foco de incêndio dentro do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no estado de Goiás. Conforme relatório do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), somente nessa recente frente o fogo já avançou por cerca de 1,5 mil hectares da unidade de conservação.

Este novo episódio soma-se a uma anterior grande queima: a partir de 28 de janeiro, o incêndio anterior já havia consumido mais de 112 mil hectares — dos quais aproximadamente 900 hectares pertencem ao parque. A segunda frente, gerada pelos raios a partir de 14 de outubro, atingiu especificamente cerca de 653,4 hectares dentro da unidade. Entre elas, as chamas retornam à chapada mesmo após chuvas que, por um momento, davam a impressão de alívio.

A dinâmica do fogo

Depois de uma estação mais seca e de esforços de controle que pareciam surtir efeito, a região foi atingida por raios durante as chuvas — e esses raios se tornaram o gatilho de um novo foco dentro da unidade de conservação. O ponto de origem foi indicado próximo à região da Serra do Santana, área considerada estratégica e vulnerável, o que levou à interdição de algumas travessias no parque para garantir a segurança dos visitantes.

Para conter o avanço do incêndio, o ICMBio mobilizou equipes com uso de drones para monitoramento e definição das frentes de combate. O efetivo incluiu cerca de 30 brigadistas, dois helicópteros e dois aviões nessa fase. Atualmente, operam duas frentes principais: uma na região do Rio Preto e outra próxima à Fazenda Procópio, no município de Colinas do Sul. Na última frente atuam 14 brigadistas do ICMBio, dez da brigada Prevfogo (cinco da brigada Alto Paraíso 3 e cinco da Minasul) e seis voluntários de Colinas do Sul, totalizando 215 pessoas entre operacionais, logística e apoio.

chapadadosveadeiros1-400x240 Novos focos de incêndio sobem sobre a Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO)
ICMBio/Divulgação

SAIBA MAIS: UAVI do Brasil lança drone de combate a incêndios e planeja expansão internacional

Impactos e riscos

A repetição de focos de incêndio em áreas naturais protegidas lança luz sobre múltiplos desafios. Em primeiro lugar, há o risco direto à biodiversidade: o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros abriga fitofisionomias do bioma Cerrado, nascentes, córregos e fauna endêmica, o que o torna um lugar de valor ambiental único. A vegetação do cerrado, adaptada a fogo em certa medida, ainda assim sofre quando queimadas ocorrem fora de um regime natural, sobretudo em áreas de travessia, visitação ou com infraestrutura humana próxima.

Em segundo lugar, a segurança dos visitantes e frequentadores: a detonação de incêndio por raios, associada à condição de relevo e clima, torna certas trilhas e travessias mais perigosas. A necessidade de interdição parcial reforça que o turismo, a pesquisa e o lazer precisam conviver com detritos desse fenômeno.

Por fim, há o custo humano-operacional: mobilizar centenas de pessoas, aeronaves e equipamentos para combater o fogo em áreas de difícil acesso consome recursos, e repete-se com frequência crescente diante da mudança climática, do aumento de raios em tempestades e da variabilidade das chuvas. Os gestores em unidades como esta agora encaram não apenas o fogo iniciado por ação humana mas também aquele desencadeado pela natureza, o que exige revisão de protocolos, mais monitoramento e meios de detecção rápida.

Perspectivas e recomendações

Este novo episódio reforça a necessidade de olhar para o fogo no Cerrado com uma lente ampliada: não apenas como consequência do desmatamento ou de queimadas intencionais, mas também como resultado de fenômenos meteorológicos extremos, como raios em tempestades. As consequências são ambíguas: por um lado, o fogo faz parte da dinâmica do cerrado; por outro, quando ocorre em “fogueiras” maiores ou em momentos não-naturais, o dano ambiental, social e econômico se intensifica.

Para o parque, algumas ações se mostram essenciais:

  • Intensificar o monitoramento meteorológico e de descargas elétricas na região para antecipar possíveis focos desencadeados por raios.

  • Revisar os roteiros de visitação de modo a considerar risco elevado em períodos de tempestade ou instabilidade.

  • Fortalecer parcerias com comunidades locais, voluntários e brigadas para atuação rápida, dado que o acesso por helicóptero ou avião pode demorar.

