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NASA alerta que a maior represa da China está freando a rotação da Terra

A grandiosidade da engenharia moderna não se limita apenas ao que vemos em termos de estruturas, concreto ou turbinas. Em alguns casos, ela chega a influenciar a própria dinâmica do planeta. É o que acontece com a Barragem das Três Gargantas, na China, considerada o maior projeto hidrelétrico já construído. Segundo pesquisas conduzidas pela NASA, o reservatório formado pela represa é tão imenso que provocou uma pequena, mas mensurável, alteração na rotação da Terra, uma desaceleração de aproximadamente 0,06 microssegundos por dia.

À primeira vista, pode parecer irrelevante. Afinal, uma fração de microssegundo está muito distante de ser percebida no cotidiano. Mas o que esse dado revela vai além do relógio. Ele mostra como a ação humana, ao intervir em escalas colossais, consegue modificar processos que antes pareciam intocados, como a velocidade com que o planeta gira em torno de seu eixo.

A física por trás do fenômeno

O efeito descrito pelos cientistas segue um princípio simples: quando uma massa se desloca em direção ao equador, a rotação da Terra tende a diminuir. Já quando o peso é redistribuído mais próximo dos polos, o movimento acelera. O motivo está no chamado momento de inércia, que mede a resistência de um corpo em rotação a mudanças em sua velocidade.

No caso da Barragem das Três Gargantas, o reservatório acumula cerca de 40 bilhões de metros cúbicos de água. Esse volume é distribuído justamente ao longo da linha do equador, fazendo com que a massa adicional aumente o momento de inércia da Terra e, por consequência, retarde ligeiramente sua rotação. O cientista Benjamin Fong Chao, da NASA, explicou que a redistribuição de massas dentro do sistema terrestre sempre gera efeitos sutis, mas mensuráveis, sobre o giro do planeta.

Uma obra monumental

A magnitude do empreendimento ajuda a entender o impacto. A represa se ergue a 185 metros acima do leito do Rio Yangtzé e se estende por mais de 2 quilômetros. Seu potencial elétrico é igualmente impressionante: 22.500 megawatts, energia suficiente para abastecer dezenas de milhões de pessoas. Em 2020, a usina estabeleceu um recorde, com a produção de 112 terawatt-hora de eletricidade — volume que supera a geração anual de energia de muitos países médios.

Esse feito consolidou a obra como uma das grandes protagonistas da matriz energética chinesa e mundial. Mas a façanha técnica, ao mesmo tempo, traz efeitos indiretos que extrapolam o campo da engenharia. A construção tornou-se exemplo emblemático de como a intervenção humana já pode deixar marcas sutis na própria mecânica planetária.

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ESO/ L. Calçada/ Cover Images via Reuters Connect

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A transformação humana do planeta

A influência da represa chinesa não é um caso isolado. O acúmulo ou a retirada de grandes volumes de água em diferentes pontos do globo já foi associado a mudanças no nível dos mares, ao deslocamento do eixo terrestre e até a variações na localização dos polos. Pesquisas apontam que a extração intensa de água subterrânea, em escala mundial, tem contribuído para um deslocamento gradual do eixo da Terra.

Eventos naturais também mostram como massas em movimento podem afetar o planeta. O tsunami de 2004 no Oceano Índico, por exemplo, foi tão poderoso que deslocou o Polo Norte em 2,5 centímetros. Esses episódios, naturais ou artificiais, ilustram o quanto a dinâmica terrestre é sensível à redistribuição de grandes massas.

O peso simbólico do tempo

Embora a alteração provocada pela Barragem das Três Gargantas seja diminuta, ela se torna significativa quando analisada sob o prisma simbólico. A humanidade, que por muito tempo se via apenas como espectadora dos ritmos cósmicos, agora consegue medir seu próprio impacto sobre eles. É uma nova camada de responsabilidade.

Ao mesmo tempo em que projetos como esse representam conquistas energéticas indispensáveis para reduzir a dependência de combustíveis fósseis, também colocam em debate até que ponto a intervenção humana em larga escala pode desencadear efeitos que ainda não compreendemos por inteiro.

A fala de Chao, ao comentar o fenômeno, sintetiza esse paradoxo: o efeito é tão inevitável quanto sutil. Ou seja, mesmo sem a intenção de alterar o funcionamento do planeta, obras gigantescas acabam inevitavelmente deixando marcas. Cabe à sociedade refletir se a grandiosidade de suas criações virá acompanhada de um olhar igualmente ambicioso sobre sustentabilidade e responsabilidade ambiental.

No fim, o que está em jogo não é apenas o fornecimento de energia ou a precisão do tempo atômico, mas a consciência de que a escala da ação humana já toca os fundamentos da vida planetária. A Barragem das Três Gargantas, além de uma maravilha da engenharia, tornou-se também um espelho de nossa capacidade de moldar, e de abalar, o delicado equilíbrio da Terra.


Resgate do Ipaam salva aves e mamífero na capital amazonense

Na última quinta-feira (28), o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) realizou o resgate de quatro animais silvestres em diferentes bairros de Manaus. Foram recolhidos um periquitão-maracanã (Psittacara leucophthalmus), uma mucura (Didelphis marsupialis), um aracuã (Ortalis motmot) e um urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus). Todos estavam em situação de vulnerabilidade: fora de seu habitat, feridos ou em risco de morte.

As ocorrências foram registradas na zona centro-oeste, no bairro Alvorada, e na zona norte, no Novo Aleixo, após moradores acionarem a Gerência de Fauna do Ipaam (Gfau). O destino de todos os animais foi o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, onde passam por avaliação veterinária antes de retornarem à natureza.

O papel da população

O diretor-presidente do Ipaam, Gustavo Picanço, destacou que os resgates só são possíveis porque a população entra em contato com o órgão. “A operação começa quando o cidadão encontra um animal e aciona a Gfau. Geralmente, eles aparecem em pátios, quintais ou áreas abertas próximas às casas. É fundamental ligar para o órgão responsável, para que o resgate seja feito com segurança e em parceria com o Ibama”, explicou.

O assessor ambiental da Gfau, Gilson Tavernard, reforçou outro ponto essencial: não alimentar os animais resgatados. “É comum as pessoas oferecerem pão, farinha ou frutas que não fazem parte da dieta natural dessas espécies. Isso pode causar sérios danos à saúde e até levar à morte. O correto é chamar o Ipaam imediatamente, sem tentar manter o animal em casa ou improvisar a alimentação”, orientou.

Histórias de resgate

Cada chamado teve sua particularidade e revelou como os moradores, mesmo sem experiência, agem movidos pelo cuidado e depois buscam ajuda especializada.

No Alvorada 2, a moradora Angelita Lira recebeu de uma amiga um periquitão-maracanã encontrado em um condomínio. Durante quase três semanas, sua família cuidou da ave até conseguir contato com o órgão ambiental. “Não quisemos entregar para quem pedia. Sabíamos que não era correto manter o bichinho preso. Eu já estava incomodada com essa situação e fiquei aliviada em poder entregá-lo para o resgate”, contou Angelita.

No mesmo bairro, Kássia Fagundes encontrou uma mucura filhote na calçada, após notar os cachorros de casa agitados. “Achei que a mãe fosse voltar, mas, como não apareceu, guardei a mucura e acionei o Ipaam. Já precisei do apoio deles em outras ocasiões, sempre para ajudar aves e pequenos mamíferos debilitados”, disse.

Outro episódio envolveu um aracuã debilitado, encontrado no bairro Campo Salles e levado por conhecidos até o Alvorada. A moradora Maria Castro não se conformou em deixá-lo sozinho. “Não podia deixar morrer de fome. Cuidei até conseguir entregá-lo para o resgate. Foi um alívio saber que ele terá a chance de voltar ao ambiente natural”, afirmou.

No Novo Aleixo, Carlos Pereira manteve um urubu-de-cabeça-preta em segurança no quintal de sua casa por cinco dias. A ave apresentava uma lesão na asa e não conseguia voar. “Coloquei água, depois comida, até que ele se alimentou. Mas sabia que precisava de cuidado especializado. Por isso, acionei o Ipaam”, contou.

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Arquivo/Ipaam

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Respeito e responsabilidade

Os relatos mostram o quanto a população se envolve emocionalmente ao encontrar animais silvestres. Mas também reforçam a importância da orientação técnica para que esse cuidado não se transforme em risco. O resgate adequado garante a recuperação da fauna e evita que animais sejam mantidos em cativeiro de forma irregular.

Ao final da operação, todos os animais foram encaminhados ao Cetas, onde serão tratados e preparados para retornar ao habitat natural.

O Ipaam reforça que, ao encontrar animais silvestres em situação de risco, a população deve acionar a Gerência de Fauna pelo WhatsApp (92) 98438-7964, de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h. Mais do que um ato de cuidado individual, a iniciativa garante a preservação da fauna amazônica, fortalecendo a convivência harmônica entre cidade e floresta.

Agroflorestas unem renda e conservação na reserva de desenvolvimento do Uatumã

Enquanto chefes de Estado negociam metas globais de neutralidade de carbono e restauração de ecossistemas em direção à COP30, comunidades tradicionais da Amazônia já colocam em prática soluções concretas. No coração da floresta, famílias ribeirinhas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, no estado do Amazonas, lideram um processo de recuperação ambiental que alia restauração produtiva, fortalecimento comunitário e geração de renda.

A RDS do Uatumã, com 424 mil hectares, é uma das áreas mais relevantes para a conservação no estado. Mas, como tantas regiões da Amazônia, enfrenta pressões crescentes de desmatamento e queimadas. Foi nesse cenário que nasceu o projeto Floresta Viva, uma iniciativa que se conecta diretamente ao Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), cuja meta é restaurar 12 milhões de hectares até 2030.

A proposta é tão simples quanto transformadora: implantar sistemas agroflorestais (SAFs) que recuperam áreas degradadas e, ao mesmo tempo, oferecem alternativas sustentáveis de subsistência para as famílias da reserva. Em 2025, 54 famílias participaram ativamente do plantio de 13.004 árvores, distribuídas em 35 hectares de áreas restauradas em 13 comunidades locais.

Entre as espécies cultivadas estão cumaru, andiroba, jatobá, copaíba, guaraná, bacuri, acerola, açaí, pupunha e bacaba. As escolhas refletem um equilíbrio entre valor ecológico e potencial produtivo, fortalecendo a biodiversidade e garantindo segurança alimentar e novas fontes de renda para os moradores.

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Agro familiar – Alex Ribeiro/Ag. Pará

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Ações de capacitação do agro familiar

Segundo Rodolfo Costa Marçal, gerente de projetos do Floresta Viva e porta-voz do Funbio, a iniciativa tem objetivos que vão além da restauração. O projeto prevê a recuperação de 200 hectares em diferentes Unidades de Conservação do Amazonas, articulando ações de capacitação profissional, fortalecimento das cadeias produtivas da biodiversidade e estratégias comunitárias de gestão ambiental. A expectativa é que se torne referência para outros territórios amazônicos, ampliando o alcance da restauração produtiva.

Essa perspectiva já gera resultados concretos. A Usina de Óleos Vegetais da RDS do Uatumã conseguiu dobrar a produção de óleo essencial de breu, passando de 20 para 40 litros mensais. O aumento da capacidade produtiva foi acompanhado por uma inovação energética: a instalação de um sistema fotovoltaico, que substituiu parte do consumo de combustíveis fósseis e reduziu custos.

