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“Restaura Amazônia: R$ 126 milhões para restaurar 4.131 hectares”

O programa Restaura Amazônia, uma parceria entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), anunciou em 16 de outubro de 2025 o apoio de R$ 126,1 milhões a 17 projetos de restauração ecológica em assentamentos da reforma agrária situados no Arco da Restauração. Essa região, que se estende do Maranhão ao Acre, é caracterizada por altos índices de desmatamento e degradação ambiental.

Os projetos selecionados visam restaurar uma área de 4.131 hectares, com o plantio de 6,7 milhões de árvores nativas. Estima-se que aproximadamente 80 assentamentos sejam beneficiados, impactando cerca de 6 mil famílias agricultoras e gerando 1.680 novos postos de trabalho. Além da recuperação ambiental, o programa busca fortalecer a cadeia produtiva da restauração florestal, promovendo o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar na região.

Parcerias Regionais

A execução dos projetos será realizada por meio de parcerias com diversas organizações regionais:

  • Macrorregião 1 (Acre, Amazonas e Rondônia): Apoio de organizações como Ação Ecológica Guaporé (Ecoporé), Associação SOS Amazônia, Greendata Centro de Gestão e Inovação Socioeconômica e Ambiental, Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), Fundação Parque Tecnológico Itaipu Brasil (Itaipu Parquetec) e União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária de Rondônia (Unicafes).

  • Macrorregião 2 (Mato Grosso e Tocantins): Instituições como Instituto Perene, Instituto Centro de Vida (ICV), Itaipu Parquetec, Black Jaguar, Associação Humana Povo para Povo Brasil (Humana Brasil) e Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins (Fapto).

  • Macrorregião 3 (Pará e Maranhão): Organizações como Fundação Solideriedad, Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Instituto de Avaliação – Pesquisa, Programas e Projetos Socioambientais, Centro de Pesquisa Ambiental do Nordeste (Cepan) e Cooperativa Alternativa dos Pequenos Produtores do Alto Xingu.

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Foto: Kayo Magalhães/BNDES

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Contexto e Expectativas

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou a importância da restauração produtiva para a construção de florestas produtivas, alinhando a iniciativa aos objetivos da COP30, que ocorrerá em Belém. Segundo ela, a COP30 deve ser um marco para a implementação de ações concretas no combate ao desmatamento e na promoção de uma transição justa e inclusiva.

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, ressaltou que o Restaura Amazônia representa um avanço significativo para os trabalhadores rurais do bioma, ao oferecer alternativas econômicas sustentáveis por meio do reflorestamento com espécies produtivas mais rentáveis do que a soja e a pecuária.

Tereza Campello, presidente em exercício do BNDES, enfatizou que esta é a maior entrega do Fundo Amazônia, destacando a importância do investimento público para garantir a regularização fundiária e a implementação de ações de restauração em larga escala.

Com o sucesso desta chamada, o programa Restaura Amazônia demonstra o potencial de integração entre conservação ambiental e desenvolvimento econômico na região amazônica. A continuidade e expansão de iniciativas como esta são essenciais para reverter o quadro de degradação ambiental e promover a sustentabilidade na Amazônia Legal.

Mineração brasileira se posiciona como aliada na agenda climática global rumo à COP30

Enquanto o Brasil se prepara para receber a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, o setor mineral busca redefinir seu papel nas soluções climáticas globais. Em um encontro virtual realizado nesta quinta-feira (16/10), o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) reuniu associados, conselheiros e as principais lideranças da conferência — o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, e a diretora-executiva Ana Toni — para debater as expectativas, desafios e legados do evento.

Mais do que um diálogo institucional, a conversa simbolizou um marco estratégico: a mineração brasileira quer se firmar como parte ativa da transição climática global, não apenas como fornecedora de recursos críticos, mas como protagonista em inovação, responsabilidade ambiental e compromisso de longo prazo.

O diretor-presidente do IBRAM, Raul Jungmann, destacou que o setor está determinado a apresentar compromissos concretos e mensuráveis na COP30. “Esta será a COP da ação, da implementação”, afirmou. “Estamos construindo metas com base em dados, incluindo o mapeamento da pegada de carbono e a contribuição da mineração para a descarbonização de outros setores produtivos.”

Jungmann enfatizou que o Brasil ocupa posição estratégica no fornecimento de minerais essenciais à transição energética — como lítio, cobre e terras raras — elementos indispensáveis para baterias, painéis solares e turbinas eólicas. “O mundo precisa de minerais para descarbonizar. E nós temos a oportunidade de mostrar que essa produção pode ser feita com responsabilidade, transparência e compromisso socioambiental”, observou.

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Reunião entre associados do IBRAM, presidente e diretora da COP30 – crédito: divulgação

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A mineração na economia de baixo carbono

O encontro evidenciou o esforço do setor mineral para se integrar à agenda global de clima, em linha com os objetivos do Acordo de Paris e das metas de neutralidade de carbono até 2050. O IBRAM tem articulado junto a seus associados a incorporação de práticas de economia circular, monitoramento de emissões e transição energética interna, impulsionando investimentos em energias renováveis e tecnologias de baixo impacto ambiental.

O embaixador André Corrêa do Lago, que preside a COP30, elogiou o amadurecimento do setor e o trabalho do IBRAM na defesa de uma mineração legal e sustentável. “O setor mineral brasileiro já está muito avançado, e isso se deve em parte ao papel firme do Instituto em separar o que é legal do que é ilegal, e em comunicar essa distinção à sociedade. Esse compromisso é fundamental para mudar percepções e fortalecer a credibilidade internacional do país”, afirmou.

Para Corrêa do Lago, a COP30 representa não apenas uma oportunidade de posicionar o Brasil como líder de soluções climáticas, mas também de reformular a imagem pública de setores historicamente vistos com desconfiança, como a mineração e a agropecuária. “Essas áreas são vitais para a transição energética. Elas devem ser reconhecidas por sua contribuição concreta e por sua capacidade de transformação sustentável”, destacou.

O legado e a continuidade da COP30

A diretora-executiva da COP30, Ana Toni, reforçou que o maior desafio das conferências climáticas é garantir que os compromissos firmados se traduzam em ações efetivas. “As COPs mobilizam atenção global, mas o grande desafio é o pós-evento. Precisamos manter o engajamento, consolidar os avanços e garantir que o legado se traduza em políticas e práticas duradouras”, explicou.

Ana lembrou que o Brasil permanecerá na presidência da COP até o fim de 2026, o que amplia o horizonte de atuação e a responsabilidade do país. “Esse período é estratégico para aprofundar o diálogo com setores-chave, como o mineral, e ampliar a presença brasileira em discussões internacionais sobre financiamento climático, inovação tecnológica e transição justa.”

Ela defendeu ainda que o debate sobre mineração e clima vá além da compensação de emissões, abordando de forma integrada os temas de governança, justiça ambiental e inclusão de comunidades nos territórios mineradores. “A transição precisa ser justa e sustentável. Isso significa incluir todos os atores e pensar nas populações diretamente afetadas pelas cadeias de produção.”

Uma nova narrativa para a mineração

A reunião entre o IBRAM, Corrêa do Lago e Ana Toni consolidou uma visão de futuro em que a mineração brasileira busca se apresentar como parte da solução — e não do problema — na luta contra as mudanças climáticas. Com investimentos em rastreabilidade, energia limpa e inovação social, o setor pretende transformar sua imagem global, mostrando que a extração mineral pode caminhar lado a lado com a conservação ambiental.

“Queremos que a COP30 seja o início de uma nova fase”, resumiu Jungmann. “Uma fase em que o setor mineral é reconhecido por sua contribuição à transição energética, pela transparência e pelo compromisso com um futuro climático mais seguro.”

O encontro também reforçou o papel do Brasil como mediador entre desenvolvimento e sustentabilidade. À medida que Belém se prepara para receber delegações de todo o mundo, a mensagem é clara: o país não quer apenas sediar a COP30, quer liderar o debate global sobre a economia verde — e a mineração pretende estar entre os protagonistas dessa transformação.

Sambaquis amazônicos revelam a memória ecológica e alimentar dos povos da floresta

Entre as várzeas e igarapés do Baixo Amazonas, no encontro das águas do Tapajós e do Xingu, repousam montes de conchas e sedimentos que guardam a história silenciosa de antigas populações indígenas. Esses monumentos, conhecidos como sambaquis, vêm sendo redescobertos por uma missão arqueológica franco-brasileira que busca compreender como a biodiversidade e as práticas alimentares se transformaram ao longo de milênios na Amazônia.

A pesquisa, liderada por cientistas do Museu Nacional de História Natural da França (MNHN), é realizada em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Os resultados iniciais foram apresentados no Fórum Brasil-França “Florestas, Biodiversidade e Sociedades Humanas”, ocorrido em São Paulo no início de outubro de 2025. O evento, organizado pelo MNHN e pela FAPESP, teve como foco as interações entre ecossistemas florestais e sociedades humanas, tanto no passado quanto no presente.

A arqueóloga Gabriela Prestes Carneiro, pesquisadora do MNHN e coordenadora da missão, descreve os sambaquis como “locais de memória”, revisitados e reconstruídos ao longo de mais de três mil anos. Essas estruturas, formadas por conchas, ossos e sedimentos, servem como testemunhos das relações entre os povos originários e o ambiente amazônico. Segundo ela, compreender esses espaços é também entender a forma como os humanos moldaram a floresta — e como, em contrapartida, a floresta moldou suas formas de vida.

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Gabriela Prestes Carneiro, pesquisadora do Museu Nacional de História Natural da França, durante o Fórum Brasil-França, na FAPESP: sambaquis são locais de memória que foram visitados, reconstruídos e reocupados desde cerca de 3 mil anos atrás (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)

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Embora os sambaquis sejam mais conhecidos nas regiões costeiras do Sul e Sudeste do Brasil, evidências recentes mostram que monumentos semelhantes se espalham também pela Amazônia. No litoral do Salgado, na foz do rio Amazonas, e no Baixo Amazonas, arqueólogos começaram a identificar estruturas com características comparáveis às dos sítios litorâneos. No sítio arqueológico de Munguba, uma área de várzea entre os rios Tapajós e Xingu, o grupo liderado por Carneiro conduz escavações apoiadas inicialmente pelo Instituto Serrapilheira e atualmente financiadas pelo Ministério da Europa e dos Negócios Estrangeiros da França.

Os primeiros estudos revelam sambaquis de dimensões variadas, alguns a poucos centímetros e outros a metros acima do nível das águas. As datações indicam ocupações contínuas de até 3.500 anos. Parte dessas estruturas servia como moradia, outras como locais funerários. Mais do que abrigos ou cemitérios, eram marcos culturais, erguidos com o que a floresta e os rios ofereciam: conchas, argila e vida.