  • Investir em educação ambiental junto a visitantes, moradores e empreendimentos na região para reduzir vulnerabilidades e preparar população para evacuação ou restrição de acesso quando necessário.

Em síntese, o fogo que se espalha hoje pela Chapada dos Veadeiros não é apenas um incêndio, é um alerta para que conservação, clima, visitação e ação humana estejam sincronizados numa paisagem que já foi palco de garimpos, turismo e natureza bruta. O desafio está lançado: preservar este patrimônio natural exige estratégia, prontidão e conscientização.
A Chapada segue belíssima, mas vulnerável. E a natureza lembra-nos que, às vezes, o fogo vem sem mãos humanas, trazido por um simples raio.

Micro e nanoplásticos invadem água, ar e alimentos humanos

A cada copo de água que você bebe, à beira-mar ou no prato de peixe que saboreia, pode haver uma nova forma de invasão silenciosa: minúsculas partículas plásticas que desafiam os horizontes visíveis da poluição. Um estudo recente conduzido por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro revela que os chamados micro e nanoplásticos deixaram de ser um problema apenas ambiental para se tornarem um desafio para a saúde humana.

Os plásticos sintéticos, produzidos massivamente desde meados do século passado, foram muito bem-documentados em seus impactos ao meio ambiente, os lixões, os oceanos repletos de resíduos, a fauna engolindo pacotes e sacos. Menos visível era o processo interno: à luz do sol, à ação do vento, do calor ou da água, esses materiais se fragmentam, primeiro em micropartículas e logo depois em nanopartículas. Essas partículas, por sua extrema leveza e micrometria, se espalham na água, no solo, no ar e acabam integrando a cadeia alimentar. Segundo o professor Victor Ferreira, essa geração de micro- e nanopartículas começou a receber atenção mais sistemática apenas na última década.

Ao vasculhar cerca de 140 estudos em diferentes países, inclusive estudos brasileiros, a equipe deixou claro que essas partículas não ficam restritas aos resíduos grosseiros. Foram identificadas em alimentos, de açúcar, sal e mel, passando por peixes e frutos-do-mar que filtram ou ingerem plásticos e depois os transferem aos predadores humanos. Encontrou-se também contaminação em animais espalhados do extremo norte à porção sul do Brasil — da Amazônia ao Rio Grande do Sul.

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Michell Mello/Fiocruz Amazônia

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Na prática, as estimativas atuais sugerem que um indivíduo, simplesmente vivendo em meio à nossa rotina, pode ingerir entre 39 000 e 52 000 microplásticos por ano. Se considerarmos a inalação, o ar que respiramos, esse número dispara, podendo alcançar 121 000 partículas. E mais: pessoas que consomem apenas água engarrafada podem estar ingerindo quase 90 000 partículas a mais. É uma conta perturbadora e ainda muito provavelmente subestimada, porque nossos métodos de detecção não capturam adequadamente os nanoplásticos.

E o que essas partículas fazem uma vez dentro do corpo? A resposta ainda é incerta, mas já sabemos que podem depositar-se nos pulmões, na boca, atingir a corrente sanguínea, acumular-se em diversos órgãos. Em estudos recentes, micropartículas foram encontradas em placentas e cordões umbilicais, um sinal de que os fetos em desenvolvimento também estão potencialmente expostos.

No entanto, há um salto metodológico ainda não vencido: provar que essas partículas causam doenças específicas. Até agora, o estudo clínico isolado encontrou microplásticos em 60 % dos coágulos arteriais analisados, o que sugere uma possível participação mas não comprova uma conexão direta entre o plástico e a doença.

Diante desse panorama, os autores do estudo solicitam uma estratégia urgente: melhorar a reciclagem, controlar o descarte e a produção de materiais plásticos, responsabilizar indústrias e governos, e assumir que essa contaminação não é apenas “lixo visível”, é uma ameaça invisível à saúde humana. Além disso, lembram que desde 2022 a ONU trabalha pela criação de um tratado internacional para eliminar a poluição plástica — porém as negociações já foram adiadas, o que acende um alerta para a lentidão da resposta global.

Em suma: o desafio da poluição por plásticos ultrapassou a dimensão ambiental. Ele agora pulsa, invisível, dentro de nós. E, enquanto não entendermos completamente os efeitos para a saúde, o melhor que podemos fazer é reduzir nossa exposição, exigir transparência e agir, individualmente e coletivamente, para que esse problema deixe de ser invisível.

