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Os ícones da floresta: 10 animais típicos da Amazônia

A Amazônia é um ecossistema pulsante e vibrante, onde a fauna desempenha um papel fundamental na manutenção da vida. A diversidade animal é inigualável, com espécies que se adaptaram de formas surpreendentes para habitar os rios, o dossel das árvores e o solo da floresta. Cada criatura, do predador majestoso ao mamífero aquático ameaçado, contribui para a complexa teia da vida, garantindo o equilíbrio e a saúde do ecossistema. Conhecer esses animais é entender a essência da Amazônia. Aqui estão dez espécies que são verdadeiros símbolos da floresta.

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Foto: divulgação

Boto-cor-de-rosa

Mamífero aquático mais famoso da Amazônia, o boto-cor-de-rosa habita rios e igarapés, onde desempenha um papel importante na pesca e na cultura. Associado a lendas e mitos que o descrevem como um ser que se transforma em homem para seduzir mulheres, ele tem uma grande importância cultural. Ecologicamente, ele é um predador importante que ajuda a controlar a população de peixes, garantindo a saúde do ecossistema fluvial.

Onça-pintada

A onça-pintada é o maior felino das Américas e um predador de topo de cadeia na Amazônia. Sua presença é um indicador da saúde do ecossistema, pois ela regula a população de outras espécies, como capivaras e antas. Além de seu papel vital na ecologia, a onça-pintada é um animal de grande importância cultural, presente em lendas indígenas e símbolo de força e poder.

Preguiça-de-três-dedos

Conhecida por seus hábitos lentos, a preguiça-de-três-dedos passa a maior parte do tempo pendurada em árvores, onde se alimenta de folhas e brotos. Sua lentidão, que a torna um alvo fácil, é na verdade uma adaptação para economizar energia e sobreviver com uma dieta de baixo valor calórico. Ela representa a tranquilidade da floresta e sua existência nos lembra da importância de cada criatura, mesmo as de ritmo mais calmo.

Macaco-aranha

O macaco-aranha é uma espécie ágil, conhecida por seus longos braços e cauda preênsil, que utiliza para se mover com rapidez e destreza nas copas das árvores. Esse comportamento faz dele um dispersor de sementes fundamental, ajudando na regeneração e diversidade da flora amazônica. Vive em bandos grandes e barulhentos, e sua presença é um sinal de uma floresta saudável.

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Peixe-boi-amazônico

Mamífero aquático herbívoro, o peixe-boi-amazônico é um animal pacífico que se alimenta de plantas aquáticas. Ele desempenha um papel de “jardineiro” subaquático, ajudando a manter o equilíbrio da vegetação nos rios e lagos. Infelizmente, a espécie está ameaçada de extinção devido à caça e à destruição de seu habitat, o que ressalta a urgência da conservação.

Jacaré-açu

O jacaré-açu é o maior réptil da Amazônia, podendo atingir até 5 metros de comprimento. Ele é um predador importante nos rios e igarapés, controlando a população de peixes e outros animais. Sua presença indica a riqueza do ecossistema aquático e sua habilidade de se camuflar na água e nas margens o torna um caçador silencioso e eficiente.

Ariranha

Também chamada de lontra-gigante, a ariranha é um animal social que vive em grupos familiares e se alimenta de peixes. Suas vocalizações estridentes e seu comportamento cooperativo a tornam uma das espécies mais carismáticas da Amazônia. Infelizmente, a ariranha também está ameaçada de extinção devido à perda de habitat e à caça, mas é vital para a cadeia alimentar dos rios.

Tartaruga-da-Amazônia

A tartaruga-da-Amazônia, uma das maiores de água doce do mundo, é um réptil de grande importância para as populações ribeirinhas, que a utilizam como fonte de alimento. Devido à caça excessiva e à coleta de ovos, a espécie se tornou alvo de programas de conservação que buscam proteger seus ninhos e garantir a sobrevivência das novas gerações. Ela é um símbolo da relação entre os humanos e a natureza na região.

Tamanduá-bandeira

Com sua língua longa e pegajosa, o tamanduá-bandeira é um animal especializado em se alimentar de formigas e cupins. Ele atua como um controlador natural dessas populações de insetos, prevenindo que se tornem pragas. Seu papel no ecossistema é essencial e sua aparência única, com o focinho comprido e a cauda que lembra uma bandeira, o torna uma das criaturas mais fascinantes da Amazônia.

Poraquê

O poraquê, ou peixe-elétrico, é um exemplo notável de adaptação da fauna amazônica. Capaz de emitir descargas elétricas potentes, ele utiliza essa habilidade para caçar, se defender e até se comunicar. Ele habita as águas de rios e lagos, e sua existência revela a capacidade de evolução das espécies em um ambiente tão dinâmico e diversificado.

A fauna amazônica é um tesouro que precisa ser protegido, pois cada espécie cumpre um papel vital no funcionamento da floresta. O futuro da Amazônia está intrinsecamente ligado à conservação de seus animais.

Rumo à COP30, Agropalma reforça legado de conservação da Amazônia

No Dia da Amazônia, empresa divulga resultados de programas de proteção florestal e monitoramento da biodiversidade, destacando-se como voz ativa nos debates globais sobre clima

São Paulo, setembro de 2025 – Faltando pouco mais de dois meses para a COP30 em Belém, as atenções se voltam novamente à Amazônia. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) indicam que o desmatamento na região cresceu 8,4% entre agosto de 2024 e junho de 2025, pressionado principalmente por incêndios. Esse avanço reacende os alertas sobre o risco de atingir o chamado ponto de não retorno — estágio em que a floresta perde a capacidade de se regenerar, comprometendo o equilíbrio climático global.

Nesse cenário, iniciativas empresariais consistentes, com resultados mensuráveis, ganham relevância. É o caso da Agropalma, maior produtora de óleo de palma sustentável do Brasil e referência internacional no setor. Há mais de duas décadas, a companhia investe em conservação da floresta, pesquisa científica e proteção da biodiversidade, consolidando uma estratégia que combina produção agrícola e preservação ambiental.

Produção com preservação

Localizada no Centro de Endemismo Belém (CEB), uma das áreas mais biodiversas da Amazônia, a Agropalma adota desde 2002 uma política pioneira: para cada hectare cultivado com palma, 1,6 hectare de floresta nativa é preservado. O resultado é a manutenção de 64 mil hectares de áreas protegidas, equivalentes a cerca de 60% de suas terras no Pará.

Essa proporção coloca a empresa entre as líderes globais em conservação privada dentro do setor de palma, e ajuda a formar corredores ecológicos fundamentais para espécies ameaçadas. Além disso, a própria cultura perene da palma atua como “escudo natural”, reduzindo o chamado efeito de borda, que torna florestas mais vulneráveis a incêndios, ventos e degradação.

O compromisso não é apenas institucional: anualmente, cerca de R$ 2 milhões são aplicados na proteção dessas áreas, com equipes de guardas florestais, sistemas de vigilância e políticas de mediação pacífica de conflitos.

figura-400x453 Rumo à COP30, Agropalma reforça legado de conservação da Amazônia

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Biodiversidade monitorada

A conservação ganha reforço com pesquisa. Em parceria com a Conservation International (CI), a Agropalma mantém há 18 anos um programa de monitoramento de fauna que já catalogou mais de mil espécies, incluindo animais endêmicos e ameaçados.

Entre os resultados mais expressivos:

  • Registro de cerca de 40 espécies ameaçadas, como a onça-pintada e o macaco Kaapori.
  • Identificação de mais de 400 espécies de aves, sendo 27 ameaçadas.
  • Levantamento de cerca de 60 espécies de mamíferos de médio e grande porte, 11 em risco de extinção.