A decomposição das conchas libera carbonato de cálcio, substância que ajuda a preservar restos orgânicos de plantas e animais. Essa condição singular permite aos pesquisadores reconstituir o ambiente e a microfauna do passado. Em meio aos sedimentos, surgem sementes, escamas de peixes, ossos de mamíferos e fragmentos de anfíbios — um registro microscópico das transformações ecológicas ocorridas na região.

Entre os vestígios alimentares, destacam-se espécies de moluscos hoje ausentes da dieta amazônica, como o uruá (Sultana sultana). Segundo relatos coletados por Carneiro junto a comunidades ribeirinhas, alguns desses alimentos ainda vivem na memória das famílias mais antigas. O estudo também identificou ossos de peixe-boi (Trichechus), bacus-pedra (Oxydoras niger) e tamoatás (Hoplosternum littorale), espécies cada vez mais raras nos mercados locais, mas abundantes nos sítios arqueológicos.

Esses achados não apenas ampliam o conhecimento sobre a alimentação ancestral, como inspiram ações contemporâneas. Pesquisadores de áreas como etnobiologia e nutrição têm trabalhado, com base nesses dados, para reintroduzir plantas e alimentos tradicionais em iniciativas de alimentação escolar, como as desenvolvidas em escolas públicas de Tefé, no Amazonas.

Para Carneiro, “o estudo dos sambaquis é também um convite a repensar o presente”. A substituição de alimentos locais por produtos industrializados e carnes congeladas reflete transformações sociais e ambientais que afastam as comunidades de sua base ecológica e cultural. “Resgatar práticas alimentares do passado pode ser uma forma de recuperar equilíbrio ambiental e identidade cultural”, afirma.

Mas o tempo é um adversário constante. Os sítios arqueológicos do Baixo Amazonas sofrem pressão crescente da navegação comercial. Navios cargueiros, sobretudo os que transportam soja, passam próximos às margens, erodindo o solo e ameaçando a integridade dos sambaquis. “Cada passagem destrói não apenas camadas de sedimento, mas parte da história das populações ribeirinhas e dos povos que ali viveram há milhares de anos”, alerta a arqueóloga.

Os sambaquis amazônicos, portanto, são mais que ruínas — são arquivos vivos da interação entre natureza e humanidade. Escavá-los é escutar a floresta e compreender como, desde os tempos antigos, a Amazônia é um território de convivência e reinvenção.

Metano à solta: o despertar invisível das profundezas oceânicas

Aquecidos pelo avanço das mudanças climáticas, os oceanos começam a liberar um inimigo silencioso: o metano aprisionado há milênios sob o leito marinho. Um novo estudo liderado pela Universidade de Newcastle, no Reino Unido, revela que o aquecimento global está desestabilizando grandes reservatórios de hidrato de metano — um tipo de gelo inflamável — nas profundezas do Atlântico, ao largo da costa da Mauritânia.

O trabalho, publicado na revista Nature Geoscience, mostra que parte desse metano, antes congelado sob pressão e frio intensos, se desprendeu e percorreu mais de 40 quilômetros até escapar por crateras submersas conhecidas como pockmarks. A descoberta é um alerta: se esse processo se intensificar, ele poderá liberar quantidades gigantescas de um dos gases de efeito estufa mais potentes do planeta.

Um fenômeno subterrâneo com impactos globais

O metano é cerca de 80 vezes mais eficiente que o dióxido de carbono em reter calor na atmosfera durante os primeiros 20 anos após sua emissão. Quando congelado em forma de hidrato, ele permanece estável nas camadas frias e pressurizadas do fundo oceânico. Mas à medida que a temperatura dos mares sobe, essa estrutura começa a se desfazer, liberando o gás e criando uma reação em cadeia potencialmente catastrófica.

Foi justamente isso que a equipe do geólogo Richard Davies, pró-reitor de Globalização e Sustentabilidade da Universidade de Newcastle, encontrou nas imagens sísmicas tridimensionais da plataforma continental da Mauritânia. O pesquisador relata que o achado ocorreu por acaso, durante o período de lockdown da pandemia de Covid-19. Ao revisar dados antigos, Davies identificou 23 pockmarks — depressões formadas pela expulsão de metano das camadas subterrâneas.

Essas formações revelaram uma movimentação surpreendente: o gás havia migrado dezenas de quilômetros, desde as zonas mais profundas de estabilidade até a borda da plataforma submarina. Isso indica que, ao contrário do que se acreditava, o metano não está preso em regiões imunes ao aquecimento.

ocean-1845110_1280-400x267 Metano à solta: o despertar invisível das profundezas oceânicas
Reprodução

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Revisão de paradigmas científicos

Por muito tempo, os cientistas acreditaram que apenas os hidratos mais rasos eram vulneráveis às variações climáticas. Essa hipótese é agora desafiada pelos dados do novo estudo, que envolveu também o GEOMAR Helmholtz Centre for Ocean Research Kiel, na Alemanha.

Christian Berndt, chefe da Unidade de Geodinâmica Marinha do GEOMAR e coautor da pesquisa, afirma que os resultados “mostram claramente que volumes muito maiores de metano podem ser liberados dos hidratos marinhos do que imaginávamos”. Para ele, entender a escala e a velocidade desse fenômeno é essencial para dimensionar seu papel no sistema climático global.

Os pesquisadores alertam que a desestabilização desses hidratos pode criar um ciclo de retroalimentação perigoso: mais aquecimento leva à liberação de mais metano, o que, por sua vez, intensifica o efeito estufa e aquece ainda mais o planeta. Embora parte do gás possa ser consumida por microrganismos antes de alcançar a atmosfera, o volume e a velocidade de liberação determinarão o impacto final.

Um chamado à investigação urgente

A equipe de Davies e Berndt planeja agora uma expedição científica para perfurar os pockmarks identificados e buscar indícios de eventos passados de liberação de metano. Com isso, esperam prever quais áreas dos oceanos correm maior risco à medida que o planeta aquece.

O estudo também reforça a necessidade de incluir os hidratos de metano nos modelos climáticos globais. Esses reservatórios — que armazenam cerca de 1.800 gigatoneladas de carbono — representam uma ameaça latente. Uma liberação súbita e em larga escala poderia reconfigurar o ritmo do aquecimento global em poucas décadas.

Por enquanto, os cientistas permanecem atentos às profundezas — onde o futuro climático da Terra pode estar, literalmente, derretendo.

Global Citizen traz a Amazônia para o mundo

Belém se prepara para receber, no dia 1º de novembro, um dos maiores eventos de engajamento social e ambiental do planeta: o Global Citizen Festival: Amazônia. Em sua primeira edição realizada na América Latina, o festival chega à capital paraense com um propósito claro — mobilizar artistas, lideranças indígenas e a sociedade civil em defesa da floresta e das comunidades que a habitam.

A presença de Gilberto Gil, agora confirmado no line-up, simboliza o encontro entre cultura e propósito. O artista se junta a nomes como Gaby Amarantos, Anitta, Seu Jorge e Chris Martin, do Coldplay, formando uma constelação musical que transcende fronteiras. Mais que um espetáculo, o evento transforma o Estádio Olímpico do Pará (Mangueirão) em uma arena de ativismo climático e solidariedade.

A condução da noite ficará a cargo de Regina Casé, Mel Fronckowiak, Hugo Gloss e Isabelle Nogueira, com participações especiais de Rodrigo Santoro e Estêvão Ciavatta. Ao lado deles, uma poderosa representação de lideranças indígenas e comunitárias reafirma que proteger a Amazônia é um ato coletivo e urgente. Entre elas estão Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas; Célia Xakriabá, deputada federal; Samela Sateré Mawé e Juma Xipaia, representantes de uma nova geração de vozes amazônicas.

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Esses nomes se unem a figuras como Puyr Tembé, secretária dos Povos Indígenas do Pará, Úrsula Vidal, secretária de Cultura, e Vanuza do Abacatal, liderança quilombola. A pluralidade da programação reflete a essência do festival: dar visibilidade aos povos e territórios que estão na linha de frente da crise climática.

A iniciativa integra a campanha global “Proteja a Amazônia”, que em apenas um ano já assegurou mais de US$ 345 milhões em compromissos para a conservação da floresta e o fortalecimento de comunidades locais. Entre os principais apoiadores estão o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Everland, o Bezos Earth Fund, o Rainforest Trust e o Re:wild.

O evento é apresentado pelo Banco do Brasil, com apoio de parceiros como Teneo, BB Visa, Cielo, Live Nation, Rock World, Open Society Foundations e o Governo do Pará. A transmissão ao vivo será feita pelo Multishow, Globoplay e TV Globo, e internacionalmente via YouTube e ViX, permitindo que o mundo acompanhe a Amazônia em tempo real.

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Cacique Raoni Metuktir também terá participação no evento.

Para garantir acessibilidade e inclusão, os ingressos são destinados prioritariamente a moradores do Pará, povos indígenas e comunidades tradicionais, distribuídos em parceria com organizações como Usinas da Paz, SEPI, Mídia Indígena, COP das Baixadas, REPAM e Grupo Funtelpa. A ideia é que a Amazônia não seja apenas tema, mas também protagonista do festival.

Com o apoio de mais de 190 organizações da sociedade civil, o Global Citizen Festival: Amazônia se consolida como um marco na conexão entre arte, cidadania e meio ambiente. Em um mundo ameaçado pela crise climática, o evento de Belém reafirma que o poder de transformação coletiva nasce da música, da cultura e do engajamento.

Você come esse alimento amazônico e nem se dava conta…

A Amazônia é um verdadeiro tesouro de sabores, cores e aromas.
Mas o que pouca gente sabe é que muitos ingredientes que usamos no dia a dia vêm de lá — mesmo que estejam disfarçados em doces, bebidas e produtos industrializados.

Do chocolate ao açaí, o Brasil e o mundo consomem a Amazônia todos os dias — muitas vezes, sem nem perceber.
Confira abaixo alguns alimentos amazônicos que provavelmente já fazem parte da sua rotina (e você nem sabia!).

🍫 1. Cacau — o coração do chocolate

Sim, o ingrediente principal do chocolate vem da Amazônia!
Antes de ser famoso no mundo inteiro, o cacau é uma fruta nativa da região amazônica, cultivada há séculos por povos indígenas.

Hoje, além do Pará ser um dos maiores produtores do Brasil, cresce o movimento de chocolates artesanais amazônicos, feitos com cacau nativo e de cultivo sustentável.

cacau Você come esse alimento amazônico e nem se dava conta...
Cacau é comum na Amazônia

Curiosidade: o chocolate feito com cacau amazônico costuma ter notas mais frutadas e intensas.