Simulação de escolta de autoridades em Belém prepara a Cúpula dos Líderes da COP30

No sábado da última semana, a capital paraense viveu uma cena de logística e coordenação digna de grandes encontros internacionais: cerca de 200 agentes de segurança pública foram mobilizados para uma simulação que antecede a Cúpula dos Líderes — evento que faz parte da 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) e que ocorrerá em Belém nos dias 6 e 7 de novembro. 

Um ensaio estratégico

O treino teve início por volta das 14h30, com o primeiro comboio “presidencial” partindo da Avenida Nazaré, em frente a um hotel no centro de Belém. A rota seguiu pelas avenidas Magalhães Barata, José Bonifácio, Duque de Caxias, Dr. Freitas, Senador Lemos até a Avenida Júlio César — destino: o Parque da Cidade, onde se realizará a programação oficial da cúpula. Em seguida, outros cinco comboios realizaram o mesmo percurso, partindo da Avenida Presidente Vargas, simulando deslocamentos de chefes de Estado.

O exercício serviu para aferir tempos de deslocamento, viabilidade das rotas, acessos e bloqueios de vias, capacidade de embarque e desembarque e coordenação entre as equipes de solo, aéreas e de trânsito. O secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social do Pará, Ualame Machado, enfatizou que a operação visa ao menor impacto possível na rotina da cidade — “todo e qualquer controle de acesso ou bloqueio de vias será previamente comunicado”, garantiu.

Integração entre órgãos

A simulação foi conduzida de forma integrada. Participaram da operação a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran-PA), a Guarda Municipal de Belém, a Polícia Militar do Pará, o Comando Marajoara, a Secretaria Municipal de Segurança, Ordem Pública e Mobilidade (Segbel) e o Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp). Durante o exercício, equipes acompanharam em tempo real via câmeras de segurança ligadas ao Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), da Segup, e o apoio aéreo do Graesp contribuiu com visualização desde o céu.

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Alex Ribeiro/ Ag. Pará

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Vias, bloqueios e comunicação com a população

Para que o ensaio fosse o mais realista possível, vias principais foram parcialmente ou totalmente interditadas. Por exemplo, a Avenida Júlio César, trecho entre o Elevado Daniel Berg e a Avenida Almirante Barroso, foi fechada durante a simulação e liberada ao término do treino, por volta das 16h. A operação destacou a importância de comunicação prévia à população — além da necessidade de que o dispositivo logístico, de segurança e mobilidade funcione em sintonia para o evento real.

Por que isso importa?

A preparação evidencia dois aspectos cruciais da COP30 em Belém. Primeiro: a escala e a complexidade de receber líderes mundiais e autoridades internacionais, o que requer roteiros seguros com tempo carregado de precisão, mobilidade ágil e coordenação entre múltiplos órgãos. Segundo: o evento acontece numa capital amazônica, com desafios urbanos, ambientais e estruturais próprios — e por isso a simulação é mais que protocolo, é teste de robustez.

Na pressa de preparar a cidade para o megaconclave climático, o governo do estado do Pará e os organismos federais estão concentrados em demonstrar que Belém pode dar conta do acontecimento global. O portal oficial da COP30 informa que o Brasil assume essa conferência como momento estratégico para reafirmar seu protagonismo em clima e Amazônia.

Olhando adiante — risco, mobilidade e legado

O simulado traz à luz também que a mobilidade urbana, o controle de tráfego, as autorizações de acesso e os protocolos de emergência são componentes que se somam à temática central da conferência — a mudança climática. Significa que o grande palco também exige bastidores bem ensaiados.

Para a população de Belém, o compromisso de impacto mínimo significa que bloqueios e vias controladas existirão, mas “pelo tempo necessário e condicionados ao deslocamento dos comboios”, conforme explicou Machado. Evitar que o cotidiano se choque com o protocolo oficial reduz desgaste e melhora a aceitação social do evento.

No âmbito mais amplo, os testes de segurança precoces mostram que a COP30 não é apenas sobre debates climáticos, metas e política ambiental: é sobre capacidade logística, infraestrutura, mobilidade, integração institucional e — em última instância — credibilidade para o país-sede.