A experiência ganha relevância também pelo momento. Em 2024, o Brasil e o mundo testemunharam os impactos da crise climática, marcada por secas severas e incêndios florestais. Diante disso, soluções comunitárias como as da RDS do Uatumã representam mais do que ações locais: são demonstrações de como o país pode transformar compromissos internacionais em práticas tangíveis.

“Plantar árvore na Amazônia é mais do que reflorestar: é manter a floresta viva, criar oportunidades para quem vive nela e garantir um futuro possível”, afirma André Vianna, diretor técnico do Idesam. Para ele, trata-se de justiça climática e de autonomia das comunidades tradicionais, que deixam de ser vistas apenas como guardiãs passivas da floresta para se tornarem protagonistas de sua restauração.

No campo, o protagonismo se materializa em histórias pessoais. As mudas que sustentam os SAFs são cultivadas em viveiros comunitários. Nesse processo, cada semente ganha o cuidado dos viveiristas, que coletam, selecionam, preparam o solo e acompanham o crescimento até a entrega final. É uma tarefa técnica, mas também um gesto de afeto.

Claudirleia Gomes, conhecida como Socorro, é um desses exemplos. Moradora da RDS, assumiu um viveiro em um momento delicado, enquanto cuidava do marido doente. O que começou como necessidade virou vocação. “Cuidar da terra, das mudas, ver a vida brotar… é como se cada árvore fosse um pedaço de esperança. Quando a gente planta, a gente sente que está deixando algo vivo para o futuro”, conta.

Além de renovar o vínculo entre as famílias e a floresta, os SAFs rompem com a lógica do roçado com queima, prática ainda comum na região. No lugar da monocultura efêmera, surge um sistema diverso, que pode reunir até 20 espécies em uma mesma área, fortalecendo a resiliência do solo e da comunidade frente às mudanças climáticas.

Neste ciclo de plantio, as atividades contaram com apoio financeiro da CNP Seguradora, do Funbio, da Unesco, do PNUD, além do suporte da AARDSU e da Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas (SEMA). Essa teia de parcerias evidencia que restaurar a floresta é também restaurar relações: entre comunidade e território, entre governos e cidadãos, entre economia e natureza.

Diante da COP30, iniciativas como essa são a prova de que a Amazônia pode oferecer ao mundo não apenas sua biodiversidade, mas também caminhos inovadores de restauração e desenvolvimento justo. Quando as comunidades plantam árvores, estão também semeando autonomia, dignidade e futuro.

Profissionais poderão atuar na COP30 em vagas da OEI

A Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI) anunciou a abertura de três processos seletivos ligados à Secretaria Extraordinária para a COP30 (SECOP), com foco em áreas estratégicas da conferência que será realizada em Belém em 2025. As oportunidades, destinadas a consultores por produto, representam um passo concreto na preparação para um dos eventos mais importantes do calendário internacional, onde sustentabilidade e logística caminham lado a lado. As inscrições podem ser feitas online até 31 de agosto, e cada vaga exige formação superior e experiência compatível com o perfil definido em edital.

Ao contrário de seleções tradicionais, as contratações são temporárias e têm caráter altamente técnico. O processo prevê análise curricular com comprovação documental e entrevista, o que reforça a busca por profissionais com experiência real em áreas-chave, como gestão socioambiental, acessibilidade em eventos de grande porte e planejamento de resíduos sólidos.

Supervisão do Plano de Sustentabilidade – Zonas Azul e Verde

Duas das vagas abertas se destinam à supervisão do Plano de Sustentabilidade nas chamadas Zonas Azul e Verde da COP30, em Belém. O trabalho envolve supervisão técnica, detalhamento e acompanhamento das ações ambientais durante o evento. O perfil desejado abrange profissionais com graduação em Engenharia, Gestão Ambiental, Sustentabilidade, Administração, Arquitetura, Biologia, Química ou áreas afins, além de pelo menos três anos de experiência em projetos socioambientais. Diferenciais como certificações ISO 20121 (gestão sustentável de eventos), PAS 2060/ABNT PR 2060 (carbono neutro) e selo Lixo Zero são valorizados.

O contrato, com duração de cinco meses e 28 dias, prevê remuneração global de R$ 62.400,00. É uma oportunidade para quem deseja atuar diretamente no coração da conferência, garantindo que a infraestrutura e as operações sigam padrões internacionais de sustentabilidade.

Outra frente aberta é a da supervisão de acessibilidade, com uma vaga baseada em Brasília. A consultoria consiste em coordenar e acompanhar as ações para assegurar que a COP30 seja plenamente inclusiva, considerando todas as fases do evento: montagem, operação e desmontagem.

O edital exige formação superior em qualquer área e pelo menos três anos de experiência em acessibilidade aplicada a eventos, espaços públicos, gestão pública ou equipamentos urbanos. Como diferenciais, aparecem o domínio da Lei Brasileira de Inclusão (LBI) e da norma ABNT NBR 9050. A duração é de três meses e dois dias, com remuneração global de R$ 38.400,00.

Esse cargo destaca a relevância da inclusão social em eventos de escala global, lembrando que acessibilidade não é apenas uma exigência técnica, mas também um valor que amplia a representatividade da conferência.

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Reprodução

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Coordenação do Plano de Gestão de Resíduos Sólidos

A terceira vaga diz respeito à coordenação do Plano de Gestão de Resíduos Sólidos (PGRS), com atuação prioritária em Belém. O consultor será responsável por detalhar e acompanhar a implementação de estratégias para o tratamento e destinação adequada de resíduos durante o evento.

A remuneração prevista é de R$ 76.800,00, para contrato de cinco meses e 28 dias. Embora a atividade seja preferencialmente em Belém, há possibilidade de execução em Brasília, na sede da SECOP.

Esse papel é central para a COP30, considerando que eventos de grande escala podem gerar volumes expressivos de resíduos. A adoção de políticas de gestão alinhadas a princípios de economia circular e neutralidade de carbono é fundamental para evitar contradições em uma conferência dedicada ao enfrentamento da crise climática.

A COP30, que ocorrerá de 10 a 21 de novembro de 2025 em Belém, reunirá representantes de 198 países na maior conferência mundial sobre mudanças climáticas. Mais do que um espaço de negociação política, o evento é uma vitrine global para práticas de sustentabilidade, inovação e inclusão social.

As vagas abertas pela OEI em parceria com a SECOP reforçam que o compromisso do Brasil não se limita ao discurso: trata-se de implementar, desde a fase de organização, padrões capazes de transformar a experiência em modelo internacional. Para os profissionais selecionados, será também a chance de deixar sua marca em um evento histórico, que poderá redefinir não só o futuro da Amazônia, mas o papel do Brasil na agenda climática mundial.

Como se inscrever (passo a passo)

1. Acesse a plataforma de candidaturas da OEI e busque pelo código do edital: 12125, 12127 ou 12129.
2. Cadastre-se e anexe currículo + comprovações das experiências declaradas (certificados/atestados, contratos etc.).
3. Envie a inscrição até 31 de agosto (23h59 – horário de Brasília).
4. A seleção inclui análise curricular e entrevista (podendo ser por videoconferência).

Serviço:

• Prazo de inscrição: até 31/08/2025, 23h59 (BRA).
• Contato da OEI: [email protected]
• (dúvidas sobre os editais).
• Documentos e detalhes: conferir os Termos de Referência de cada seleção, disponíveis nas páginas dos editais.

Marina Silva vê na COP30 chance de Belém virar vitrine global

Marina Silva, ministra do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, voltou a destacar nesta sexta-feira (29) que a realização da COP30 em Belém não se resume apenas a negociações sobre a crise climática. Para ela, a conferência também deixará como legado uma infraestrutura capaz de projetar a capital do Pará no cenário turístico internacional. A declaração foi feita durante entrevista ao programa Mix Atualidades, transmitido pela Super Marajoara TV 50.1.

Segundo a ministra, a preparação da cidade para receber um encontro do porte da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima gera efeitos que ultrapassam a pauta ambiental. “Essa estrutura cria uma força gravitacional que depois poderá ser usada pelo turismo”, afirmou. Ela destacou ainda que Belém pode se consolidar como destino para diferentes modalidades, incluindo turismo científico, cultural, social e de observação da natureza. “É a oportunidade de gravar o nome de uma cidade da Amazônia no mapa mundial, de modo que, após a COP30, Belém seja vista como endereço de referência para visitantes do mundo inteiro”, completou.

A conferência como compromisso, não celebração

Apesar de reconhecer os efeitos positivos sobre a economia e o turismo local, Marina Silva fez questão de frisar que a COP não deve ser interpretada como um evento festivo. Para ela, trata-se de um marco de responsabilidade coletiva diante de uma emergência que ameaça setores vitais da sociedade. “A COP30 não é uma festa. É um momento de compromisso profundo com um problema que pode levar ao colapso de sistemas agrícolas, de saúde pública e de abastecimento de água em diversas regiões do planeta”, ressaltou.

O ponto central, segundo a ministra, é a implementação de compromissos já assumidos em conferências anteriores para que a elevação da temperatura global seja limitada a 1,5ºC. Esse objetivo, estabelecido pelo Acordo de Paris, só será possível mediante a mobilização de recursos que permitam às nações em desenvolvimento realizar uma transição justa e sustentável.

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Min. Marina Silva – Marcelo Camargo/Agência Brasil

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O desafio da implementação

Para Marina Silva, a essência das conferências do clima é traduzir compromissos voluntários em ações concretas, principalmente no corte das emissões de gases de efeito estufa. “As COPs precisam lidar com a questão de como os países, cada um de forma voluntária, vão reduzir suas emissões de CO2. É isso que estará em pauta”, explicou.

Ela também relacionou a gravidade da crise climática às recentes ondas de calor que têm afetado diferentes regiões do planeta. Citando números comparativos, destacou que enquanto os conflitos armados somam cerca de 260 mil vidas perdidas, o calor extremo associado à mudança do clima é responsável por aproximadamente 500 mil mortes por ano. O problema, segundo ela, é que “ainda há dificuldade em estabelecer uma relação direta entre esses eventos e a mudança do clima”.

A relevância da COP30 para Belém e para o mundo

A 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) será realizada em Belém entre 10 e 21 de novembro de 2025. Reunindo representantes de 198 países, a COP é considerada o maior espaço global de debate e negociação sobre políticas climáticas.

A realização do encontro na Amazônia é simbólica. Além de representar uma oportunidade de inserir Belém no circuito internacional do turismo, evidencia o papel estratégico da região na contenção do aquecimento global. A floresta é uma das maiores reservas de biodiversidade e de regulação climática do planeta, mas também uma das mais pressionadas por desmatamento e mudanças no uso da terra.

Ao unir compromissos ambientais com legados econômicos e sociais, a conferência em Belém abre espaço para que a Amazônia deixe de ser vista apenas como fronteira de exploração e passe a ser compreendida como território de inovação e soluções globais. A COP30, portanto, carrega uma dupla responsabilidade: a de fortalecer os acordos internacionais em prol do clima e, ao mesmo tempo, projetar uma cidade amazônica para o centro do turismo e da diplomacia mundial.