🍇 2. Açaí — o roxo mais famoso do Brasil

Talvez o mais reconhecido dos ingredientes amazônicos, mas pouca gente sabe sua origem exata:
o açaí é nativo das várzeas da Amazônia e era usado tradicionalmente como alimento básico por comunidades ribeirinhas muito antes de virar tendência nas academias.

Hoje, ele está em sucos, sorvetes, sobremesas e até molhos gourmet.

Dica: prefira o açaí puro, sem corantes ou xaropes — é o verdadeiro sabor da floresta.

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Ainda que desmatada, a floresta amazônica é sinônimo de culinária pertencente ao Brasil e ao mundo. Foto: guentermanaus / Shutterstock.com

🌰 3. Castanha-do-pará (ou castanha-do-brasil)

Queridinha de nutricionistas e presente em granolas e barras de cereal, a castanha-do-pará é outro ingrediente 100% amazônico.
Ela vem da castanheira, uma árvore majestosa que pode ultrapassar 50 metros de altura e viver por séculos.

Além de deliciosa, é rica em selênio, um poderoso antioxidante.

Fun fact: fora do Brasil, ela é literalmente chamada de Brazil nut — e é um dos principais produtos exportados da floresta.

🍌 4. Cupuaçu — o “primo” do cacau

Se você já comeu doce de cupuaçu, mousse ou recheio de bombom com esse sabor azedinho e tropical, parabéns: você também come comida amazônica!
O cupuaçu é parente direto do cacau e igualmente poderoso em nutrientes e sabor.

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Famoso como creme no restante do país, o Cupuaçu é muito consumido na Amazônia de diversas formas.

Curiosidade: o cupulate — um “chocolate” feito de cupuaçu — é uma alternativa sustentável ao cacau tradicional.

🐟 5. Pirarucu — o gigante das águas

Chamado de “bacalhau da Amazônia”, o pirarucu é um dos maiores peixes de água doce do mundo, podendo passar de dois metros!
Seu sabor suave e textura firme conquistaram chefs e restaurantes em todo o país.

Hoje, o pirarucu de manejo sustentável é símbolo da gastronomia amazônica moderna — e ajuda comunidades locais a proteger o ecossistema.

🧉 6. Guaraná — a energia que vem da floresta

Aquela latinha gelada que você toma no almoço?
Pois é: o guaraná também nasce na Amazônia.
O fruto, cultivado principalmente no Amazonas e em partes do Pará, é usado há séculos pelos povos originários por seu poder estimulante natural.

Curiosidade: as “sementes com olhos” do guaraná são usadas até em rituais tradicionais.

🥥 7. Tucumã, pupunha, bacaba… os tesouros menos conhecidos

Nem todo mundo conhece, mas esses são ingredientes muito consumidos localmente e que merecem mais espaço nas mesas brasileiras.

  • Tucumã: polpa alaranjada e sabor marcante, usada em sanduíches e tapiocas.

  • Pupunha: fruto cozido que lembra batata-doce, super nutritivo.

  • Bacaba: parente do açaí, com sabor mais suave e coloração arroxeada.

A Amazônia não está só no mapa — está no seu prato, no seu lanche e até na sua sobremesa.
Cada ingrediente carrega histórias, biodiversidade e o trabalho de milhares de comunidades que mantêm viva a floresta através da gastronomia.

Da próxima vez que saborear um chocolate, tomar um guaraná ou pedir um açaí, lembre-se:
você está experimentando um pedacinho da Amazônia.

Energia, rede e futuro: o papel do eletricista moderno

Hoje, 17 de outubro, é dia de homenagear um protagonista silencioso da vida moderna: o eletricista. Mas esta data já não evoca apenas o profissional das instalações de energia primárias, ela relembra um agente vital da revolução energética que atravessa o Brasil.

Vivemos uma dessas raras convergências históricas em que fontes limpas, tecnologia e mudanças estruturais se cruzam. Nossa matriz elétrica é amplamente renovável, e tecnologias como a geração solar distribuída, a energia eólica e a mobilidade elétrica deixam de ser promessas parciais para se tornarem realidade cotidiana. Nesse cenário em mutação, o eletricista se reposiciona: mais do que executor, é arquiteto da energia.

Nas residências modernas, nos empreendimentos comerciais e nas pequenas indústrias, o eletricista já não está apenas “ligando fios”. Ele projeta sistemas fotovoltaicos com inversores inteligentes, dimensiona quadros elétricos com monitoramento digital e negocia protocolos de integração com concessionárias. Suas decisões — escolha de conectores, métodos de aterramento, proteção contra surtos, dimensionamento de cabos e disjuntores — impactam diretamente a vida útil do sistema, sua eficiência energética, a segurança dos usuários e o retorno sobre o investimento.

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E não basta instalar bem. A rotina exige manutenção preventiva, diagnóstico de perdas, análise de dados de performance e propostas de upgrades. É preciso decifrar sinais sutis de falhas, interpretar medições, calibrar sistemas e propor ajustes. Nesse contexto, conhecimentos como os contidos na NBR 5410 (instalações elétricas de baixa tensão), na NBR 16690 (sistemas fotovoltaicos) e nas normas de segurança NR-10 e NR-35 são basilares. Não são luxos de especialista: são exigências operacionais.

A evolução é tão rápida que a formação continuada deixou de ser diferencial para se tornar condição de atuação. O eletricista moderno precisa estar em fluxo constante de aprendizado, acompanhando novas tecnologias, adaptando-se a regulamentações e antecipando tendências. Ele é ponte entre o legado da eletricidade clássica e a vanguarda da energia inteligente.

No Brasil, os números reforçam esse papel central. De acordo com o Balanço Energético Nacional de 2025, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e pelo Ministério de Minas e Energia (MME), 88% da oferta interna de eletricidade provém de fontes renováveis. Em 2024, o consumo final cresceu 5,5 %, alcançando 650,4 TWh, com destaque para indústria e residências. É justamente nesses setores, responsáveis por cerca de 81,3 % da demanda, que se investe fortemente em geração distribuída e eficiência energética.

Se um sistema solar em telhado entrega mais autonomia, quem garante sua efetividade é o eletricista. Se um empreendimento automatizado responde de forma inteligente à rede elétrica, ele calibrou esse elo invisível. Se uma casa comete economia e gera energia própria, ele foi o estrategista silencioso por trás disso. Sua atuação conecta ciência e cotidiano, energia e vida.

Ao cruzar ruas iluminadas, ligar um ar-condicionado ou recarregar um celular, mal nos damos conta da teia elétrica invisível que torna tudo possível — e menos lembramos do eletricista que a sustenta. Neste 17 de outubro, celebrar não é apenas enaltecer: é reconhecer que o futuro da energia está literalmente em suas mãos. É reconhecer o valor, a competência e a responsabilidade desse profissional que virou guardião da infraestrutura que move nosso país.

5 receitas com açaí que você (provavelmente) não conhecia

Quando se fala em açaí, é quase automático imaginar o tradicional copo com banana, granola e mel — aquele clássico brasileiro que combina com o calor e dá energia instantânea.
Mas a verdade é que o açaí é muito mais versátil do que parece. Rico em antioxidantes, ferro e gorduras boas, ele pode brilhar em receitas doces, salgadas, bebidas e até massas de pão.

Se você ama açaí e quer descobrir novas formas de usá-lo, confira essas 5 receitas criativas com açaí que vão surpreender o seu paladar.

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Açaí tem vários benefícios, além de seu sabor marcante

🍫 1. Brownie de açaí

Quem diria que o açaí e o chocolate formam uma dupla tão boa?
Nesse brownie, a polpa de açaí substitui parte da manteiga, deixando o doce mais úmido, nutritivo e com um sabor frutado sutil.

Ingredientes principais:

  • Polpa de açaí congelada (sem açúcar)

  • Cacau em pó

  • Açúcar mascavo

  • Ovos

  • Farinha de trigo

Dica: sirva ainda morno com raspas de chocolate meio amargo. Fica irresistível!

🥗 2. Molho de açaí para saladas

Sim, o açaí também combina com pratos salgados!
Esse molho é leve, agridoce e dá um toque tropical às saladas.

Como fazer:
Bata no liquidificador:

  • 2 colheres de sopa de polpa de açaí sem açúcar

  • 1 colher de chá de mel

  • Suco de meio limão

  • 1 fio de azeite

  • Sal e pimenta a gosto

Vai bem com: folhas verdes, castanhas, queijo branco e frutas como manga ou morango.

🍹 3. Mocktail de açaí com hortelã

Quer uma bebida sofisticada, refrescante e sem álcool? Essa é a pedida.
O açaí traz cor e corpo, enquanto o limão e a hortelã garantem frescor.

Modo de preparo:
Misture polpa de açaí, suco de limão, água com gás e folhas de hortelã.
Sirva com gelo e finalize com fatias de laranja.

Extra: adicione uma pitada de gengibre para um toque picante.

🍞 4. Pão doce de açaí

Uma receita diferente e linda visualmente.
Adicione açaí em pó (ou polpa concentrada) à massa de pão doce e surpreenda-se com o resultado: uma cor roxa natural e um sabor levemente frutado.

Dica do chef: o açaí ajuda a manter o pão macio por mais tempo — perfeito para o café da manhã ou lanche da tarde com cream cheese e mel.

🍦 5. Sorvete de açaí com leite de coco

Cremoso, leve e 100% natural.
Bata no processador polpa de açaí congelada, leite de coco e banana madura.
Leve ao congelador por algumas horas e sirva com lascas de coco torrado.

Resultado: um sorvete vegano, refrescante e tropical — ideal para os dias quentes.

Mais do que uma tendência, o açaí é um ingrediente cheio de possibilidades.
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Da próxima vez que for preparar algo diferente na cozinha, lembre-se: o açaí pode ser o toque especial que faltava no seu prato.

Ibama veta usina a gás em Brasília por risco ambiental e social

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) indeferiu o pedido de licença prévia para a construção da Usina Termelétrica Brasília, projeto da empresa Termo Norte Energia Ltda, planejado para a região de Samambaia, no Distrito Federal. A decisão, emitida após meses de análise técnica e consultas públicas, encerra, ao menos por enquanto, uma das mais controversas propostas energéticas do país.

De acordo com o parecer do Ibama, o empreendimento apresenta inviabilidades ambientais e sociais graves. A instalação da usina colocaria em risco o equilíbrio ecológico do Cerrado, pressionando áreas de pouso de aves migratórias e comprometendo ainda mais o Rio Melchior, um curso d’água classificado como de Classe 4, o nível mais crítico na escala de qualidade ambiental. Atualmente, o rio já sofre com poluição elevada e acúmulo de efluentes, o que tornaria insustentável o despejo adicional previsto pelo projeto.

