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Entenda apuração do MPF sobre a Starlink e os garimpos na Amazônia

A luta contra o garimpo ilegal na Amazônia ganhou um novo capítulo com o foco das autoridades sobre o uso de tecnologias de comunicação. Em uma ação que destaca a importância da colaboração entre o setor público e privado, o Ministério Público Federal (MPF) iniciou uma investigação sobre o uso dos serviços de internet por satélite da Starlink em áreas de extração ilegal de minérios. A apuração levou a um acordo crucial, firmado em junho, onde a empresa se compromete a atuar de forma ativa para prevenir e combater a utilização de seu sinal para fins criminosos. A iniciativa reforça o papel da tecnologia como uma ferramenta que, embora possa ser usada para fins ilícitos, também se torna um aliado fundamental na preservação ambiental.

A presença de garimpos ilegais em terras indígenas e áreas de preservação é um problema complexo e antigo na Amazônia, mas a sua operação foi transformada pela tecnologia. O avanço da conectividade, especialmente em regiões remotas onde a internet convencional não chega, permitiu que os garimpeiros se comunicassem com maior eficiência, facilitando a logística, a compra de equipamentos e a coordenação de atividades ilegais. A internet por satélite de alta velocidade, como a oferecida pela Starlink, tornou-se uma ferramenta de trabalho essencial para essas operações. Ao fornecer sinal em locais isolados, a tecnologia inadvertidamente pode dar suporte a redes criminosas que causam danos ambientais incalculáveis e violam os direitos de povos tradicionais. O MPF, ao investigar essa conexão, busca cortar um dos principais canais de comunicação que sustentam a atividade ilegal.

Captura-de-tela-2024-05-21-180314-300x250 Entenda apuração do MPF sobre a Starlink e os garimpos na Amazônia
Garimpo ilegal

Garimpo ilegal de ouro nas águas da Amazônia desperta alerta nacional

Um novo modelo de responsabilidade corporativa

O acordo firmado entre o MPF e a Starlink representa um passo importante na responsabilização de empresas de tecnologia em relação ao uso de seus serviços. A partir da apuração, a operadora de internet se comprometeu a implementar medidas rigorosas para coibir o uso de seu sinal em áreas de garimpo ilegal. Isso provavelmente envolve o desenvolvimento de mecanismos de geolocalização para identificar e desativar terminais de internet em zonas de extração ilícita. A colaboração com as autoridades pode incluir o compartilhamento de dados anonimizados para ajudar nas investigações e o reforço dos termos de serviço para impedir a utilização da internet para atividades criminosas.

Essa cooperação é um marco na discussão sobre a responsabilidade social corporativa em ambientes sensíveis como a Amazônia. A tecnologia, por si só, é neutra, mas seu impacto depende de como é utilizada. O caso da Starlink demonstra que as empresas de tecnologia têm um papel ativo a desempenhar no combate a crimes ambientais e na proteção de ecossistemas. O acordo pode servir como um modelo para outras empresas do setor, incentivando-as a desenvolver soluções proativas para garantir que suas ferramentas sejam usadas para o bem, como no monitoramento de áreas desmatadas e no apoio à fiscalização. A investigação do MPF, portanto, não é apenas um combate ao garimpo, mas um esforço para estabelecer um novo padrão de governança e segurança na era da conectividade global.

Gaudens Chocolate: a doçura amazônica que conquistou o mundo

Belém tem um jeito todo especial de contar histórias. Algumas se revelam nas fachadas antigas do centro histórico, outras nas barracas coloridas do Ver-o-Peso, e há aquelas que chegam ao paladar, traduzindo em sabores a biodiversidade que só a Amazônia tem. É nesse último grupo que se encaixa a trajetória da Gaudens Chocolate, marca que nasceu do sonho de transformar o cacau amazônico em um produto reconhecido mundialmente.

Quem visita Belém para a COP 30 ou mesmo quem vive por aqui talvez ainda não conheça a Gaudens. Mas basta uma mordida em um de seus bombons ou tabletes para entender que se trata de algo único. Mais do que uma chocolateria, a Gaudens é um manifesto em favor da bioeconomia, conectando produtores rurais, ingredientes nativos e técnicas sofisticadas que nascem no coração da floresta e chegam à mesa em forma de iguarias.

“Quando voltei da Europa, em 2003, percebi que eu morava na terra do cacau, onde ele é nativo, e ninguém estava produzindo chocolate fino. Foi aí que decidi criar um produto que estivesse entre os melhores do mundo. Hoje, posso dizer que conseguimos: já temos três prêmios da Academy of Chocolate de Londres”, conta Fábio Sicilia, chef master formado no ICIF, especializado em chocolateria pela Lênotre de Paris e fundador da marca.

 

A jornada não foi simples. Fábio passou anos cruzando a Transamazônica em busca dos melhores produtores e ingredientes. Nos primeiros anos, a Gaudens funcionava mais como um hobby do que como negócio. Entre 2004 e 2022, a fábrica enfrentou prejuízos, mas o propósito falou mais alto: provar que a Amazônia podia produzir chocolates comparáveis aos melhores do mundo. Só recentemente a empresa alcançou estabilidade financeira — e uma reputação que atravessou fronteiras.

O nome “Gaudens” não foi escolhido por acaso. Em latim, significa alegria plena, conexão com o divino. Um conceito que se reflete na experiência de degustar cada chocolate. “Queria algo que representasse a sensação que o chocolate desperta em mim. Mais do que um produto, ele carrega histórias, emoções e identidade”, explica o chef.

Imagem1 Gaudens Chocolate: a doçura amazônica que conquistou o mundo

O que diferencia a Gaudens de outras marcas não é apenas a qualidade do cacau, mas a ousadia em experimentar sabores. A marca foi pioneira ao substituir os tradicionais flocos de arroz por farinha de tapioca nos chocolates crocantes, e seu primeiro grande sucesso foi o Castella, creme que combina castanha-do-pará, cacau e açúcar orgânico. Outros ingredientes amazônicos também ganharam espaço em criações inovadoras, como cupuaçu, bacuri e açaí — sabores que dificilmente seriam encontrados em uma chocolateria tradicional.

A Gaudens já levou o sabor amazônico a diferentes cantos do mundo. Chocolates produzidos em Belém chegaram a países como Estados Unidos, Canadá, Itália, França, Inglaterra e até Emirados Árabes. A marca também possui registro na China e mantém pontos de venda em Manaus, Foz do Iguaçu e Belém, onde em breve abrirá duas cafeterias. Além disso, o e-commerce permite que clientes de diversos países comprem diretamente, desde que exista relação comercial com o Brasil.

“Produzir chocolate na Amazônia é um orgulho imenso. Mostramos que o Pará não só cultiva cacau, mas produz chocolate fino em padrão internacional. Essa é uma conquista coletiva”, afirma Fábio, ressaltando a importância da parceria com pequenos produtores locais.

Marca sustentável coleciona selos

Essa conexão é formalizada pelo Selo Nacional da Agricultura Familiar (Senaf), que garante a participação direta da agricultura familiar na cadeia produtiva. A Gaudens realiza uma curadoria rigorosa com produtores rurais que se dedicam à excelência. Além do cacau, outros ingredientes amazônicos são incorporados, como mandioca, açaí, bacuri, cumaru e castanha-do-pará. O resultado é um modelo de negócios que fortalece comunidades e gera valor em cada etapa, da floresta à prateleira.

Outro pilar da empresa é a transparência. A marca ostenta o selo Clean Label, que certifica que seus chocolates não contêm corantes, aromatizantes sintéticos ou aditivos artificiais. Tudo é produzido de forma artesanal, com mínimo processamento e comércio justo. Esse cuidado se reflete na experiência do consumidor e na confiança dos parceiros.

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Além disso, a Gaudens conquistou um marco importante: foi a primeira empresa da América Latina a receber um selo vegano por análise de DNA, desenvolvido em parceria com a Universidade Federal do Pará e a Biotec Amazônia. Essa certificação garante a ausência de qualquer traço animal, até mesmo de insetos, atendendo aos padrões mais exigentes do mercado europeu.

Entre tantas criações, um produto ocupa lugar especial no coração do chef e dos clientes: o bombom de cupuaçu. Diferente dos tradicionais recheios doces, ele traz uma combinação surpreendente: chocolate premiado de cupuaçu no recheio e cobertura de chocolate 53% cacau ao leite, também reconhecido internacionalmente. É uma síntese do que a Gaudens representa — inovação, respeito às raízes e excelência técnica.

No futuro, a marca quer expandir não apenas em pontos de venda, mas também na conexão emocional com o público. Fábio acredita que degustar um chocolate Gaudens vai além de saborear um doce: “Degustar Gaudens não é prestar atenção apenas na embalagem, mas no brilho, nos aromas, nos sabores e, principalmente, nas emoções que ele desperta em você. É sobre se permitir sentir a Amazônia em cada pedaço”.

Por Eva Pires

Basílica de Nazaré: fé, história e o coração do Círio

Belém é uma cidade onde o sagrado se mistura com o cotidiano. No meio do vai e vem de barcos na baía do Guajará e do burburinho das feiras, ergue-se imponente a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, um dos templos mais importantes da Amazônia. Para quem chega à capital paraense, seja para a COP 30 ou para conhecer a cidade, a visita à Basílica não é apenas um passeio turístico — é um mergulho na alma cultural e religiosa do povo que vive aqui.

Construída no início do século 20, a Basílica nasceu de uma devoção que começou muito antes, ainda no século 18. À época, ribeirinhos e moradores da região peregrinavam até uma pequena ermida erguida onde, segundo a tradição, a imagem de Nossa Senhora foi encontrada por Plácido José de Souza, às margens do igarapé Murutucu. O local era simples, uma cabana de palha que se tornaria o ponto inicial de uma das maiores manifestações de fé do planeta: o Círio de Nazaré.

“O Círio ajuda a entender a transformação da cidade de Belém ao longo dos séculos. A devoção começou pequena, mas foi crescendo e se tornando parte da identidade da cidade. O bairro de Nazaré, por exemplo, se desenvolveu a partir dessa peregrinação. Uma curiosidade bastante específica é que a atual avenida Nazaré sempre teve esse nome. Antigamente era conhecida como estrada de Nazaré e é uma das poucas vias de Belém que nunca teve sua denominação alterada”‘, explica o historiador Michel Pinho, professor e pesquisador.

Imagem5-e1756945263792-372x600 Basílica de Nazaré: fé, história e o coração do CírioO Círio de Nazaré, que ocorre todo segundo domingo de outubro, reúne milhões de pessoas em uma procissão que atravessa a cidade, acompanhando a imagem de Nossa Senhora. Conhecido como “o Natal dos paraenses”, é considerado o maior evento religioso do mundo em número de fiéis por metro quadrado. Para além da fé, o Círio também movimenta a economia, a cultura e a vida social de Belém.

Com o crescimento constante dessa devoção, a pequena ermida já não comportava mais a multidão que chegava todos os anos. Foi então que, em 1905, a Igreja Católica, por meio do arcebispo Dom Santino Maria Coutinho, entregou aos padres barnabitas a missão de construir um templo maior e mais estruturado. Em 1909, teve início a obra que daria forma à Basílica como conhecemos hoje, unindo imponência arquitetônica e riqueza artística.

Para Michel Pinho, a construção da Basílica foi um marco para Belém. “Ela não é só um templo religioso. É um monumento que ajudou a consolidar Belém como centro de fé, atraindo pessoas de diversas regiões, do Marajó ao Baixo Tocantins. A arquitetura grandiosa, os vitrais, as esculturas, tudo foi pensado para expressar essa ligação entre a cidade e Nossa Senhora de Nazaré”, afirma.

Entre os elementos mais marcantes do santuário estão o frontão, que retrata a história do Círio, os vitrais que narram milagres e episódios da devoção, e a porta monumental, esculpida para contar não só a história religiosa, mas também a trajetória cultural e social do Pará. Esses detalhes fazem da Basílica um ponto imperdível para quem deseja compreender a força simbólica desse lugar.

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“Embora seja profundamente ligada à religiosidade católica, a Basílica e o Círio se transformaram ao longo do tempo, incorporando elementos da cultura popular, como músicas, danças e festas. É uma manifestação viva, que fala tanto de fé quanto de identidade amazônica”, completa o historiador.