ANA declara escassez de água em rios da Amazônia

A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou situação crítica de escassez hídrica para os rios Juruá, Purus e seus afluentes, como o Rio Acre e o Rio Iaco, da Amazônia. A decisão, publicada no Diário Oficial da União, é uma resposta à persistente falta de chuvas na região, que afeta as bacias desde 2023. Embora a área esteja no período natural de vazante, os níveis dos rios estão muito abaixo do esperado para a estação, causando preocupação em relação aos impactos ambientais e sociais.

A resolução da ANA busca mitigar os efeitos da baixa nos rios e proteger os usos essenciais da água. A medida, em vigor até 31 de outubro, permite a adoção de tarifas especiais por empresas de saneamento para cobrir custos adicionais e serve como um alerta para que a população e os setores produtivos gerenciem de forma mais eficiente o consumo de água. A declaração de escassez também acelera o processo de reconhecimento de estados e municípios em situação de calamidade por seca, facilitando o acesso a auxílio federal.

A crise hídrica na Amazônia é um reflexo das mudanças climáticas e do desequilíbrio ambiental. A bacia dos rios Juruá e Purus, que nascem no Peru e cortam os estados brasileiros do Acre e do Amazonas, tem enfrentado um ciclo de chuvas abaixo da média que se estende desde o ano passado. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), a previsão é que os volumes de precipitações permaneçam abaixo da média até outubro, prolongando o cenário de alerta.

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Vazante atípica e impactos na região – O fenômeno da vazante é um ciclo natural na Amazônia, ocorrendo entre os meses de junho e novembro, quando o nível dos rios começa a baixar após o período de cheia. No entanto, o que se observa atualmente é uma vazante atípica, com níveis hídricos em patamares historicamente baixos. Essa condição, que não configura um período de seca propriamente dito, mas uma vazante extrema, tem consequências diretas para as comunidades que dependem dos rios para transporte, subsistência e saneamento básico.

A escassez de água prejudica a navegação, isolando comunidades ribeirinhas e dificultando o escoamento da produção local. A pesca, principal fonte de renda e alimento para muitas famílias, também é severamente afetada, assim como a fauna aquática, que fica mais vulnerável. A situação é um alerta para a fragilidade dos ecossistemas amazônicos e a necessidade de uma gestão mais cuidadosa dos recursos hídricos.

A resolução da ANA é uma ferramenta crucial para a gestão da crise. A possibilidade de prorrogação da declaração, caso as condições de escassez persistam, demonstra a flexibilidade da agência em se adaptar ao cenário climático. Da mesma forma, a suspensão antecipada do alerta é possível caso ocorram chuvas significativas que elevem o nível dos rios. Essa abordagem proativa e adaptável é essencial para lidar com a imprevisibilidade dos eventos climáticos extremos.

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Foto: divulgação

Ações e conscientização – A declaração de situação crítica serve como um sinal para que as empresas de saneamento e a população em geral adotem medidas de economia. A conscientização sobre o uso racional da água é fundamental para minimizar os impactos da crise. Em um contexto de mudanças climáticas, a gestão hídrica se torna um desafio permanente e requer a colaboração de todos os setores.

A situação nos rios Juruá e Purus é um lembrete contundente de que a Amazônia, apesar de sua vastidão hídrica, não está imune aos efeitos das alterações no regime de chuvas. A crise reforça a necessidade de investir em monitoramento, pesquisa e políticas públicas que promovam a resiliência e a adaptação das comunidades locais aos desafios ambientais.

O cenário atual exige a união de esforços entre o poder público, as comunidades, as empresas e a sociedade civil para garantir a segurança hídrica e a proteção dos ecossistemas. A declaração da ANA não é apenas uma medida técnica, mas um chamado à ação para que a crise hídrica da Amazônia seja tratada com a seriedade e a urgência que o tema exige. A vida na floresta e o bem-estar de milhões de pessoas dependem da saúde de seus rios.

Embarcação Iaraçu navega na Amazônia por soluções climáticas

Uma embarcação, o Iaraçu, prepara-se para uma jornada inédita pelo Rio Amazonas, ligando Manaus a Belém. A expedição, parte da iniciativa Temporada Brasil-França 2025, tem um objetivo audacioso: unir a ciência acadêmica e os saberes populares em uma busca por soluções para os desafios impostos pelas mudanças climáticas. De 28 de outubro a 21 de novembro, o navio se transformará em um laboratório flutuante, mas com uma peculiaridade fundamental: ele será um espaço de encontro entre cientistas e as comunidades ribeirinhas, que vivem e conhecem a floresta em sua essência.

A iniciativa, resultado de uma cooperação entre os governos do Brasil e da França, envolve dez instituições de ambos os países. A proposta é romper as barreiras entre a pesquisa formal e o conhecimento tradicional. A bordo do Iaraçu, não estarão apenas cientistas, mas também empreendedores da bioeconomia, membros de associações, cooperativas e, acima de tudo, ribeirinhos e indígenas. A ideia é que a troca de experiências e informações ocorra de forma fluida, permitindo que a ciência se beneficie da sabedoria acumulada ao longo de gerações.

A expedição se destaca por sua abordagem participativa e inclusiva. O embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, ressalta que “O Iaraçu tem uma dimensão participativa e inclusiva e esse encontro de diferentes vozes e saberes é o que dá peso e particularidade ao projeto”. A declaração reforça a visão de que a solução para os desafios climáticos na Amazônia não virá apenas dos laboratórios, mas do diálogo e da colaboração com aqueles que têm a vivência diária da floresta.

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Uma jornada de saberes e dados

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Foto: divulgação

A expedição não se limitará a um intercâmbio de conhecimento. A bordo, serão realizadas as mais completas coletas de dados e relatos sobre as mudanças climáticas na região. Os cientistas terão a oportunidade de registrar informações em tempo real, enquanto o barco percorre o coração da Amazônia. A união entre dados científicos e os relatos populares oferecerá um panorama mais completo e preciso dos impactos das alterações climáticas na vida das comunidades e na biodiversidade.

A Temporada Brasil-França 2025 tem como um de seus pilares a valorização da Amazônia e de sua gente. A expedição do Iaraçu é a materialização desse compromisso. Ao levar a ciência para o rio e trazer o conhecimento local para dentro da pesquisa, o projeto cria um modelo inovador de cooperação. A Amazônia, com sua complexidade e riqueza, exige abordagens que respeitem as particularidades de seus povos e territórios.

A jornada do Iaraçu é um símbolo de que a resposta para os desafios climáticos está na colaboração, no respeito às diferentes formas de conhecimento e na construção de pontes entre culturas. A ciência, quando aliada aos saberes tradicionais, ganha uma nova dimensão, mais rica e eficaz. A expedição, ao longo de quase um mês, não apenas coletará dados, mas também construirá laços e parcerias duradouras que podem moldar o futuro da pesquisa na Amazônia.

O legado da expedição não se limitará ao seu período de duração. Os dados e relatos coletados servirão de base para futuras pesquisas e políticas públicas, e os laços de confiança e colaboração estabelecidos entre cientistas e comunidades locais abrirão caminho para novos projetos e iniciativas. O Iaraçu, ao navegar pelas águas do Rio Amazonas, leva a esperança de que a união de diferentes vozes e saberes é o caminho para um futuro mais sustentável para a Amazônia e para o mundo.

Serviço

O que é: Expedição científica e colaborativa pelo Rio Amazonas.

Percurso: Manaus a Belém.

Período: 28 de outubro a 21 de novembro de 2025.

Embarcação: Iaraçu.

Parceria: Governos do Brasil e da França.

Objetivo: Unir ciência e saberes populares para enfrentar as mudanças climáticas.

Ação contra queimadas: união de governos é o desafio

Embora o ano de 2025 tenha proporcionado uma trégua nas queimadas, o cenário ainda inspira cautela, especialmente no Cerrado, que concentra a maior parte dos focos. A persistência da estiagem em grande parte do Centro-Oeste e Norte do país, com previsões de se estender até outubro, mantém o alerta máximo. A lembrança dos incêndios devastadores de 2024, que atingiram diferentes biomas, levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a convocar uma reunião com governadores de estados da Amazônia, Cerrado e Pantanal.

O objetivo é unificar estratégias para a temporada de fogo, um desafio que, segundo especialistas e o próprio governo, exige uma atuação mais integrada entre as esferas federal, estadual e municipal.

A diminuição dos focos de calor até o momento é atribuída, por pesquisadores, a dois fatores principais: um alívio climático após dois anos de secas excepcionais e a intensificação dos esforços do governo federal e de gestões estaduais em medidas preventivas.

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A aprovação da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, há um ano, ajudou a reverter a lógica de combate aos incêndios, priorizando ações preventivas em detrimento das emergenciais.

Apesar da redução em quase todas as regiões do país, o Cerrado se destaca com o maior número de focos de calor, quebrando a tradição em que a Amazônia liderava. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre 1º de janeiro e 25 de agosto, foram registrados 42.678 focos de queimada no Brasil, uma queda de 60% em relação ao ano anterior. Uma análise do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da UFRJ, indica que 2025 tem a menor área queimada desde 2017.

O presidente Lula, ao convocar a reunião, mostra que o combate ao fogo continua sendo uma das prioridades do governo. A pauta tem ganhado atenção após a crise de 2024, que colocou a gestão federal sob forte pressão.

Em fevereiro, o Ministério do Meio Ambiente antecipou em dois meses a portaria que identifica as áreas e períodos de risco, permitindo a contratação antecipada de brigadistas. Mesmo com a necessidade de uma atuação conjunta, nem todos os governadores confirmaram presença na reunião.

A urgência da ação conjunta

OIP.VbPp7lmRDvJ_CKrRbE4B6AHaD4 Ação contra queimadas: união de governos é o desafio
Foto: divulgação

A colaboração entre os governos é um dos pontos mais sensíveis no combate às queimadas. O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, já havia alertado para a dificuldade de articulação com estados e municípios para as ações de prevenção.

A ausência de alguns governadores na reunião com o presidente Lula reforça essa preocupação. O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, e o do Tocantins, Wanderlei Barbosa, não comparecerão, enviando representantes em seu lugar. O Mato Grosso (6,4 mil), o Maranhão (5,2 mil) e o Tocantins (5,1 mil) lideram o ranking de focos de calor e, juntos, representam 28,9% do total.

Maranhão e Tocantins integram a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), que em 2024 concentrou 82% do desmatamento no Cerrado. O governo do Tocantins afirma que já investiu em prevenção, monitoramento e combate, registrando uma queda de 27,7% nos focos de queimadas em relação a 2024.

Já a Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão destaca a intensificação de fiscalizações e o monitoramento remoto em tempo real, além de programas de distribuição de equipamentos para brigadistas.

Isabel Schmidt, professora de ecologia da UnB e pesquisadora da Rede Biota Cerrado, ressalta que o sucesso das medidas recentes depende de continuidade e expansão para políticas estaduais e municipais, pois as áreas protegidas pela União representam apenas 10% do território nacional.

A especialista afirma que, embora haja mais recursos e equipamentos do que no ano passado, o desafio é levar o manejo integrado do fogo para as áreas estaduais e privadas, que compõem a maior parte do território.

A estratégia do Ministério do Meio Ambiente prevê o uso de 11 aeronaves para brigadistas, o que representa um aumento de mais de 70% na capacidade de transporte e mais de 100% na capacidade de lançamento de água.