Em resumo

Belém ensaia agora o som das sirenes, o foco das câmeras e o ritmo dos comboios para um encontro global. Essa simulação de escolta de autoridades — com cerca de 200 agentes — não é mero exercício, mas o primeiro ensaio de um evento que colocará o Brasil sob os holofotes sobre mudanças climáticas, Amazônia e mobilidade urbana. A cidade se prepara para dias de atenção internacional, e o simulado demonstra que cada metro percorrido importa.

Chamada internacional incentiva cooperação científica entre Brasil e Reino Unido pela Amazônia

A Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), em parceria com o British Council e a Iniciativa Amazônia+10, anunciou uma nova oportunidade para pesquisadores do Brasil e do Reino Unido interessados em desenvolver projetos voltados à Amazônia. A chamada pública Amazonia BR/UK Workshops Grants prevê um investimento total de £ 330 mil, com financiamento máximo de £ 55 mil por proposta.

Mais do que um simples edital de fomento, o programa é um convite à colaboração científica transnacional. Seu objetivo é apoiar a realização de workshops temáticos que sirvam como ponto de partida para novas redes de pesquisa, projetos conjuntos e soluções práticas em temas urgentes para o bioma amazônico. As inscrições seguem abertas até 21 de outubro de 2025, às 7h (horário de Brasília).

Conexões científicas para um futuro comum

O edital é fruto da união de esforços entre o Fundo de Parcerias Internacionais em Ciências (ISPF), mantido pelo governo do Reino Unido, e a Iniciativa Amazônia+10, que reúne fundações de amparo à pesquisa de toda a Amazônia Legal. A proposta deve ser submetida conjuntamente por um pesquisador sediado no Reino Unido e outro vinculado a uma instituição científica localizada na Amazônia Legal, reforçando o compromisso com o intercâmbio de conhecimento entre o Norte global e o Sul global.

Segundo o diretor científico da Fapespa, Deyvison Medrado, a iniciativa é uma oportunidade de fortalecer vínculos internacionais e abrir portas para novas colaborações. “Pesquisadores em início de carreira no Pará podem, a partir desses encontros, estabelecer conexões sólidas com colegas britânicos, o que certamente refletirá em propostas mais robustas nos próximos editais da Iniciativa Amazônia+10”, destaca.

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Ciência aplicada à transformação da Amazônia

Os temas contemplados pela chamada refletem os desafios estruturais da região amazônica: biodiversidade, mudanças climáticas, bioeconomia, biotecnologia, uso do solo e melhoria das condições de vida das populações locais. O objetivo é que os workshops funcionem como espaços de articulação de ideias e criação de agendas comuns, permitindo que o conhecimento científico se traduza em inovação social e sustentabilidade ambiental.

“Esses encontros são essenciais para alinhar prioridades e construir parcerias consistentes”, explica Medrado. “Eles representam o início de uma trajetória de cooperação que pode culminar em novas oportunidades de fomento, tanto no Brasil quanto no exterior.”

Internacionalização e protagonismo amazônico

Para o presidente da Fapespa, Marcel Botelho, a chamada simboliza um passo decisivo na estratégia de internacionalização da ciência produzida no Pará. Ele destaca que o estado reúne grupos de pesquisa altamente qualificados, com potencial de liderar as propostas submetidas no âmbito amazônico.

“A parceria com o British Council amplia as fronteiras do conhecimento e favorece o compartilhamento de ideias que, no futuro, podem se transformar em políticas e tecnologias para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”, afirma Botelho. “Esperamos que o Pará mantenha sua liderança na região, pela força e diversidade de suas instituições científicas.”

A iniciativa reforça a visão de que a Amazônia não é apenas um território de pesquisa, mas um espaço de inovação e protagonismo científico, onde a cooperação internacional pode gerar impactos duradouros. Em um contexto de emergência climática global, programas como o Amazonia BR/UK Workshops Grants reafirmam o papel da ciência como ponte entre povos, saberes e soluções.

Ilha de Mosqueiro assume papel central de hospedagem na COP30

A ilha de Mosqueiro, distante cerca de 70 quilômetros do centro de Belém, transforma-se nesses dias. Longe de ser apenas um destino de lazer para os finais de semana, ela se prepara para receber um fluxo internacional de visitantes e delegações por ocasião da COP30 e se apresenta como um dos polos importantes de hospedagem e mobilidade na capital do Pará.