Basílica renovada: a reabertura após o restauro

Depois de passar por um extenso processo de restauro, a Basílica se prepara para um momento especial. A partir de 8 de setembro, os fiéis e visitantes poderão contemplar a igreja na forma original, com vitrais, mosaicos e esculturas recuperados.

“Com essa etapa, toda a parte interna da Basílica está concluída e não haverá mais nenhum tipo de interferência com andaimes ou áreas isoladas. A partir do dia 8, os fiéis poderão ocupar integralmente o templo”, explica Luci Azevedo, coordenadora do projeto de restauro.

Imagem4 Basílica de Nazaré: fé, história e o coração do CírioO dia da reabertura começará cedo, às 6h, com a abertura oficial da igreja. A primeira missa será às 7h, e ao longo do dia outras celebrações serão realizadas. Às 18h, haverá uma missa especial presidida por Dom Júlio Endi Akamine, arcebispo metropolitano de Belém. No encerramento, a imagem original de Nossa Senhora de Nazaré será reconduzida ao glória da Basílica, em um momento simbólico e emocionante para a comunidade de fé.

Enquanto o interior já estará totalmente restaurado, a cripta e a parte externa seguem em obras, com previsão de conclusão em janeiro de 2026. Na Praça Santuário, uma exposição de fotografias mostrará os bastidores do restauro, incluindo registros em vídeo que revelam os detalhes do processo.

Serviço

Endereço: Praça Santuário, s/nº, bairro de Nazaré – Belém (PA)

Horário de funcionamento: Todos os dias, das 6h às 20h

Por Eva Pires

A nova lente que revela como raios “poluem” o ar em tempo real

Imagine estar preso no trânsito em uma tarde quente de verão, observando nuvens carregadas se acumularem no horizonte. Você provavelmente se preocupa com enchentes ou apagões, mas dificilmente pensa que cada raio que corta o céu está também liberando gases que alteram a qualidade do ar — os mesmos óxidos de nitrogênio emitidos pelo escapamento dos carros.

Foi exatamente essa ligação que pesquisadores da Universidade de Maryland conseguiram rastrear pela primeira vez em tempo real. Usando o instrumento TEMPO (Tropospheric Emissions: Monitoring of POllution), lançado pela NASA em 2023, os cientistas Kenneth Pickering e Dale Allen monitoraram tempestades que avançaram pelo leste dos Estados Unidos no fim de junho de 2025. O experimento, que analisou o comportamento de gases emitidos por descargas elétricas, pode mudar a forma como entendemos o papel dos raios na química atmosférica e no nosso dia a dia.

A revolução dos dados em alta frequência

O TEMPO foi projetado para observar poluentes na atmosfera sobre a América do Norte com registros horários, a partir de sua órbita a 35 mil quilômetros de distância. Mas Pickering e Allen decidiram ir além. Eles configuraram o satélite para capturar dados a cada 10 minutos, revelando os processos químicos em pleno andamento dentro das nuvens.

“Tempestades são eventos rápidos: surgem, crescem e desaparecem em menos de uma hora. Observar em intervalos curtos é como ter fotografias instantâneas de cada fase”, explicou Pickering.

Ao cruzar esses dados com informações do Geostationary Lightning Mapper da NOAA, que contabiliza cada relâmpago em tempo real, os cientistas calcularam quanto dióxido de nitrogênio (NO₂) cada descarga elétrica produz e por quanto tempo esse gás permanece ativo na atmosfera.

Quando o céu se torna um laboratório

O mecanismo é conhecido, mas raramente documentado tão de perto. A explosão de energia de um raio aquece o ar a temperaturas extremas, rompendo moléculas de nitrogênio e oxigênio e formando óxidos de nitrogênio. São os mesmos poluentes liberados por motores a combustão e indústrias, que participam da formação do ozônio troposférico, um componente nocivo da poluição atmosférica.

Segundo Pickering, raios representam de 10% a 15% das emissões globais de óxidos de nitrogênio. Embora a contribuição humana seja maior em volume, há uma diferença fundamental: os raios injetam esses gases em altitudes elevadas, onde eles atuam com mais eficiência na produção de ozônio.

Os resultados podem ter impacto direto na vida das pessoas. Allen explica que os gases produzidos durante tempestades viajam em longas correntes de ar, afetando a qualidade do ar em regiões distantes da origem da descarga. Em locais de relevo elevado, como o Colorado, os raios podem até aumentar os níveis de ozônio próximo ao solo, ampliando o risco de crises respiratórias.

Essas descobertas podem aprimorar previsões meteorológicas e de qualidade do ar, oferecendo informações valiosas para comunidades vulneráveis a episódios de poluição. Além disso, ajudam a separar melhor o que é emissão natural e o que é resultado das atividades humanas.

TEMPO-Logo-400x381 A nova lente que revela como raios “poluem” o ar em tempo real
Logo da TEMPO – Reprodução

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Reduzindo incertezas nos modelos climáticos

O grande ganho científico é o refinamento dos modelos climáticos. Até hoje, havia muitas dúvidas sobre quanto poluente cada raio gera. O experimento com o TEMPO fornece dados brutos inéditos para quantificar essa contribuição. Também aponta como as descargas elétricas participam de processos de “limpeza natural” da atmosfera, ajudando a degradar gases como o metano.

“Queremos reduzir as incertezas nos modelos climáticos”, resume Allen. “Com dados mais precisos, teremos previsões mais confiáveis e, com isso, maneiras mais eficazes de proteger a saúde e o meio ambiente da poluição, seja ela natural ou produzida pelo homem.

A pesquisa mostra como novas tecnologias estão abrindo janelas inéditas para enxergar processos invisíveis que moldam a vida no planeta. Raios sempre foram temidos pela sua força destrutiva, mas agora revelam-se também como chaves para entender os ciclos da atmosfera e os limites da ação humana.

Em vez de apenas iluminar a noite, eles iluminam a ciência e podem nos ajudar a respirar melhor no futuro.

Brasil facilitará entrada de estrangeiros com visto eletrônico gratuito para a COP30

O Brasil acaba de anunciar uma medida inédita para receber os milhares de participantes que desembarcarão na Amazônia durante a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém, entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025. Pela primeira vez, o país emitirá vistos eletrônicos gratuitos, conhecidos como e-Vistos, para representantes dos 198 países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

A decisão tem um duplo objetivo: agilizar a entrada de delegações internacionais e garantir segurança e acessibilidade em um dos maiores encontros diplomáticos do planeta. O evento deve reunir cerca de 50 mil pessoas, entre chefes de Estado, negociadores, cientistas, jornalistas, organizações da sociedade civil e lideranças indígenas.

Um passaporte digital para a Amazônia

Até pouco tempo atrás, apenas cidadãos de Estados Unidos, Canadá e Austrália podiam recorrer ao visto eletrônico para ingressar no Brasil. Agora, com a realização da COP30, a iniciativa será expandida a todas as nacionalidades que necessitam de visto, dispensando o deslocamento até consulados brasileiros no exterior.

“Esse sistema reforça o compromisso do governo brasileiro em assegurar que todos os representantes credenciados tenham condições efetivas de participação”, explicou Valter Correia, secretário extraordinário da COP30. Ele ressaltou que a gratuidade e a agilidade do processo são essenciais para permitir que vozes diversas estejam presentes em Belém, fortalecendo o caráter democrático e inclusivo das negociações climáticas.

O desenvolvimento da plataforma digital que permitirá a emissão dos vistos ficou a cargo do Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO), autarquia responsável por soluções tecnológicas para o Estado brasileiro.

Segundo André Agatte, diretor de Negócios, Governos e Mercados do SERPRO, o projeto vai além da inovação digital: “A iniciativa agiliza a emissão dos vistos e ainda promove inclusão e acessibilidade, aspectos essenciais para um encontro internacional dessa magnitude”.

A ferramenta foi planejada para ser simples e segura, possibilitando que cada participante faça a solicitação online e receba o documento em até dez dias úteis.

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Reprodução

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Como funciona o e-Visto COP30

Para solicitar o visto eletrônico, é necessário primeiro obter a confirmação oficial de credenciamento emitida pela UNFCCC. Uma vez com o aceite em mãos, o participante poderá acessar a plataforma digital, preencher o formulário e anexar a documentação exigida.

A recomendação é que o pedido seja feito o quanto antes, evitando imprevistos de última hora. O prazo final para requerer o e-Visto será quatro semanas antes do início da COP30, ou seja, até meados de outubro de 2025.

O documento terá validade até 31 de dezembro de 2025 e permitirá múltiplas entradas no território brasileiro nesse período. Ele poderá ser apresentado tanto em formato digital quanto impresso. Importante destacar que, no caso de menores de 18 anos, o visto físico deverá ser solicitado diretamente em um consulado.

Muito além da burocracia

Embora se trate de uma questão consular, a criação do e-Visto simboliza algo maior. Ao remover barreiras e simplificar processos, o Brasil sinaliza ao mundo a intenção de receber de braços abertos os protagonistas da transição climática global.

Belém, porta de entrada da floresta amazônica, será o palco onde líderes globais discutirão o futuro da humanidade diante da crise climática. Ter todos esses representantes reunidos em território brasileiro reforça o protagonismo do país não apenas como anfitrião, mas como ator estratégico nas negociações sobre descarbonização, preservação da biodiversidade e financiamento climático.

A COP30 promete marcar um ponto de inflexão na diplomacia ambiental, e a decisão de adotar os vistos eletrônicos gratuitos é um passo simbólico de hospitalidade e de compromisso com a cooperação internacional.

COP 30: Sistema B realiza evento de aquecimento entre 3 a 5 de setembro

O Sistema B, comunidade global de líderes por sistema econômico mais inclusivo, equitativo e regenerativo para as pessoas e para o planeta, anuncia o Encontro+B Amazônia 2025. A sexta edição do evento será realizada nos dias 3, 4 e 5 de setembro, em Belém do Pará, e reunirá líderes empresariais, comunidades, organizações aliadas e cidadãos sob o lema “A raiz do futuro”.

Considerado o mais transcendental do movimento global na América Latina e Caribe, o Encontro+B Amazônia será um marco no caminho rumo à COP30. Com mais de 650 inscritos e delegações de 20 países, o objetivo é mobilizar todas as pessoas envolvidas e interessadas em enfrentar os desafios mais críticos da sociedade e inspirar soluções transformadoras.

“A escolha de Belém como sede é estratégica e simbólica. A Amazônia é um território-chave para o futuro do planeta. Ao antecipar a COP30, o Sistema B Brasil reafirma a proatividade e protagonismo em impulsionar o reconhecimento de bem-estar da sociedade e do planeta, além do êxito financeiro das empresas e atua na ativação e fortalecimento das vozes, saberes e ações locais. Vamos conectar comunidades, empresas e lideranças globais em torno de soluções concretas para os desafios sociais e ambientais”, afirma Cinthia Gherardi, Co-CEO do Sistema B Brasil.

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“A Natura, primeira empresa de capital aberto a obter a certificação da Empresa B, atua na Amazônia há 25 anos em uma parceria que beneficia mais de 10 mil famílias e ajuda a conservar 2.2 milhões de hectares de floresta. Estar no Encontro+B é reafirmar essa relação como prova de que a sociobioeconomia é a chave para o desenvolvimento regenerativo de pessoas, da natureza e dos negócios”, afirma Angela Pinhati, diretora de sustentabilidade da Natura.

“Engajada no movimento de Empresas B desde 2020, a Gerdau, com sua participação no Encontro+B, reafirma seu compromisso centenário em contribuir para resolver os desafios da sociedade, promovendo um impacto positivo nas regiões onde está presente. Como uma empresa brasileira, a Gerdau tem a sustentabilidade no centro de sua estratégia de negócios e não poderia ficar de fora deste importante encontro, para fomentar o ecossistema de empresas com um objetivo comum: transformar a realidade a partir do mercado, com impacto coletivo e compromisso em construir um mundo melhor”, afirma Paulo Boneff, líder global de desenvolvimento organizacional, diversidade e responsabilidade social da Gerdau.

Em termos práticos, a programação envolve experiências, workshops, painéis, arte, cultura e espaços de cocriação do qual participam representantes de todos os setores — lideranças empresariais, comunidades indígenas, governos, organizações da sociedade civil, investidores de impacto e acadêmicos.