Além dos impactos ambientais diretos, o órgão identificou pendências legais e técnicas. A empresa não obteve a Certidão de Uso e Ocupação do Solo, documento exigido pela Resolução nº 237/1997 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e teve sua autorização para uso de recursos hídricos suspensa pela Justiça. Esses elementos, segundo o Ibama, configuram descumprimento das normas básicas de licenciamento ambiental.

Mas foi o impacto social que consolidou o indeferimento. A área escolhida para o projeto, na Fazenda Guariroba, afetaria diretamente a Escola Classe Guariroba, onde estudam mais de 560 crianças. O deslocamento forçado da comunidade escolar, de acordo com o parecer, representaria “um dano pedagógico, social e cultural irreversível”, ferindo o direito constitucional à educação e o princípio do interesse público.

A decisão do Ibama foi celebrada por organizações ambientais e comunidades locais. O Instituto Internacional Arayara, uma das entidades que lideraram a mobilização popular, afirma que a UTE Brasília destruiria quase 32 hectares de vegetação nativa do Cerrado, captaria 110 mil litros de água por hora e lançaria 104 mil litros de efluentes no Rio Melchior. O instituto também destacou os riscos à saúde pública: a usina emitiria cerca de 4,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) equivalentes por ano, agravando a poluição atmosférica e os índices de doenças respiratórias no Distrito Federal.

Segundo John Wurdig, gerente de Transição Energética da Arayara, a mobilização comunitária foi decisiva. “O Ibama tomou essa decisão técnica graças à pressão das comunidades de Ceilândia, Samambaia e Sol Nascente. Foram mais de 100 eventos em 11 meses, envolvendo milhares de pessoas. Foi a maior mobilização comunitária já vista contra um empreendimento fóssil no Distrito Federal.”

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AGU/Divulgação

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A negativa de licença também inviabiliza outras três termelétricas — UTE Bonfinópolis, UTE Centro-Oeste e UTE Brasil Central — todas conectadas ao projeto do Gasoduto Brasil Central (TGBC), um corredor de mais de 900 quilômetros planejado para ligar São Carlos (SP) a Brasília. O licenciamento do gasoduto, segundo o Ibama, está vencido há mais de seis anos.

Em nota, o diretor técnico da Arayara, Juliano Bueno, que também integra o Conama, classificou o caso como exemplo de “racismo institucionalizado”. “Instalar uma termelétrica às margens de um rio degradado, demolindo uma escola pública para queimar gás e gerar energia cara é um retrato do que ainda precisa mudar na nossa política energética”, afirmou.

A Termo Norte Energia Ltda, por sua vez, informou que analisa o parecer emitido pela Diretoria de Licenciamento Ambiental (Dilic) do Ibama e que avaliará “as medidas cabíveis dentro do prazo legal”. A empresa reafirmou seu “compromisso com o diálogo institucional e com o cumprimento da legislação ambiental brasileira”.

Com a decisão, a UTE Brasília fica impedida de participar do Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP), previsto pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para 2026 — um revés significativo para o setor termelétrico. O episódio reacende o debate sobre o papel dos combustíveis fósseis na matriz energética nacional e reforça o apelo social por uma transição mais limpa e justa, capaz de equilibrar desenvolvimento econômico e integridade ambiental.

Quilombolas lançam NDC própria e pedem voz na política climática

Os quilombolas do Brasil assumiram o protagonismo na agenda climática global ao lançarem sua própria Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), uma proposta inédita que dialoga com os compromissos internacionais do país para conter o aquecimento global até 2035. A iniciativa, conduzida pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), marca um divisor de águas na luta por justiça climática e reparação histórica, unindo saberes tradicionais e ciência em uma mesma estratégia.

O documento — chamado NDC Quilombola — propõe que o Estado brasileiro reconheça oficialmente os territórios quilombolas como pilares da política climática nacional. Mais do que uma reivindicação identitária, trata-se de um plano de ação que oferece metas, prazos e indicadores para fortalecer a proteção ambiental a partir dos modos de vida das comunidades negras rurais.

“Os quilombos não são apenas afetados pelas mudanças climáticas, mas parte essencial da solução”, afirmou Selma Dealdina, articuladora política da CONAQ. “Ao protegermos nossos territórios, fazemos o trabalho de mitigação e conservação que beneficia toda a sociedade.”

Os dados sustentam a afirmação. Segundo o mapeamento do MapBiomas, entre 1985 e 2022 os territórios quilombolas titulados perderam apenas 3,2% de sua vegetação nativa — menos da metade do registrado em áreas privadas, onde o desmatamento chegou a 17%. Essa diferença mostra que a titulação dos quilombos é uma das políticas climáticas mais eficientes e baratas do país.

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Foto: Ana Flávia Barbosa

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A NDC Quilombola também se conecta aos avanços internacionais promovidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), como o reconhecimento dos afrodescendentes nas convenções da Diversidade Biológica (CDB) e da Mudança do Clima (UNFCCC). Esses marcos, argumenta a CONAQ, abrem espaço para que as comunidades negras tenham acesso direto a financiamentos e voz ativa em instâncias decisivas, como a COP30, que será sediada em Belém.

Entre as principais reivindicações está a destinação de 40% dos recursos climáticos nacionais e internacionais — provenientes de fundos como o Fundo Clima, o Fundo Amazônia e o Fundo Verde para o Clima — diretamente às comunidades quilombolas. A proposta visa corrigir uma histórica exclusão dos povos tradicionais das políticas de financiamento climático.

O documento se estrutura em três eixos estratégicos. O primeiro, Ordenamento Territorial e Fundiário, prevê titular 44 territórios até 2026 e 536 até 2030, assegurando segurança jurídica e manutenção de cerca de 1 bilhão de toneladas de carbono estocadas. O segundo, Transição Energética Justa e Consulta Prévia, exige que as comunidades sejam consultadas em mais de 1.300 projetos de mineração e infraestrutura, conforme a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Já o terceiro eixo, Desenvolvimento Sustentável com Justiça Social, Racial e Climática, defende políticas de adaptação, restauração florestal e fortalecimento da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental Quilombola (PNGTAQ).

Para Milene Maia, coordenadora do Programa de Política e Direito Socioambiental do Instituto Socioambiental (ISA), o documento é uma resposta contundente ao racismo ambiental no país. “A sobreposição de uma terra indígena, quilombola ou unidade de conservação sem diálogo é racismo. A forma como o Estado atua nesses territórios também é. A NDC Quilombola torna visível o que sempre foi invisibilizado: a contribuição desses povos para a manutenção da floresta e do clima.”

Ao projetar uma agenda climática com raízes na ancestralidade, os quilombolas transformam resistência em política pública e memória em futuro. A NDC Quilombola não é apenas uma proposta técnica — é um chamado para que o Brasil reconheça a força de quem sempre protegeu o território antes mesmo de haver conferências, fundos e metas globais.

Pássaros na Ucrânia fazem ninhos com fios de drones

Nas trincheiras e ruínas do leste europeu, onde a guerra redesenha a paisagem todos os dias, a natureza encontra formas improváveis de persistir. Na Ucrânia, um ninho de pássaro feito quase inteiramente de cabos de fibra óptica, restos de drones militares, tornou-se símbolo inesperado dessa adaptação. A estrutura, descoberta por soldados da 12ª Brigada Azov da Guarda Nacional da Ucrânia, foi encontrada próxima à linha de frente em Toretsk, na região de Donetsk, e rapidamente viralizou nas redes sociais, despertando reflexões sobre o impacto ecológico e humano do conflito.

Os cabos usados pelos pássaros vinham de drones FPV (First Person View) guiados por fibra óptica — tecnologia que permite controlar as aeronaves mesmo em ambientes saturados por guerra eletrônica. Desde 2022, quando o conflito se intensificou, os drones se tornaram protagonistas de um novo tipo de guerra: silenciosa, precisa e onipresente. O uso intensivo desses equipamentos deixou um rastro de fios, fragmentos e componentes metálicos espalhados por campos, florestas e cidades devastadas.

A imagem do ninho, delicado, quase translúcido, resume de forma poética, a resiliência biológica em meio à destruição. “Os pássaros foram os primeiros, depois das pessoas, a usar os restos de fibra óptica para suas próprias necessidades. É apenas uma das muitas manifestações de como a natureza sobrevive às chamas da guerra”, disse o comunicado oficial da brigada, segundo a agência Ukrainian News.

O episódio expõe uma das dimensões menos discutidas da guerra: a transformação ambiental dos campos de batalha. Dejetos tecnológicos, fragmentos de metais pesados e componentes eletrônicos têm alterado ecossistemas locais. Ainda assim, a fauna resiste e, como mostram os pássaros de Toretsk, reaproveita o que resta do colapso humano.

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Foto: Reprodução/CNN

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Os drones de fibra óptica se tornaram uma resposta às limitações impostas pela guerra eletrônica. Ao utilizar cabos, os operadores evitam o bloqueio de sinais de rádio e conseguem guiar as aeronaves com precisão milimétrica. Essa tecnologia foi aperfeiçoada na Ucrânia com apoio do Ministério da Transformação Digital e de especialistas internacionais. O ministro Mykhailo Fedorov, um dos principais responsáveis pela modernização tecnológica do país, afirmou que pelo menos 15 empresas ucranianas já produzem drones com fibra óptica.

Entre os nomes que impulsionaram essa inovação está o ex-fuzileiro naval norte-americano Troy Smothers, que levou ao país seus projetos de drones de fibra e ajudou a treinar técnicos e engenheiros locais. A parceria internacional acelerou o desenvolvimento de uma indústria militar nativa, hoje essencial para a estratégia ucraniana.

Mas, à medida que os drones se multiplicam, também cresce o volume de sucata eletrônica espalhada pelo território. Os fios de fibra óptica, leves, finos e brilhantes, chamam a atenção das aves, que os confundem com fibras naturais de grama ou pelos. Para os biólogos, o fenômeno é ambíguo: revela a impressionante capacidade de adaptação das espécies, mas também alerta para o avanço da poluição tecnológica em áreas naturais.

Enquanto a natureza tenta se recompor, a guerra segue. Recentemente, a Ucrânia lançou uma ofensiva de grande escala, batizada de “Spider’s Web” (teia de aranha), em que 117 drones foram utilizados para atacar bases aéreas russas em regiões distantes como Belaya, Olenya, Ivanovo e Dyagilevo. A operação destruiu bombardeiros estratégicos e reforçou o poder dos drones como instrumentos centrais do conflito.