Com cerca de dois mil leitos disponíveis segundo a Associação Comercial de Mosqueiro, os meios de hospedagem locais já acumulam altas taxas de reservas. A paisagem da ilha — praias de água doce, vilas sossegadas, restaurantes especializados em peixes regionais e a tradicional Tapiocaria da Vila — passa a funcionar não só como cenário de turismo doméstico, mas como ponto estratégico de acolhimento para representantes de ONGs, empresas e governos de diversos países.

O aspecto da mobilidade se soma à hospedagem. O Governo do Pará, em parceria com o Governo Federal, implementou um sistema especial de transporte para a ocasião: linhas circulares que conectarão praias e vilas da ilha, como Paraíso, Carananduba, São Francisco, Ariramba, Murubira, Chapéu Virado, Porto Arthur e Farol, com veículos climatizados para garantir conforto e eficiência. Na Vila, haverá embarque direto para a Blue Zone da COP30, com parada única no Chapéu Virado. Essa logística evidencia que a ilha deixa de ser periferia de evento e assume papel ativo na arquitetura de acolhimento do encontro global.

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Divulgação – Ag. Pará

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Mas o que torna o cenário ainda mais significativo é a combinação entre turismo, emprego local e sustentabilidade. Empreendedores locais relatam que mobilizaram mão de obra da ilha, 102 pessoas contratadas e todas capacitadas para o período da COP30, por exemplo, abrindo novas oportunidades para jovens que querem trabalhar perto de casa, em vez de se deslocar para centros maiores. Uma jovem, que fala inglês fluentemente, destaca que está lidando com hóspedes estrangeiros por WhatsApp e chamadas, e vê no evento a chance de exercitar o idioma e ampliar horizontes. Outro colaborador foi promovido a supervisor, atuando no setor de hotelaria e gastronomia, graças ao impulso gerado pela demanda do evento.

Paralelamente, há quem já aposte em um turismo diferenciado. Um empresário da praia do Paraíso investiu num empreendimento de 30 hectares em meio à floresta preservada: chalés integrados à paisagem natural, criação de galinhas caipiras e patos, hortaliças e frutas cultivadas no próprio local ou adquiridas de agricultores familiares da ilha. A energia do hotel é parcialmente autosuficiente (80 % da demanda é coberta por placas solares), e a equipe já passou por treinamento específico para o evento. Nesse sentido, Mosqueiro oferece um contraponto ao turismo massificado — propondo um modelo sustentável, coerente com os temas da COP30, que giram em torno da agenda ambiental.

Na Vila de Mosqueiro, a tapiocaria tradicional, ponto turístico clássico, também se preparou para receber o novo público: cardápios traduzidos para inglês, francês e espanhol, valorização de ingredientes regionais — doce de cupuaçu, camarão, jambu, castanha-do-Pará — e o funcionamento de um espaço familiar em que mãe, filha e sobrinhos mantêm viva a tradição do “recheio da tapioca” e a hospitalidade local.

A importância da ilha, portanto, vai além de oferecer leitos ou transporte. Ela se inscreve num movimento mais amplo: o deslocamento de regiões normalmente vistas como meramente “turísticas” para espaços de logística de grandes conferências internacionais. Esse fenômeno ainda revela como um evento global como a COP30 provoca articulações locais — entre governo, iniciativa privada, comunidade, jovens e turistas — que podem ter impactos duradouros: geração de emprego, qualificação profissional, valorização de cultura local e o fortalecimento de um turismo que dialoga com a natureza em vez de explorá-la.

Em outras palavras, Mosqueiro está sendo projetada como um laboratório em tempo real — uma ilha que se prepara para assumir protagonismo no acolhimento de um encontro global, sem perder sua aura de natureza, tradição e acolhimento. A logística de transporte climatizado, a estrutura de hospedagem, o emprego local e o compromisso com sustentabilidade convergem para um cenário em que o evento internacional encontra uma base local sólida e a ilha, por sua vez, se reinventa e se posiciona.

Ao transformar-se em polo de hospedagem e mobilidade da COP30, Mosqueiro mostra que espaços periféricos podem se tornar estratégicos. E que o turismo, a infraestrutura e o meio ambiente podem caminhar juntos, não como antíteses, mas como aliados de uma nova forma de receber o mundo.