Mais de 800 viaturas também estão à disposição das operações. Além disso, o Fundo Amazônia destinará R$ 150 milhões para ações de prevenção e combate a incêndios no Cerrado e Pantanal, marcando a primeira vez que esses recursos são usados fora da Amazônia. O dinheiro será aplicado em projetos de Manejo Integrado do Fogo e na compra de equipamentos como drones e caminhonetes.

Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e coordenadora do MapBiomas Fogo, enfatiza a importância do papel dos prefeitos, já que o fogo ocorre no território e precisa de uma solução local. Ela destaca a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo e o alívio climático como fatores-chave para a diminuição dos focos de calor.

O manejo integrado do fogo é um conceito que utiliza o próprio fogo como ferramenta para prevenir grandes incêndios, queimando de forma controlada áreas secas que serviriam de combustível. Essa abordagem representa uma mudança de paradigma, abandonando a lógica reativa de apenas combater o fogo após o seu início.

Semana da Sociobiodiversidade fortalece economias locais

Em setembro, Brasília se torna o palco de um movimento de grande relevância para a política ambiental e social do Brasil. A segunda edição da Semana da Sociobiodiversidade trará a voz de mais de 300 participantes de povos e comunidades tradicionais para o centro do debate nacional. De 1º a 5 de setembro, a capital federal será o epicentro de uma série de encontros, debates e manifestações que visam fortalecer as economias sustentáveis e pautar as demandas de quem vive e protege os ecossistemas do país.

O evento é um espaço de articulação política, onde os guardiões da floresta e do mar podem apresentar suas propostas e soluções diretamente aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O tema deste ano, “Fortalecendo Economias Sustentáveis, Pessoas, Culturas e Gerações”, reflete a intenção de ir além da preservação, buscando valorizar os territórios e maretórios tradicionais, e propor políticas públicas que promovam a justiça social e a conservação da biodiversidade.

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Foto: divulgação

Diálogo e incidência política – A programação da semana foi pensada para abrir um canal direto de comunicação entre as comunidades tradicionais e o governo. O ponto alto da mobilização será a sessão solene no Congresso Nacional, no dia 4 de setembro, às 14h, com a presença de lideranças de todo o país. A partir das 16h, uma marcha na Esplanada dos Ministérios, em alusão ao Dia da Amazônia, reforçará a mensagem de proteção da floresta e de seus povos.

A manifestação “A Resposta Somos Nós”, na Praça dos Três Poderes, conectará a agenda da sociobiodiversidade com a mobilização global pela COP30, que será realizada em Belém, no Pará. Essa conexão é crucial, pois mostra que as comunidades tradicionais não são apenas vítimas das mudanças climáticas, mas também protagonistas de soluções concretas para a crise.

A organização do evento é uma parceria robusta, liderada pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e pela Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (Confrem), em colaboração com o Observatório das Economias da Sociobiodiversidade (ÓSocioBio) e outras instituições. Essa união de forças garante que as pautas sejam apresentadas de forma coordenada e eficaz.

Segundo Dione Torquato, secretário-executivo do CNS, a semana é um espaço para que as comunidades extrativistas reafirmem seu papel na proteção dos ecossistemas e na construção de um modelo de desenvolvimento justo e sustentável. O evento não se limita a protestos, mas se propõe a ser um fórum de propostas e soluções.

Documentos para o futuro e o legado da mobilização – O encerramento da semana, em 5 de setembro, será marcado pela plenária final “Avanços e Desafios na Agenda da Sociobiodiversidade”. Neste momento, documentos importantes serão formalmente entregues ao Governo Federal, resultado de todo o trabalho e discussão realizados ao longo da semana.

Entre os documentos, destacam-se a Carta da Sociobiodiversidade e a Carta da Juventude: Rumo à COP30, que levará as reivindicações das novas gerações a líderes nacionais e internacionais. A Carta da Confrem Brasil: pré-COP dos Oceanos focará nas questões de povos e comunidades costeiras e marinhas.

Laura Souza, secretária-executiva do ÓSocioBio, ressalta a importância da mobilização. “A mobilização nacional reforça que povos extrativistas, indígenas, quilombolas e ribeirinhos não são apenas guardiões da floresta, do mar e dos territórios, mas também protagonistas de soluções concretas para a crise climática e para um modelo de desenvolvimento mais justo e sustentável”, destaca.

A Semana da Sociobiodiversidade se consolida como uma plataforma fundamental para que a sociedade brasileira e internacional entendam que a conservação ambiental está intrinsecamente ligada à justiça social e ao reconhecimento dos direitos e saberes de quem vive em harmonia com a natureza. A mobilização em Brasília representa um passo crucial para a valorização de uma economia que respeita as culturas, os territórios e, acima de tudo, a vida em suas diversas formas. A presença no coração do poder político do país é a certeza de que essas pautas não serão mais ignoradas.

Serviço
Data: 1º a 5 de setembro de 2025

Sessão solene no Congresso Nacional: 4 de setembro, às 14h

Marcha e ato público em defesa da Amazônia: 4 de setembro, às 16h, na Esplanada dos Ministérios

Demais atividades da Semana da Sociobiodiversidade ocorrerão na Pousada dos Angicos (Brazlândia/DF)

Mais informações: www.semanadasociobio.com.br

Hospedagem em Belém avança e mais países conseguem acomodações, diz diretora executiva da COP 30

Em meio às discussões da Rio Climate Action Week, a diretora executiva da COP30, Ana Toni, trouxe uma atualização animadora sobre um dos principais desafios da conferência: a hospedagem em Belém. Uma semana após a divulgação de que apenas 47 das 196 delegações haviam confirmado acomodação, a situação “já melhorou bastante”, como ela afirmou, indicando que mais países conseguiram encontrar locais para ficar.

A diretora executiva da COP 30 participou de um dos painéis do Business Day, dia voltado para debates com representantes do setor privado, nesta quinta (28), no CCBB RJ, como parte do Rio Climate Action Week. Na sua palestra, ela destacou a importância da integração de esforços entre os setores público e privado no combate às mudanças climáticas.

Ana Toni, que esteve com André Corrêa do Lago, presidente da COP30, em uma reunião de ministros da América Latina e Caribe no México, explicou que a força-tarefa criada pelo governo para auxiliar na busca por acomodações já está em pleno funcionamento. As dúvidas dos países foram sanadas, e as delegações estão conseguindo firmar acordos para suas estadias, o que a leva a crer que o tema da logística agora pode dar espaço a assuntos mais urgentes e centrais para a agenda climática.

A diretora executiva participou de um painel voltado para representantes do setor privado, no qual destacou a necessidade de uma atuação integrada entre os setores público e privado para combater as mudanças climáticas. Em sua fala, ela também antecipou a divulgação da sétima carta da presidência, que será focada em convocar o setor privado para a agenda climática. A mensagem é clara: o setor empresarial é um parceiro indispensável na busca por soluções sustentáveis.

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Foto: divulgação

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A COP da implementação e a contribuição brasileira

Ana Toni ressaltou que, após as últimas conferências firmarem grandes metas, como a de triplicar a oferta de energia renovável e a transição para o fim dos combustíveis fósseis, chegou a hora de agir e implementar os acordos. “A COP28 estabeleceu um acordo muito bom, mas você precisa avançar em relação a eles e também monitorar o que foi prometido. A gente não quer só falar dos problemas, mas apresentar soluções. Já existem muitas soluções, o problema é dar escala a elas”, afirmou.

Como exemplo de solução prática, a diretora citou o Combustível Sustentável de Aviação (SAF), uma alternativa de biocombustível que pode reduzir significativamente as emissões de carbono. E, nesse contexto, ela defendeu que o Brasil já é um grande provedor de soluções climáticas, com sua matriz energética relevante de energia renovável e a criação de mecanismos financeiros, como o Fundo Clima, o EcoInvest e o TFFF.

Para ela, um dos grandes legados da COP em Belém será a oportunidade de mostrar ao mundo o potencial do país como exportador de soluções ambientais. “A gente já tem muitas soluções. O Brasil é um grande provedor de soluções climáticas e a COP30 é uma oportunidade grande da gente trabalhar junto com os outros países e mostrar tudo que o Brasil está fazendo para juntar esse objetivo de descarbonização e resiliência climática com coisas muito práticas, regulamentação, instrumentos econômicos, para a gente poder implementá-las. No final, o que importa é a implementação”, pontuou.

Ela também defendeu que, embora o Brasil tenha soluções próprias e ferramentas para avançar, o financiamento de países ricos aos fundos globais de ações climáticas ainda é uma “dívida histórica que será cobrada”. No entanto, resumiu que “a gente não pode ficar sentado esperando” e que o Brasil deve seguir com suas iniciativas.

A escolha de Belém como sede da conferência também foi defendida pela diretora, que destacou o simbolismo da decisão. “Normalmente a gente esquece como essas conferências, que normalmente são em lugares muito glamurosos, Paris e Dubai, afetam a nossa vida no dia a dia. Ter pela primeira vez uma COP na Amazônia vai fazer com que o tema de florestas e soluções baseadas na natureza sejam tratados e valorizados no debate climático de uma outra maneira. Então tem um simbolismo imenso a gente ter uma COP na Amazônia”, concluiu.

Ciência de síntese para a Amazônia, Fapespa e SinBiose abrem oportunidade única para pesquisadores

Uma nova e empolgante onda de financiamento para a ciência brasileira está em andamento, e a Amazônia, mais uma vez, ocupa um lugar de destaque. O Centro de Síntese em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (SinBiose) lançou sua segunda chamada pública, com um investimento robusto de R$ 6 milhões, mais do que o dobro da edição anterior. Pesquisadores de todo o Brasil, e especialmente do Pará, têm agora a oportunidade de submeter propostas até o dia 9 de outubro. A participação da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas, como parceira estratégica do programa, garante que a expertise e a riqueza de dados da região amazônica estarão no centro das análises.

A proposta central do SinBiose reside na “ciência de síntese”, uma abordagem que transcende a pesquisa tradicional, que muitas vezes é focada em nichos disciplinares. Em vez disso, a ciência de síntese atua como uma ponte, reunindo e integrando vastos volumes de dados já existentes — de estudos ecológicos a informações epidemiológicas e econômicas. O objetivo não é apenas gerar mais dados, mas sim transformar a riqueza de informações dispersas em um conhecimento novo, coeso e, acima de tudo, relevante para a sociedade. A meta final é produzir análises que possam ser diretamente aplicadas na formulação de políticas públicas eficazes, unindo o rigor científico à necessidade prática de governança. É a diferença entre ter um monte de peças de um quebra-cabeça e, finalmente, montar o quadro completo.

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Presidência do CAPES – Reprodução

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O programa demonstra sua maturidade e visão estratégica ao introduzir uma novidade nesta edição: a categoria de projetos focados em comunicação científica com uma interface direta com a tomada de decisão. Isso é um reconhecimento explícito de que o conhecimento, por mais avançado que seja, precisa ser acessível e compreensível para ser útil. Para essa nova modalidade, o investimento previsto é de até R$ 400 mil, enquanto os projetos de síntese de conhecimento podem receber até R$ 700 mil. A distribuição dos recursos é flexível, permitindo que as propostas contemplem custos de capital, custeio e bolsas de pesquisa, adaptando-se às necessidades específicas de cada projeto.