O acompanhamento é feito em 18 trilhas florestais, com uso de câmeras automáticas e observação direta. Esses dados são compilados em relatórios de biodiversidade que funcionam como bioindicadores da qualidade da preservação. Hoje, segundo a empresa, as áreas estão de duas a três vezes mais protegidas do que em 2020.

Parcerias científicas

A Agropalma também apoia iniciativas externas. Um exemplo é a colaboração com o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), dentro do Programa Anta Amazônia, que investiga a ecologia da maior espécie terrestre da América do Sul. Conhecida como “jardineira das florestas”, a anta tem papel essencial na dispersão de sementes e manutenção da diversidade vegetal.

Outra parceria é com o Programa de Pesquisa em Biodiversidade da Amazônia Oriental (PPBio-AmOr), coordenado pela UFPA e pela Universidade de Bristol. Pesquisadores utilizam áreas da empresa como laboratório natural para estudar os impactos das mudanças climáticas na floresta e nas populações de fauna e flora.

“Nosso compromisso com a Amazônia não é recente nem circunstancial. Faz parte da essência do nosso modelo de negócio. A floresta em pé é a garantia da perenidade da palma e da sustentabilidade da nossa operação”, afirma Tulio Dias Brito, diretor de Sustentabilidade da Agropalma.

Floresta como oportunidade

Para a companhia, os aprendizados acumulados ao longo de mais de 20 anos indicam que conservação e desenvolvimento econômico não são forças opostas. “A floresta não é um obstáculo, mas um motor de inovação e competitividade. A bioeconomia é a chave para gerar valor compartilhado para as comunidades, para a natureza e para os mercados”, reforça Brito.

Essa visão orienta a participação da empresa nas discussões da COP30, onde pretende apresentar seus resultados e propor caminhos para uma bioeconomia amazônica baseada em ciência, inovação e responsabilidade social.

Sobre a Agropalma

Fundada em 1982 no Pará, a Agropalma é reconhecida internacionalmente por seu modelo de produção sustentável de óleo de palma. A companhia atua em toda a cadeia produtiva, desde viveiros de mudas até produtos refinados e de alto valor agregado, incluindo linhas orgânicas. Com seis indústrias extratoras, duas refinarias, terminal de exportação próprio e cerca de 5 mil colaboradores, a empresa mantém também um programa de agricultura familiar que beneficia mais de 300 produtores parceiros.

Mais informações: www.agropalma.com.br

 

Trigo que produz seu próprio fertilizante pode revolucionar a agricultura

Em um laboratório da Universidade da Califórnia em Davis, cientistas deram um passo que pode transformar a forma como a humanidade produz alimentos. O grupo coordenado pelo professor Eduardo Blumwald desenvolveu plantas de trigo capazes de estimular a produção do próprio fertilizante, reduzindo drasticamente o uso de insumos químicos e abrindo caminho para uma agricultura mais sustentável, acessível e menos poluente.

A descoberta, descrita recentemente na Plant Biotechnology Journal, representa uma resposta concreta a um dilema global: como alimentar bilhões de pessoas sem sufocar o planeta com excesso de fertilizantes nitrogenados. Em 2020, segundo a FAO, foram produzidos mais de 800 milhões de toneladas de fertilizantes. O problema é que apenas 30% a 50% do nitrogênio aplicado nas lavouras é aproveitado pelas plantas. O restante escorre para rios e lagos, alimentando marés de algas que matam peixes e sufocam ecossistemas aquáticos, ou escapa para a atmosfera na forma de óxido nitroso, um gás de efeito estufa até 300 vezes mais potente que o dióxido de carbono.

O segredo está na química do solo

O diferencial do trabalho da equipe de Blumwald foi mudar a lógica. Durante décadas, cientistas tentaram fazer com que cereais como trigo, milho e arroz desenvolvessem nódulos semelhantes aos das leguminosas, onde bactérias fixadoras de nitrogênio vivem em simbiose. Mas a tentativa sempre esbarrou em barreiras biológicas. O grupo de Davis decidiu seguir outro caminho: não importa onde as bactérias estão, contanto que o nitrogênio fixado chegue até a planta.

O desafio era proteger a enzima nitrogenase, responsável por transformar o nitrogênio do ar em amônia. Essa proteína só funciona em ambientes com pouquíssimo oxigênio, mas as raízes das plantas precisam justamente de oxigênio para crescer. A solução encontrada foi induzir as bactérias do solo a formarem biofilmes, uma espécie de película protetora que cria microambientes de baixa oxigenação. Ali, a nitrogenase pode atuar sem ser inibida, e o resultado é a produção natural de fertilizante ao alcance das raízes.

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Aqui, o arroz cresce em sua estufa no campus da UC Davis. (Trina Kleist/UC Davis)

Para induzir a formação desses biofilmes, os pesquisadores vasculharam um arsenal de 2.800 compostos naturais produzidos pelas plantas. Após anos de investigação, descobriram que a apigenina, um tipo de flavonoide, tinha a capacidade de estimular esse processo. Usando a ferramenta de edição genética CRISPR, modificaram plantas de trigo para produzir quantidades extras dessa substância. O excesso de apigenina liberado pelas raízes passou a atuar como um “sinal químico” para as bactérias, disparando a formação de biofilmes protetores e garantindo o funcionamento da nitrogenase.

Nos experimentos, os trigos modificados apresentaram maior produtividade mesmo quando cultivados em solos com pouquíssima adubação nitrogenada, provando que a estratégia funciona.

Impacto econômico e social

A inovação pode ter efeitos de grande alcance. Apenas nos Estados Unidos, agricultores gastaram quase 36 bilhões de dólares em fertilizantes em 2023, segundo o Departamento de Agricultura. Uma redução de apenas 10% nesse uso representaria uma economia superior a 1 bilhão de dólares por ano.

Nos países em desenvolvimento, o impacto pode ser ainda mais transformador. Em regiões da África, por exemplo, pequenos produtores simplesmente não utilizam fertilizantes por falta de recursos, o que limita drasticamente a produtividade. “Imagine cultivar plantas que produzem o adubo de que precisam, naturalmente. É uma mudança radical”, afirma Blumwald.

O trabalho com trigo se soma a pesquisas anteriores do grupo com arroz e abre caminho para expandir a tecnologia a outros cereais fundamentais para a segurança alimentar, como milho, sorgo e milheto. Uma patente foi solicitada pela Universidade da Califórnia, e a pesquisa conta com apoio da Bayer Crop Science, da Will Lester Foundation e da Grantham Foundation.

Se bem-sucedida em larga escala, essa biotecnologia pode redesenhar o mapa da agricultura global. De um lado, promete ganhos econômicos bilionários para produtores e redução da poluição ambiental. De outro, aponta para uma revolução silenciosa na luta contra a fome, ao oferecer uma alternativa viável de adubação natural para agricultores em condições de vulnerabilidade.

Mais do que um avanço científico, a descoberta do trigo que fabrica seu próprio fertilizante é um convite a repensar a relação entre tecnologia, natureza e segurança alimentar no século XXI.

Amazônia pode render US$ 900 bi com restauro florestal

O Brasil se aproxima de uma oportunidade histórica. A realização da COP30 em Belém, em 2025, não é apenas um evento diplomático: pode ser o marco de uma nova forma de pensar a relação entre clima e floresta. Em meio ao atraso global na redução de emissões, o restauro da Amazônia desponta como a estratégia mais viável e de maior impacto para capturar carbono em larga escala, ao mesmo tempo em que fortalece a resiliência da maior floresta tropical do planeta.