WhatsApp-Image-2025-09-01-at-17.58.02-400x267 COP 30: Sistema B realiza evento de aquecimento entre 3 a 5 de setembro
Foto: divulgação

Organizado desde 2016, o Encontro+B já passou por países como Colômbia, Chile e Argentina. Em sua última edição, em 2023, levou mais de 850 pessoas de 27 países para Monterrey, no México — incluindo representantes do B Lab global, empresas B, investidores de impacto e lideranças sociais. A edição marcou o retorno após quatro anos de pausa e renovou o compromisso do Movimento B com a ação coletiva e a regeneração.

Este ano o evento acontece na Universidade Federal do Pará (UFPA) — parceira institucional e maior universidade do Brasil em número de alunos. O foco é gerar impacto global ao enviar uma mensagem potente à comunidade internacional; impacto local, ao envolver as comunidades amazônicas na cocriação do evento; e impacto nos participantes, que vivenciam uma experiência transformadora, orientada por conexões reais, inspiração e engajamento com soluções de triplo impacto.

O Nodo de Inovação Econômica participa como patrocinador Ouro, impulsionando e dando visibilidade à urgência de propiciar espaços de encontro para o aprendizado conjunto para a ação e de propiciar alianças entre a educação, as empresas, o setor público e social. O projeto tem como sócios fundadores o International Development Research Centre (IDRC) e o Sistema B Uruguai (SBU).

Já estão confirmadas delegações de 14 países, com representantes de empresas, sociedade civil e governo. Serão 3 dias de atividades, incluindo plenárias, sessões simultâneas, rodas de conversa, cultura amazônica e uma imersão no território no Dia da Amazônia.

“Acreditamos que a incorporação do compromisso com o meio ambiente da América Latina nos principais debates nos permite tornar visíveis e promover soluções que já estão produzindo resultados nas comunidades locais”, diz Joaquín Basanta, da Agro Sustentable.

No dia 3 de setembro, a programação terá como tema “Amazônia elevando o nível”, com a ancestralidade como inspiração para negócios, comunidade do cuidado e evolução dos padrões empresariais. Haverá sessões simultâneas sobre justiça, diversidade, direitos humanos, clima, propósito, trabalho justo, gestão ambiental e ação coletiva.

No dia 4 de setembro, a pauta será “Ação coletiva – uma mensagem para o mundo”, com casos de Empresas B, ações de restauração, inteligência artificial e Amazônia, além de sessões sobre ações coletivas, finanças sustentáveis e legado para a COP30.

No dia 5 de setembro, será celebrado o Dia da Amazônia com experiências imersivas na cidade para viver a Amazônia na Amazônia.

Entre os palestrantes confirmados para o evento estão Gonzalo Muñoz, Embaixador de Ação Climática da ONU na COP25 e cofundador do Sistema B; Jay Coen Gilbert, cofundador do B Lab (internacional); Pedro Tarak, cofundador do Sistema B; e Ursula Vidal, secretária de Cultura do Estado do Pará (governo).

“O Encontro+B Amazônia 2025 reúne conhecimento ancestral e inovação empresarial, o global e o local. Será um catalisador de alianças que podem transformar a maneira como fazemos negócios e cuidamos do planeta”, finaliza Jéssica Silva, Co-CEO do Sistema B Brasil.

Serviço – Encontro+B Amazônia 2025
Data: 3, 4 e 5 de setembro de 2025
Local: Universidade Federal do Pará (UFPA) – Belém, Pará, Brasil
Ingressos: no site do evento: www.encontrob.com
Informações: [email protected]

Sobre o Sistema B Brasil – O Sistema B Brasil faz parte de um movimento global de líderes que estão repensando o modelo econômico por meio de três premissas fundamentais: inclusão, equidade e regeneração. A proposta é gerar impacto positivo social e ambiental. A organização trabalha com empresas que buscam o selo de certificação B, uma chancela de alto desempenho em critérios de sustentabilidade, transparência e responsabilidade social. Além da certificação, o Sistema B oferece iniciativas educacionais e suporte para que empresas integrem práticas ESG (Ambiental, Social e Governança). O objetivo é fortalecer e inspirar novas organizações a se engajarem no movimento por uma economia mais inclusiva e regenerativa no Brasil e no mundo.

Cobra Grande sob a Basílica de Nazaré? Entenda a origem da lenda

Dizem que, bem debaixo da Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém, repousa uma imensa serpente, silenciosa e adormecida. Essa criatura lendária, conhecida como Cobra Grande, faria parte dos mistérios que cercam a cidade e estaria contida apenas pela força da Virgem de Nazaré, que a mantém sob controle. Para alguns, ela protege o povo paraense; para outros, pode se agitar e causar desastres, como tremores e enchentes. Essa lenda, passada de geração em geração, mistura fé, medo e fascínio, tornando-se parte essencial do imaginário popular amazônico.

Segundo o professor e pesquisador Paulo Maués Corrêa, autor de livros sobre literatura e cultura, a origem da história tem forte ligação com a tradição cristã trazida à Amazônia durante a colonização. “Ela lembra a imagem bíblica da Virgem que pisa a cabeça da serpente, presente no Apocalipse”, explica. Nesse contexto, a presença da Cobra Grande sob a Basílica simboliza a vitória do bem sobre o mal e reforça a devoção a Nossa Senhora de Nazaré, padroeira da Amazônia.

image7-400x300 Cobra Grande sob a Basílica de Nazaré? Entenda a origem da lenda

Mas a lenda não se limita à religiosidade cristã. Na tradição amazônica, a Cobra Grande aparece sob diferentes nomes, como Boiúna, Boiaçu e até Mãe d’Água, dependendo da região e do tipo de narrativa. “Embora, em tupi, esses nomes tenham significados distintos — Boiúna significa Cobra Preta, enquanto Boiaçu quer dizer Cobra Grande —, com o tempo, passaram a ser usados como sinônimos”, destaca Maués. Essa mistura de referências indígenas, caboclas e europeias revela a riqueza cultural da Amazônia e como as histórias se entrelaçam ao longo dos séculos.

A narrativa ligada à Basílica ganhou força à medida que o Círio de Nazaré se consolidou como a maior festa religiosa do Brasil. A cada ano, milhões de pessoas acompanham a procissão em homenagem à padroeira, e a lenda da Cobra Grande retorna às conversas, como parte da mística que envolve a celebração. No século XIX, já existiam registros artísticos que conectavam o mito ao Círio.

“No livro Visagens e Assombrações de Belém, o escritor Walcyr Monteiro apresenta uma verdadeira evolução da lenda”, conta Maués. “Originalmente, dizia-se que a cabeça da cobra ficava sob a Catedral da Sé, enquanto a cauda se estendia por outras igrejas, como a do Carmo e a de Santo Antônio. Com o crescimento da cidade e da devoção a Nossa Senhora, a Basílica passou a ocupar o centro dessa narrativa, refletindo seu papel na fé popular”, explica.

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Um marco importante dessa tradição é uma ilustração publicada em 1878 na revista O Puraqué, feita pelo alemão Carlos Wiegandt, pioneiro do humor gráfico no Pará. Resgatada recentemente pelo professor Vicente Salles, a imagem mostra a Cobra Grande em conexão direta com a procissão do Círio, confirmando que a história já fazia parte do imaginário coletivo de Belém há mais de um século.

image6-400x499 Cobra Grande sob a Basílica de Nazaré? Entenda a origem da lendaA lenda também inspirou a literatura. No clássico modernista Cobra Norato (1931), o poeta Raul Bopp menciona uma serpente que, ao final do poema, entra “no cano da Sé”, permanecendo sob a proteção da Santa — uma metáfora que une o mito amazônico à religiosidade católica.

Com o passar do tempo, a forma de contar a história pouco mudou, mas a maneira como as pessoas se relacionam com ela sofreu transformações. Antigamente, havia mais respeito e até temor. Hoje, muita gente encara a lenda como um “causo”, algo curioso, mas sem a mesma carga de crença de outros tempos. Ainda assim, durante o Círio, quando a fé se manifesta intensamente, a lembrança da Cobra Grande ressurge e continua a intrigar fiéis e visitantes.

Em algumas ocasiões, fenômenos naturais foram associados à movimentação da serpente. Em janeiro de 1970, por exemplo, quando a terra tremeu em Belém, muitos atribuíram o tremor ao despertar da Cobra Grande. Embora sem explicação científica, esse tipo de interpretação mostra como a lenda está enraizada na forma como os belenenses compreendem sua cidade.

Para Maués, a narrativa representa a complexidade da identidade amazônica. “Embora exista a influência europeia da imagem bíblica da Virgem pisando a serpente, a lenda carrega elementos indígenas e caboclos. É um sincretismo que une diferentes tradições e crenças, criando algo único e profundamente enraizado na cultura da região”, analisa.

Assim, a história da Cobra Grande sob a Basílica de Nazaré continua viva. Seja contada em voz baixa por avós, retratada em livros e ilustrações ou lembrada durante a maior procissão religiosa do país, ela permanece como símbolo da Amazônia: misteriosa, poderosa e sempre pronta a despertar a imaginação de quem a ouve.

Por Eva Pires

Vigília inter-religiosa pelo clima ganha força no Brasil

No coração do centro histórico do Rio de Janeiro, entre a imponente Igreja da Candelária e o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), centenas de pessoas se reuniram para um ato que mistura espiritualidade, cultura e ativismo ambiental: a Vigília pela Terra. Realizada no último sábado (30), a iniciativa integra uma série de encontros inter-religiosos que percorrem o Brasil em preparação para a COP30, conferência global sobre mudanças climáticas marcada para novembro, em Belém.

O cenário não poderia ser mais simbólico: um amplo gramado cercado por ícones da fé e da cultura, onde vozes de diferentes tradições se uniram para ecoar uma mensagem comum — é urgente frear o aquecimento global. A vigília, organizada pelo Instituto de Estudos da Religião (ISER), não se limitou a discursos. Música, dança e gastronomia fizeram parte da programação, criando um ambiente de celebração, mas também de reflexão coletiva sobre o papel das religiões na luta pela preservação da Terra.

Fé e meio ambiente de mãos dadas

A diretora-executiva do ISER, Ana Carolina Evangelista, ressaltou que a vigília busca mostrar que grupos de fé têm raízes históricas de cuidado com a natureza, a “casa comum”. “Os livros sagrados, as tradições espirituais e os rituais sempre carregaram mensagens de proteção à vida e ao equilíbrio do planeta. Reunir essas vozes é dar força a uma aliança que pode sensibilizar a sociedade muito além dos limites das igrejas ou templos”, afirmou.

Ela destacou ainda outro ponto sensível: o combate ao negacionismo climático. “Estamos em 2025 e ainda convivemos com forças políticas e econômicas contrárias à proteção ambiental. A vigília é também um espaço para enfrentar esse cenário”, disse.

Uma jornada nacional

A série de Vigílias pela Terra foi pensada para percorrer todas as regiões do Brasil. A primeira ocorreu em Brasília, em abril, seguida por Porto Alegre, em maio. Depois do Rio de Janeiro, o circuito passará por Manaus e Natal, em setembro, e por Recife, em outubro. O ápice acontecerá em Belém, sede da COP30, no dia 13 de novembro.

A ideia, explica Ana Carolina, é descentralizar a mobilização. “Selecionamos capitais estratégicas para valorizar o que as lideranças religiosas locais já fazem em prol do meio ambiente. Cada vigília é um encontro plural, que amplia o debate e mostra que a luta pela Terra é de todos”, disse.

Essa capilaridade é um ponto central. Não se trata apenas de preparar o terreno para a COP30, mas de criar uma rede de diálogo em que espiritualidade e consciência ambiental se reforcem mutuamente.

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Rio de Janeiro (RJ), 30/08/2025 – Babalaô Ivanir dos Santos, conselheiro do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

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Tradições ancestrais em sintonia

O babalaô Ivanir dos Santos, conselheiro do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap), lembrou que religiões de matriz africana têm no respeito à natureza um de seus fundamentos centrais. “Terra, água e fogo são elementos sagrados. Quando estão em equilíbrio, a vida floresce; quando há desequilíbrio, todos sofremos. É por isso que nossas tradições são as primeiras a se preocupar com os impactos ambientais”, disse.