O apoio a esta iniciativa vem de múltiplas frentes. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), principal investidor com R$ 5,6 milhões, conta com o apoio do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap). A participação das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs) de sete estados — Fapeam (Amazonas), Fapesb (Bahia), Fapema (Maranhão), Fapemig (Minas Gerais), Fapespa (Pará), Facepe (Pernambuco) e Fapepi (Piauí) — é um testemunho da capilaridade e da relevância do programa. Essa colaboração descentralizada é crucial para impulsionar a pesquisa em diferentes biomas e realidades socioeconômicas do Brasil.

O sucesso da primeira chamada, realizada em 2019, serve como uma poderosa vitrine dos resultados que a ciência de síntese pode alcançar. Com um investimento total de R$ 2,7 milhões, sete projetos foram aprovados, resultando em 37 artigos publicados em periódicos de alto impacto. Jean Paul Metzger, membro do conselho científico do SinBiose, resumiu o espírito do programa ao afirmar que ele consegue “potencializar essa inteligência coletiva quando as pessoas trabalham de forma colaborativa”.

Além das publicações acadêmicas, os projetos geraram entregas inovadoras para a sociedade, como a base de dados Taoca, que organiza dados ecológicos da Amazônia, e uma série de Policy Briefs, documentos concisos e acessíveis que destilam as principais descobertas para o público não-acadêmico e, especialmente, para os tomadores de decisão. A capacidade de traduzir a ciência complexa em recomendações claras e práticas é o que realmente diferencia o programa. O presidente do CNPq, Ricardo Galvão, enfatizou a importância estratégica do SinBiose como uma adaptação do modelo de centros de síntese internacionais para a realidade brasileira, resgatando e reforçando a longa tradição do CNPq em fomentar a pesquisa e a biodiversidade. A chamada, portanto, não é apenas um convite para pesquisar, mas para inovar e moldar o futuro do conhecimento aplicado no país.

 

 

 

 

 


Presidência da COP30 alerta, transição climática é irreversível e empresas devem liderar

“Essas conversas cruciais devem acontecer não apenas onde é fácil, mas onde é mais importante”. A frase resume o tom da sétima carta enviada pelo presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, ao setor privado. O apelo é direto: as empresas precisam comparecer a Belém e participar ativamente da conferência climática marcada para novembro de 2025.

O chamado vem em meio a preocupações com a infraestrutura da capital paraense, especialmente em relação à hospedagem. Há o temor de que a COP30 registre uma presença reduzida de empresas devido às dificuldades logísticas. Corrêa do Lago, no entanto, defende que justamente por ser desafiador o encontro em Belém ganha relevância.

Segundo ele, a Amazônia é “o lar de pessoas que estão na linha de frente da crise climática” e, ao mesmo tempo, o coração das soluções necessárias para enfrentá-la. Por isso, o evento deve ser encarado como um espaço de escuta, aprendizado e ação coletiva.

O papel do setor privado

Na carta e em entrevistas recentes, Corrêa do Lago reforça que a transição climática é irreversível e que as empresas precisam assumir protagonismo.

Ele cita números que demonstram a força econômica da agenda verde: em 2024, a energia limpa atraiu mais de 2 trilhões de dólares em investimentos globais e criou quase 35 milhões de empregos. No Brasil, até o ano passado, Tesouro Nacional, empresas e bancos emitiram mais de 30 bilhões de dólares em títulos verdes, todos com juros menores do que os títulos convencionais. O setor de energia renovável brasileiro já soma mais de 1,5 milhão de empregos.

“O setor privado pode ter um papel muito maior, vendo oportunidades econômicas além do que os governos recomendam. Queremos mudar a lógica, mostrando que há muito a ganhar na transição”, afirmou.

Agenda de Ação: espaço para empresas

O embaixador lembra que, além das negociações formais entre governos, a conferência contará com a chamada Agenda de Ação – um espaço para empresas, sociedade civil, bancos e governos locais mostrarem iniciativas práticas.

Estão previstas 420 reuniões paralelas durante os dez dias da COP30, cobrindo seis eixos temáticos ligados à transição energética, finanças verdes, bioeconomia, agroalimentação, circularidade e infraestrutura.

Para Corrêa do Lago, a credibilidade da conferência depende de apresentar não apenas compromissos entre países, mas também soluções concretas, escaláveis e já em andamento.

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Reprodução – Agência Pará

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O desafio político internacional

O chamado às empresas acontece em um momento de turbulência global. Nos Estados Unidos, instituições financeiras vêm enfrentando forte pressão de políticos ligados ao Partido Republicano. Muitas gestoras e bancos estão sendo processados sob acusação de colocar a agenda climática acima dos interesses de seus clientes.

Esse ambiente hostil já provocou mudanças em alianças internacionais. Nesta semana, a Net-Zero Banking Alliance (NZBA), braço do setor financeiro dentro da coalizão global Gfanz, anunciou a suspensão de suas atividades. Criada em 2021 na COP26, a aliança reunia grandes bancos comprometidos em alinhar financiamentos à meta de limitar o aquecimento global.

Com a vitória de Donald Trump nas eleições de 2024 e a onda de críticas ao que chamou de “farsa climática”, bancos americanos deixaram a aliança, seguidos por instituições europeias, japonesas e australianas. A saída em massa ameaça o futuro da iniciativa.

Greenhushing: a nova estratégia silenciosa

O vácuo deixado pelas alianças climáticas não significa abandono da agenda. O que se observa é a adoção de uma estratégia chamada de greenhushing – quando empresas mantêm compromissos de descarbonização, mas evitam dar publicidade a eles para não se tornarem alvo de ataques políticos.

“Os compromissos continuam. As empresas seguem investindo em transição, mas com menos visibilidade e sem se associar a grandes movimentos”, explicou Ana Toni, CEO da COP30.

Segundo ela, apesar das dificuldades, muitas companhias já são pioneiras em seus setores e veem a transição não apenas como uma obrigação, mas como uma oportunidade de inovação e competitividade.

A Amazônia como palco e símbolo

O fato de a COP30 acontecer em Belém é parte essencial dessa mensagem. A escolha do coração da Amazônia não foi apenas simbólica, mas estratégica. O bioma concentra os maiores desafios e também algumas das maiores oportunidades para a transição climática.

Para Corrêa do Lago, a conferência deve ser encarada como um “mutirão global”, no qual governos, empresas e sociedade civil se unem para encontrar caminhos práticos para manter a floresta em pé e acelerar a descarbonização da economia mundial.

“Espero que as empresas tenham coragem de se engajar. A transição climática não depende de um governo ou de outro, porque os governos são passageiros. Mas a transição é irreversível, e quem estiver na vanguarda sairá à frente”, afirmou.

Governo lança painel para monitorar avanços sustentáveis

Ferramenta digital mede andamento do Plano de Transformação Ecológica e deve ajudar a atrair investimentos verdes

O governo federal deu mais um passo na tentativa de transformar o discurso sobre sustentabilidade em prática concreta. Nesta quinta-feira (28), o Ministério da Fazenda lançou um painel digital de monitoramento do Plano de Transformação Ecológica, desenvolvido em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A plataforma tem como objetivo acompanhar, com dados abertos e atualizados, a implementação das ações do plano em seis áreas consideradas centrais para o desenvolvimento sustentável do país:

  • Finanças sustentáveis
  • Adensamento tecnológico
  • Bioeconomia e sistemas agroalimentares
  • Transição energética
  • Economia circular
  • Nova infraestrutura

Segundo os números divulgados, 64% das ações previstas já foram implementadas, enquanto 36% estão em andamento.

Entre as áreas, a de finanças sustentáveis é a mais adiantada, com 77% dos objetivos concluídos. Já o setor de nova infraestrutura é o mais atrasado, com apenas 42% das metas cumpridas até agora.

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Min. Fernando Haddad – Reproduçao

O que já saiu do papel

Na frente das finanças sustentáveis, duas iniciativas chamam atenção. A primeira é a criação do órgão gestor do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), que ficará sob responsabilidade do Ministério da Fazenda e será a base para o funcionamento do mercado regulado de carbono no país.

A segunda é a aprovação da versão final da Taxonomia Sustentável Brasileira, um conjunto de regras que classifica quais atividades econômicas podem ser consideradas verdes, alinhando o Brasil a padrões internacionais de finanças climáticas.

O painel também indica próximos passos. O governo prepara o lançamento de três novas linhas do EcoInvest, programa voltado a atrair capital privado para projetos sustentáveis. Serão elas:

Estruturação de projetos, para apoiar iniciativas na fase inicial;

Hedge cambial, oferecendo proteção contra variações da moeda;

Liquidez cambial, voltada a garantir maior segurança para investidores estrangeiros.

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“Olhar de longo prazo”

Para o secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux, que também lidera os temas econômicos da COP30, o painel é mais do que uma ferramenta burocrática. Ele representa um sinal de compromisso do Brasil com uma agenda de crescimento econômico combinada à transição verde.

“Garantir crescimento do PIB, inflação sob controle e queda do desemprego pode resultar apenas em produtos primários sem agregação de valor, destruição ambiental e concentração de renda. O que precisamos é de um olhar de longo prazo, com produtividade, inovação tecnológica, redução de impacto ambiental e distribuição equitativa das riquezas produzidas ao longo do processo”, afirmou.

Um plano ambicioso

Anunciado em 2023, o Plano de Transformação Ecológica é considerado a principal estratégia do governo federal para alinhar a economia brasileira às exigências da descarbonização global. O documento prevê mudanças estruturais capazes de:

  • Gerar até 2 milhões de empregos até 2035;
  • Elevar o crescimento do PIB em 0,8% ao ano até 2050;
  • Reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa, com a meta de neutralidade até 2050;
  • Aumentar a renda per capita e reduzir desigualdades sociais;
  • Melhorar a preservação da biodiversidade e a qualidade de vida da população.

Transparência como trunfo

Para o gerente de projetos do plano na FGV, Rafael Batista, a principal inovação do painel é a capacidade de oferecer transparência e dados organizados para a sociedade, investidores e pesquisadores.

“Cada ação tem 40 campos de monitoramento. A ideia foi sintetizar as entidades responsáveis, as normativas correspondentes e as evidências de implementação. Isso agrega à prestação de contas para a sociedade, mas serve também como ferramenta para investidores que buscam clareza antes de aplicar recursos”, explicou.

O que está em jogo

O lançamento ocorre em um momento em que o Brasil tenta consolidar sua imagem de liderança global na agenda climática, em especial com a proximidade da COP30, em Belém, em 2025. Para atrair capital internacional, governos e empresas precisam mostrar não apenas promessas, mas também resultados concretos.

Nesse sentido, o painel cumpre um papel estratégico: permitir que investidores acompanhem em tempo real o ritmo da transição ecológica brasileira. Em um cenário de disputa por recursos verdes, oferecer dados confiáveis pode ser a diferença entre captar bilhões ou ficar para trás.

O Futuro da COP30 nas mãos de mulheres empreendedoras do Pará

Enquanto Belém se prepara para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, o Governo do Pará foca sua atenção não apenas na infraestrutura, mas na qualificação de seu maior ativo: as pessoas. Por meio do Programa “Capacita COP30”, em uma parceria estratégica com a empresa de tecnologia e serviços financeiros Cielo, uma série de cursos gratuitos está em andamento com um público-alvo muito claro e significativo: mulheres empreendedoras e trabalhadoras do comércio, com prioridade para as negras e indígenas. Mais do que apenas cursos, a iniciativa é um investimento direto no empoderamento e na resiliência da economia local.