Segundo estimativas, a regeneração florestal poderia retirar 18 bilhões de toneladas de carbono da atmosfera em apenas três décadas. Se essa captura fosse remunerada a valores de mercado, o Brasil poderia receber até US$ 900 bilhões, recursos que, se bem direcionados, ajudariam a transformar a economia da região e garantir a sobrevivência da floresta.

Essa visão está sendo detalhada por um grupo de economistas de renome internacional, entre eles Juliano Assunção, professor da PUC-Rio, diretor-executivo da Climate Policy Initiative (CPI) e referência em estudos sobre o uso da terra no Brasil. Desde 2010, Assunção tem se dedicado a analisar como políticas públicas, em conjunto com mecanismos econômicos, podem reduzir o desmatamento e gerar incentivos reais para a conservação.

A trajetória de Assunção e do CPI no Brasil começou com a pergunta que mudaria o rumo do debate: o que de fato levou à queda do desmatamento na Amazônia nos anos 2000? Foram apenas as condições de mercado ou as políticas públicas tiveram papel decisivo? A resposta apontou claramente para a força regulatória do Estado. A partir daí, a agenda se ampliou para pensar o futuro das florestas não apenas como um desafio, mas como parte central da solução climática.

foto25esp-101-dani-a18-400x205 Amazônia pode render US$ 900 bi com restauro florestal
Juliano Assunção, professor do departamento de Economia da PUC-RJ Foto: Leo Pinheiro/Valor

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Floresta como ativo climático

Hoje, o Brasil detém cerca de 123 bilhões de toneladas de carbono estocadas na Amazônia, um volume comparável às emissões históricas dos Estados Unidos desde 1850. Esse estoque, no entanto, é visto mais como uma ameaça do que como uma oportunidade. O avanço do desmatamento e a degradação florestal têm colocado ecossistemas próximos a pontos de não retorno. Pesquisas de cientistas como Luciana Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), mostram que trechos da floresta já registram emissões líquidas de carbono, um sinal preocupante de perda de resiliência.

A virada de chave proposta por Assunção e seus colegas, entre eles o economista José Scheinkman, professor em Princeton e Columbia, e o Nobel Lars Hansen, da Universidade de Chicago — é enxergar a floresta como ativo climático. Restaurar áreas degradadas não apenas devolve vitalidade à biodiversidade, mas também cria um fluxo contínuo de captura de carbono, capaz de atrair investimentos globais.

A equipe de pesquisadores dividiu a Amazônia em mil áreas de estudo, simulando cenários de uso da terra. Para cada local, calcularam o potencial de captura de carbono, o valor econômico da agropecuária e os impactos de diferentes preços do carbono.

O resultado é revelador: com valores relativamente baixos, em torno de US$ 25 por tonelada de carbono, já seria possível deslocar parte da pecuária e liberar áreas para regeneração natural. Em um cenário de preços mais altos, próximos a US$ 50, o retorno financeiro poderia alcançar os US$ 900 bilhões em 30 anos.

Esse modelo combina ciência, economia e política pública em um mesmo eixo: o nexo floresta-clima. A ideia é transformar a Amazônia de ameaça em solução, reposicionando o Brasil como líder global em inovação climática.

A urgência da COP30

A mensagem que se pretende levar à COP30 é clara: floresta e clima não são agendas separadas. A regeneração natural da Amazônia já está em curso em mais de 5 milhões de hectares, mas precisa de escala e de incentivos. O desafio é construir mecanismos financeiros que premiem a captura líquida de carbono em nível jurisdicional, ou seja, em regiões específicas como assentamentos ou unidades de conservação.

Esses mecanismos, atualmente em estudo pelo CPI, poderiam gerar recursos inéditos para comunidades locais, agricultores e gestores públicos, criando um ciclo virtuoso de conservação, desenvolvimento e resiliência climática.

A Amazônia guarda em si tanto o risco de catástrofe climática quanto a chance de uma nova economia sustentável. O futuro dependerá de como o Brasil apresentará sua visão ao mundo. A COP30 será, mais do que um encontro internacional, a oportunidade de reposicionar a floresta como protagonista no combate à crise climática.

O que carvalhos de 800 anos revelam sobre o futuro das florestas

O Carvalho dos Druidas, em Buckinghamshire, já passou por oito séculos de história. Sobreviveu a secas, tempestades, ondas de calor e inúmeras transformações no entorno. Ainda em pé, com quase nove metros de altura e tronco robusto, tornou-se testemunha viva de um passado que remonta ao século XIII. Hoje, este gigante da floresta é mais do que um monumento natural: é uma pista genética para o futuro das florestas britânicas.

O cientista Ed Pyne, da Woodland Trust, coleta uma folha do velho carvalho para análises de DNA. O objetivo é compreender por que algumas árvores alcançam milênios de vida e resistem a mudanças climáticas e doenças que derrubam outras mais jovens. Sorte? Condições ideais de crescimento? Ou segredos guardados no código genético dessas árvores ancestrais?

A busca envolve também a Arboricultural Association, que vê na ciência uma forma de garantir a preservação e o manejo adequado dessas árvores. “Ao estudar o genoma dos carvalhos antigos, podemos entender como protegê-los e como usá-los para restaurar paisagens degradadas”, explica a pesquisadora Emma Gilmartin.

Os carvalhos são símbolos da paisagem britânica, presentes em parques, jardins e campos. Tornam-se oficialmente “antigos” ao ultrapassar os 400 anos, mas alguns alcançam idades próximas a 1.000 anos. O projeto prevê o estudo de cerca de 50 desses veteranos, incluindo não apenas o Carvalho dos Druidas, mas também o Crouch Oak, em Surrey. Este último, situado perto de uma rua movimentada, é conhecido como a “árvore do piquenique da Rainha Elizabeth I”, que teria se abrigado sob sua copa.

A relevância desses carvalhos vai além do valor histórico. Eles são verdadeiros refúgios de biodiversidade. Mais de 2.300 espécies dependem deles: insetos, aves, morcegos, líquens, fungos e pequenos mamíferos. Os galhos oferecem sombra e alimento, a casca abriga besouros raros e as bolotas sustentam aves e roedores durante o inverno. Algumas espécies estão diretamente ameaçadas: o besouro Moccas, por exemplo, vive hoje em apenas 14 carvalhos antigos no Moccas Park, em Herefordshire.

b49f1f90-8368-11f0-b3de-c13d348c14aa.jpg-400x225 O que carvalhos de 800 anos revelam sobre o futuro das florestas
A Dra. Emma Gilmartin diz que árvores antigas como o carvalho dos Druidas são monumentos da natureza

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Não é exagero dizer que a Grã-Bretanha é o maior reduto de carvalhos ancestrais da Europa – mais do que todos os outros países do continente juntos. E é justamente em locais como o Moccas Park National Nature Reserve que iniciativas de restauração ecológica estão florescendo. Ali, o manejo busca resgatar o antigo “wood pasture”, uma paisagem de pastagens abertas salpicadas por árvores centenárias.

O trabalho inclui a coleta de bolotas de carvalhos que sobreviveram por séculos para germinar novas árvores e replantá-las onde antes reinavam. Ao mesmo tempo, espécies exóticas como coníferas, que nunca pertenceram àquele ecossistema, vêm sendo removidas. Os resultados são notáveis: aves e morcegos retornaram, coleópteros raros proliferam e há um verdadeiro boom na diversidade de insetos. “Em apenas 16 anos de restauração, estamos vendo uma recuperação acelerada da natureza”, comemora Tom Simpson, da Natural England, agência ambiental do governo britânico.

A lição é clara: árvores antigas não podem ser substituídas. Elas carregam séculos de vida, sustentam redes complexas de espécies e funcionam como arquivos genéticos de resiliência. A ciência pode, sim, revelar segredos de sua longevidade e usá-los para enfrentar os desafios do futuro. Mas, sem proteção imediata, esses “monumentos vivos” correm o risco de desaparecer antes que possamos aprender com eles.