Jovens do Sul Global emergem para dar voz à COP30

É da borda do mundo que vem o grito mais urgente e desta vez ele chega na voz de jovens que não aceitam mais serem retratados apenas como vítimas. Partindo de realidades marcadas pela seca de rios, pelos incêndios que consomem florestas, pelas comunidades que sobrevivem na linha de fogo da crise climática, uma delegação de 16 jovens da América Latina, África e Ásia se dirige à COP30 (outubro de 2025). Eles não carregam apenas dados ou discursos; trazem histórias de vida, territórios vulneráveis, saberes ancestrais, memórias de resistência.

Essa mobilização nasceu de um processo coletivo muito mais amplo: mais de dez mil jovens participaram do programa “Caminho para a Democratização do Sul”, promovido pela Life of Pachamama. Durante seis meses, estes jovens se debruçaram sobre diplomacia climática, liderança comunitária, comunicação estratégica e resistência territorial, não como um treinamento tecnocrático, mas como um gesto político de formação: capacitar agentes de mudança que dialoguem com as estruturas de poder global sem renunciar à radicalidade de suas origens.

O ponto culminante desse percurso é a chamada “Declaração do Sul Global”: um manifesto polifônico que reúne os anseios de crianças, adolescentes e jovens de territórios historicamente ignorados. Não se trata apenas de uma lista de reivindicações: é um reposicionamento simbólico e estratégico. A declaração exige que a juventude participe plena e vinculantemente da governança ambiental, que os defensores de territórios sejam protegidos, que as estruturas decisórias sejam descentralizadas e que o acesso à informação seja aberto e irrestrito.

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Divulgação

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Durante muito tempo, o Sul foi representado como vítima das mudanças climáticas. Hoje, esses jovens afirmam: “somos território, proposta e potência política”. A COP30 se torna assim não apenas um espaço de protocolo, mas um palco de disputa por sentido. Eles chegam munidos de planilhas e de vivências, cada rio contaminado, cada mata ameaçada, cada comunidade em estado permanente de alerta faz parte da bagagem.

O termo “Sul Global” aparece aqui como uma categoria política, não apenas geográfica. Designa populações que foram marginalizadas no sistema internacional, mas que são as primeiras a sofrer os impactos ambientais. São, ao mesmo tempo, fonte de soluções comunitárias, saberes ancestrais e modos sustentáveis de estar em relação com a Terra. Neste contexto, a mobilização desses jovens representa um desafio direto à lógica vertical que domina o sistema global: eles propõem outro idioma, outro pacto. Onde “natureza” não é recurso estimado por lucro, mas parente digno de respeito. Onde “desenvolvimento” não é sinônimo de extração desenfreada, mas de reciprocidade entre seres humanos e meio ambiente.

A jornada rumo à COP30 é mais do que uma viagem diplomática. É um movimento simbólico: mostrar que o futuro do planeta não pode se construir sem ouvir quem, com menos, sempre fez mais. É reconhecer que nos cantos longínquos do mundo germina a resistência e talvez ali esteja também uma única saída para o impasse climático global.

Porque quando a borda do mundo fala, ela traz impulso, vigor e urgência. E se quisermos mesmo redesenhar as estruturas que comandam a vida em comum, será preciso escutar essa voz.

Programa Restaura Amazônia aprova 17 projetos em assentamentos

O programa Restaura Amazônia, uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), anunciou nesta quinta-feira (16) a aprovação de 17 projetos voltados à restauração ecológica e produtiva em assentamentos rurais da Amazônia. Esses projetos receberão um investimento total de R$ 150 milhões do Fundo Amazônia, com o objetivo de transformar áreas degradadas em florestas produtivas, promovendo o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar das comunidades locais.

Os projetos selecionados abrangem 80 assentamentos rurais localizados no chamado “Arco do Desmatamento”, uma região crítica que se estende do leste do Maranhão até o Acre. Com a recuperação de aproximadamente 4.600 hectares, estima-se que cerca de 6 mil famílias sejam beneficiadas diretamente. As iniciativas contempladas incluem o cultivo de espécies nativas como açaí, cacau, dendê e cupuaçu, que têm se mostrado mais rentáveis do que atividades tradicionais como a soja e a pecuária.