A escolha das áreas de capacitação não é por acaso. Os cursos de Inglês, Gestão Financeira e Empreendedorismo Digital foram meticulosamente desenhados para suprir as necessidades de um cenário que mudará drasticamente com a chegada de milhares de visitantes internacionais à capital paraense. O domínio do inglês é uma ponte para a comunicação direta e a expansão de oportunidades de negócios com o público estrangeiro. A gestão financeira profissionaliza operações, transformando pequenos negócios informais em empreendimentos sólidos, capazes de crescer e gerar mais renda de forma sustentável. Por fim, o empreendedorismo digital abre as portas do mercado global, permitindo que produtos e serviços com a identidade única da Amazônia alcancem novos públicos, muito além das fronteiras do Pará.

Essa iniciativa é a prova de que a COP30 é vista como um catalisador de um legado duradouro de desenvolvimento e inclusão. O secretário de Ciência, Tecnologia, Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Pará, Victor Dias, da Sectet, descreveu a visão por trás do programa, ressaltando que o investimento na formação dessas mulheres transcende o fortalecimento de negócios, impactando comunidades inteiras. Para ele, o compromisso é garantir que as mulheres estejam na linha de frente da economia local, construindo um futuro mais inclusivo e próspero. A COP30, assim, deixa de ser apenas um evento e se torna um motor de transformação social e econômica.

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Reprodução – Agência Pará

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Parceria pelas mulheres empreendedoras

A parceria com uma gigante do setor privado como a Cielo, por meio de seu projeto Impulsiona Cielo Amazônia, é um exemplo notável de como a sinergia entre o setor público e a iniciativa privada pode gerar resultados concretos e relevantes. Angélica Campos, líder de Gente, Gestão e Performance da Cielo, reforçou a ideia de que a empresa enxerga a qualificação como uma aposta no futuro da região. A colaboração vai além de um simples apoio financeiro, demonstrando um compromisso com o desenvolvimento inclusivo, sustentável e transformador da Amazônia. É o tipo de parceria que não apenas apoia quem sonha, mas oferece as ferramentas para que esses sonhos se tornem uma realidade tangível.

A história de Ana Cardoso, uma empreendedora da Ilha do Combu, humaniza o impacto do programa. Ana já participou de outras capacitações do Capacita COP30 e agora se inscreveu na turma de Gestão Financeira. Sua jornada reflete a realidade de muitas mulheres que gerenciam negócios em comunidades de difícil acesso. Para ela, a qualificação é um passo crucial para organizar sua vida profissional e abrir novas portas para o crescimento. O curso representa não apenas um avanço em sua jornada empreendedora, mas uma oportunidade de se preparar para a demanda que a conferência trará, mostrando o trabalho realizado em sua ilha. Ela se torna uma porta-voz de um futuro promissor, onde o conhecimento e a preparação pavimentam o caminho para o sucesso.

Desde sua criação, o programa já concedeu mais de 25 mil certificações em áreas vitais como turismo, gastronomia, infraestrutura e segurança. A nova parceria com a Cielo é uma expansão estratégica que reforça o papel do programa em preparar a população para as oportunidades que a conferência da ONU trará. É um sinal de que o Governo do Pará e seus parceiros estão focados em construir um legado que vai muito além dos dez dias do evento, investindo em um capital humano que continuará a impulsionar o desenvolvimento local por muitos anos.

Serviço Geológico do Brasil abre nova era no acesso a dados geoquímicos

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) acaba de lançar uma plataforma digital que promete transformar a forma como pesquisadores, gestores públicos e empresas acessam e utilizam informações geoquímicas. Gratuita, intuitiva e de fácil navegação, a ferramenta reúne dados de 138 projetos desenvolvidos pelo SGB, todos organizados de maneira georreferenciada, permitindo uma visão integrada da diversidade mineral do território brasileiro.

A novidade representa muito mais que um simples repositório de dados. Trata-se de uma iniciativa que reforça o movimento global pela ciência aberta, ampliando a transparência no uso de informações públicas e criando novas possibilidades para pesquisas acadêmicas, planejamento governamental, gestão ambiental e atividades do setor mineral.

A riqueza por trás dos dados geoquímicos

A base disponibilizada integra análises de diferentes tipos de amostras, como sedimentos de corrente, solos, rochas e concentrados de bateia. Esses dados, muitas vezes restritos a relatórios técnicos ou bancos dispersos, agora podem ser consultados de maneira simples e estruturada, potencializando seu uso.

Um dos diferenciais da plataforma é a variedade de métodos analíticos oferecidos. O usuário pode buscar informações obtidas por técnicas como ICP-OES, ICP-MS e espectrometria de fluorescência de raios X. Essa diversidade não apenas garante maior confiabilidade científica, mas também abre espaço para estudos direcionados em diferentes áreas, desde exploração mineral até monitoramento ambiental.

reproducao-geoquimico-400x198 Serviço Geológico do Brasil abre nova era no acesso a dados geoquímicos
Reprodução – Geoquímico

A ferramenta não surge isolada. Ela está totalmente integrada ao Repositório Institucional de Geociências (RIGeo), portal já consolidado do SGB que concentra um vasto conjunto de dados geocientíficos nacionais. A integração fortalece a usabilidade, permitindo que usuários cruzem informações de diferentes naturezas para análises mais completas.

Entre os conteúdos já disponíveis, ganha destaque o estudo pioneiro sobre o potencial mineral do lítio no Brasil. O elemento, cada vez mais estratégico para a transição energética e para indústrias de alta tecnologia, como a de baterias recarregáveis, coloca o país em posição privilegiada no cenário global. O acesso facilitado a informações sobre esse recurso pode acelerar projetos de exploração e também embasar políticas públicas voltadas para a soberania energética.

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Ciência aberta e impacto na sociedade

Ao democratizar dados que antes ficavam restritos a relatórios técnicos de difícil acesso, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) coloca em prática um compromisso concreto com a ciência aberta e a inovação, decisão que reverbera em diferentes áreas da sociedade. Para os pesquisadores acadêmicos, a plataforma representa uma base consistente capaz de sustentar estudos mais robustos; para gestores públicos, oferece informações técnicas confiáveis que podem fundamentar políticas de ordenamento territorial e processos de licenciamento ambiental; já para empresas de mineração e energia, constitui um instrumento estratégico para orientar investimentos; e, para a sociedade civil, significa maior transparência sobre as riquezas minerais do território nacional. Essa abertura, ao ampliar o acesso às informações, cria também condições para uma integração mais intensa entre o Brasil e as cadeias globais de inovação. Em um cenário em que a demanda por minerais críticos cresce em ritmo acelerado, ferramentas desse tipo tornam-se alicerces para uma inserção mais qualificada do país no mercado internacional, delineando o futuro dos dados geocientíficos no Brasil.

O lançamento da plataforma de dados geoquímicos é apenas um capítulo de um movimento maior. A tendência é que sistemas integrados e digitais se tornem cada vez mais essenciais para orientar a exploração responsável dos recursos naturais e fortalecer a posição do Brasil como potência mineral.

Num cenário em que informações confiáveis são tão valiosas quanto os próprios recursos, o SGB mostra que o país está preparado para alinhar conhecimento científico, desenvolvimento econômico e responsabilidade socioambiental.

Com a iniciativa, abre-se uma nova era para a pesquisa e a gestão dos recursos minerais brasileiros. Mais do que reunir números e análises, a plataforma traduz em dados acessíveis a riqueza do subsolo do Brasil e projeta oportunidades que podem moldar o futuro do setor mineral e energético.

Investimento verde, terras degradadas viram nova fronteira para agtechs e investidores

O agronegócio brasileiro sempre esteve diante de um dilema: como crescer sem ampliar o desmatamento? A resposta pode estar em um ativo esquecido e muitas vezes visto como passivo: as terras degradadas. Hoje, estima-se que 28 milhões de hectares de pastagens improdutivas estejam espalhados pelo país, uma área equivalente a quase o território da Itália.

Em vez de abrir novas fronteiras agrícolas na Amazônia ou no Cerrado, pesquisadores, investidores e startups começam a enxergar nesses solos cansados uma oportunidade estratégica. O movimento une produção sustentável, valorização fundiária e impacto climático positivo, numa equação que pode redefinir os rumos do agro nas próximas décadas.

Segundo o relatório “Áreas de Pastagens Degradadas e Potencial de Conversão”, elaborado pelo Itaú BBA, o potencial econômico é gigantesco. Se transformados em lavouras de alta produtividade, esses hectares poderiam gerar até R$ 904 bilhões em valorização de terras, além de ampliar em 52% a produção nacional de grãos — sem derrubar uma única árvore a mais.

Do passivo ao ativo: o despertar da agricultura regenerativa

O Brasil convive com um paradoxo histórico. É uma potência agrícola mundial, mas parte relevante do seu território rural opera abaixo do potencial. De acordo com a Embrapa, cerca de 57% das pastagens apresentam algum grau de degradação. Isso significa que mais da metade do pasto brasileiro está empobrecido, com solos erodidos, baixa fertilidade e cobertura vegetal insuficiente para manter a produtividade.

Por outro lado, a ciência já provou que boa parte dessas áreas é recuperável. Com práticas como plantio direto, integração lavoura-pecuária-floresta, correção do solo e uso de insumos biológicos, é possível devolver vitalidade às terras, transformando antigas pastagens degradadas em sistemas de alta performance agrícola.

Esse processo, que ganha o nome de agricultura regenerativa, não apenas aumenta a produção como sequestra carbono, melhora a retenção de água no solo e fortalece a resiliência das propriedades frente às mudanças climáticas.

A barreira do financiamento

Se a tecnologia já existe, o que impede a revolução? A resposta é simples: dinheiro. Recuperar terras degradadas exige investimentos altos e de médio a longo prazo. Segundo cálculos do Itaú BBA, o esforço financeiro necessário pode variar de R$ 188 bilhões a R$ 482 bilhões, dependendo do nível de degradação e da infraestrutura disponível.

Para grandes grupos agrícolas, com acesso a capital de baixo custo, esse investimento é viável. Mas para médios e pequenos produtores, a conta não fecha. Isso porque o retorno pleno da produtividade costuma levar 3 a 5 safras — um tempo que não se encaixa nos prazos das linhas de crédito rural tradicionais.

O resultado é um enorme gargalo de financiamento. O relatório da Climate Policy Initiative (CPI) Brasil mostrou que, em 2023, apenas 2% dos recursos financeiros destinados ao clima no Brasil foram direcionados para agricultura regenerativa e uso da terra. Em números absolutos, isso representou uma fatia mínima diante do potencial de transformação.

Outro dado impressiona: dentro do Plano ABC+, política pública do Ministério da Agricultura voltada para a baixa emissão de carbono, apenas R$ 3,5 bilhões foram aplicados em 2022 em tecnologias de recuperação de pastagens — uma gota no oceano diante das necessidades.

A resposta do mercado: finanças verdes e agtechs

É nesse cenário que surgem soluções inovadoras. Uma delas vem do equity crowdfunding, modelo que permite que múltiplos investidores financiem projetos por meio de plataformas digitais. No agro, a Arara Seed tem se destacado por democratizar o acesso a esse tipo de investimento.