Saul Herbert, também da Woodland Trust, reforça a urgência: “Precisamos mapear essas árvores, envolver comunidades locais e garantir que elas sejam cuidadas. Seu valor vai além da ecologia: é histórico, cultural e espiritual”.

Enquanto o mundo discute como enfrentar as mudanças climáticas, talvez as respostas estejam silenciosamente guardadas nas raízes de árvores que já atravessaram centenas de invernos. O Carvalho dos Druidas e seus semelhantes podem não salvar o planeta sozinhos, mas carregam em seus anéis a prova de que resiliência é possível. Cabe à sociedade ouvir o que esses gigantes ainda têm a ensinar.

Amazônia importa alimentos enquanto exporta commodities

Em julho de 1980, uma reportagem da Agência Estado ecoava um alerta da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência: até 2010, a Amazônia seria apenas um deserto de areia. Quase meio século depois, a profecia não se concretizou. A floresta não virou pó, mas enfrenta uma realidade silenciosa e corrosiva: a fome, a doença e a pobreza que crescem sem a mesma visibilidade queimada e desmatamento despertam no debate público.

A Amazônia não é feita de areia, mas de carências. Sua agricultura, enfraquecida, marcada pela falta de regularização fundiária e por políticas que, em vez de fortalecer, muitas vezes criminalizam o pequeno produtor, não consegue garantir comida suficiente para a própria população. O paradoxo é cruel: enquanto o bioma é um ícone global da biodiversidade, milhões de pessoas que vivem nele não têm acesso regular a alimentos básicos.

Boa parte do que se consome no Norte brasileiro chega de longe. Caminhões vindos do Sul, Sudeste e Centro-Oeste carregam feijão, arroz, frango, ovos, frutas e laticínios para abastecer a região. Mas a falta de estradas, portos e logística encarece tudo. O resultado é um “imposto ambiental” que o povo amazônico paga em cada prato: quem tem dinheiro, gasta caro; quem não tem, come mal e passa fome.

Um estudo recente da Embrapa Territorial, em fase de conclusão, traz números contundentes sobre a insegurança alimentar. A pesquisa mapeou a produção agrícola nos municípios amazônicos, considerando dados anuais do IBGE.

No caso do arroz, entre 2021 e 2023, o Brasil produziu em média 11 milhões de toneladas, o que garante 51 quilos por habitante ao ano. Já no bioma amazônico, a produção foi de apenas 663 mil toneladas, ou 22 quilos por pessoa – menos da metade da média nacional. O Pará, anfitrião da COP30, amarga um número ainda mais baixo: 13,5 quilos por habitante ao ano, pouco mais de 1 quilo por mês.

O feijão segue a mesma lógica. Enquanto a média brasileira chega a 10 quilos por pessoa ao ano, na Amazônia não passa de 6,5 quilos – algo como uma colher de sopa por dia. No Pará, a situação é ainda mais dramática: 2,4 quilos por pessoa ao ano, o equivalente a 6 gramas por dia.

A mandioca é uma exceção parcial. O bioma responde por 34% da produção nacional, com disponibilidade de 210 quilos por pessoa ao ano. Convertida em farinha, representa cerca de 60 quilos anuais por habitante. A banana, por sua vez, aparece em volume moderado: 30 quilos por pessoa ao ano.

Mesmo assim, somando arroz, feijão, mandioca e banana, a oferta alimentar na Amazônia é de apenas 118 quilos por habitante ao ano – menos da metade do mínimo calórico considerado adequado, de 250 quilos. Ou seja: a floresta verde ainda depende da agricultura distante para sobreviver.

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Reprodução – IBGE

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A Amazônia é um cenário de contradições

A contradição se acentua ao observar o Valor da Produção Agrícola do bioma: 15% do total nacional. No entanto, 80% desse valor vem da tríade soja, milho e algodão – commodities voltadas ao mercado global, concentradas em municípios do norte do Mato Grosso. Enquanto isso, produtos que poderiam abastecer as famílias locais – arroz, feijão, frutas, mandioca – ocupam espaço reduzido e recebem pouca atenção.

A consequência é que, em estados amazônicos, a insegurança alimentar chega a 40% dos domicílios, contra uma média nacional inferior a 28%. No Amazonas, mais da metade da população enfrenta algum grau de fome. Não por acaso, as dez cidades com pior qualidade de vida no Brasil estão na Amazônia – sete delas no Pará, sede da COP30.

Os problemas não param na alimentação. A região concentra os piores índices de saneamento básico do país: 58% das cidades amazônicas estão nessa lista. Santarém lidera o ranking negativo, seguida por Belém e Ananindeua. A precariedade urbana se soma a baixos índices de renda, violência, ausência de infraestrutura e serviços de saúde insuficientes. O resultado é uma população exposta a doenças, miséria e crime organizado.

Enquanto isso, a política nacional para a Amazônia segue fragmentada. Falta um projeto estratégico de longo prazo. Falta coordenação supraministerial. Falta prioridade real. E sobra retórica ambiental usada como bandeira em conferências internacionais, financiada por fundos como o Fundo Amazônia, sem necessariamente traduzir-se em melhorias concretas para quem vive no território.

Às vésperas da COP30, é legítima a pergunta: qual espaço terá a segurança alimentar da população amazônica nos debates oficiais? Tudo indica que pouca ou nenhuma. O risco é que a floresta continue sendo apresentada ao mundo como patrimônio a ser preservado, mas sem que sua gente tenha direito a algo tão elementar quanto arroz, feijão e dignidade no prato.

Árvores da Amazônia: a vida em 10 gigantes que sustentam a floresta

A Amazônia, um dos maiores e mais vitais ecossistemas do planeta, é sustentada por uma rede complexa de vida, na qual as árvores monumentais se destacam como protagonistas. Elas não apenas formam a estrutura física da floresta, mas também desempenham papéis ecológicos cruciais, como a regulação do clima, a proteção da biodiversidade e a oferta de recursos essenciais para as comunidades locais. Cada gigante arbóreo conta uma história de resiliência e interconexão, revelando a importância de um patrimônio natural que vai muito além de sua madeira ou fruto. Conhecer a grandiosidade dessas dez espécies é entender a própria força da floresta.

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Foto: divulgação

Samaúma

Conhecida como a “mãe da floresta”, a samaúma é uma das árvores mais imponentes da Amazônia, podendo atingir impressionantes 70 metros de altura. Suas raízes tabulares, gigantescas e planas, funcionam como verdadeiros contrafortes, sustentando o tronco colossal e servindo como abrigo e habitat para diversas espécies de animais e insetos. Na cultura indígena, a samaúma é reverenciada como uma entidade sagrada, que liga o céu e a terra, simbolizando a força e a espiritualidade da floresta.

Castanheira-do-pará

De grande valor econômico e cultural, a castanheira-do-pará é uma das maiores riquezas da Amazônia. Ela fornece a castanha, um fruto rico em selênio e gorduras saudáveis, que tem um grande valor de exportação e sustenta o extrativismo tradicional. A árvore é protegida por lei e considerada um símbolo da região, pois a sua preservação é fundamental para a economia e para a cultura das comunidades que vivem em harmonia com a floresta.

Andiroba

A andiroba é um símbolo da relação entre a floresta e a saúde, conhecida por suas propriedades medicinais e por sua madeira valorizada. Da semente da andiroba é extraído um óleo de uso tradicional, empregado no combate a inflamações e como repelente natural. Sua madeira, de alta qualidade, também tem grande valor comercial, destacando a importância da gestão sustentável para equilibrar a exploração econômica e a conservação da espécie.