O ministro do MDA, Paulo Teixeira, destacou que esta é a maior ação de restauração produtiva em assentamentos rurais já realizada no país. Ele enfatizou que a restauração não deve ser vista apenas como uma medida ambiental, mas também como uma estratégia para geração de emprego e renda. “A restauração produtiva faz com que a gente tenha as florestas produtivas. E elas não precisam ser com espécies exóticas. Pode ser com espécies nativas e a gente mostrar que é possível um novo ciclo de prosperidade”, afirmou Teixeira.

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A ministra do MMA, Marina Silva, ressaltou a importância de políticas públicas que integrem a recuperação ambiental com o desenvolvimento econômico local. Segundo ela, o investimento em espécies nativas não só contribui para a preservação da biodiversidade, mas também oferece alternativas econômicas sustentáveis para as comunidades da região.

Os recursos destinados aos projetos são não reembolsáveis e têm como objetivo apoiar a recuperação da cobertura verde do bioma amazônico, alinhando-se ao Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg). Além disso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), gestor do Fundo Amazônia, anunciou que, ao todo, serão investidos R$ 450 milhões em ações de restauração ecológica e produtiva na Amazônia, incluindo terras indígenas e unidades de conservação.

Com a execução prevista para os próximos quatro anos, os projetos terão um prazo de 48 meses, sendo metade destinado à implantação e a outra metade ao acompanhamento e monitoramento das ações. Essa abordagem visa garantir a efetividade das iniciativas e a sustentabilidade dos resultados alcançados.

O programa Restaura Amazônia representa um passo significativo na busca por soluções integradas que conciliem a preservação ambiental com o desenvolvimento social e econômico da região amazônica. Ao investir em práticas agrícolas sustentáveis e na recuperação de áreas degradadas, o governo federal reforça seu compromisso com a sustentabilidade e com o enfrentamento dos desafios impostos pelas mudanças climáticas.

Sociedade civil apresenta seis eixos para sucesso da COP30 em Belém

Em um momento decisivo para a ação climática global, organizações e movimentos da sociedade civil apresentaram à presidência brasileira da COP30 um documento com seis eixos prioritários para a conferência, que ocorrerá em Belém, Pará, em novembro de 2025. O material, resultado de dois dias de debates durante o evento “O Caminho para Belém”, realizado em Brasília, destaca a urgência de limitar o aquecimento global a 1,5°C e propõe medidas concretas para fortalecer a ambição climática global.

Seis eixos para uma COP30 ambiciosa

O documento entregue à presidência da COP30 delineia seis eixos estratégicos para orientar as negociações e garantir resultados concretos:

  1. Redução das emissões com equidade: Estabelecer mecanismos que incentivem os países a adotarem cortes significativos nas emissões de gases de efeito estufa ainda nesta década, alinhados à meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C.

  2. Transição energética justa: Definir um calendário global para a transição dos combustíveis fósseis, conforme previsto na Contribuição Nacional Determinada (NDC) do Brasil, promovendo uma mudança justa e inclusiva.

  3. Mecanismo global para transições justas: Coordenar apoio técnico, financeiro e tecnológico entre países, evitando o aumento das desigualdades e garantindo que as transições sejam equitativas.

  4. Pacote de adaptação climática: Concluir o Marco UAE–Belém para Resiliência Climática Global, assegurando a inclusão de povos indígenas, quilombolas, comunidades locais e periferias urbanas nas decisões e ações de adaptação.

  5. Sinergias entre clima e natureza: Adotar um plano de ação concreto para eliminar o desmatamento e a degradação florestal até 2030, incluindo financiamento e reconhecimento dos conhecimentos dos povos tradicionais.

  6. Financiamento climático ambicioso: Construir um Roteiro Baku-Belém que assegure recursos novos, públicos e previsíveis dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento, fortalecendo a confiança na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

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Liderança da sociedade civil e participação indígena

A entrega do documento contou com a participação de representantes de organizações internacionais e especialistas, incluindo Selwin Hart (ONU), Sonia Guajajara (Ministra dos Povos Indígenas), Joaquim Belo, Sineia do Vale, Adnan Amin, Philip Yang, Denise Dora, entre outros. A ministra Sonia Guajajara destacou a importância da COP30 para enfrentar o desmatamento e promover uma transição justa e inclusiva, enfatizando a necessidade de uma implementação efetiva das ações climáticas.