A empresa, inicialmente voltada ao financiamento de startups agrícolas, agora se prepara para lançar uma vertical dedicada à restauração de áreas degradadas. A ideia é clara: transformar pastagens improdutivas em ativos agrícolas rastreáveis, rentáveis e sustentáveis, ao mesmo tempo em que abre espaço para que qualquer investidor participe do processo.

“O Brasil já conta com tecnologias acessíveis para transformar áreas improdutivas em sistemas agrícolas de alta performance, com rastreabilidade, retorno financeiro e impacto positivo”, afirma Henrique Galvani, CEO da Arara Seed.

Além do equity crowdfunding, outras modalidades de financiamento verde começam a ganhar corpo: CRA verde, CPR verde, blended finance e fundos de impacto. Todas compartilham a mesma lógica — direcionar recursos para atividades regenerativas, conectando investidores preocupados com retorno e sustentabilidade.

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A solução pode estar em terras degradadas- Reprodução

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O peso da rastreabilidade e da pressão internacional

O mundo está de olho. À medida que cadeias globais de alimentos ficam mais rigorosas em relação à origem dos produtos, o Brasil precisa provar que pode crescer sem comprometer florestas e ecossistemas.

A União Europeia, por exemplo, aprovou recentemente uma regulação que proíbe a importação de commodities associadas ao desmatamento. Isso significa que soja, carne ou café produzidos em áreas de risco podem perder espaço em um dos mercados mais valiosos do mundo.

Nesse contexto, regenerar áreas degradadas é não apenas uma questão de eficiência agrícola, mas também de estratégia comercial. Transformar terras improdutivas em lavouras de baixo carbono pode garantir acesso a mercados premium, além de fortalecer a imagem do Brasil como potência agroambiental.

Impacto ambiental positivo

Do ponto de vista ambiental, o potencial é duplo. Primeiro, porque evita o desmatamento: cada hectare recuperado é um hectare a menos de pressão sobre florestas. Segundo, porque sistemas agrícolas regenerativos atuam como sumidouros de carbono.

Estudos mostram que práticas como integração lavoura-pecuária-floresta podem sequestrar de 1,5 a 3 toneladas de CO₂ por hectare/ano. Aplicadas em milhões de hectares, essas práticas transformariam a agricultura brasileira de vilã climática em protagonista da solução.

Além disso, solos saudáveis aumentam a infiltração de água, reduzem erosão e favorecem a biodiversidade. Isso significa mais resiliência frente a secas e eventos extremos — um fator cada vez mais importante num mundo de mudanças climáticas aceleradas.

Oportunidade de ouro para o agro

A recuperação das terras degradadas pode ser vista como um dos maiores projetos de infraestrutura natural do Brasil. E, ao contrário de obras de grande porte, os benefícios aparecem diretamente no campo, com ganhos para produtores, investidores e para a sociedade como um todo.

Se os números do Itaú BBA se confirmarem, a conversão dos 28 milhões de hectares pode:

Gerar até R$ 904 bilhões em valorização fundiária.

Aumentar em até 52% a produção nacional de grãos.

Atrair centenas de bilhões em investimentos privados.

Consolidar o Brasil como líder global em agro de baixo carbono.

Em um mundo em busca de segurança alimentar e redução de emissões, dificilmente haveria oportunidade mais estratégica.

O papel das agtechs

Startups agrícolas já provaram que podem revolucionar a produção, seja com sensores, biológicos, inteligência artificial ou marketplace de insumos. Agora, elas ganham espaço também no desafio da regeneração.

Plataformas digitais permitem mapear áreas degradadas, calcular custos de recuperação, monitorar a produtividade e garantir a rastreabilidade ambiental exigida pelos compradores internacionais.

Nesse ecossistema, empresas como a Arara Seed atuam como ponte entre o capital e o produtor. E, ao fazer isso, criam um novo mercado de “terras regeneradas como ativo financeiro” — algo inédito até pouco tempo atrás.

Um futuro em construção

O Brasil tem diante de si uma escolha histórica. Pode insistir em expandir fronteiras agrícolas à custa de desmatamento, perdendo espaço nos mercados mais exigentes e agravando sua imagem internacional. Ou pode apostar em um caminho de crescimento regenerativo, usando tecnologia e capital para transformar passivos em ativos.

Como resume Henrique Galvani: “Com o mercado global cada vez mais exigente em relação à origem e ao impacto ambiental dos alimentos, transformar terras degradadas em ativos produtivos de alto valor é uma das estratégias mais inteligentes para o futuro do agro — e também para o planeta.”

Uma bactéria amazônica que desperta perguntas sobre doenças esquecidas

Em pleno coração da Amazônia, no Parque Nacional da Amazônia, pesquisadores identificaram uma bactéria até então desconhecida. O achado pode parecer apenas mais um entre tantos registros da rica biodiversidade da floresta, mas ganha importância pelo fato de pertencer ao gênero Bartonella — o mesmo responsável por doenças negligenciadas que afetam populações humanas em países vizinhos.

A descoberta foi feita em flebotomíneos, popularmente conhecidos como mosquitos-palha, coletados no Pará entre 2022 e 2023. Esses insetos são tradicionalmente lembrados pela transmissão da leishmaniose, mas agora entraram no radar de outro possível agente infeccioso. O DNA encontrado guarda semelhança com duas espécies andinas já conhecidas por sua ação patogênica: Bartonella bacilliformis e Bartonella ancashensis, responsáveis pela chamada doença de Carrión, que inclui manifestações como a febre de Oroya e a verruga peruana.

O estudo foi conduzido por Marcos Rogério André, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em colaboração com Eunice Aparecida Bianchi Galati, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). A pesquisa recebeu apoio da FAPESP e foi publicada na revista científica Acta Tropica.

Apesar da proximidade genética com bactérias andinas, ainda não há evidências de que a nova linhagem encontrada no Brasil cause enfermidades. Mas, como alertam os cientistas, o simples fato de integrar um gênero com histórico de doenças graves justifica um acompanhamento contínuo. “Estamos detectando uma linhagem inédita, próxima de espécies que já sabemos ser patogênicas. O desafio é entender se ela pode desencadear algum quadro clínico distinto”, explica André.

O que é a bartonelose

O termo “bartonelose” reúne um conjunto de doenças causadas por bactérias do gênero Bartonella. Sua transmissão ocorre por diferentes vetores, incluindo mosquitos-palha, piolhos e pulgas. O problema é que, muitas vezes, as infecções passam despercebidas, permanecendo por longo tempo no organismo e afetando sobretudo pessoas com imunidade comprometida.

A forma mais conhecida da enfermidade é a “doença da arranhadura do gato”, associada à espécie Bartonella henselae. No entanto, em regiões andinas, a doença de Carrión representa um desafio histórico de saúde pública, marcada por febres persistentes e lesões cutâneas debilitantes.

Por se tratar de um grupo de enfermidades negligenciadas, com pouca visibilidade internacional, a detecção de linhagens próximas na Amazônia acende um alerta. Em áreas isoladas e com baixo acesso a serviços de saúde, como muitas comunidades da floresta, um eventual surto poderia se tornar invisível por muito tempo.

cientista-400x267 Uma bactéria amazônica que desperta perguntas sobre doenças esquecidas

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O trabalho de campo e as hipóteses

O esforço de coleta que permitiu a descoberta foi meticuloso. Durante um ano inteiro, os pesquisadores capturaram mensalmente fêmeas de flebotomíneos ao longo de trilhas próximas aos rios Uruá e Tracoá, dentro do parque. No total, foram analisados 297 insetos.

O resultado traz implicações que vão além da mera curiosidade científica. Espécies de mosquitos-palha muito próximas às encontradas no Brasil já foram confirmadas como vetores de Bartonella bacilliformis no Peru. Isso significa que a possibilidade de adaptação desses microrganismos a novos hospedeiros e territórios não é apenas uma especulação distante.

Segundo Galati, entender quais animais servem de reservatórios naturais também será essencial. Esse é o próximo passo de um projeto que inclui análises não só na Amazônia, mas também em regiões como a Mata Atlântica, onde ela mantém um acervo de espécimes coletados com apoio da FAPESP.

A pesquisa abre um campo de investigação ainda em estágio inicial. Até o momento, não há registros clínicos no Brasil associados à nova linhagem de Bartonella. Mas os cientistas chamam a atenção para casos de febres recorrentes e sem diagnóstico claro, comuns em áreas rurais. “Será que parte desses pacientes não estaria infectada com uma espécie ainda não descrita?”, provoca André.

O achado não deve gerar pânico, mas funciona como um lembrete da complexa interação entre biodiversidade e saúde. Num cenário de mudanças ambientais e intensificação da circulação humana em áreas remotas, agentes infecciosos antes restritos a certos ecossistemas podem ganhar espaço em novos territórios.

Monitorar, investigar e integrar diferentes áreas do conhecimento — da entomologia à medicina — será crucial para antecipar riscos. Afinal, a floresta ainda guarda microrganismos capazes de revelar muito sobre a saúde das populações humanas que nela vivem ou que dela se aproximam.

Cetesb suspendeu por 30 dias todas as autorizações de queima controlada em São Paulo.

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) decidiu suspender, por 30 dias, todas as autorizações para queimas controladas no território paulista. A medida, em vigor desde o dia 28 de agosto, interrompe temporariamente práticas comuns na agricultura, como a queima da palha da cana-de-açúcar, o uso do fogo para manejo agrícola e o controle de pragas. A decisão, de caráter emergencial e preventivo, busca reduzir os riscos de incêndios florestais, cuja incidência costuma aumentar nesta época do ano, marcada pela estiagem severa.

Historicamente, os meses de agosto e setembro concentram grande número de focos de incêndio em São Paulo e em outros estados do Brasil. O ar mais seco, aliado à baixa umidade relativa e à vegetação ressecada, cria um cenário altamente propício para a propagação das chamas. Até julho, a queima da palha da cana ainda era autorizada em situações específicas — apenas quando a umidade estava acima de 40% e fora do período mais crítico do dia, entre 11h e 15h. Agora, todas as liberações estão suspensas, sem exceção.

Segundo o diretor de Controle e Licenciamento da Cetesb, Adriano Queiroz, a suspensão segue o padrão adotado em anos anteriores, em que a instituição recorreu à mesma estratégia para reduzir danos durante a estiagem. Ele explica que a prioridade é a proteção da saúde pública e a preservação do meio ambiente: atravessar os meses mais críticos sem permitir que o fogo, autorizado ou não, se torne um risco ampliado para comunidades e áreas de preservação.

Essa atuação integra o Programa SP sem Fogo, uma política permanente do estado voltada à prevenção e ao combate de incêndios florestais. O programa articula ações de monitoramento, capacitação de brigadas locais e campanhas de conscientização junto a produtores rurais e comunidades próximas a áreas verdes. A iniciativa não apenas responde a emergências, mas procura criar uma cultura preventiva, reduzindo a dependência de medidas restritivas de última hora.

A decisão da Cetesb também dialoga com experiências recentes. Em 2024, o Brasil viveu uma crise climática particularmente severa, com índices alarmantes de queimadas e qualidade do ar em queda livre nos meses de agosto e setembro. A combinação de tempo seco, altas temperaturas e concentração de poluentes nas grandes cidades deixou marcas profundas, inclusive no aumento de internações hospitalares ligadas a problemas respiratórios.