Segundo ele, a espiritualidade ensina que os recursos naturais podem ser utilizados, mas sem ganância e sem ultrapassar os limites do necessário. “Quando a natureza deixa de ser vista como sagrada, passa a ser explorada sem limites. Se não houver equilíbrio, não é só o planeta que desaparece, somos nós também.”

Música, dança e mensagem universal

Além dos discursos, a vigília trouxe performances culturais que ajudaram a traduzir em arte a mensagem do evento. Maria Lalla Cy Aché, do grupo Danças da Paz Universal, participou de uma apresentação que ela chama de “dança meditativa”. Para ela, dançar e cantar em grupo é uma forma de espalhar energia positiva. “Nossa prática é cantar, dançar e tocar instrumentos como uma maneira de transmitir pensamentos edificantes. É um convite para repensar o mundo, para imaginar um futuro mais justo, amoroso e fraterno”, contou.

Esse caráter plural foi um dos pontos mais ressaltados pelos organizadores. O evento não se restringiu a religiões específicas: incluiu católicos, evangélicos, espíritas, tradições afro-brasileiras, budistas e também acolheu quem não tem religião, mas compartilha a preocupação ambiental.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 90% da população brasileira declara ter algum tipo de fé. Para Ivanir dos Santos, essa característica faz do Brasil um terreno fértil para articular a defesa ambiental a partir da espiritualidade. “Somos um país profundamente religioso, não apenas cristão. É justamente essa diversidade de crenças que pode se unir na defesa da vida”, afirmou.

Assim, a Vigília pela Terra se insere em uma tradição iniciada no Rio de Janeiro em 1992, durante a Rio-92, quando líderes como Dalai Lama, Dom Helder Câmara e Mãe Beata de Iemanjá reuniram milhares de pessoas em torno do mesmo propósito. Hoje, em 2025, o desafio é ainda maior: conter o aquecimento global e assegurar justiça climática para as populações mais vulneráveis.

As vigílias, ao unir fé, cultura e ciência, pretendem lembrar que a defesa do planeta não é apenas uma pauta técnica ou política, mas também espiritual, ética e coletiva.

Concurso Limpa Brasil 2025: fotografia, mobilização e futuro sustentável

O Brasil se prepara para transformar o Dia Mundial da Limpeza 2025, que acontece em 20 de setembro, em um verdadeiro movimento coletivo pelo planeta. Este ano, a data será marcada pelo Concurso de Fotografia Limpa Brasil, promovido pelo Instituto Limpa Brasil e patrocinado pela Transpetro, reunindo arte, engajamento social e educação ambiental em uma iniciativa que conecta pessoas de todas as idades e regiões.

O concurso convida brasileiros e brasileiras a registrar, com sensibilidade e criatividade, a relação entre comunidades e meio ambiente. A proposta é simples, mas potente: contar histórias visuais sobre como a população enfrenta o descarte inadequado de resíduos e como se engaja em mutirões e iniciativas de preservação. A inscrição é gratuita, pode ser feita no site oficial do Limpa Brasil entre 1º e 20 de setembro, e está aberta a qualquer pessoa a partir dos 12 anos, com exceção de fotógrafos profissionais e colaboradores da Transpetro.

Cada participante poderá enviar apenas uma fotografia inédita, registrada entre os dias 16 e 22 de setembro, durante as ações oficiais do Dia Mundial da Limpeza. As imagens finalistas terão um destino de peso: serão exibidas na COP30, em Belém do Pará, evento internacional que reunirá lideranças globais para discutir as mudanças climáticas. Ao todo, 15 fotografias serão selecionadas por um júri técnico e também pelo voto popular, e os vencedores receberão prêmios como notebooks, celulares e tablets.

Mas a proposta vai além do concurso. Segundo Edilainne Muniz, diretora executiva do Instituto Limpa Brasil, o projeto incorpora palestras online, oficinas e atividades educativas em escolas públicas, especialmente em áreas de vulnerabilidade social. “Queremos que a fotografia seja apenas o ponto de partida para algo maior: um processo de conscientização coletiva, onde cada pessoa se perceba como parte fundamental da mudança”, explica.

WhatsApp-Image-2025-09-01-at-16.31.03-1-400x247 Concurso Limpa Brasil 2025: fotografia, mobilização e futuro sustentável
Concurso de fotografia Limpa Brasil – Divulgação

A Transpetro, maior empresa de logística e transporte de combustíveis do Brasil, reforça sua visão de que sustentabilidade é inseparável da vida em comunidade. Para o presidente da companhia, Sérgio Bacci, cuidar do meio ambiente significa cuidar das pessoas. Ele destaca que o Dia Mundial da Limpeza é a oportunidade perfeita para unir forças entre sociedade civil, cooperativas e poder público.

Essa conexão entre arte e transformação social também foi ressaltada por Lilian Rossetto, gerente geral de Comunicação Empresarial e Imprensa da Transpetro. “A fotografia é capaz de traduzir sentimentos, provocar reflexões e inspirar atitudes. Quando unimos cultura, educação e sustentabilidade, criamos pontes que ajudam a construir uma consciência coletiva voltada para o futuro do planeta”, afirma.

Além do concurso, a Transpetro será protagonista no Dia Mundial da Limpeza em 2025, organizando mutirões em 39 municípios, espalhados por 20 estados e no Distrito Federal. Junto ao Instituto Limpa Brasil, a companhia também atuará em 15 cidades com iniciativas que incluem mutirões em praias, praças, rios e áreas urbanas; instalação de ecopontos; distribuição de materiais educativos; e palestras em escolas públicas. O trabalho será realizado em parceria com cooperativas de reciclagem, associações de catadores e órgãos locais, fortalecendo a economia circular e a inclusão social.

O impacto desse esforço já pode ser medido. Só em 2024, a mobilização coordenada pelo Limpa Brasil e parceiros envolveu mais de 618 mil voluntários e retirou 1.256 toneladas de resíduos sólidos do meio ambiente. Esses números impressionam, mas representam algo ainda maior: a força da participação cidadã.

O Concurso de Fotografia Limpa Brasil é viabilizado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, o que reforça a importância das políticas públicas para apoiar iniciativas culturais com impacto socioambiental.

Ao final, o que se busca é mais do que belas imagens: é a construção de um movimento capaz de mudar mentalidades, inspirar novas práticas e, acima de tudo, unir brasileiros e brasileiras em torno da preservação ambiental. Porque o futuro que queremos depende das escolhas que fazemos hoje — seja com uma lente fotográfica, seja com as próprias mãos em um mutirão de limpeza.

SERVIÇO

Concurso de Fotografia Limpa Brasil 2025
Quem pode participar: Pessoas com mais de 12 anos, não profissionais da fotografia e que não trabalhem na Transpetro.
Inscrições: De 1º a 20 de setembro de 2025 no site www.limpabrasil.org
Registro das fotos: De 16 a 22 de setembro de 2025
Envio das fotos: Até 25 de setembro de 2025
Temas: Ações coletivas, ações individuais ou registros da natureza impactada pelo descarte inadequado
Premiação: 12 de novembro, durante a COP30 em Belém (PA)

Nobre Chef leva carnes exóticas e sabores da Amazônia para o mundo

image12-400x525 Nobre Chef leva carnes exóticas e sabores da Amazônia para o mundo

Ricardo Nobre, conhecido como Nobre Chef, tem revolucionado a forma como a gastronomia paraense é vista, unindo tradição, ousadia e ingredientes que despertam curiosidade. À frente do Nobre Gourmet, empresa especializada em eventos e buffets personalizados, ele aposta em uma culinária que valoriza a ancestralidade ribeirinha e transforma proteínas típicas da região, como pirarucu, jacaré, rã e até avestruz, em pratos sofisticados.

Com 14 anos de carreira na cozinha e mais de duas décadas de experiência no setor comercial, Nobre encontrou na gastronomia uma maneira de resgatar memórias afetivas e compartilhar histórias da Amazônia através dos sabores. Criado na casa do avô, na década de 1970, ele cresceu rodeado por descendentes de indígenas que preparavam comidas de caça. Essa vivência moldou o paladar trabalho atual do chef.

“Muitas proteínas que hoje são chamadas de exóticas já faziam parte da nossa vida no interior. Crescemos consumindo esses ingredientes. Quando encontrei fornecedores legalizados, pude trazê-los para o meu cardápio e matar a saudade de sabores que fazem parte da nossa ancestralidade”, relembra.

Um dos maiores desafios enfrentados por Nobre é desconstruir os mitos em torno das carnes de caça. Ele explica que ainda existe muito desconhecimento sobre a legalidade e a qualidade desses produtos. “Muitos perguntam se é permitido consumir, se faz mal ou se tem um gosto forte. Trabalhamos exclusivamente com fornecedores regularizados, que seguem todos os padrões sanitários. Muitas dessas carnes, como a de avestruz e a de rã, são extremamente saudáveis e ricas em nutrientes”, destaca.

Essa preocupação vai além da gastronomia. No Brasil, a caça de animais silvestres é proibida, salvo exceções previstas por lei. Para que a carne possa chegar à mesa de forma segura e sustentável, é preciso que ela venha de criatórios e abatedouros autorizados. Segundo Nobre, a burocracia ainda é um entrave para o crescimento desse mercado. “No interior, a carne ilegal de jacaré pode custar R$ 30, enquanto a legalizada chega a R$ 140 o quilo. Precisamos de incentivo legislativo para regulamentar e valorizar a produção legal, reduzindo a caça predatória”, defende.

Da cozinha ribeirinha aos palcos da COP 30

image9-400x325 Nobre Chef leva carnes exóticas e sabores da Amazônia para o mundoCom a COP 30 marcada para 2025 em Belém, Nobre vê a gastronomia como uma das maiores formas de apresentar a Amazônia ao mundo. Com pratos que já ganharam destaque em camarotes e eventos preparatórios para a conferência, atraindo a atenção de líderes, chefs e visitantes internacionais. “Nossa gastronomia é a nossa melhor propaganda. Não existe no mundo nada parecido com a riqueza de proteínas, insumos, frutas, cores e sabores que temos aqui. A COP 30 será a oportunidade perfeita para mostrar isso ao planeta”, afirma.

Para esses eventos, o chef criou pratos autorais que unem tradição e sofisticação. Entre eles está o Ribeirinho Paraense, uma releitura do arroz paraense que combina arroz com chicória, jambu e tucupi, além de camarão cinza, pirarucu fresco e jacaré defumado. Outro destaque é o filé de pirarucu grelhado com cobertura doce de cupuaçu, servido sobre uma mousseline de mandioquinha e finalizado com castanha-do-pará torrada e farofa de jambu — prato que, segundo ele, seria ideal para um jantar de gala durante a conferência.

Quando o assunto é recepção, Nobre não abre mão de oferecer o tradicional tacacá, que ele costuma reinventar com toques ousados. Em uma dessas versões, o prato ganhou o apelido de “tacacaré” — uma mistura de tacacá com carne de jacaré defumado que já conquistou desde diretores de grandes clubes de futebol até artistas internacionais.

A cozinha de Nobre vai além do sabor: ela também conta histórias. Entre suas criações mais conhecidas estão a Paella Amazônica, que mistura técnicas espanholas a ingredientes regionais como pirarucu, aviú, camarão-pitu e caranguejo, e o já famoso Ribeirinho Paraense. Mas o chef não se limita a pratos tradicionais: ele também cria hambúrgueres, pizzas e churrascos com inspiração amazônica, mostrando a versatilidade da culinária local.

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Essa criatividade não é apenas uma questão estética ou gastronômica, mas também cultural. Nos eventos, ele busca incorporar elementos da música e da arte paraense, criando experiências completas. “Nossa riqueza não está só na comida. Já tivemos eventos onde carimbó, tecnomelody e guitarrada se misturaram à gastronomia. Lembro de uma vez em que Nilson Chaves cantou em nosso espaço, acompanhado por um grupo de percussionistas mulheres. Foi um encontro lindo entre a música e a culinária paraense”, relembra.

Para Nobre, cada prato servido durante a COP 30 será uma oportunidade de mostrar ao mundo que a Amazônia não é apenas biodiversidade, mas também cultura viva e pulsante. Ele acredita que o interesse global pelos ingredientes amazônicos pode impulsionar a preservação da floresta, desde que haja políticas públicas que apoiem a produção sustentável.