A sociedade civil articulou seus consensos e mostrou seu espírito colaborativo, o que deixa um sentimento de otimismo para a Conferência de Belém, afirmou André Castro Santos, diretor técnico da LACLIMA. Esta é uma COP diferente das outras, que ocorre no pior momento da cooperação internacional, mas o fracasso não é uma opção, acrescentou Claudio Angelo, coordenador de política internacional do Observatório do Clima.

Desafios e expectativas para a COP30

A COP30 em Belém representa uma oportunidade única para avançar na agenda climática global, especialmente em relação à Amazônia, um dos ecossistemas mais críticos para o equilíbrio climático planetário. A sociedade civil brasileira, com apoio de lideranças indígenas e movimentos sociais, está mobilizada para garantir que a conferência não apenas discuta, mas implemente ações concretas para enfrentar a crise climática.

Com a presidência da COP30 comprometida em ouvir e integrar as demandas da sociedade civil, espera-se que a conferência em Belém seja um marco na construção de soluções climáticas justas, inclusivas e eficazes, alinhadas às necessidades e realidades locais.

Para mais informações sobre os eixos propostos e a participação da sociedade civil na COP30, acesse o Observatório do Clima.

Governo Federal destina R$ 150 milhões para reflorestamento e governança fundiária na Amazônia

Em um movimento estratégico para impulsionar a sustentabilidade e a inclusão social na Amazônia Legal, os ministérios do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciaram, em 16 de outubro de 2025, investimentos significativos oriundos do Fundo Amazônia. O total de R$ 150 milhões será alocado em duas frentes principais: o Programa Nacional de Florestas Produtivas e o fortalecimento da governança fundiária na região.

Programa Nacional de Florestas Produtivas: Restauração e Geração de Renda

O programa visa restaurar áreas degradadas em assentamentos rurais, promovendo o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar. Serão investidos R$ 126 milhões em 17 projetos selecionados por meio de edital, abrangendo 80 assentamentos nos estados do Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Tocantins. As iniciativas contempladas têm como objetivo recuperar 4.600 hectares de terra, com o plantio de 6,7 milhões de árvores, beneficiando diretamente cerca de 6 mil famílias agricultoras e gerando aproximadamente 1.680 empregos.

O ministro do MDA, Paulo Teixeira, destacou a importância do programa, afirmando que ele se tornou “a menina dos olhos dos trabalhadores rurais da Amazônia”, enfatizando que o reflorestamento com espécies produtivas oferece alternativas econômicas mais rentáveis do que a soja e a pecuária.

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Fortalecimento da Governança Fundiária: R$ 148,7 Milhões para o INCRA

Além do investimento em restauração florestal, o governo federal destinou R$ 148,7 milhões para o programa Caminhos Verdes, executado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), em parceria com o MDA. Os recursos serão utilizados para aprimorar a inteligência territorial, modernizar sistemas e bases de dados, ampliar a capacidade operacional do INCRA e dos entes federativos, e promover o georreferenciamento e a regularização fundiária de terras públicas e assentamentos. Essa medida visa garantir segurança jurídica, sustentabilidade e inclusão produtiva para agricultores e agricultoras da região amazônica.

Impacto no Enfrentamento do Desmatamento e Perspectivas para a COP30

A ministra do MMA, Marina Silva, ressaltou que a restauração produtiva é fundamental para transformar áreas degradadas em florestas produtivas, contribuindo para o enfrentamento do desmatamento na Amazônia. Ela enfatizou que a COP30, que ocorrerá em Belém, será um marco para a implementação de ações concretas na transição para o fim do desmatamento, com foco na inclusão de mulheres, jovens, indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais.

Os investimentos anunciados representam um passo significativo na promoção de um desenvolvimento sustentável e inclusivo na Amazônia Legal. Ao integrar ações de restauração ecológica com o fortalecimento da governança fundiária, o governo federal busca não apenas recuperar áreas degradadas, mas também oferecer alternativas econômicas viáveis para as comunidades locais, alinhando-se aos compromissos ambientais e sociais assumidos no cenário internacional.