As imagens dos ninhos feitos com cabos, no entanto, oferecem um contraponto simbólico à escalada tecnológica. Elas mostram que, mesmo nos territórios mais devastados, a vida continua a tecer suas próprias redes — de sobrevivência, de instinto e de reconstrução. O fio que conduz a guerra também sustenta a persistência do ciclo natural.

A cena encontrada em Toretsk não é apenas curiosa: é uma metáfora poderosa sobre o século XXI. Um tempo em que máquinas e animais compartilham os mesmos resíduos e onde a fronteira entre natureza e tecnologia se torna cada vez mais tênue. Em meio à poeira e ao silêncio dos combates, um pequeno ninho feito de fibra óptica lembra que, mesmo entre os escombros, a vida encontra um jeito de recomeçar.

Calor extremo pode dobrar mortes na América Latina e ameaça idosos e pobres

O aumento das temperaturas globais pode dobrar o número de mortes causadas pelo calor nas próximas duas décadas, segundo uma nova análise conduzida pelo projeto Mudanças Climáticas e Saúde Urbana na América Latina (Salurbal-Clima). O levantamento, publicado na revista científica Environment International, avaliou dados de 326 cidades em nove países da região e acende um alerta sobre os riscos que o aquecimento global representa para a saúde pública — especialmente para idosos e populações em situação de vulnerabilidade.

Hoje, o calor já responde por cerca de 1 em cada 100 mortes na América Latina. Mantidos os atuais padrões de aquecimento e envelhecimento populacional, essa proporção pode ultrapassar 2% até meados da década de 2050, mesmo em cenários moderados, com aumento de temperatura entre 1 °C e 3 °C.

A pesquisa reuniu cientistas da Universidade de São Paulo (USP), da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), e de instituições de países como Argentina, Chile, México, Costa Rica, Panamá e Peru, entre outros, integrados por uma rede internacional coordenada pelo Salurbal — iniciativa sediada na Drexel University, nos Estados Unidos.

O risco invisível das ondas de calor

“O calor extremo é uma ameaça silenciosa”, alerta o epidemiologista Nelson Gouveia, professor do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP e um dos autores do estudo. Segundo ele, as mortes diretas são apenas a face mais visível de uma crise que afeta profundamente o corpo humano. “O calor intenso aumenta o risco de infartos, insuficiência cardíaca e agrava doenças crônicas, principalmente em pessoas idosas e em quem vive em condições precárias”, explica.

As populações mais afetadas são aquelas que vivem em periferias urbanas, em moradias mal ventiladas, sem acesso a ar-condicionado, sombra ou áreas verdes. Nessas regiões, o fenômeno das “ilhas de calor” — onde a temperatura é significativamente maior que em áreas com vegetação — potencializa o perigo, criando uma combinação explosiva entre pobreza, urbanização desordenada e mudanças climáticas.

Projeções para o Brasil e envelhecimento populacional

No Brasil, os pesquisadores analisaram dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no DataSUS e nos censos demográficos. As conclusões indicam que as mortes relacionadas a temperaturas extremas — tanto por calor quanto por frio — tendem a crescer fortemente nas próximas décadas.

Um fator-chave é o envelhecimento da população: o Brasil terá um número recorde de pessoas acima de 65 anos entre 2045 e 2054, justamente o grupo mais vulnerável a ondas de calor. O avanço dessa faixa etária amplia a pressão sobre o sistema de saúde e exige políticas preventivas de longo prazo.

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Prevenção: adaptar cidades e salvar vidas

Os pesquisadores afirmam que parte significativa dessas mortes pode ser evitada se governos locais implementarem planos de adaptação climática que priorizem os grupos mais vulneráveis. Isso inclui ações como:

  • sistemas de alerta precoce, com comunicação acessível sobre riscos e cuidados em dias de calor extremo;

  • expansão de áreas verdes e corredores de ventilação urbana, para reduzir as ilhas de calor;

  • protocolos de saúde pública para atendimento prioritário de idosos e pessoas com doenças crônicas;

  • campanhas educativas sobre hidratação, alimentação leve e sinais de exaustão térmica;

  • e infraestrutura urbana adaptada, como abrigos públicos e centros de resfriamento.

Cidades como o Rio de Janeiro já adotaram medidas específicas para o monitoramento de temperaturas e atendimento prioritário em hospitais e unidades de emergência, servindo como exemplo regional de mitigação dos efeitos das ondas de calor sobre a saúde.

Calor, pobreza e desigualdade

Mais do que um problema climático, o calor extremo expõe desigualdades sociais e econômicas. Quem tem acesso a ar-condicionado, água potável e moradias adequadas enfrenta melhor as altas temperaturas. Já quem vive nas margens, sem esses recursos, sofre desproporcionalmente.

A vulnerabilidade se soma à falta de políticas públicas e de planejamento urbano adaptativo. O estudo mostra que, em cidades com infraestrutura verde — árvores, parques, rios limpos —, a mortalidade por calor é sensivelmente menor. Isso reforça que políticas ambientais também são políticas de saúde.

Evidências para políticas públicas

O Salurbal-Clima, com duração de cinco anos (2023-2028), busca justamente fortalecer a base científica para orientar governos e instituições na formulação de estratégias de mitigação e adaptação. Ao integrar dados de nove países latino-americanos, o projeto cria uma visão continental dos impactos climáticos sobre a saúde e fornece indicadores comparáveis que podem embasar decisões urgentes.

As conclusões são claras: sem ações coordenadas, as mortes por calor vão dobrar. Com adaptação, planejamento e investimentos em infraestrutura verde, parte considerável delas pode ser evitada.

O que está em jogo não é apenas o futuro do clima, mas a capacidade das cidades latino-americanas de proteger suas populações diante de um planeta cada vez mais quente.

Acesse aqui o estudo por completo.

Governo do Pará aposta na tecnologia para gerar transformação social

O Pará vive um momento de aceleração em ciência, tecnologia e educação profissional, com projetos que conectam inovação, empreendedorismo e ensino técnico para promover impactos econômicos e sociais em todo o Estado. A Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet) está liderando uma agenda que reforça o ecossistema de inovação e busca colocar a tecnologia como instrumento real de desenvolvimento para jovens, empreendedores e comunidades.

Para o secretário Victor Dias, há convicção de que investir em educação, inovação e empreendedorismo é abrir caminhos de igualdade: ao apoiar ideias transformadoras dos diversos recantos do Pará, o Estado cria chances de que cada estudante ou grupo possa desenvolver competências, gerar renda e contribuir com soluções para os desafios locais, além de fomentar o crescimento coletivo.

Startups, maratonas e empreendedorismo comunitário

Entre os destaques está o programa Startup Pará, que apoia empreendedores com iniciativas tecnológicas de impacto social. O programa promoveu as Maratonas de Inovação em cidades como Belém, Bragança, Santarém, Tucuruí e Parauapebas – encontros intensivos nos quais equipes desenvolvem protótipos para temas como bioeconomia, inteligência artificial e cidades inteligentes. As melhores ideias recebem mentorias, bolsas de apoio e são encaminhadas para incubação, com possibilidade de virarem produtos ou serviços operacionais. iniciativa que levou estudantes e empreendedores de Bragança e Tucuruí ao Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá) para conhecer laboratórios, empresas residentes e espaços de inovação. Esse contato direto permite que participantes vejam de perto o potencial de seus projetos e estabeleçam parcerias, aprendendo com empresas já instaladas.

Educação técnica e experimentação nas escolas

A formação técnica é outra frente essencial da Sectet. As escolas técnicas estaduais do Pará (EETEPAs) distribuídas pelo Estado oferecem cursos nas modalidades Integrado, Subsequente e Proeja. Nessas unidades também há feiras de inovação, mostras científicas e projetos educativos que estimulam alunos a experimentar tecnologia, programação, robótica e a buscar protagonismo no aprendizado prático. O Projeto Amazon Maker, por exemplo, leva laboratórios, oficinas de impressão 3D, modelagem e programação, estendendo-se também aos espaços das Usinas da Paz. Essas ações não servem apenas para ensinar conteúdos, mas para despertar vocações nas áreas STEM e criar uma cultura de experimentação.

20251015195046-GC00071624-F00267983-400x267 Governo do Pará aposta na tecnologia para gerar transformação social
Divulgação – Ag. Pará

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PCT Guamá: polo estratégico de inovação

O Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá) é a infraestrutura central desse esforço. Tratando-se do primeiro parque tecnológico da Região Norte, ele opera com mais de 30 empresas residentes, dezenas de associadas, 12 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento, e parcerias com instituições de ensino superior. A gestão é da Fundação Guamá, em articulação com a Sectet, com apoio de universidades como a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra).

No PCT Guamá também funciona o programa Impulso Amazônia, que oferece jornada de mentoria, oficinas temáticas e conexão com redes especializadas para empresas e startups, com foco em sustentabilidade, internacionalização, tecnologia e inovação de produto. A ideia é fortalecer projetos já existentes, dar suporte técnico-científico, ajudar no plano de negócios, marca, propriedade intelectual e demais competências essenciais para tornar ideias viáveis e negócios escaláveis.

Laboratórios e empresas do parque também colaboram com gestão pública por meio de soluções GovTech — desenvolvendo software, ferramentas digitais, serviços que melhoram eficiência, transparência, controle e atendimento ao cidadão. Exemplos incluem empresas residentes que trabalham com educação digital, aplicativos, automação de processos públicos e treinamento de rede escolar. A interação entre parque, setor público e iniciativa privada reforça que inovação não é algo distante, mas prática concretamente aplicável que pode gerar benefícios diretos.

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Divulgação – Ag. Pará

Inclusão, interiorização e sustentabilidade como eixos estruturantes

O Governo do Estado busca que tudo isso vá além de Belém. As Maratonas de Inovação e a Caravana da Inovação têm levado essas oportunidades para municípios do interior, reforçando que não é aceitável que o acesso à ciência, tecnologia ou treinamento de ponta fique restrito a capitais ou grandes centros. A interiorização visa diminuir desigualdades e promover inclusão territorial.

Além disso, há claro compromisso com sustentabilidade: bioeconomia, uso de recursos naturais de forma consciente, desenvolvimento de empresas que respeitam o meio ambiente — tudo isso inserido nos programas de inovação. O equilíbrio entre progresso tecnológico e preservação ambiental aparece como uma premissa das iniciativas apoiadas.