Por Eva Pires

“Re-Amazonizar o Brasil” UFRJ lança debates sobre saberes ancestrais e futuro climático

Nos dias 4 e 5 de setembro, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) abrirá as portas do Festival do Conhecimento 2025, no Fórum de Ciência e Cultura, no Flamengo, zona sul da cidade. O tema escolhido para este ano, “Re-Amazonizar o Brasil: Saberes Ancestrais e Tecnologias”, reflete uma aposta ousada: recolocar os povos amazônicos e suas cosmologias no centro da reflexão sobre o futuro do país e do planeta.

O festival chega em sintonia com um dos maiores encontros globais do clima, a COP30, que será realizada em Belém do Pará em 2025. A ideia é antecipar, no Rio de Janeiro, parte dos diálogos que pautarão a conferência internacional. Para a pró-reitora de Extensão da UFRJ, Ivana Bentes, trata-se de um movimento estratégico: “É como se estivéssemos organizando uma pré-COP no Rio. Vamos receber algumas das lideranças que também estarão em Belém para debater os caminhos do clima e da Amazônia”.

O coração da Amazônia no Rio de Janeiro

O encontro reunirá indígenas, pesquisadores, artistas, ativistas e gestores públicos. Mais que um evento acadêmico, será um espaço de escuta e articulação de visões plurais. A abertura oficial, no dia 4, às 10h, contará com a apresentação do Manifesto Clima é Saúde, Saúde é Clima, documento do qual a UFRJ é signatária e que propõe integrar as agendas ambientais e de saúde pública em um mesmo eixo de ação.

Entre os convidados, estão nomes de grande relevância no cenário nacional e internacional. A liderança indígena Sinéia do Vale, representante do Brasil na COP30, levará ao festival a perspectiva dos povos originários nas negociações climáticas. Também estará presente o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, professor da UFRJ e referência mundial nos estudos sobre povos indígenas e suas cosmologias.

Outras presenças confirmadas ampliam a diversidade dos debates: Inara Nascimento, indígena Sateré-Mawé e professora na área de saúde coletiva e segurança alimentar; Dzoodzo Baniwa, ativista e educador comprometido com a formação escolar indígena dos povos baniwa e koripako; e Ethel Maciel, representante oficial da saúde do Brasil na COP30.

festival-2025-1-1-400x267 "Re-Amazonizar o Brasil" UFRJ lança debates sobre saberes ancestrais e futuro climático
Evento será realizado nos dias 4 e 5/9 | Arte: Pró-Reitoria de Extensão (PR-5)

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Saberes que atravessam tempos e territórios

A proposta de “Re-Amazonizar o Brasil” é tanto poética quanto política. Ao reunir ciência acadêmica, tecnologias contemporâneas e saberes tradicionais, o festival convida a pensar um futuro em que a Amazônia não é periferia, mas centro de soluções para crises ambientais globais.

Essa articulação entre mundos distintos reforça a vocação da UFRJ como espaço de diálogo e experimentação. “Ao reunir saberes ancestrais, ciência, arte e políticas públicas, reafirmamos o papel da universidade como articuladora de soluções para os grandes desafios do nosso tempo”, ressalta Ivana Bentes.

Na prática, os debates abordarão desde estratégias de enfrentamento às mudanças climáticas até políticas de saúde coletiva e segurança alimentar. O encontro também deve projetar novas narrativas culturais sobre a Amazônia, abrindo espaço para artistas e comunicadores que atuam na região.

A proximidade com a COP30 transforma o festival em uma espécie de laboratório de ideias e práticas. Enquanto líderes globais preparam suas agendas para Belém, o Rio de Janeiro se torna palco de uma discussão essencial: como construir um país que reconheça a Amazônia não apenas como território de riquezas naturais, mas como guardiã de saberes e tecnologias de futuro.

Nesse sentido, “Re-Amazonizar” vai além de um tema de evento. É um convite para reconfigurar nossa relação com o território, valorizando vozes historicamente silenciadas e reconhecendo a centralidade da floresta nos desafios que atravessam o planeta inteiro.

O Festival do Conhecimento 2025, portanto, não será apenas um encontro acadêmico, mas um espaço de resistência, invenção e imaginação coletiva. Ao trazer a Amazônia para o centro das discussões, a UFRJ reafirma que o futuro climático e social do Brasil passa, necessariamente, pela escuta e pelo protagonismo de seus povos.

O enigma genético que transformou cavalos selvagens em parceiros da humanidade

A domesticação do cavalo figura entre as maiores conquistas da história humana. Mais do que permitir viagens mais longas e rápidas, ela abriu caminho para novas estratégias de guerra, transformou a agricultura e alterou para sempre o ritmo das sociedades. Foi um marco que literalmente colocou a humanidade em movimento.

Durante muito tempo, acreditou-se que os cavalos domesticados surgiram há cerca de 4.200 anos nas estepes do Don-Volga, no leste europeu. Mas havia uma questão em aberto, quais alterações genéticas tornaram possível que animais selvagens, fortes e por vezes agressivos, se tornassem dóceis, montáveis e parceiros confiáveis?

Uma pesquisa recente publicada na revista Science lança luz sobre esse mistério. O estudo foi conduzido por Xuexue Liu e Ludovic Orlando, ligados ao Centro de Antropologia e Genômica em Toulouse, na França. O time analisou o DNA de centenas de restos de cavalos antigos, alguns com milhares de anos, em busca de pistas sobre as transformações que moldaram o cavalo moderno.

O que os genes revelam

Os pesquisadores examinaram 266 marcadores genéticos, fragmentos específicos de DNA relacionados a características importantes nos cavalos: cor da pelagem, forma do corpo, capacidade de locomoção e comportamento. Ao traçarem essa linha evolutiva, encontraram dois pontos-chave.

O primeiro envolve o gene ZFPM1, associado ao temperamento. Há cerca de 5.000 anos, ainda nas fases iniciais da domesticação, os humanos passaram a selecionar cavalos com variações nesse gene. A escolha favorecia animais menos agressivos, mais fáceis de controlar e treinar. Esse pode ter sido o primeiro passo decisivo: antes de montar, era preciso lidar com a fera.

O segundo ponto crucial foi o gene GSDMC, ligado à forma corporal, ao desenvolvimento da coluna e à força física. Em testes complementares, os cientistas modificaram esse gene em camundongos e observaram que os animais ficaram mais fortes e com desempenho locomotor superior. Esse efeito, acreditam, espelha o que ocorreu com os cavalos: a seleção desse gene transformou-os em montarias resistentes, capazes de sustentar cavaleiros em longas jornadas.

Arquivo-Instituto-Vital-Brazil-400x239 O enigma genético que transformou cavalos selvagens em parceiros da humanidade
Reprodução – Instituto Vital Brazil

Em poucos séculos, essa variante genética se espalhou pela população equina e tornou-se dominante, consolidando a linhagem DOM2, que corresponde aos cavalos domesticados modernos.

Essa combinação — temperamento mais dócil e corpo adaptado para a montaria — explica como o cavalo deixou de ser apenas uma presa veloz das pradarias para se tornar motor de uma revolução cultural e econômica. A partir daí, civilizações inteiras expandiram territórios, aceleraram trocas comerciais e transformaram a arte da guerra.

Os autores do estudo afirmam: “A seleção no locus GSDMC foi fundamental para o sucesso da linhagem DOM2, elevando a capacidade locomotora e impulsionando a mobilidade baseada em cavalos cerca de 4.200 anos atrás”.

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Perguntas que permanecem

Ainda assim, o quebra-cabeça está longe de completo. O papel exato do gene ZFPM1, apelidado de “gene da mansidão”, precisa ser mais bem compreendido. É possível que ele esteja relacionado a outras características além do temperamento. Além disso, muitas das qualidades do cavalo não dependem de um único gene, mas de conjuntos inteiros de genes, os chamados traços poligênicos. Entender como essas combinações moldaram a evolução equina é o próximo desafio para a ciência.

Outro caminho de pesquisa envolve analisar como os cavalos domesticados se adaptaram a diferentes ambientes. Das estepes frias da Eurásia às planícies tropicais, eles acompanharam os humanos e moldaram-se às condições locais, sempre mantendo sua importância estratégica.

O que esses estudos revelam não é apenas a história biológica dos cavalos, mas também um capítulo essencial da própria trajetória humana. A domesticação equina demonstra como a interação entre seleção genética e escolhas culturais pode redefinir o destino de uma espécie — e, nesse caso, de duas espécies ao mesmo tempo.

Mais do que uma curiosidade científica, essa pesquisa reforça a ideia de que a domesticação não foi um processo súbito, mas um refinamento paciente, gene a gene, até que cavalo e ser humano corressem lado a lado em direção ao futuro.

Meu Garoto: a cachaça que fez Belém tremer na boca do mundo

Entre as estrelas da vida noturna de Belém, há um lugar que vai além de um simples bar — é também uma fábrica, uma loja e um laboratório de experiências sensoriais. O Meu Garoto, fundado em 1994, é um convite para quem quer conhecer a cidade não só pelos olhos, mas pelo paladar.

Mais do que servir drinks, o bar se tornou símbolo da cultura local ao criar a famosa cachaça de jambu, bebida que provoca aquela sensação elétrica na boca e que já conquistou clientes do Brasil e do mundo. Tomar uma dose de cachaça de jambu é como sentir a Amazônia pulsar na língua: um formigamento intenso, quase hipnótico, que transforma um simples gole em memória inesquecível.

“Em 2011, a cachaça de jambu se tornou o carro-chefe da casa. A ideia nasceu em um almoço do Círio de Nazaré, enquanto eu saboreava um pato no tucupi bem carregado de jambu. Como já trabalhava com infusões e sempre fui apaixonado por esse ingrediente, foi natural unir os dois mundos. O resultado é uma experiência que vai além do álcool — é uma euforia sensorial única”, conta Leonardo Porto, fundador do Meu Garoto.

O segredo por trás do sabor

image13-400x273 Meu Garoto: a cachaça que fez Belém tremer na boca do mundo

A produção da cachaça Meu Garoto segue padrões de excelência que fariam inveja a qualquer destilaria premium. O processo começa com a infusão do jambu — raiz, folhas e flores — em tanques de inox, onde a bebida descansa por um ano inteiro para absorver todas as propriedades e sabores da planta. Depois, ela passa por uma finalização em barris de carvalho, o que garante complexidade no aroma e um sabor profundo, marcante e 100% amazônico.

Além da versão tradicional, a marca expandiu sua linha com combinações irresistíveis, unindo a energia do jambu às frutas regionais. Tem jambu com açaí, cupuaçu, bacuri e até com castanha-do-pará, cada uma trazendo um toque especial que surpreende até os paladares mais exigentes.

“Queríamos ir além do clássico. Hoje temos a Caipirinha Amazônica, que leva nossa cachaça de jambu como base. É refrescante, brasileira até a alma, mas com um toque único da Amazônia. Os clientes se apaixonam na primeira dose”, revela Leonardo.

Um bar que é também um pedaço da cidade

O Meu Garoto não é apenas um bar: é um ponto de encontro, uma vitrine da cultura paraense e um lugar onde histórias são compartilhadas entre brindes. Quem passa por lá encontra cerveja gelada, petiscos saborosos e, claro, a famosa carne de sol com macaxeira frita — combinação perfeita para acompanhar uma dose da estrela da casa.

IMG_5258-1-1500x1000 Meu Garoto: a cachaça que fez Belém tremer na boca do mundoPerto de cada unidade do bar, há uma loja da fábrica, onde visitantes podem comprar garrafas de cachaça e outros produtos regionais, embalados especialmente para presente ou viagem. É a oportunidade de levar um pedaço de Belém na mala e compartilhar a experiência com amigos e familiares.

“Acredito que ter um espaço físico onde tudo começou cria uma conexão muito forte. Nossos clientes se tornam embaixadores da cachaça de jambu, sempre trazendo alguém de fora para viver essa experiência. É como se cada visita fosse uma celebração da nossa história”, explica Leonardo.

Degustação que vira viagem sensorial

Uma das experiências mais fascinantes oferecidas pelo Meu Garoto começa na loja, onde o público pode participar de uma degustação gratuita com 13 sabores diferentes, entre cachaças e licores. Cada gole vem acompanhado de explicações sobre as combinações e dicas de harmonização, transformando a simples prova em uma verdadeira aula sobre sabores amazônicos.