Seringueira

A seringueira é uma árvore histórica e simbólica, responsável pelo ciclo da borracha que marcou o desenvolvimento da região no século XIX. Sua seiva, o látex, ainda hoje é explorada de forma sustentável por povos extrativistas que vivem em seringais. A história da seringueira é um lembrete da importância da Amazônia para o mundo e dos desafios econômicos e sociais que a exploração de seus recursos trouxe.

Copaíba

Conhecida popularmente como “farmácia da floresta”, a copaíba é uma árvore que oferece um óleo medicinal com propriedades anti-inflamatórias, antibacterianas e expectorantes. O óleo é extraído de forma cuidadosa, sem prejudicar a árvore, e é utilizado há séculos na medicina tradicional para tratar uma série de problemas, de inflamações a problemas respiratórios. A copaíba representa o vasto potencial da biodiversidade amazônica para a saúde e o bem-estar.

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Mogno

O mogno é uma das madeiras mais valiosas do mundo, cobiçado por sua beleza e resistência. Infelizmente, essa mesma característica o tornou um alvo de exploração predatória por décadas, levando a espécie a um sério risco de extinção. O mogno é um símbolo dos desafios da conservação florestal na Amazônia, lembrando que a proteção das espécies é tão importante quanto o seu uso econômico.

Ipê-amarelo

Árvore de beleza inconfundível, o ipê-amarelo é famoso por suas flores exuberantes que pintam a paisagem com um amarelo intenso durante a estação seca. Além de sua valorização na paisagem urbana, a madeira do ipê é extremamente resistente e durável, o que a torna cobiçada na construção civil. É um exemplo de como uma espécie pode ser valorizada tanto por sua estética quanto por suas qualidades estruturais.

Açaizeiro

Além de ser a fonte do famoso fruto, o açaizeiro é uma árvore multifuncional, essencial para a vida ribeirinha. A palha de suas folhas é usada para cobrir casas e criar cestarias, enquanto os troncos finos e resistentes são empregados em construções tradicionais. O açaizeiro é um pilar da economia e da cultura local, demonstrando o uso integral e sustentável dos recursos da floresta pelas comunidades.

Buritizeiro

O buritizeiro é uma palmeira que fornece o buriti, um fruto nutritivo e versátil, rico em vitamina A. Sua presença em áreas de várzea e igapó é essencial para a vida de várias espécies de aves e peixes, que se alimentam de seus frutos. O buritizeiro é um exemplo de árvore que desempenha um papel fundamental no ecossistema, ligando a vida terrestre e aquática e servindo como fonte de alimento para a fauna e para o homem.

Cedro-rosa

Conhecido por sua madeira nobre, perfumada e resistente a pragas, o cedro-rosa foi muito explorado no passado. A extração descontrolada levou a espécie a um estado de vulnerabilidade, e hoje, esforços de manejo sustentável e replantio buscam preservar essa árvore para as futuras gerações. O cedro-rosa representa o desafio de recuperar ecossistemas degradados e a importância de práticas de silvicultura que protejam o patrimônio natural.

Essas árvores mostram como a floresta é sustentada por gigantes que garantem equilíbrio ecológico, alimento, renda e cultura. Proteger cada uma delas é um passo para proteger a Amazônia inteira.

Telhados verdes unem técnica e natureza em formação no Paraná

Nos dias 6 e 7 de setembro, o Ekôa Park, parque de experiências ecológicas localizado em Morretes, no litoral do Paraná, receberá arquitetos, paisagistas, profissionais da construção civil e cidadãos interessados em soluções regenerativas para um curso que vai além da técnica: será uma imersão em como repensar as cidades e os espaços de convívio por meio dos telhados verdes.

Batizado de “Telhado Verde: Soluções Baseadas na Natureza para a Transição Ecológica”, o curso combina aulas teóricas e vivências práticas, abordando desde os aspectos técnicos — como impermeabilização, drenagem e escolha adequada das espécies vegetais — até reflexões sobre os impactos sociais, econômicos e ambientais dessa prática. A experiência culmina na instalação de um modelo de telhado verde no Tekoa, o espaço de inovação do parque, permitindo que os participantes acompanhem de perto o processo e compreendam suas possibilidades de aplicação em diferentes contextos.

Mais do que um recurso arquitetônico, os telhados verdes representam uma mudança de mentalidade. Ao recobrir construções com vegetação, é possível reduzir as ilhas de calor urbano, melhorar a qualidade do ar, aumentar áreas verdes e proporcionar bem-estar físico e emocional às pessoas. Para os instrutores, trata-se de um exemplo concreto de como a arquitetura pode dialogar com os ecossistemas, integrando infraestrutura às dinâmicas da natureza.

ekoa-trilha-da-mata-morretes-400x267 Telhados verdes unem técnica e natureza em formação no Paraná
Ekoa Park – Divulgação

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O arquiteto e urbanista Ormy Hütner Júnior, um dos responsáveis pelo curso, ressalta que a técnica tem potencial para redefinir as cidades. Formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mestre em Engenharia da Construção Civil e doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Hütner desenvolve pesquisas voltadas à renaturalização das cidades e às chamadas Soluções Baseadas na Natureza. É sócio da Tellus Arquitetura Sustentável, escritório que atua com projetos de arquitetura biofílica, saudável e integrada ao meio ambiente, incorporando princípios da biologia das construções e do paisagismo ecológico.

A outra instrutora, Adriane Savi, também arquiteta e urbanista formada pela UFPR, traz sólida experiência acadêmica e profissional. Mestre em Engenharia da Construção Civil pela mesma instituição e especialista em Construções Sustentáveis pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), é coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da FAE Centro Universitário e idealizadora do Architecture Experience Program. Além disso, leciona na pós-graduação da UTFPR, no módulo dedicado justamente aos telhados verdes. Sua trajetória está profundamente ligada à difusão de práticas arquitetônicas saudáveis e ao fortalecimento da cultura da sustentabilidade no setor.

O público esperado é diverso: arquitetos e engenheiros que buscam ampliar suas competências, estudantes em formação, pesquisadores interessados em infraestrutura verde e também cidadãos que desejam se engajar em práticas ecológicas cotidianas. Essa amplitude de perfis reforça a ideia de que a transição ecológica não depende apenas de especialistas, mas exige mobilização ampla da sociedade.

O curso no Ekôa Park se insere em um movimento maior que repensa a forma como ocupamos os espaços. Na Grande Reserva Mata Atlântica, onde o parque está localizado, a conexão entre inovação e preservação se torna evidente. A iniciativa busca não apenas ensinar uma técnica construtiva, mas estimular novas formas de imaginar as cidades: menos cinzentas, mais resilientes, capazes de mitigar impactos ambientais enquanto promovem qualidade de vida.

Nesse contexto, os telhados verdes são apresentados como soluções acessíveis e replicáveis, que podem transformar edifícios residenciais, escolas, empresas e espaços públicos em áreas que respiram junto com a cidade. É a possibilidade de que cada construção seja também uma paisagem, cada telhado um pequeno fragmento de floresta urbana.

Ao oferecer esse curso, o Ekôa Park reafirma seu papel como espaço de experimentação e formação ecológica. A proposta vai além da técnica: trata-se de despertar em profissionais e cidadãos uma nova forma de se relacionar com o ambiente construído, alinhando arquitetura, natureza e bem-estar em um mesmo horizonte.