Desafios à frente e consolidação do ecossistema

Embora o Pará faça avanços visíveis, os desafios são grandes. É preciso consolidar cadeias de financiamento, garantir que os protótipos se transformem em produtos ou empresas viáveis, ampliar a infraestrutura nos municípios mais remotos, fortalecer redes de mentoria locais e garantir mecanismos de mercado para absorver essas inovações. Também é necessário manter políticas de longo prazo, com continuidade de programas, fiscalização, apoio técnico e boas parcerias.

Ainda assim, o Estado tem montado uma base sólida: infraestrutura, laboratórios, parcerias acadêmicas, programas de empreendedorismo, escolas técnicas. Se mantiver esse curso, o Pará pode não só acompanhar padrões nacionais de ciência e inovação, mas liderar exemplo na Amazônia de como promover desenvolvimento tecnológico que seja também justo, inclusivo e sustentável.

Concentração global de CO² atinge recorde e desafia capacidade da Terra de absorver emissões

A concentração de dióxido de carbono na atmosfera atingiu, em 2024, o nível mais alto já registrado desde o início das medições globais. O alerta foi feito pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), em seu novo Boletim de Gases de Efeito Estufa. O relatório mostra que o planeta segue acumulando volumes crescentes de gases responsáveis pelo aquecimento global, e que as consequências desse processo serão sentidas por séculos.

Segundo a OMM, o dióxido de carbono é o principal gás de efeito estufa de origem humana e representa o maior risco de longo prazo para a estabilidade climática. Ele permanece na atmosfera e nos oceanos por centenas de anos, intensificando o desequilíbrio energético da Terra. A tendência observada em 2024 confirma o que a ciência vem advertindo há décadas: a trajetória atual de emissões ainda está distante do necessário para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C, conforme previsto no Acordo de Paris.

O documento também aponta uma preocupação crescente: os sumidouros de carbono — sistemas naturais que absorvem mais CO² do que emitem — estão se tornando menos eficazes. Essa perda de eficiência significa que uma parcela maior do gás permanece na atmosfera, acelerando o aquecimento global e agravando seus efeitos. “O monitoramento global coordenado pela OMM é mais essencial do que nunca para compreender as consequências de sumidouros de CO² menos eficazes”, afirmou Oksana Tarasova, diretora científica sênior da organização e coordenadora do relatório.

Florestas, solos e oceanos são os grandes aliados naturais do planeta na regulação do carbono. As florestas tropicais, por exemplo, absorvem o CO² por meio da fotossíntese e armazenam carbono em sua biomassa. Os solos ricos em matéria orgânica retêm carbono em suas camadas, enquanto os oceanos realizam uma absorção contínua do gás, fenômeno conhecido como carbono azul, que envolve desde fitoplâncton até ecossistemas marinhos mais complexos.

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Divulgação

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A pressão instaurada pelo CO²

Mas esses mecanismos naturais estão sob pressão. O desmatamento, as queimadas e o aquecimento dos oceanos reduzem sua capacidade de retenção. A Amazônia, antes considerada um dos maiores sumidouros de carbono do planeta, já mostra sinais de saturação em determinadas áreas, emitindo mais CO² do que absorve durante períodos de seca intensa. Essa mudança ameaça transformar um dos principais amortecedores climáticos do mundo em uma fonte líquida de emissões.

A OMM destaca que, sem o fortalecimento de políticas públicas e acordos internacionais, o mundo corre o risco de entrar em uma nova era de instabilidade climática. Eventos extremos — como ondas de calor, secas prolongadas, enchentes e incêndios florestais — tendem a se tornar mais intensos e frequentes. A agência reforça a necessidade de acelerar a transição energética, reduzir o uso de combustíveis fósseis e ampliar a restauração de ecossistemas naturais como estratégia de mitigação.

O relatório também evidencia a importância de sistemas robustos de monitoramento atmosférico global, essenciais para medir e entender as concentrações de gases de efeito estufa. Essas informações servem de base para políticas climáticas, planejamentos de adaptação e metas de neutralidade de carbono. Sem dados precisos, o planeta navega às cegas em meio à crise climática.

O alerta da OMM vem em um momento crucial: as negociações internacionais caminham para a COP30, que será realizada em 2025, em Belém (PA). A escolha da Amazônia como sede carrega simbolismo e urgência. É um chamado para que as nações não apenas debatam metas, mas se comprometam com a manutenção dos sistemas naturais que ainda equilibram o clima global.

Os recordes de CO² de 2024 revelam mais do que um dado científico — são o retrato de uma humanidade em dívida com sua própria casa. O futuro depende da capacidade de recuperar os sumidouros naturais e de conter as emissões na origem. Caso contrário, o planeta entrará em um ciclo cada vez mais difícil de reverter.

A COP30 e o protagonismo urbano: entre discurso e alicerces reais

Quando o relógio se aproxima de novembro, e Belém se prepara para sediar a COP30, o Brasil intensifica sua mobilização. No cerne dessa movimentação, o encontro “Pré-COP30. O papel do setor privado na agenda climática”, organizado pela CNI dentro da plataforma SB COP30, é mais do que protocolo: revela a aposta no protagonismo institucional e privado para transformar compromissos em entregas palpáveis.

O secretário-executivo Hailton Madureira assumiu um discurso que conecta duas urgências: a crise climática global e os desafios urbanos locais. Ele lembrou que 87% dos brasileiros vivem em cidades, espaços onde as mudanças no clima já são visíveis em enchentes, calor extremo, colapsos de drenagem, deslizamentos. Se há lugares vulneráveis, são os territórios urbanos mal planejados. Por isso, segundo ele, “não haverá justiça climática sem justiça urbana”. Essa frase opera como um fio narrativo: escancara que o enfrentamento climático precisa ser traduzido na vida real das cidades.

Para operar essa transição, o Ministério das Cidades se remodelou: ao criar uma Diretoria de Sustentabilidade, o órgão integrou variáveis ambientais no planejamento urbano, introduzindo critérios de eficiência e práticas verdes em programas tradicionais como o Minha Casa, Minha Vida e ações de mobilidade. Essa interlocução institucional reflete uma crença estratégica: a política urbana deve se imbricar ao desafio climático, não ser um apêndice desconectado.

As cifras anunciadas também falam alto. Os R$ 4,7 bilhões destinados a Belém para obras ligadas à COP30 são pensados não apenas para o evento, mas para deixar um legado urbano: drenagem, infraestrutura, mobilidade, equipamentos públicos. Simultaneamente, o aporte de R$ 90 bilhões às ações urbanas nacionais sugere que o Ministério quer jogar em escala nacional. Mas os números precisam encontrar chão: investimento é necessário, mas não suficiente.

Nesse sentido, o anúncio de um fundo para cidades sustentáveis, a ser lançado com a Caixa Econômica Federal, é um passo audacioso. Espera-se que esse mecanismo torne possível, sobretudo para municípios menores com menos recursos técnicos, desenhar e executar projetos urbanos ambientais — drenagem verde, mobilidade ativa, requalificação de espaços públicos. Se bem operacionalizado, pode ser um motor de inovação local.

Mas Madureira não ignorou quem carrega parte da execução: o setor privado. Ele reiterou que sem empresas, não haverá avanço. Setores-chave, saneamento, construção civil, mobilidade, devem adotar processos de baixo carbono e métodos inovadores. Ele citou como exemplo as 45 casas ecológicas na Ilha do Combu: construídas com madeira apreendida e com sistemas de captação de água de chuva, essas unidades serão visíveis como protótipos na COP30.

Logo_COP30_ONU_SEM_LEGENDA-400x218 A COP30 e o protagonismo urbano: entre discurso e alicerces reais

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Essa convergência entre Estado e iniciativa privada, evocada no evento da CNI, é central para o modelo que se antevê: uma COP com retórica de convergência entre interesse econômico e ambiental. Isso casa com o papel da Sustainable Business COP (SB COP), mobilizada pela CNI, que convida empresas a apresentar cases concretos e participar do processo climático nacional.

O discurso de que o Brasil já conta com uma matriz elétrica de cerca de 80 % limpa reforça o discurso de oportunidade: há espaço para um salto qualificado na transição energética. Ao mesmo tempo, serve como carta de apresentação: “nós já temos parte da base; precisamos acelerar”. Se as cidades são palco da vulnerabilidade climática, também são horizontes de inovação: institucionais, tecnológicas e sociais.

Entretanto, a materialização dessas ideias depende de um ponto nevrálgico: execução. Criar um fundo é um começo; fazê-lo funcionar com governança técnica em municípios pequenos é o verdadeiro teste. Integrar setor privado requer regulação clara, incentivos, boa interlocução e controle. Legados urbanos são promessas até se tornarem praças drenadas, calçadas seguras, transporte limpo.

O Pré-COP30 na CNI é um recado: este não será um evento meramente simbólico, mas um laboratório político e prático para mostrar que é viável alinhar crescimento e sustentabilidade. Belém não será apenas palco diplomático: será vitrine para projetos urbanos que caminhem com o planeta, desde a rotina do cotidiano urbano até os compromissos globais. No fim, a COP30 que importa é aquela que faz sentido para quem vive nas ruas, nas favelas, nos bairros, nos pequenos municípios e para quem ousa apostar que o clima exige urgência e parceria real entre Estado e mercado.

Fapespa impulsiona ciência e inovação no Pará em 2025

No cosmopolita mosaico amazônico, o conhecimento é ao mesmo tempo recurso e alavanca para o futuro. E é nesse ponto que ganha força o protagonismo da Fapespa – Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas: em 2025, sua estratégia convergiu para posicionar o Pará como polo de ciência, inovação e desenvolvimento sustentável.

Ao celebrar o Dia Mundial da Ciência e Tecnologia, a Fapespa destacou que seu esforço recente não se reduz à execução de editais e bolsas. A ambição é mais ampla: forjar uma ponte consolidada entre o universo acadêmico, a sociedade e o aparato estatal. Dentro dessa visão, a Fundação intensificou alianças nacionais e internacionais.

No âmbito internacional, a mobilização para adesão ao Horizon Europe, principal programa de financiamento à pesquisa da União Europeia, foi uma das apostas. Ao promover um workshop na UEPA (Universidade do Estado do Pará), a Fapespa orientou pesquisadores a acessar editais internacionais e a participar de redes globais. Em consonância, firmou convênios com o British Council Brasil para operar o programa Global Climate Skills – Seeds for Transitions na região amazônica, capacitando jovens para temas de mudança climática.

Outra ponte foi o Connect Amazônia 2025, em parceria com a University of Birmingham (Reino Unido): trata-se de uma chamada colaborativa para projetos entre pesquisadores paraenses e britânicos, cujos temas estratégicos incluem biodiversidade, mudanças climáticas e bioeconomia. Esse tipo de parceria bilítere fortalece o intercâmbio científico e amplia a capilaridade internacional da pesquisa amazônica. A chamada pública foi divulgada pela própria Fapespa.