Depois da degustação, o roteiro perfeito segue para o bar. Lá, basta pedir uma dose de cachaça de jambu, uma cerveja bem gelada e a clássica carne de sol com macaxeira. Tudo isso ao som de rock clássico, em um ambiente descontraído que mistura tradição e modernidade — uma experiência que resume o espírito vibrante da noite belenense.

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“Nosso objetivo é que as pessoas entendam como degustar, descubram seus sabores preferidos e criem suas próprias receitas. No final, é só relaxar no bar e constatar que cerveja combina, sim, com cachaça de jambu”, brinca Leonardo.

Além do Meu Garoto, Leonardo indica outros lugares que representam bem a cena boêmia e gastronômica da cidade, como a Estação das Docas, os restaurantes da orla de Icoaraci, a Cervejaria Cabloca e o Studio Pub. Esses espaços, segundo ele, traduzem a autenticidade da capital paraense e mostram como a vida noturna local está em constante evolução.

O drink imperdível para quem quer começar a aventura? O Jambu Sour — uma mistura sofisticada de limão-tahiti, limão-siciliano, xarope de açúcar, clara de ovo e a famosa cachaça de jambu Meu Garoto. Um coquetel refrescante que, segundo Leonardo, surpreende até os bartenders mais experientes.

“A cena de bebidas artesanais no Pará tem crescido muito. Hoje, temos potencial para conquistar não só o público local, mas também expandir para outros estados e até para o exterior. Cada vez mais, vemos turistas e belenenses valorizando a criatividade e a identidade por trás dessas criações”, afirma Leonardo.

No final das contas, o Meu Garoto não é apenas sobre beber — é sobre sentir, descobrir e celebrar a Amazônia em cada gole. Uma experiência que começa com um leve formigamento na boca e termina com a certeza de que Belém tem um sabor inesquecível, que vale ser compartilhado com o mundo.

Por Eva Pires

Clima de Belém durante a COP 30

Se você está vindo para Belém em novembro, prepare-se para sentir de perto a força do clima amazônico. Durante a COP 30, os dias devem ser quentes, úmidos e com chuvas passageiras, típicas desse período de transição entre a estação seca e o chamado inverno amazônico, que começa em dezembro.

975022959126947bc259cce818cf4c04_1730814073_-400x200 Clima de Belém durante a COP 30Os meteorologistas do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), José Raimundo Abreu de Sousa e Sidney Abreu, explicam que novembro costuma ser um dos meses menos chuvosos do ano na capital paraense. A média histórica é de 151 mm de chuva, mas para 2025 a previsão é que esse volume fique um pouco abaixo, em torno de 100 mm. Ou seja, deve chover, mas não tanto quanto em outros meses. E, sim, pode esperar chuvas quase diárias, geralmente rápidas e no fim da tarde — muitas vezes acompanhadas de trovões, relâmpagos e rajadas de vento.

Belém tem um clima quente e úmido o ano inteiro, mas novembro está entre os meses mais quentes. Historicamente, a temperatura máxima fica em torno de 33 °C, mas este ano deve ser ainda mais elevada, podendo ultrapassar 34,5 °C. A mínima costuma ficar perto de 23 °C, com uma temperatura média de 27,4 °C. Na prática, a sensação térmica pode chegar a 39 °C durante os horários mais quentes, especialmente por volta das 15h. É o famoso calor amazônico: forte e acompanhado de uma umidade que pode chegar a 95% à noite. Durante a tarde, essa umidade cai para algo em torno de 50%, o que aumenta o desconforto térmico.

Como o tempo se comporta ao longo do dia

As manhãs de Belém em novembro costumam ser de céu aberto ou poucas nuvens. Conforme o dia avança, o calor intenso aquece a superfície da cidade, elevando o vapor d’água para a atmosfera. Esse processo forma grandes nuvens chamadas cumulonimbus, que crescem rapidamente e, no fim da tarde, trazem aquelas chuvas fortes e rápidas que os belenenses conhecem bem.

calor-1024x683-1-400x267 Clima de Belém durante a COP 30Essas pancadas podem vir acompanhadas de rajadas de vento, relâmpagos e, em casos mais raros, mini-tornados ou trombas d’água. Quando isso coincide com as marés altas — já que Belém é uma península praticamente ao nível do mar —, alguns pontos da cidade podem sofrer alagamentos, o que afeta principalmente o trânsito.

Para quem vem de fora, principalmente de países de clima mais frio, o primeiro impacto é o calor úmido. É comum sentir uma sensação de abafamento, principalmente à tarde. Além disso, as chuvas amazônicas são diferentes: rápidas, mas muito intensas, às vezes tão fortes que podem parecer uma tempestade tropical, mesmo durando apenas alguns minutos.

Dicas para enfrentar o calor e a chuva

  • Evite o sol direto entre 10h e 16h, quando as temperaturas estão mais altas.
  • Se precisar circular nesse horário, use guarda-chuva ou sombrinha — em Belém, eles servem tanto para o sol quanto para a chuva.
  • Hidrate-se bastante ao longo do dia, mesmo sem sentir sede.
  • Use protetor solar e reaplique sempre que necessário.
  • Prefira roupas leves e de cores claras para ajudar na transpiração.
  • Em caso de tempestade, não se abrigue debaixo de árvores, nem permaneça em áreas descampadas ou na beira do rio. Objetos metálicos, como guarda-chuvas com ponta de ferro, também devem ser evitados durante raios.

Novembro em números

  • Temperatura mínima: 23 °C
  • Temperatura máxima histórica: 33 °C
  • Temperatura máxima prevista para 2025: acima de 34,5 °C
  • Sensação térmica: pode chegar a 39 °C
  • Umidade: entre 50% (tarde) e 95% (noite)
  • Média histórica de chuvas: 151 mm
  • Previsão de chuvas para 2025: cerca de 100 mm
  • Dias com chuva em novembro: em torno de 13, ou quase metade do mês

Mudanças ao longo dos anos

Nos últimos 45 anos, Belém registrou um aumento gradual nas temperaturas. A média anual subiu quase 1 °C, e em novembro essa elevação pode chegar a 1,3 °C. As chuvas também ficaram mais intensas: hoje, a cidade registra mais de 3.000 mm anuais, podendo chegar a 3.400 mm em anos muito chuvosos.

Saiba mais: A onda de calor que destruiu ecossistemas

Para este ano, não há influência direta dos fenômenos El Niño ou La Niña, o que deixa o cenário mais estável. Mesmo assim, temporais isolados são comuns e podem ocorrer durante a COP 30.

Se você vier para Belém em novembro, pense em uma rotina com manhãs ensolaradas, tardes abafadas e pancadas de chuva no fim do dia. Traga roupas leves, prepare-se para o calor e, acima de tudo, abrace o clima amazônico — ele é parte da experiência de viver a COP 30 em uma das cidades mais vibrantes e úmidas do Brasil.

Por Eva Pires

Arraial do Pavulagem confirma calendário para COP 30 e festejos tradicionais

Belém se prepara para viver uma intensa agenda cultural em 2025, com destaque para as manifestações do Arraial do Pavulagem, que unem tradição, arte e educação ambiental. O Instituto anunciou em coletiva de imprensa suas atividades para os próximos meses, com três eventos confirmados: a 23ª edição do Arrastão do Círio, o retorno do Cordão do Peixe-Boi após mais de uma década, e o tradicional Cordão do Galo, em Cachoeira do Arari, no Marajó.

“O retorno do Cordão do Peixe-Boi resgata um brinquedo de rua que une cultura, natureza, ciência e os saberes ancestrais da floresta, trazendo uma reflexão sobre a vida no planeta. Essa retomada fortalece o processo criativo dos cortejos realizados em Belém e em Cachoeira do Arari, ampliando a preocupação com o desmatamento e a poluição dos rios. Trata-se de um tema universal, que ergue a bandeira da vida, da ciência e da consciência, reafirmando a necessidade de investir no futuro representado pelas crianças, que receberão uma homenagem especial ao participarem desse cortejo da COP”, explica Ronaldo Silva, músico e cofundador do Arraial do Pavulagem.

Arrastão do Círio: tradição e inovação

A 23ª edição do Arrastão do Círio se aproxima e traz novidades para os participantes. As inscrições para a formação do Batalhão da Estrela começam no dia 30 de agosto, em formato on-line, exclusivamente para integrantes que participaram de arrastões entre 2023 e 2025. Todos os inscritos também deverão estar presentes no Cordão do Peixe-Boi, promovendo integração entre as atividades.foto-9-1- Arraial do Pavulagem confirma calendário para COP 30 e festejos tradicionais

As inscrições serão divididas por grupos: Pernalta e Pernaltinha em 30/08, Dança e Animação em 31/08, e Percussão em 01/09, sempre às 19h. Haverá ainda inscrição presencial no dia 05/09, voltada a idosos e pessoas com deficiência, na sede do Instituto, no Boulevard da Gastronomia. A confirmação das inscrições ocorrerá nos dias 06 e 07/09, das 15h às 20h, também na sede do Instituto. Participantes do CAD Único passarão por entrevistas sociais entre 8 e 14/09, garantindo acompanhamento e acesso a direitos e serviços.

Saiba mais: Fórum Raízes do Amanhã marcará os 100 dias para a COP30

O show de lançamento do Arrastão do Círio será realizado em 5 de setembro, Dia da Amazônia, no Boulevard da Gastronomia. O evento será aberto ao público e contará com música ao vivo, Feira Criativa com empreendimentos locais e encontros festivos, em uma celebração da cultura popular paraense.

Cordão do Peixe-Boi: educação ambiental em foco

Após mais de dez anos, o Cordão do Peixe-Boi retorna, trazendo consigo educação ambiental e cultura popular como ferramentas de sensibilização. Voltado para o público infanto-juvenil, o cortejo promove reflexão sobre sustentabilidade, preservação dos rios e florestas, e o valor simbólico da vida amazônica.

O Instituto reforça que a iniciativa é também uma homenagem às crianças, convidadas a participar ativamente, fortalecendo o engajamento com a ciência e a consciência ecológica.

Cordão do Galo: tradição marajoara e saberes ancestrais

A 18ª edição do Cordão do Galo será realizada entre dezembro de 2025 e janeiro de 2026, em Cachoeira do Arari, integrando as festividades de São Sebastião, reconhecidas como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. O projeto inclui oficinas de saberes tradicionais, cortejos pelas ruas e ações sociais que fortalecem a comunidade local, mantendo viva a memória cultural da região.image14 Arraial do Pavulagem confirma calendário para COP 30 e festejos tradicionais

O evento é batizado em homenagem ao padre Giovanni Gallo, e reforça a força da tradição marajoara como expressão de identidade e resistência cultural.

Selecionado entre mais de 8 mil projetos na Chamada Petrobras Cultural Novos Eixos 2024, o Arraial do Pavulagem reforça, em 2025, a importância da cultura popular amazônica como linguagem de encontro, educação e celebração coletiva, especialmente em um momento de projeção internacional como a COP 30.

Pug: 4 defeitos de temperamento que ninguém comenta

Quem olha para um Pug pela primeira vez se encanta com o focinho achatado, o olhar doce e a aparência sempre simpática. Mas, como todo tutor experiente sabe, por trás dessa carinha fofa existem características de temperamento que nem sempre são tão fáceis de lidar. O Pug é uma raça adorável, fiel e companheira, mas também apresenta alguns comportamentos que podem desafiar a paciência de quem convive com ele. Vamos explorar quatro desses defeitos que raramente são comentados, mas que fazem parte do pacote de ter esse cãozinho único dentro de casa.

Pug e sua teimosia irresistível

Um dos primeiros desafios do tutor é encarar a teimosia do Pug. Apesar do porte pequeno, esse cão tem uma personalidade firme e sabe muito bem como insistir quando quer algo. Isso significa que o adestramento pode ser mais lento em comparação a outras raças, exigindo repetição, paciência e reforços positivos constantes.