SERVIÇO:
Ekôa Park
Endereço: Estrada da Graciosa, Km 18,5 – São João da Graciosa/Morretes (PR)
E-mail: [email protected]
Horário de funcionamento: sextas, sábados, domingos e feriados, das 9h às 17h
Ingressos: R$ 100,00 (inteira) / R$ 50,00 (meia). Crianças de até três anos não pagam

Pássaros da Amazônia: conheça 10 espécies que encantam

A Amazônia é um santuário de biodiversidade, e a vida alada que habita essa imensa floresta tropical é uma de suas maiores manifestações de exuberância. Com uma variedade de aves que chega a milhares de espécies, a região se consolida como um paraíso para a ornitologia e o ecoturismo.

tucano-floresta-amazonica-400x267 Pássaros da Amazônia: conheça 10 espécies que encantam
Foto: reprodução

Mais do que meros adornos da paisagem, os pássaros amazônicos desempenham papéis ecológicos vitais, como a dispersão de sementes e o controle de pragas, além de possuírem um profundo significado cultural para os povos que compartilham seu habitat. Conhecer a diversidade dessas criaturas é mergulhar na essência da Amazônia. Aqui estão dez exemplos que ilustram essa riqueza e a importância de sua conservação.

Arara-vermelha

Com sua plumagem vibrante em tons de vermelho, amarelo e azul, a arara-vermelha é uma das aves mais emblemáticas da Amazônia. Vive em bandos grandes e barulhentos, ocupando as copas das árvores e as margens dos rios. Sua dieta é baseada em frutas, sementes e nozes, e ao se alimentar, ela desempenha um papel fundamental na dispersão de sementes, contribuindo diretamente para a regeneração e a saúde da floresta.

Tucano-toco

Reconhecido mundialmente pelo enorme e vistoso bico alaranjado, o tucano-toco é um dos símbolos da fauna brasileira. Apesar da aparência pesada, seu bico é leve e poroso, utilizado para regular a temperatura corporal e para alcançar frutas em galhos finos. Além das frutas, o tucano se alimenta de insetos e pequenos animais, ajudando no equilíbrio da cadeia alimentar e na dispersão de sementes.

Uirapuru

Pequeno e discreto em sua aparência, o uirapuru é famoso por seu canto incrivelmente melodioso, considerado um dos mais belos do mundo. Na cultura amazônica, ele é reverenciado e presente em diversas lendas e mitos que o associam à felicidade e ao amor. Sua presença na floresta é um sinal de vida e harmonia, e o privilégio de ouvir seu canto é uma experiência inesquecível para qualquer visitante.

Galo-da-serra

De plumagem laranja intensa, o galo-da-serra é uma espécie que se destaca pela beleza singular. Habita áreas rochosas, frequentemente próximas a cachoeiras e rios de corredeiras. Sua beleza o torna um alvo de interesse para turistas e pesquisadores, contribuindo para o ecoturismo e a valorização do habitat natural. Seu comportamento de exibição durante o acasalamento é um espetáculo à parte.

Harpia

Uma das maiores e mais poderosas aves de rapina do mundo, a Harpia, também conhecida como gavião-real, é um predador de topo de cadeia. Capaz de caçar animais como macacos e preguiças, a Harpia é considerada um símbolo de força e de equilíbrio ecológico. A sua existência indica a boa saúde de um ecossistema, pois ela depende de uma floresta conservada com abundância de presas para sobreviver.

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Coruja-da-mata

Noturna e silenciosa, a coruja-da-mata desempenha uma função importante no controle de roedores e outras pequenas pragas que podem prejudicar a vegetação e a agricultura local. Seu voo furtivo e sua capacidade de caçar no escuro a tornam uma predadora eficiente. Sua presença é fundamental para o equilíbrio ecológico, mostrando a interconexão de todas as espécies na floresta.

Anu-preto

Comum em áreas abertas, pastagens e margens de rios, o anu-preto é reconhecido pelo seu canto característico e pelo comportamento gregário, vivendo e caçando em bandos. Alimenta-se principalmente de insetos e pequenos animais, ajudando no controle de populações de pragas agrícolas. Sua adaptabilidade a ambientes alterados o torna um pássaro frequentemente avistado em áreas de transição entre a floresta e o ambiente humano.

Japiim

Conhecido pela habilidade em imitar sons de outras aves e até de animais, o japiim é um pássaro de canto variado e complexo. Vive em bandos e tem um comportamento social peculiar: constrói ninhos coletivos, longas estruturas penduradas em árvores que abrigam diversas famílias. Essa característica o torna um dos mais interessantes pássaros da Amazônia para observação de comportamento social.

Socó-boi

Ave aquática que caça peixes, anfíbios e pequenos répteis nas margens de rios e igarapés. Sua plumagem camuflada em tons de marrom e preto facilita a caçada, permitindo que se misture com a vegetação. O socó-boi é um bioindicador da saúde dos ecossistemas aquáticos, pois sua presença sugere águas limpas e ecossistemas ricos em vida.

Guaruba

De plumagem amarela intensa com detalhes verdes nas pontas das asas, a guaruba, ou ararajuba, é uma das aves mais raras e belas da Amazônia. Infelizmente, está ameaçada de extinção devido à perda de habitat e ao tráfico ilegal de animais. Sua conservação é crucial para manter a diversidade genética da floresta e um lembrete da urgência em proteger o meio ambiente.

As aves amazônicas mostram a exuberância da vida na floresta. Sua conservação é essencial não apenas para a biodiversidade, mas também para a cultura e identidade da região.

 

 

Riqueza da Amazônia: a explosão de sabores em 10 frutas

A Amazônia, com sua imensidão e biodiversidade, é um verdadeiro santuário de riquezas naturais, muitas delas ainda pouco conhecidas fora de suas fronteiras. Entre as joias que essa floresta guarda, os frutos se destacam como símbolos da abundância e da cultura das populações locais. Eles não apenas compõem a dieta diária de comunidades ribeirinhas e indígenas, mas também carregam histórias, tradições e um potencial econômico crescente que começa a conquistar mercados globais. Conheça dez exemplos que ilustram a diversidade e o valor inestimável dos frutos amazônicos.

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Foto: divulgação

Açaí

Talvez o fruto amazônico mais famoso, o açaí é um pilar econômico e cultural, fundamental para o sustento de inúmeras famílias na região. Consumido na forma de polpa, suco ou, de maneira tradicional, com farinha de mandioca e até peixe, ele é uma poderosa fonte de energia, ideal para quem vive o ritmo intenso da floresta. Sua popularidade transcendeu o consumo local, tornando-se uma febre global de saúde e bem-estar, graças às suas propriedades antioxidantes e alto teor de fibras.

Cupuaçu

Conhecido como parente do cacau, o cupuaçu se destaca por sua polpa, de sabor único e marcante, que é a base para doces, sucos e o chamado “chocolate branco amazônico”, uma alternativa vegana e igualmente deliciosa. Mas o cupuaçu não se restringe à culinária. A manteiga extraída de sua semente é um valioso insumo para a indústria cosmética, sendo empregada em produtos para hidratação da pele e dos cabelos.

Bacaba

Semelhante ao açaí em sua forma de consumo, a bacaba dá origem a uma bebida típica chamada “vinho de bacaba”. Ela se diferencia por sua textura e sabor, sendo uma fonte rica em gorduras saudáveis e vitaminas, que a tornam um alimento nutritivo e reconfortante, parte essencial da culinária do interior da Amazônia. É um fruto menos conhecido, mas com grande importância para as comunidades locais.

Buriti

Apelidado de “árvore da vida”, o buriti produz frutos ricos em vitamina A e betacaroteno. Sua polpa, de cor alaranjada, é usada em doces, sorvetes e cremes, enquanto o óleo extraído é altamente valorizado na indústria de cosméticos, por suas propriedades emolientes e restauradoras. O buriti é um exemplo da riqueza da floresta que se estende da alimentação à medicina natural.