A presença da instituição em fóruns e conferências relevantes também soma visibilidade e influência. A participação no Fórum Nacional do Confap reforçou articulações entre fundações estaduais e órgãos federais. No palco internacional, eventos como o Encontro de Prospectiva em Portugal e o Science and Technology for Society Forum (STS), no Japão, foram oportunidades de posicionamento global para a ciência amazônica.

Mas não apenas na diplomacia científica está o esforço da Fapespa: internamente, ela investe no fortalecimento estratégico das informações. A mais recente inovação é o PIB Trimestral do Pará, que reduz a lacuna temporal na produção de estatísticas econômicas do estado. Em paralelo, a publicação “Pará em Números” e o “Radar de Indicadores” alimentam gestores municipais e estaduais com bases analíticas para decisões mais conscientes.

No domínio dos recursos humanos, a Fapespa manteve seu compromisso com bolsas em diversos níveis – da iniciação científica ao doutorado –, por meio de editais internos e parcerias com CNPq, Capes e Finep. Essa política fortalece não apenas indivíduos, mas estruturas de pesquisa regional.

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Marcelo Lelis/ag. Pará

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A inovação empreendedora foi outro eixo estratégico. Por meio do programa Centelha, executado pela Fapespa no Pará, ideias promissoras de startups são convertidas em projetos sustentáveis com apoio financeiro e técnico. Já o Tecnova III, em parceria com a Finep, apoia empresas paraenses com recursos voltados à inovação tecnológica. Juntos, esses programas expressam a ambição de que o conhecimento científico reverbere em impacto social e econômico.

No eixo da bioeconomia, a Fapespa consolidou a chamada Rede Pará de Contas Regionais e Bioeconomia, com apoio de universidades como UFPA, UFopa e Unifesspa, para mapear as cadeias produtivas amazônicas (açaí, castanha, óleos vegetais etc.). A rede pretende gerar novos indicadores regionais com metodologia alinhada ao IBGE e à ONU. Os resultados concretos já vêm sendo mensurados: um estudo do WRI Brasil estimou que fortalecer 13 cadeias produtivas amazônicas poderia gerar R$ 816 milhões para o PIB do Pará, 6.600 empregos e R$ 44 milhões a mais de arrecadação fiscal, com cerca de R$ 720 milhões de investimentos.

Outro destaque é o apoio ao cultivo científico do camarão-da-Amazônia, por meio da “Rede de Inovação e Transferência de Tecnologia para Produção Sustentável do Camarão-da-Amazônia”, que integra projetos estaduais e federais e utiliza ferramentas avançadas de biologia e nutrição de organismos aquáticos. No Pará, esse trabalho é fomentado pela Fapespa dentro da Iniciativa Amazônia+10.

Os resultados financeiros e quantitativos confirmam o vigor da estratégia. Em 2023, a Fapespa investiu R$ 11,3 milhões em 42 projetos alinhados ao plano de bioeconomia estadual; atualmente, 91 projetos estão em execução, com investimento acumulado de R$ 15,6 milhões nos últimos três anos. O orçamento previsto para o Tecnova III é da ordem de R$ 12,6 milhões. Ainda, dentro da Iniciativa Amazônia +10, feita por 25 fundações estaduais de amparo à pesquisa, a Fapespa é destacada como aquela com maior número de projetos aprovados.

Olhando para 2026, a Fapespa projeta expandir sua influência: pretende aumentar o número de parcerias internacionais, elevar a participação de instituições paraenses em editais competitivos e consolidar a integração entre ciência e desenvolvimento regional. Para sua presidência, a ciência é ferramenta essencial para guiar políticas e assegurar que o conhecimento produzido na Amazônia gere impacto social e transformação territorial.

Em suma, 2025 aparece como ano de aceleração para a Fapespa: não mais reservada ao financiamento acadêmico, a Fundação se posiciona como protagonista no planejamento estadual e agente articulador entre ciência, inovação e sociedade. O desafio futuro será sustentar esse impulso, aprofundar convergências entre os atores regionais e garantir que a Amazônia – ainda tantas vezes vista como fronteira – consolide-se como epicentro de produção de conhecimento, tecnologia e caminhos sustentáveis para o Brasil e o mundo.

Emater-Pará leva CAR a famílias rurais de Breves

Em uma manhã vibrante em Breves, no Marajó, 30 famílias de pequenos agricultores receberam um documento que pode transformar suas vidas: o Cadastro Ambiental Rural (CAR). A entrega, realizada pela Emater-Pará em parceria com os governos federal, estadual e municipal, simboliza mais do que burocracia — representa um passo concreto rumo à segurança territorial, ao desenvolvimento sustentável e à dignidade do agricultor familiar.

Nas vicinais Zero, 05, 07 e na estrada do Rio Arapijó, as famílias conectadas à PA-159 eram esperadas. Ali plantam mandioca, acionam suas lavouras de açaí, cultivam arroz, criam galinhas caipiras ou apicultura — e esperavam por anos por uma confirmação formal de que aquela terra é sua. Para muitos, como o agricultor Josoel Miranda Barros, a entrega do CAR significou algo mais que um papel: “agora tenho segurança de que esta terra é nossa”, contou ele, orgulhoso, ao exibir suas bananas e os modos de cultivo.

O CAR é um instrumento legal essencial. Ele consolida, em um registro público nacional, informações ambientais da propriedade: áreas destinadas à produção agropecuária, áreas preservadas, margens de rios (as chamadas Áreas de Preservação Permanente) e a reserva legal exigida por lei. Esse documento torna-se peça chave para que o produtor possa demandar crédito rural, seguros agrícolas ou financiamentos, ao apresentar conformidade ambiental.

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Divulgação – Ag. Pará

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Na prática, o processo começou quando produtores locais buscaram os serviços gratuitos oferecidos pela Emater-Pará. Os técnicos agendaram visitas nas propriedades, coletaram dados técnicas e documentação, mapearam biomas, delimitaram áreas e orientaram os agricultores. Depois de todo esse trabalho, chegou o momento da entrega oficial do CAR. Segundo o chefe do escritório local, Jocimar Mendonça, foi gratificante ver aquelas famílias recebendo o documento após todo o esforço e cuidado técnico mobilizado.

A diversidade das atividades rurais na região é grande: manejo de açaizal nativo, produção de farinha de mandioca, horticultura, piscicultura e criação de galinhas são algumas das culturas que sustentam a vida e a subsistência local. A ação da Emater não apenas fortalece essas práticas, mas também projeta um horizonte mais seguro: com o CAR em mãos, os agricultores ganham respaldo institucional para buscar investimentos e acesso a políticas públicas.

Para as famílias, o impacto vai além da propriedade. Um CAR válido pode significar que sua produção será legitimada perante o Estado e instituições financeiras, abrindo portas para crédito com melhores condições. Isso tende a gerar maior produção, maior renda familiar e melhor qualidade de vida. Em escala comunitária, fortalece-se a segurança alimentar e a economia local. Em termos ambientais, consolida-se a justiça territorial: é possível planejar que áreas de preservação sejam respeitadas e ecológicas, garantindo equilíbrio entre produção e conservação.

“Para mim, como agente da assistência técnica, é gratificante”, afirma Mendonça. “Permitir que agricultores, extrativistas e aquicultores acessem esse registro significa impactar positivamente vidas, levar desenvolvimento sustentável e afirmar a importância da justiça ambiental local.”

Em síntese, a entrega do CAR em Breves simboliza um encontro entre direito e prática: reconhece que o agricultor familiar tem direito à terra e à certificação ambiental, e articulou estruturas públicas para tornar esse direito real. Mais do que distribuir documentos, o Estado reafirma seu compromisso com o rural, com o meio ambiente e com a dignidade de quem labuta a terra — e por isso, cada registro entregue ecoa como promessa de futuro: produção digna, convivência sustentável com a natureza e cidadãos empoderados.

Detran-PA conquista Selo Bicicleta Brasil 2025: um novo rumo

O Detran do Pará acaba de ingressar em uma rede nacional de instituições comprometidas com a mobilidade por bicicleta: foi homologado com o Selo Bicicleta Brasil 2025, concedido pelo Ministério das Cidades. A distinção celebra o esforço contínuo em adotar práticas que promovem segurança, sustentabilidade e valorização do ciclista nas vias urbanas. No Norte do país, o órgão estadual consegue um feito singular: é o único Detran da região a ostentar essa chancela no ano vigente.

Tal reconhecimento não é apenas simbólico: ele evidencia que as políticas públicas de trânsito no estado vêm se abrindo para abordagens mais inclusivas e humanas. Ao incorporar o selo, o Detran-PA confirma que reconhece o ciclista como um protagonista do deslocamento urbano — não como risco a ser gerido, mas como cidadão a ser defendido.

Para conceder o selo, o Ministério avaliou múltiplas dimensões: foram consideradas as campanhas de educação sobre trânsito, iniciativas em escolas, atuação em municípios do interior, projetos itinerantes e ações simbólicas como sorteios e eventos ciclísticos. No Centro de Belém, o Detranzinho, uma minicidade educativa voltada ao trânsito e a Carreta Minicircuito Itinerante levaram oficinas e vivências a crianças e jovens, cultivando respeito ao ciclista desde cedo. Em datas como o Dia Nacional do Ciclista (19 de agosto), agentes do Detran saíram às ciclovias e ciclofaixas para dialogar com a população, distribuindo materiais de segurança como cordões reflexivos, apitos e lixeiras portáteis.

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Divulgação – Ag. Pará

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A cada atendimento nas ruas, as equipes não apenas fiscalizam: elas reforçam uma visão de trânsito compartilhado, em que automóveis, pedestres e bicicletas coexistem com equilíbrio. A chancela envolve justamente essa mudança de paradigma: trata-se de valorizar cidades menos dependentes de motorizações, mais verdes, mais saudáveis.

O Programa Bicicleta Brasil (PBB), instituído pela Lei nº 13.724/2018, é a base normativa que sustenta o selo. Ele foi concebido para estimular o uso da bicicleta nas cidades com mais de vinte mil habitantes e orientar políticas relativas à mobilidade urbana. Pelo programa, órgãos públicos, entidades privadas e organizações sociais podem pleitear o selo mediante apresentação de plano de ação, memorial descritivo e documentos comprobatórios.

É preciso ressaltar que o selo tem validade anual, assim, é mais que uma certificação: é um estímulo à continuidade e à expansão dessas práticas. A cada novo ciclo, as instituições precisam demonstrar evolução. Isso aciona uma dinâmica de melhoria contínua.