Por exemplo, um Pug pode simplesmente decidir que não vai andar durante o passeio e travar no meio da calçada, obrigando o tutor a negociar, oferecer petiscos ou até mesmo voltar para casa. Essa teimosia também aparece quando ele se recusa a largar um brinquedo ou quando insiste em subir no sofá mesmo após ser repreendido. Para quem não tem tempo ou paciência, isso pode se transformar em um verdadeiro desafio do dia a dia.

A gula sem limites

Outro traço marcante — e problemático — do Pug é a gula. Essa raça é conhecida por comer rápido demais, pedir comida a todo momento e até “roubar” alimentos que estejam ao alcance. A relação com a comida é tão intensa que muitos tutores precisam recorrer a comedouros lentos para evitar que o cachorro engasgue ou desenvolva problemas digestivos.

Essa gula pode levar ao sobrepeso, que é um problema sério para a saúde do Pug, já que a raça tem predisposição a doenças respiratórias e articulares. É comum ver Pugs desenvolvendo olhares irresistíveis, como se estivessem morrendo de fome, mesmo após a refeição. Para quem não consegue resistir a esses apelos, o risco de obesidade se torna uma realidade preocupante. Esse comportamento também pode causar brigas com outros animais da casa quando há disputa por alimento.

Carência além da conta

Se você gosta de um cão grudado e carinhoso, o Pug pode ser perfeito. Mas se precisa de um pouco de espaço ou trabalha muitas horas fora, talvez se surpreenda com o nível de carência dessa raça. O Pug adora atenção constante, não gosta de ficar sozinho e pode desenvolver ansiedade de separação.

Esse excesso de apego se traduz em choros, latidos insistentes ou até destruição de objetos quando o cão se sente abandonado. Muitos tutores relatam que o Pug os segue pela casa o tempo todo, inclusive até o banheiro, como se precisasse garantir que nunca será deixado para trás. Embora seja um traço de amor e lealdade, para algumas pessoas esse comportamento pode ser sufocante e exigir um esforço extra para equilibrar os momentos de companhia e independência.

Ciúmes exagerados

Um defeito de temperamento do Pug que quase ninguém comenta é o ciúme. Ele pode reagir mal quando percebe que seu tutor dá atenção a outras pessoas ou animais. Esse comportamento pode variar desde ficar emburrado e se afastar até atitudes mais incisivas, como latidos e tentativas de se colocar entre o tutor e o “concorrente”.

Imagine a cena: você está acariciando outro cachorro ou simplesmente abraçando alguém da família, e seu Pug aparece no meio, tentando chamar atenção ou até rosnando discretamente. Esse comportamento, embora engraçado em alguns momentos, pode se tornar um problema quando não é controlado. É preciso trabalhar limites claros para que o Pug entenda que não é o centro exclusivo do universo.

Como lidar com esses defeitos?

Conhecer esses aspectos menos comentados do Pug não significa que a raça não seja uma excelente companhia. Pelo contrário: são justamente essas características que tornam esses cães tão únicos e apaixonantes. O segredo está em aprender a lidar com cada uma delas.

  • Para a teimosia: adestramento com reforço positivo e paciência. Nunca use agressividade, pois o Pug é sensível e pode se retrair.

  • Para a gula: refeições controladas, alimentos de qualidade e uso de comedouros lentos. Resistir aos olhares pidões é essencial.

  • Para a carência: criar pequenas rotinas de independência, como deixar brinquedos interativos e treinar períodos curtos de ausência.

  • Para o ciúme: socialização desde cedo e reforço de comportamentos tranquilos quando outros animais ou pessoas estão por perto.

O lado humano do Pug

Os defeitos de temperamento do Pug são, no fundo, reflexos da sua essência: ele é um cão afetuoso, que gosta de estar perto, de comer bem e de receber atenção. Muitos tutores acabam se apaixonando justamente porque esses traços, apesar de desafiadores, reforçam a sensação de ter um companheiro leal e cheio de personalidade.

É como conviver com uma criança manhosa, que exige paciência, limites, mas também devolve amor em dobro. Quem entende esse lado do Pug e se adapta a ele descobre que os “defeitos” podem ser encarados como características cômicas e até encantadoras.

No fim das contas, o Pug não é um cão para quem busca independência ou disciplina militar. Ele é para quem valoriza a convivência próxima, o afeto constante e até um pouco de bagunça no dia a dia. Entender isso é a chave para uma relação feliz e equilibrada com esse pequeno e carismático cachorro.

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Golden Retriever: 7 cuidados essenciais no calor

Quem tem um Golden Retriever sabe: essa raça carismática, de pelagem dourada e cheia de energia, é sinônimo de companheirismo e alegria. Mas quando as temperaturas sobem, esse amigo de quatro patas pode sofrer bastante. O pelo denso, o porte médio-grande e a disposição natural para brincar fazem com que ele sinta ainda mais os efeitos do calor. Por isso, é fundamental adotar medidas simples, mas eficientes, para garantir seu bem-estar e evitar riscos de desidratação ou insolação.

Golden Retriever no calor: o que você precisa saber

Os cães não transpiram como nós. A principal forma de regular a temperatura corporal é pela respiração, com a famosa “língua de fora”. No caso do Golden Retriever, que possui pelagem dupla e farta, o desafio aumenta. Isso significa que no verão ou em dias quentes, os tutores precisam redobrar a atenção. A seguir, veja os cuidados indispensáveis para manter seu cão saudável e feliz mesmo sob altas temperaturas.

1. Água fresca e acessível sempre à disposição

Pode parecer óbvio, mas muitos tutores subestimam o quanto a hidratação é importante. O Golden Retriever precisa de água limpa e fresca o tempo todo, especialmente no calor. Uma dica é trocar a água mais vezes ao dia e, se possível, adicionar cubos de gelo para deixá-la mais atrativa. Existem também fontes automáticas que mantêm a água em movimento, incentivando o cão a beber mais.

2. Passeios apenas em horários frescos

Nada de passear com seu Golden no asfalto quente do meio-dia. Além do risco de queimaduras nas patas, o calor pode causar exaustão rapidamente. Prefira as primeiras horas da manhã ou o final da tarde, quando a temperatura está mais amena. Para verificar se o chão está adequado, basta colocar a mão por alguns segundos: se estiver quente demais para você, também estará para ele.

3. Atenção redobrada ao sol direto

O pelo dourado pode até parecer bonito sob o sol, mas a exposição excessiva é perigosa. Nunca deixe seu Golden Retriever em áreas sem sombra por muito tempo e jamais dentro do carro, mesmo com os vidros abertos. A temperatura interna do veículo pode subir em questão de minutos, colocando a vida do animal em risco.

4. Escovação frequente para remover excesso de pelos

A pelagem do Golden Retriever é uma de suas maiores características, mas também pode ser um desafio no calor. Escovar o cão regularmente ajuda a retirar pelos mortos, permitindo que o ar circule melhor entre as camadas. No entanto, não é indicado tosar totalmente, já que o subpelo também protege contra o calor e o frio. O ideal é manter a pelagem saudável e livre de nós.

5. Ofereça locais frescos e ventilados

Dentro de casa, é importante garantir que o Golden tenha acesso a ambientes arejados. Tapetes de resfriamento específicos para cães podem ser uma boa opção, assim como pisos frios de cerâmica. Se possível, ventiladores ou ar-condicionado ajudam bastante, mas sempre com cuidado para não criar correntes de ar gelado direto no animal.

6. Cuidados extras com alimentação e petiscos

Durante o calor, a digestão pode ser mais lenta, e alguns cães tendem a perder o apetite. Prefira oferecer a ração em horários mais frescos e não deixe o alimento exposto por muito tempo. Uma forma de refrescar é oferecer petiscos gelados, como frutas liberadas para cães (melancia sem sementes, pedacinhos de maçã, banana congelada) ou até gelinhos feitos com caldo natural de frango sem sal.

7. Atividades físicas com moderação

O Golden Retriever é cheio de energia, mas no calor é preciso dosar. Evite exercícios intensos em horários quentes. Aposte em brincadeiras aquáticas, como piscina própria para cães ou idas a lugares onde ele possa nadar em segurança. A natação, além de divertida, ajuda a gastar energia sem sobrecarregar o corpo com calor.

Sinais de alerta: quando buscar ajuda veterinária

Mesmo com cuidados, é importante ficar atento aos sinais de que seu Golden Retriever pode estar sofrendo com o calor. Respiração ofegante excessiva, salivação intensa, fraqueza, vômito, desorientação ou até convulsões são indícios de golpe de calor, uma condição grave que requer atendimento veterinário imediato. Quanto mais rápido o tutor agir, maiores as chances de recuperação do animal.

Um verão seguro e feliz para seu Golden Retriever

O calor não precisa ser sinônimo de sofrimento para o seu melhor amigo. Com medidas simples como hidratação constante, passeios em horários adequados, locais ventilados e atividades adaptadas, é possível manter seu Golden Retriever confortável e saudável. Mais do que um cuidado, isso é uma forma de retribuir toda a lealdade e carinho que ele oferece diariamente.

Afinal, cuidar de um Golden no calor é também um exercício de amor: observar, prevenir e estar presente para que ele viva cada momento com alegria.

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7 sinais de que seu gato precisa de mais estímulos

Quem convive com gatos sabe que eles são animais independentes, mas também extremamente inteligentes e cheios de energia. Embora passem boa parte do dia dormindo, os felinos precisam de estímulos físicos e mentais para manter a saúde equilibrada. Quando esses estímulos faltam, os sinais aparecem no comportamento, indicando que o gato pode estar entediado, ansioso ou até desenvolvendo problemas de saúde. Identificar esses sinais a tempo é essencial para garantir qualidade de vida ao seu bichano.

A importância do estímulo para gatos domésticos

Na natureza, os gatos passam horas caçando, explorando e testando seus instintos. Dentro de casa, especialmente em apartamentos, essa rotina se perde. Sem brincadeiras e atividades que simulem a vida selvagem, eles podem acumular energia e desenvolver hábitos destrutivos. Estimular o gato, portanto, vai além da diversão: é uma forma de prevenir doenças, controlar o peso e melhorar o bem-estar emocional.

A seguir, conheça 7 sinais claros de que seu gato está pedindo mais estímulos em casa.

1. Destruição de móveis e objetos

Um dos comportamentos mais comuns é arranhar sofás, cadeiras, cortinas e até portas. Embora arranhar seja natural para manter as unhas afiadas e demarcar território, quando feito de forma exagerada pode indicar falta de brinquedos e arranhadores adequados. Se o gato busca sempre os móveis da casa, provavelmente precisa de mais recursos para gastar energia.

2. Miados excessivos e fora de hora

Gatos se comunicam por meio de miados, mas quando eles se tornam frequentes e insistentes, é sinal de que algo não vai bem. Miados excessivos podem indicar tédio, solidão ou até ansiedade. Oferecer brinquedos interativos, momentos de brincadeira e até prateleiras para escalada ajuda a reduzir esse comportamento.

3. Agressividade repentina

Gatos que não têm como gastar energia podem canalizar sua frustração em comportamentos agressivos. Mordidas, arranhões e ataques inesperados, especialmente durante interações simples, são sinais de alerta. Muitas vezes, não se trata de “maldade”, mas de excesso de energia acumulada. Brincadeiras que simulam caça, como varinhas com penas, podem ser uma ótima saída.

4. Apatia ou sono em excesso

Embora seja normal que gatos durmam até 16 horas por dia, a diferença está no comportamento quando estão acordados. Se ele parece sempre apático, sem interesse em brincar ou explorar, pode estar desestimulado. É importante oferecer brinquedos novos, variar a rotina e até incentivar jogos de caça com petiscos.

5. Comer por ansiedade ou perda de apetite

Mudanças no apetite também revelam a necessidade de estímulo. Alguns deles passam a comer além da conta para suprir a falta de atividades, enquanto outros perdem o interesse pela comida. Ambas as situações são preocupantes. Brinquedos que liberam ração aos poucos são excelentes para estimular o instinto de caça e tornar a alimentação mais dinâmica.

6. Exploração exagerada de cantos e armários

Quando um gato começa a abrir armários, escalar prateleiras ou derrubar objetos com frequência, muitas vezes não é apenas curiosidade: é busca por novidade. Esse tipo de comportamento mostra que ele precisa de mais desafios no ambiente. Criar prateleiras exclusivas para gatos ou montar um “playground vertical” pode canalizar essa necessidade de explorar.