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Castanha-do-pará

Também chamada de castanha-do-brasil, é uma das maiores riquezas da Amazônia. Fonte de selênio, proteínas e gorduras boas, essa castanha é um superalimento com grande valor de exportação e uma importância cultural imensa para as comunidades extrativistas. A castanheira é uma árvore imponente e sua coleta é um trabalho tradicional que sustenta muitas famílias.

Pupunha

Fruto do pupunheiro, a pupunha é cozida e consumida com manteiga ou sal. É uma fonte vital de carboidratos e vitaminas para a população local, fazendo parte da base alimentar em muitas regiões amazônicas. Com um sabor que lembra um pouco o de milho, a pupunha é um alimento versátil e saboroso, consumido em diferentes preparos.

Murici

Pequeno e de sabor ácido, o murici é transformado em sucos, geleias e molhos, sendo muito apreciado na culinária regional. Por conter propriedades antioxidantes e medicinais, o murici tem seu lugar garantido na cultura alimentar local. Sua acidez refrescante o torna ideal para bebidas e sorvetes.

Taperebá

Também conhecido como cajá, o taperebá se destaca pelo sabor agridoce e aroma agradável, ideal para a preparação de sucos refrescantes e doces. Sua grande aceitação fora da Amazônia o coloca como uma promessa de expansão para mercados mais amplos, sendo um dos frutos com maior potencial de popularização.

Jenipapo

O jenipapo é um fruto que vai além da culinária. Seu uso é tradicional na medicina popular, sendo a polpa empregada no tratamento de anemia e problemas respiratórios. A fruta, que também pode ser transformada em licores e doces, tem uma peculiaridade: a seiva de sua casca é utilizada por povos indígenas para a pintura corporal.

Camu-camu

Pequeno, de casca avermelhada, o camu-camu é um dos frutos mais ricos em vitamina C do planeta, superando até a laranja e o limão. Sua alta concentração de nutrientes o torna um ingrediente valioso para a indústria de suplementos e cosméticos, e é um símbolo do potencial nutritivo e medicinal da biodiversidade amazônica.

A riqueza dos frutos da Amazônia não se resume a uma lista de dez espécies. Eles são a representação viva da importância da floresta como um patrimônio cultural, econômico e, acima de tudo, biológico.

 

Cooperação Brasil–FAO fortalece diálogo sobre Amazônia sustentável

Entre os dias 2 e 4 de setembro, Manaus se transforma no palco de um dos encontros mais relevantes sobre o futuro da Amazônia e o papel da região no equilíbrio ambiental e alimentar do planeta. A Semana da Amazônia: Desenvolvimento Rural Sustentável e Sistemas Agroalimentares reunirá representantes de governos latino-americanos e caribenhos, organismos internacionais, pesquisadores, lideranças indígenas e movimentos sociais para discutir como conciliar produção agrícola, segurança alimentar e preservação dos territórios.

O evento, que acontece no Novotel Manaus, é resultado de uma articulação entre o Governo do Brasil e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), no âmbito do Programa de Cooperação Internacional Brasil–FAO, parceria que desde 2008 conecta políticas públicas brasileiras a experiências de outros países da América Latina e do Caribe. A iniciativa conta ainda com a participação da Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e da Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar do Mercosul (REAF MERCOSUL).

A programação prevê debates de alto nível sobre temas que vêm ganhando força em todo o mundo: a agricultura familiar como base estratégica para garantir a segurança alimentar; a governança responsável da terra, essencial para enfrentar conflitos fundiários e assegurar direitos coletivos; e a bioeconomia amazônica, entendida como um caminho para valorizar a floresta em pé por meio da inovação e de cadeias produtivas sustentáveis. Também serão discutidos os sistemas agroalimentares urbanos e o papel da cooperação Sul-Sul diante das emergências climáticas e sociais da região.

Entre os espaços de diálogo, destacam-se a reunião da REAF/MERCOSUL, o encontro de ministros e altas autoridades do Mercosul e dos países amazônicos, o painel Habitar a Amazônia, Alimentar o Futuro e o III Diálogo Técnico Regional sobre Bioeconomia Amazônica e Transformação Rural Inclusiva. A expectativa é que esses encontros resultem em propostas práticas e em compromissos políticos capazes de fortalecer políticas públicas inclusivas e investimentos diferenciados.

image004-400x191 Cooperação Brasil–FAO fortalece diálogo sobre Amazônia sustentável

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O que se espera é um futuro sustentável

O encontro dialoga diretamente com compromissos já firmados na Declaração de Belém (2023), na V Reunião de Presidentes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) em 2025 e nas negociações globais que antecedem a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será realizada em novembro no Brasil. A realização da Semana da Amazônia em Manaus se soma a esse calendário estratégico como um espaço de preparação política e técnica para que a região chegue à COP com propostas concretas e voz ativa.

A dimensão internacional da iniciativa está diretamente ligada ao histórico de cooperação entre o Brasil e a FAO. Desde 2008, essa parceria vem promovendo projetos que unem combate à fome, redução da pobreza e incentivo à agricultura sustentável. A partir de experiências bem-sucedidas no país — como programas de compras públicas de alimentos da agricultura familiar, políticas de reforma agrária e iniciativas de segurança alimentar — foi possível apoiar dezenas de países latino-americanos e caribenhos na construção de suas próprias soluções.

A Semana da Amazônia, portanto, não é apenas um encontro diplomático. É também um espaço de articulação de saberes: da ciência à experiência ancestral dos povos da floresta, das decisões de governo às práticas de comunidades locais. Em um momento em que o planeta enfrenta crises climáticas cada vez mais intensas e que a Amazônia volta ao centro do debate internacional, o evento busca reposicionar a região não como fronteira de exploração, mas como território de inovação, justiça social e alternativas de futuro.

Se bem-sucedida, a iniciativa poderá pavimentar uma agenda capaz de unir conservação ambiental, soberania alimentar e inclusão social, transformando a Amazônia em referência mundial de desenvolvimento sustentável.

Veja aqui o programa na íntegra: https://openknowledge.fao.org/server/api/core/bitstreams/e3b46f3f-3584-4792-aed2-da6862bd89fb/content

Serviço

  • 2 a 4 de setembro de 2025
  • Novotel Manaus: Av. Mandii, 4 – Distrito Industrial I, Manaus – Brasil

Ave-do-paraíso: Como estimular flores únicas em 3 semanas

A ave-do-paraíso é uma das plantas mais exuberantes que se pode ter em casa ou no jardim. Suas flores, que lembram pássaros coloridos em pleno voo, são símbolo de exotismo e beleza tropical. No entanto, cultivar essa espécie até a floração exige mais do que água e sol: é preciso conhecer alguns segredos que ativam seu ciclo reprodutivo. Muitos cultivadores se frustram porque a planta cresce bem, mas demora meses ou até anos para florescer. A boa notícia é que, com alguns cuidados específicos, é possível estimular flores únicas e intensas em apenas três semanas.

Entenda o ciclo da ave-do-paraíso

A ave-do-paraíso (Strelitzia reginae) é originária da África do Sul e acostumada a climas quentes e ensolarados. Sua floração geralmente ocorre entre primavera e verão, quando há mais horas de luz solar disponíveis. Essa planta precisa acumular energia durante meses para liberar flores de impacto, e é justamente aí que muitos erram: tentam acelerar o processo sem respeitar seu ciclo.
Para estimular a floração em pouco tempo, o primeiro passo é criar condições semelhantes às do habitat natural da planta. Isso envolve luz abundante, substrato rico e um regime de regas e adubação bem planejados.