Jose-Cruz-Agencia-Brasil-400x239 Cetesb suspendeu por 30 dias todas as autorizações de queima controlada em São Paulo.
José Cruz – Agência Brasil

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O cenário sem queimadas

Em 2025, no entanto, o cenário parece caminhar em outra direção. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), obtidos pelo Programa Queimadas, mostram que São Paulo registrou uma queda expressiva de 75% no número de focos de calor durante o mês de agosto em comparação com o mesmo período do ano anterior. Entre os dias 1º e 15, foram contabilizados 148 casos, contra 548 no mesmo intervalo de 2024.

Especialistas atribuem essa redução a um conjunto de fatores: investimentos em monitoramento, treinamentos de equipes de resposta locais, políticas mais rigorosas de controle ambiental e condições climáticas um pouco mais favoráveis. Ainda assim, autoridades ressaltam que o risco continua elevado, já que a seca prolongada pode reverter a tendência em questão de dias.

O controle das queimadas em São Paulo vai além de números. Ao reduzir as autorizações, a Cetesb busca não apenas evitar incêndios de grandes proporções, mas também preservar a qualidade do ar, um recurso que afeta diretamente a saúde de milhões de pessoas. Em áreas urbanas, partículas provenientes da queima agrícola contribuem para agravar doenças respiratórias, enquanto em regiões rurais, o fogo descontrolado ameaça lavouras, reservas legais e até infraestruturas próximas.

O desafio, portanto, não é apenas lidar com emergências, mas conciliar a tradição agrícola com as necessidades ambientais e de saúde pública. Nesse ponto, a suspensão das autorizações assume caráter pedagógico: ao restringir práticas historicamente aceitas, o estado reforça a mensagem de que a adaptação a novos padrões climáticos é urgente e inevitável.

Com essa decisão, São Paulo dá um passo no sentido de prevenir tragédias anunciadas, ao mesmo tempo em que sinaliza que o combate às queimadas não pode depender apenas de restrições temporárias. É necessário consolidar políticas de longo prazo, integrando inovação tecnológica, manejo sustentável e educação ambiental. Afinal, a crise climática já demonstrou sua capacidade de transformar um problema agrícola em uma questão de saúde pública e de segurança ambiental.

Filhotes de tartarugas marinhas são soltos na Praia da Princesa, em Algodoal

Na tranquila Praia da Princesa, localizada na Área de Proteção Ambiental (APA) Algodoal-Maiandeua, no Pará, um evento carregado de simbolismo e esperança tomou forma. Vinte filhotes de tartarugas-oliva foram soltos no mar, em uma ação conjunta que mobilizou a comunidade e diversas instituições. A soltura, que marcou o fim de um período de monitoramento cuidadoso, representa um passo vital na luta pela sobrevivência de uma espécie considerada vulnerável à extinção.

A Praia da Princesa, conhecida como um dos principais cartões-postais da região de Maracanã, foi o cenário para essa celebração da vida marinha. A ação foi orquestrada pelo Instituto Bicho D’água e pela Arvut Meio Ambiente, em uma parceria estratégica com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio). O esforço conjunto garantiu que os filhotes, monitorados por cerca de 60 dias desde a desova, tivessem as melhores condições para iniciar sua jornada no oceano. A sobrevivência das tartarugas é ameaçada por diversos fatores, como poluição, a caça ilegal de ovos e a ocupação desordenada de áreas de desova, tornando cada filhote que chega ao mar um verdadeiro triunfo da conservação.

Engajamento comunitário – A soltura dos filhotes transcendeu a mera ação de conservação, assumindo um papel educativo e de conscientização. Alcione Alves, monitora do Instituto Bicho D’água e da Arvut Meio Ambiente, expressou a emoção do momento: “Cada filhote que alcança o mar carrega consigo a nossa dedicação diária ao monitoramento e à proteção. É emocionante ver a comunidade se envolvendo, crianças e adultos aprendendo a importância de preservar. Esse momento mostra que a vida sempre encontra um caminho, quando há cuidado e responsabilidade”.

20250828134357-GC00070149-F00258399-400x300 Filhotes de tartarugas marinhas são soltos na Praia da Princesa, em Algodoal
Foto: Vinícius Leal (Ascom/Ideflor-Bio)

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A participação da comunidade, especialmente de crianças e jovens, é um pilar fundamental para o sucesso dessas iniciativas. A proximidade com o ciclo de vida das tartarugas-marinhas cria um senso de pertencimento e responsabilidade, formando uma nova geração de protetores da biodiversidade local. A presença de turistas durante a atividade também foi vista como uma oportunidade valiosa para disseminar a mensagem de conservação e respeito à natureza para um público mais amplo, reforçando o equilíbrio entre turismo sustentável e preservação ambiental na APA Algodoal-Maiandeua.

O papel essencial das tartarugas na saúde dos ecossistemas – A presença de tartarugas-marinhas em uma determinada área é um sinal da saúde do ecossistema. Lorena Lisboa, analista ambiental do Ideflor-Bio, explica que as tartarugas são “bioindicadoras do ambiente e cumprem papel essencial na regulação natural dos ecossistemas costeiros.” Além de seu papel ecológico, o retorno das tartarugas para a desova no mesmo local onde nasceram é um fenômeno notável. Garantir a sobrevivência dos filhotes hoje é, portanto, essencial para assegurar que essas futuras fêmeas retornem para continuar o ciclo de vida da espécie.

A promotora de Justiça de Maracanã, Brenda Braga, reforçou a importância da união de esforços entre instituições, comunidades e a sociedade civil. Para ela, a proteção de espécies ameaçadas depende de um trabalho conjunto, onde cada parte contribui para a preservação. O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), como fiscalizador do meio ambiente, acompanha de perto essas atividades para garantir que a APA Algodoal-Maiandeua continue sendo um santuário para a vida marinha.

A soltura dos filhotes não é apenas uma atividade técnica de conservação, mas um momento de celebração e gratidão. Dona Dica, nome carinhoso pelo qual é conhecida a gerente da Região Administrativa do Nordeste do Ideflor-Bio, Raimunda Araújo, compartilhou sua emoção: “É um momento de gratidão a Deus e de grande alegria para nossa comunidade. Receber visitantes e autoridades aqui na ilha e mostrar a riqueza natural que temos é motivo de orgulho. A soltura das tartarugas é uma bênção e um presente para todos nós que vivemos e cuidamos desse território”.

 

Encontro+B Amazônia 2025 reúne líderes de 19 países em Belém com foco em soluções socioambientais

De 3 a 5 de setembro, Belém será o palco de um dos eventos mais esperados do calendário socioambiental da América Latina: o Encontro+B Amazônia 2025. Reunindo cerca de 600 participantes de 19 países, o encontro traz como lema “A Raiz do Futuro”, destacando que as soluções para os maiores desafios climáticos e sociais já estão enraizadas no território amazônico.

A proposta é mostrar que a região não é apenas um bioma estratégico para o equilíbrio climático do planeta, mas também um berço de conhecimentos, experiências comunitárias e iniciativas inovadoras capazes de inspirar o mundo. Para os organizadores, a Amazônia deve ser reconhecida como ponto de partida para um novo modelo de desenvolvimento, baseado na cooperação, na bioeconomia e na regeneração ambiental.

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Foto: divulgação

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“Sem Amazônia não há clima. E sem clima, não há futuro”, afirma o movimento B, responsável pela realização do encontro. A expectativa é que o evento funcione como um grande porta-voz antes da COP30, que será realizada em Belém em 2025, reforçando a importância da região para as negociações globais sobre meio ambiente e clima.

Três dias de programação

O Encontro+B Amazônia terá atividades distribuídas em três dias, com diferentes formatos, debates e vivências. Antes mesmo da abertura oficial, os participantes que chegarem a Belém no dia 2 de setembro serão recepcionados em um encontro informal na Casa Namata, a partir das 19h. Esse primeiro momento será uma oportunidade de integração entre os inscritos, com custos individuais de alimentação e bebidas não incluídos no valor do evento.

No dia seguinte, 3 de setembro, inicia-se oficialmente a programação no campus da Universidade Federal do Pará (UFPA). A partir das 8h, com o credenciamento, o tema central será “Elevando o nível”. As discussões vão girar em torno da ancestralidade amazônica e da forma como esse legado pode orientar negócios transformadores, alinhados aos novos padrões do B Lab, organização que promove práticas empresariais mais sustentáveis e inclusivas em escala global. O primeiro dia pretende reforçar a ideia de que a raiz cultural e ambiental da Amazônia deve inspirar soluções inovadoras que conciliem economia, justiça social e preservação.

O segundo dia, 4 de setembro, também terá como palco a UFPA e será dedicado ao eixo “Ativando o futuro”. A partir das 9h, a plenária trará debates voltados para a construção de legados rumo à COP30, em um esforço coletivo para pensar governança, transparência e regeneração. Nesse espaço, experiências bem-sucedidas de transformação social e ambiental ganharão destaque, inspirando outras iniciativas pelo continente. À noite, a partir das 21h, os participantes se encontram na Cervejaria Cabôca para um momento de confraternização. Diferentemente da recepção inicial, esse evento inclui comidas e cervejas no valor do ingresso do Encontro+B, reforçando o caráter celebrativo e de integração entre os presentes.

O encerramento da programação ocorre no dia 5 de setembro, quando se celebra o Dia da Amazônia no Brasil. O terceiro dia terá um formato diferenciado, com atividades de campo que conectam os participantes com a cultura, a natureza e as comunidades locais. Batizado de “Vivendo a Amazônia”, o dia final convida os inscritos a escolher entre experiências diversas, que podem ocupar a manhã, a tarde ou o dia inteiro.

Entre as opções estão trilhas em áreas de floresta, visitas a comunidades tradicionais, vivências culturais e passeios em áreas de conservação, como o Parque Estadual do Utinga. A maioria das atividades tem custo adicional, revertido integralmente para a economia local. Dessa forma, a proposta é que cada participante, ao mesmo tempo em que conhece de perto a realidade amazônica, contribua diretamente para fortalecer iniciativas comunitárias e projetos regionais.

Regras e impacto local

Os organizadores destacam que cada participante poderá escolher apenas uma experiência no dia 5, já que as vagas são limitadas. O valor da atividade depende da opção selecionada, e a inscrição só é confirmada após o pagamento direto ao fornecedor. Com exceção da visita ao Parque do Utinga, todas as demais experiências são conduzidas por parceiros externos, sem responsabilidade do Sistema B sobre o planejamento e a execução.

Mais do que um encontro de negócios e debates, o Encontro+B Amazônia busca criar conexões que transcendam os dias do evento. A ideia é que os aprendizados coletivos reverberem nas práticas das organizações e empresas participantes, fortalecendo redes de cooperação internacional e consolidando a bioeconomia como eixo estratégico para o desenvolvimento sustentável da região.

Com o lema “A Raiz do Futuro”, a edição de 2025 reforça a mensagem de que o futuro do planeta passa pela Amazônia. O evento pretende deixar claro que as soluções socioambientais não são utopias distantes, mas realidades já existentes, construídas a partir do conhecimento tradicional, da ciência e do engajamento de comunidades, empresas e governos.

Ao reunir representantes de 19 países, o encontro se apresenta como uma vitrine internacional de práticas transformadoras e como um aquecimento para a COP30, que, em menos de um ano, trará chefes de Estado, negociadores e lideranças mundiais para Belém. Até lá, o Encontro+B Amazônia dá o tom: a Amazônia é raiz, é presente e é também a esperança de futuro.
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