7. Lambedura excessiva e comportamentos repetitivos

Um gato que se lambe demais, até arrancar pelos, ou que adota comportamentos repetitivos, como perseguir o próprio rabo constantemente, pode estar sofrendo de estresse por falta de estímulo. Esses hábitos são formas de aliviar a ansiedade. Brincadeiras interativas e momentos de contato com o tutor ajudam a reduzir esses sinais.

Como estimular seu gato no dia a dia

Se você identificou algum desses sinais, é hora de agir. A boa notícia é que pequenas mudanças já fazem grande diferença:

  • Invista em arranhadores variados, de diferentes tamanhos e texturas;

  • Ofereça brinquedos interativos, como bolinhas, penas e ratinhos de pelúcia;

  • Crie prateleiras e espaços verticais para que ele escale e observe o ambiente;

  • Faça sessões diárias de brincadeira, simulando a caça;

  • Alterne os brinquedos, evitando que o gato enjoe da rotina.

Além disso, dedicar tempo de qualidade ao gato é essencial. Mesmo animais independentes gostam da presença do tutor, seja em brincadeiras, seja em momentos de carinho.

O papel do tutor no bem-estar felino

Gatos não precisam apenas de comida e água. O bem-estar físico e emocional também depende do envolvimento do tutor. Observar sinais de tédio ou estresse e agir rapidamente garante uma vida longa e saudável para o animal. Estimular não significa apenas gastar energia, mas também fortalecer o vínculo entre humano e gato.

Um convite à mudança de rotina

Se o seu felino tem arranhado mais os móveis, miado em excesso ou demonstrado comportamentos estranhos, pode ser que ele esteja pedindo mais estímulos. Oferecer um ambiente enriquecido não é luxo, mas uma necessidade para que os felinos expressem sua natureza curiosa e ativa.

Com atenção e pequenas mudanças, você verá seu gato mais feliz, equilibrado e saudável — e sua casa mais harmoniosa. Afinal, quando o gato tem o que precisa, todos os moradores ganham.

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Peperômia: 7 segredos para multiplicar rápido

A peperômia é uma das plantas mais queridinhas da decoração de interiores. Pequena, charmosa e resistente, ela pode ser cultivada em vasos, terrários ou até como parte de arranjos maiores. Sua versatilidade e aparência delicada fazem dela uma excelente opção para quem deseja começar na jardinagem ou para quem busca plantas que exigem poucos cuidados. Mas uma das maiores vantagens da peperômia é sua facilidade de multiplicação. Com alguns segredos simples, é possível obter novas mudas em poucos dias e encher a casa de verde.

Por que a peperômia é tão popular?

A peperômia, pertencente à família Piperaceae, reúne mais de mil espécies espalhadas pelo mundo. Algumas possuem folhas verdes e arredondadas, outras apresentam colorações variadas, como tons de vermelho e prateado. Essa diversidade agrada tanto colecionadores quanto quem deseja apenas um toque de natureza em casa.

Além disso, é uma planta compacta, perfeita para ambientes pequenos. Sua manutenção é simples, já que tolera pouca rega e se adapta a locais com iluminação indireta. Mas o que mais chama a atenção é a facilidade com que pode ser multiplicada, transformando um único exemplar em várias novas plantas em pouco tempo.

1. Escolha a técnica de multiplicação adequada

Existem diferentes formas de multiplicar a peperômia, mas as mais comuns são por estacas de caule e por folhas. A escolha depende da espécie e do resultado desejado.

  • Por caule: ideal para espécies com hastes mais alongadas, como a peperômia pendente. Basta cortar um pedaço saudável e enraizar em água ou substrato.

  • Por folha: funciona bem para espécies de folhas mais carnudas, como a peperômia melancia. Um pedaço da folha é suficiente para gerar novas mudas.

Saber qual técnica usar é o primeiro segredo para garantir sucesso no processo.

2. Utilize ferramentas limpas e afiadas

Ao cortar uma folha ou caule, é importante usar tesouras ou estiletes bem limpos e esterilizados. Ferramentas sujas podem transmitir fungos e bactérias, comprometendo o desenvolvimento da nova muda. Um simples corte limpo já aumenta muito as chances de enraizamento saudável.

3. Aposte na água para enraizar rapidamente

Uma das formas mais práticas e rápidas de multiplicar peperômia é colocar o caule ou pedaço de folha em um copo com água. Em poucos dias, começam a surgir pequenas raízes. O segredo é trocar a água a cada dois ou três dias, evitando a proliferação de microrganismos.

Assim que as raízes atingirem cerca de 2 a 3 cm, a muda já pode ser transferida para o substrato definitivo.

4. Prepare um substrato leve e drenado

Para que a muda se desenvolva com força, o substrato deve ser leve e bem drenado. Uma mistura eficiente pode incluir terra vegetal, areia e húmus de minhoca. O objetivo é garantir nutrientes sem reter excesso de água, já que o encharcamento é um dos principais inimigos da peperômia.

5. Mantenha a umidade controlada

Nos primeiros dias após o plantio, a muda precisa de umidade constante para estimular o enraizamento. No entanto, é importante evitar o excesso. Pulverizar água levemente sobre o substrato e cobrir o vaso com um saco plástico transparente pode criar um efeito estufa, acelerando o crescimento sem afogar as raízes.

6. Ofereça luz indireta e ambiente protegido

A peperômia não gosta de sol direto nas fases iniciais. O ideal é deixá-la em um local com bastante luz natural, mas sempre filtrada, como próximo a janelas cobertas por cortinas leves. Essa luminosidade indireta fortalece a muda sem causar queimaduras nas folhas.

Ambientes protegidos de correntes de ar também ajudam a evitar que a planta sofra estresse logo após o plantio.

7. Tenha paciência e acompanhe o processo

Apesar de ser rápida para enraizar, a peperômia precisa de alguns dias para se adaptar ao novo ambiente. Observar o desenvolvimento das raízes e o surgimento de novas folhas é parte do processo. Com paciência, em poucas semanas as mudas estarão prontas para crescer sozinhas e até iniciar novas multiplicações.

Erros comuns ao multiplicar peperômia

Mesmo sendo uma planta fácil, alguns erros podem atrapalhar o sucesso:

  • Usar substrato pesado, que acumula água em excesso;

  • Deixar as mudas em sol direto, causando queimaduras;

  • Cortar folhas ou caules doentes, comprometendo a nova planta;

  • Exagerar na rega, levando ao apodrecimento das raízes.

Evitar esses deslizes é fundamental para garantir mudas saudáveis e vigorosas.

O valor ornamental da multiplicação

Multiplicar peperômias não é apenas uma forma de aumentar a coleção, mas também uma oportunidade de compartilhar plantas com amigos e familiares. Pequenos vasos com mudas de peperômia são presentes afetivos e sustentáveis, carregados de significado.

Além disso, ter várias plantas espalhadas pela casa ajuda a criar um ambiente mais acolhedor, verde e cheio de vida.

Um convite para experimentar

Se você já tem uma peperômia em casa, experimente aplicar esses sete segredos e veja como é simples multiplicar a planta em poucos dias. Desde a escolha da técnica até o cuidado com luz, água e substrato, cada passo contribui para que novas mudas cresçam fortes e saudáveis.

Mais do que um exercício de jardinagem, é também um gesto de conexão com a natureza e de partilha, já que cada nova muda pode levar beleza e vida para outros lares.

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Exército cruza 4.500 km para testar defesa da Amazônia

Em 21 de agosto de 2025, o Exército Brasileiro deu início a uma das maiores movimentações militares de sua história recente da Amazônia: a Operação ATLAS. O nome evoca a imagem de força capaz de sustentar o mundo, e a escolha não é por acaso. Trata-se de um exercício que, mais do que testar a logística, revela a capacidade de o Brasil projetar poder em vastas distâncias, atravessando o território de sul a norte em um deslocamento que chega a 4.500 quilômetros.

De Porto Alegre até a Amazônia, colunas de blindados, tratores de engenharia, helicópteros, pontes móveis e lançadores de mísseis ASTROS cruzaram cidades, estradas e rios. A cena impressionou moradores locais e deixou clara a dimensão da operação. Não é apenas uma marcha de soldados: é a encenação de um país inteiro que se mobiliza para proteger seu território mais sensível, a floresta amazônica.

A logística como prova de poder

O coração da ATLAS está na logística. Levar veículos pesados, munições e brigadas inteiras por milhares de quilômetros exige um planejamento que vai além do militar; é um exercício de integração nacional. Cada ponte improvisada, cada balsa atravessando um rio, cada comboio que se estende por quilômetros comprova a capacidade de um Estado de projetar sua presença em regiões onde a infraestrutura civil muitas vezes falha.

Essa mobilidade impressiona não apenas pelo alcance físico, mas também pelo recado político. O Brasil mostra que pode deslocar rapidamente artilharia pesada, tropas paraquedistas e brigadas de engenharia até a floresta, onde a natureza representa obstáculos que não se vencem com discursos. Ali, quem domina o terreno precisa saber abrir estradas na selva, levantar pontes sobre rios caudalosos e garantir a movimentação de blindados em lamaçais quase intransponíveis.

Reproducao-Marinha-do-Brasil-400x239 Exército cruza 4.500 km para testar defesa da Amazônia
Reprodução – Marinha do Brasil

A Amazônia como palco e mensagem

A escolha da Amazônia como destino da operação não é casual. A região é considerada estratégica por suas riquezas minerais, hídricas e energéticas, além de ser alvo recorrente de pressões internacionais. Torná-la palco de um deslocamento militar gigantesco é reafirmar a soberania brasileira.

O simbolismo é poderoso: tropas que saem do extremo sul, atravessam o coração do país e chegam ao norte, unindo diferentes realidades regionais em torno de um mesmo objetivo. Cada quilômetro percorrido representa não só esforço físico, mas também a ideia de que a Amazônia não é um território distante ou isolado, mas parte essencial de uma identidade nacional que o Estado está disposto a defender.

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Integração das Forças Armadas

Outro aspecto que eleva a dimensão da Operação ATLAS é sua natureza conjunta. O Exército, a Marinha do Brasil e a Força Aérea Brasileira atuam em sinergia. Blindados cruzam rodovias enquanto caças garantem cobertura aérea e embarcações realizam apoio fluvial. Essa integração não apenas amplia a eficácia das manobras, mas também reforça a imagem de um aparato de defesa coeso, pronto para responder a ameaças convencionais ou assimétricas.

O deslocamento do sistema de foguetes e mísseis ASTROS é emblemático. Cruzando cidades em colunas que chamam a atenção da população, ele mostra um poder de fogo que não é teórico, mas tangível, visível, palpável. E ao mesmo tempo em que impressiona civis, envia um recado claro a observadores externos: a Amazônia está longe de ser indefesa.

Entre a técnica e o simbólico

Há um elemento psicológico tão relevante quanto o militar. A operação não serve apenas para testar a prontidão das tropas, mas para mostrar às comunidades amazônicas que o Estado brasileiro está presente, ativo e disposto a defender seus limites. Isso fortalece a confiança da população local e desestimula a ideia de que a região é um vazio à mercê de interesses estrangeiros.

A engenharia de combate, por sua vez, cumpre papel decisivo. Construir passagens em rios largos, transformar clareiras em campos de pouso improvisados e abrir rotas onde antes havia apenas floresta densa são ações que transformam um território desafiador em campo de manobra. Sem essa capacidade, qualquer operação militar na Amazônia seria inviável.

Recado ao mundo

Em tempos de tensões geopolíticas crescentes, a ATLAS ganha ainda mais peso. Ao mobilizar milhares de homens e equipamentos modernos em tempo recorde, o Brasil envia uma mensagem inequívoca: está preparado para defender a Amazônia de qualquer ameaça. É um exercício militar, mas também um ato de afirmação política.

No final, a Operação ATLAS 2025 vai além do campo de batalha simulado. Ela reafirma que soberania não é um conceito abstrato, mas algo que se constrói com presença concreta, preparo e capacidade de resposta. A floresta amazônica, tantas vezes tratada como patrimônio em disputa no cenário internacional, encontra-se no centro de um esforço nacional que une logística, tecnologia e simbologia.

A mensagem é clara e direta: o Brasil está pronto para proteger seu coração verde e não medirá esforços para fazê-lo.