Para a população do Pará, o reconhecimento pode gerar efeitos concretos: mais visibilidade para demandas cicloviárias, maior pressão institucional por infraestrutura adequada, como ciclovias seguras e bicicletários, e fortalecimento das redes urbanas ativas. A chancela também legitima o Detran como agente de mobilidade sustentável, repercutindo não só no trânsito, mas na cultura urbana.

Nenhuma iniciativa isolada garante o selo; o que prevalece é o ecossistema de ações articuladas: educação, promoção e segurança. O Detran-PA somou esforços em vários municípios, expandiu o diálogo para escolas e comunidades, e projetou campanhas de mobilização. Tal esforço coletivo reafirma uma concepção mais ambiciosa de trânsito: não como mero sistema regulado, mas como política social.

Com o Selo Bicicleta Brasil 2025, o Detran assume simbolicamente o compromisso de manter vivo o impulso por um trânsito menos agressivo, mais humano e consciente. A distinção sinaliza que o Pará está no rumo certo. Ainda pulsa um caminho a percorrer — requalificar vias, mapear mobilidade ciclável, fortalecer participação social — mas esse reconhecimento federal é uma luz importante, encorajando a persistência de uma agenda que coloca rodas leves, as bicicletas, no centro da cidade.

Indústria brasileira quer que COP30 gere ações concretas e resultados mensuráveis

A menos de um mês da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém (PA), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) reforçou que a conferência precisa ir além das declarações políticas e entregar resultados concretos para o equilíbrio entre desenvolvimento econômico, social e ambiental. A mensagem integra o documento “Visão da Indústria sobre a COP30”, apresentado durante o evento “Pré-COP30: O Papel do Setor Privado na Agenda do Clima”, realizado em Brasília.

O encontro, promovido pela CNI, reuniu representantes do governo federal, da Sustainable Business COP (SB COP) — coalizão global lançada pela própria confederação —, do setor empresarial e de instituições internacionais. O documento será levado oficialmente à COP30 como contribuição da indústria brasileira às negociações climáticas.

O setor produtivo como agente da transição

O presidente da CNI, Ricardo Alban, afirmou que o setor produtivo precisa assumir um papel de protagonismo e corresponsabilidade no combate às mudanças climáticas. “Todas as definições de uma COP são implementadas pelo setor produtivo. Por isso, precisamos ser cúmplices do processo. A economia e o ser humano devem estar no centro das decisões — não há desenvolvimento social sem desenvolvimento econômico”, declarou.

Alban dividiu a abertura do evento com Ricardo Mussa, chair da SB COP; Dan Ioschpe, high-level climate champion da COP30; e Hailton Madureira, secretário-executivo do Ministério das Cidades.

Para Mussa, a SB COP30 demonstra como o setor privado pode ir além do discurso e contribuir com entregas concretas. “Queremos falar de resultados e ação. As entregas da SB COP mostram que é possível alinhar o setor produtivo e o poder público em torno de soluções reais”, destacou. Já Ioschpe reforçou que as metas do Acordo de Paris só serão alcançadas se governos e empresas atuarem juntos. “Temos tecnologias e engajamento. A SB COP é um exemplo prático dessa cooperação.”

Madureira, representando o governo federal, lembrou que as cidades são fundamentais na adaptação às mudanças climáticas. “Não haverá justiça climática sem justiça urbana”, afirmou, destacando políticas e fundos que o ministério está estruturando para sustentabilidade urbana.

Financiamento climático e adaptação: os pilares do avanço

Entre as propostas apresentadas pela CNI para a COP30, o financiamento climático ocupa posição central. O Roadmap Baku-Belém, plano de ação que detalhará como mobilizar a Nova Meta Coletiva Quantificada (NCQG) — estimada em US$ 1,3 trilhão por ano até 2035 —, é visto pela indústria como essencial para destravar recursos e garantir apoio aos países em desenvolvimento.

A CNI propõe a simplificação de processos em bancos multilaterais, a revisão das restrições associadas ao endividamento e incentivos ao financiamento de projetos de alta integridade ambiental. A entidade alerta que o déficit de recursos para adaptação pode chegar a US$ 359 bilhões anuais.

Outro ponto de destaque é a definição dos indicadores da Meta Global de Adaptação. A confederação defende que sejam flexíveis e mensuráveis, garantindo transparência e responsabilização, e sugere uma implementação gradual, com período de teste. “Os indicadores devem orientar políticas reais, atrair investimento e fortalecer os planos nacionais de adaptação”, diz o documento.

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Crédito: Gilberto Sousa.

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Mercado de carbono: oportunidade estratégica para o Brasil

A CNI enxerga no mercado de carbono uma das maiores oportunidades para o país. O Brasil tem potencial para gerar créditos de alta integridade ambiental, com impacto direto na atração de investimentos.

A entidade defende que a regulamentação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) garanta integração entre o mercado nacional e os mecanismos internacionais previstos no Artigo 6 do Acordo de Paris. Essa articulação, segundo a CNI, é crucial para posicionar o Brasil como líder global na precificação de carbono.

Transição justa e comércio internacional

A transição para uma economia de baixo carbono deve respeitar a autonomia dos países, destaca a CNI. A entidade alerta que instrumentos como o Mecanismo de Ajuste de Fronteira de Carbono (CBAM), criado pela União Europeia, não podem se transformar em barreiras comerciais disfarçadas.

“A transição justa precisa levar em conta as realidades locais, sem criar novos entraves ao comércio global”, observa a confederação.

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Crédito: Gilberto Sousa.

SB COP: o protagonismo empresarial em escala global

Durante o evento, a SB COP apresentou resultados expressivos: recebeu mais de 670 propostas de empresas de 60 países e selecionou 48 iniciativas de destaque, 19 delas brasileiras. Os projetos contemplam desde a restauração de manguezais até a reciclagem de 5,5 bilhões de garrafas PET por ano.

A América do Sul teve protagonismo na seleção, com quase 60% dos cases vindos da região. A premiação ocorrerá durante a COP30, em Belém.

A SB COP também entregou ao presidente da conferência, embaixador André Corrêa do Lago, um conjunto de 23 prioridades para acelerar a descarbonização global, entre elas a meta de triplicar a capacidade instalada de energia renovável até 2030.

Aliança pela ação climática

A participação da CNI na COP30 conta com a correalização do SENAI e do SESI, além do apoio institucional da ABEEólica, Amcham Brasil, CCAB, Sistema FIEPA, Instituto Amazônia+21, U.S. Chamber of Commerce e First Abu Dhabi Bank.

Entre os patrocinadores estão Schneider Electric, JBS, CPFL Energia, Suzano, Vale, Braskem, Hydro, Ambev, Syngenta, Itaúsa, IBRAM e PepsiCo.

“Com a COP30 no Brasil, temos a chance de transformar o discurso em investimento e competitividade”, concluiu Davi Bomtempo, superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI.

BYD aposta na Argentina e acelera a transição para um futuro elétrico

A BYD, uma das maiores fabricantes mundiais de veículos de nova energia, deu mais um passo em sua estratégia de expansão global ao estrear no mercado argentino de automóveis de passeio. O anúncio foi feito em Buenos Aires, durante o lançamento de três modelos voltados à nova era da mobilidade: dois totalmente elétricos — o Dolphin Mini e o Yuan Pro — e o híbrido plug-in Song Pro DM-i.

Os veículos chegam equipados com a bateria Blade, tecnologia desenvolvida pela própria BYD e considerada um divisor de águas na indústria automotiva por unir segurança, eficiência e longa durabilidade. A bateria, que utiliza células de lítio-ferro-fosfato dispostas em formato de lâmina, oferece maior resistência a impactos e reduz significativamente o risco de superaquecimento — um avanço decisivo para popularizar os carros elétricos.

O Dolphin Mini tem autonomia entre 280 e 380 quilômetros por carga, enquanto o Yuan Pro atinge cerca de 380 quilômetros. Já o híbrido Song Pro DM-i combina motor elétrico e a combustão, alcançando 100 quilômetros em modo totalmente elétrico e ultrapassando mil quilômetros de alcance total.

Durante o lançamento, Li Nan, vice-presidente de Operações da BYD América, destacou que o objetivo da empresa vai além da comercialização de automóveis. “Nossa visão é reduzir a temperatura global em um grau”, afirmou, em entrevista à Xinhua. “Queremos trazer essa tecnologia de emissões zero não apenas para a Argentina, mas para o mundo inteiro.”

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Divulgação

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A chegada da marca ao país acontece em um cenário político favorável à mobilidade sustentável. O governo argentino reduziu tarifas de importação — antes fixadas em 36% — para veículos elétricos e híbridos, estimulando montadoras e consumidores a apostarem em tecnologias mais limpas. Além disso, o país prepara uma nova rodada de autorizações para importar automóveis isentos de impostos em 2026, o que deve ampliar a oferta e reduzir os preços no médio prazo.

O impacto já começou a ser sentido. Segundo Bernardo Fernández Paz, diretor de vendas da BYD Argentina, mais de 1.500 unidades foram vendidas na fase de pré-venda, superando as expectativas iniciais. A rede local conta com 11 concessionárias, 17 pontos de venda e 15 centros de serviço espalhados pelo território argentino — estrutura que deve crescer com a introdução de novos modelos.

A estratégia da BYD na América Latina tem sido gradual e sólida. A empresa já consolidou presença no Brasil, México, Uruguai, Colômbia e Chile, com fábricas, centros de distribuição e projetos de mobilidade urbana elétrica, como frotas de ônibus e táxis movidos a bateria. A meta é criar um ecossistema regional de transporte de baixo carbono, capaz de reduzir emissões e estimular a inovação local.

A expansão na Argentina reflete uma tendência global: a substituição progressiva dos motores a combustão por sistemas elétricos e híbridos mais eficientes. Segundo analistas do setor, o país tem potencial para se tornar um dos polos emergentes da eletrificação automotiva na América do Sul, especialmente se políticas públicas e incentivos fiscais forem mantidos.

Com mais de duas décadas de pesquisa em baterias e soluções energéticas, a BYD representa hoje uma das forças centrais da transição verde global. Fundada em 1995, a companhia atua em mais de 70 países, produzindo desde carros e ônibus até sistemas de armazenamento de energia e painéis solares. Seu lema — Build Your Dreams — resume o compromisso de construir um futuro sustentável a partir da inovação tecnológica.

Na Argentina, esse futuro parece ter começado a tomar forma. As ruas de Buenos Aires, antes dominadas pelo ruído dos motores tradicionais, começam agora a receber o som quase silencioso dos veículos elétricos. Uma mudança simbólica — e estratégica — que pode redefinir o papel da mobilidade no continente.