Luz solar direta é indispensável

Um dos fatores mais determinantes para a ave-do-paraíso florescer é a luz. Diferente de muitas plantas ornamentais que preferem meia-sombra, essa espécie precisa de sol pleno para produzir flores. Quando cultivada em varandas ou quintais, deve receber pelo menos cinco horas de sol direto por dia.
Se a planta estiver em ambiente interno, aproxime-a de janelas voltadas para o norte ou leste. Em casos de pouca luminosidade, o uso de lâmpadas de crescimento pode ajudar a simular o efeito da luz solar. Sem esse estímulo, dificilmente a planta entra em fase reprodutiva.

Rega moderada e bem planejada

Outro ponto essencial é o manejo da água. A ave-do-paraíso não tolera solos encharcados, pois isso provoca apodrecimento das raízes. Por outro lado, a falta de água causa estresse hídrico, que também impede a floração.
O equilíbrio ideal é manter o solo levemente úmido, regando apenas quando os dois primeiros centímetros estiverem secos. Durante o verão, isso pode significar regas a cada dois dias, enquanto no inverno a frequência deve ser reduzida. Essa constância cria um ambiente estável para o desenvolvimento de botões florais.

Adubação focada em fósforo e potássio

Se há um segredo para acelerar a floração da ave-do-paraíso, ele está na adubação. Enquanto o nitrogênio é importante para as folhas, fósforo e potássio são os responsáveis por estimular o surgimento de flores.
Aplicar adubos líquidos ricos nesses nutrientes, a cada 15 dias, é uma estratégia eficaz. Uma mistura de farinha de ossos e torta de mamona também funciona bem como alternativa natural. O importante é garantir que a planta tenha energia direcionada para o florescimento, e não apenas para a produção de folhas.

Técnica da poda estratégica

Pouca gente sabe, mas a poda correta é uma grande aliada no estímulo da floração. Retirar folhas secas e hastes velhas direciona a energia da planta para os brotos novos, que são os mais propensos a gerar flores.
A poda deve ser feita com tesoura esterilizada, sempre rente à base da folha. Esse processo não só melhora a circulação de ar ao redor da planta, como também ajuda a reduzir o risco de pragas e doenças que podem enfraquecê-la.

A importância do vaso e do espaço para as raízes

A ave-do-paraíso precisa de espaço para se desenvolver. Vasos muito pequenos comprimem as raízes e limitam o crescimento, prejudicando a produção de flores. O ideal é usar recipientes grandes, com pelo menos 40 cm de profundidade, permitindo que a planta cresça com vigor.
Se a planta estiver no mesmo vaso há anos, pode ser necessário replantar em um recipiente maior. Esse simples cuidado pode ser o empurrão que faltava para que ela libere flores de forma abundante.

Como obter flores em 3 semanas

Combinando luz solar direta, rega equilibrada, adubação rica em fósforo e potássio e poda estratégica, a ave-do-paraíso pode ser estimulada a florescer em apenas três semanas. O segredo está em alinhar todos esses fatores ao mesmo tempo, criando condições ideais para que a planta entenda que é hora de reproduzir.
Esse processo exige dedicação e observação diária, mas o resultado compensa: flores exóticas que transformam o ambiente e se destacam em qualquer arranjo ou jardim.

Uma experiência de paciência recompensada

Cultivar ave-do-paraíso é mais do que cuidar de uma planta. É um exercício de paciência e atenção aos detalhes. Cada rega, poda e adubação representa um gesto de cuidado que, somado, resulta em uma explosão de cor e vida. Ver a primeira flor se abrir é uma experiência recompensadora, que conecta o cultivador ao ritmo da natureza.
Seguindo esses passos, a promessa de flores únicas em três semanas deixa de ser mito e se torna uma realidade possível. É a prova de que, quando oferecemos o que a planta precisa, ela responde com generosidade e beleza.

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Vozes paralelas da COP30 transformam Belém em arena climática

Enquanto a cidade de Belém se prepara para sediar a COP30, a engrenagem oficial da conferência do clima avança com a montagem de estruturas e definição de protocolos diplomáticos. Mas, nas margens desse processo, outros movimentos estão ganhando corpo e disputando espaço na narrativa: os encontros paralelos organizados por comunidades tradicionais, juventudes, coletivos periféricos e movimentos sociais que buscam garantir que vozes populares não fiquem de fora do debate climático.

Um dos eixos mais emblemáticos dessa mobilização é a Cúpula dos Povos, que acontecerá entre os dias 12 e 16 de novembro na Universidade Federal do Pará (UFPA). O evento deve reunir mais de 15 mil participantes vindos de diferentes países e territórios do Brasil. A programação será marcada por atos políticos, rodas de conversa, aulas públicas e encontros internacionais, compondo uma agenda que vai muito além da denúncia: será também um espaço de construção de alternativas, fortalecimento de redes e intercâmbio de estratégias de resistência frente à crise climática.

Se a Cúpula busca ser um grande fórum plural, outros movimentos locais também estão pavimentando caminhos próprios. Nas periferias de Belém, iniciativas comunitárias têm dado forma ao chamado COP das Baixadas, um processo que amplia as Yellow Zones:  espaços de diálogo climático instalados dentro das comunidades. Hoje já existem quatro zonas ativas na região metropolitana, e a meta é chegar a 12 até novembro. Esses territórios funcionam como laboratórios vivos de participação popular, aproximando a discussão climática do cotidiano das famílias que convivem com alagamentos, falta de saneamento, insegurança alimentar e outros impactos diretos da desigualdade socioambiental.

Parte da Conferência da Juventude do Clima (COY), que traz jovens de todo o mundo para discutir o futuro do planeta, também deve se integrar a esses espaços. A presença da juventude amplia a potência desses encontros, trazendo energia criativa e novas perspectivas para o enfrentamento da crise climática, além de conectar experiências internacionais com a realidade local das periferias amazônicas.

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Vista aérea dos painéis solares no Parque da Cidade, em Belém (PA) que sediará a Cúpula do CLima em novembro. — Foto: Anderson Coelho/AFP

No entanto, nem todos os espaços se apresentam com a mesma abertura. A chamada Green Zone, área oficial destinada à sociedade civil dentro da COP, tem sido alvo de críticas. Anunciada inicialmente como um ambiente democrático e acessível, a iniciativa esbarra em custos considerados proibitivos por diversos movimentos. Para expor no espaço, o valor dos estandes ultrapassa os R$ 6 mil, chegando a equivaler a US$ 1.500 por metro quadrado. Esse modelo acaba restringindo a participação de organizações de menor porte ou sem financiamento robusto, justamente aquelas que muitas vezes estão mais próximas das populações impactadas pelas mudanças climáticas.

O prazo para que entidades interessadas solicitem pavilhões encerra em 31 de agosto, primeira etapa do processo de seleção. Enquanto isso, indígenas, quilombolas e comunidades periféricas relatam dificuldades de acesso e baixa representatividade dentro da estrutura oficial. Esse cenário reforça a importância das mobilizações paralelas, que se tornam alternativas viáveis para garantir visibilidade às vozes historicamente marginalizadas.

Entre as articulações mais expressivas está a da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), que projeta levar cerca de 10 mil indígenas à Cúpula dos Povos. A mobilização integra um esforço ainda maior, que pode reunir até 30 mil pessoas em Belém durante o período da conferência. Para os povos originários, não se trata apenas de reivindicar um lugar na mesa de negociação, mas de reafirmar que a proteção da Amazônia está intrinsecamente ligada à garantia de seus direitos territoriais e culturais.

No mosaico que se desenha para novembro, a COP30 oficial e os eventos paralelos não são instâncias isoladas, mas campos de disputa simbólica e política. De um lado, a diplomacia internacional avança em negociações complexas, muitas vezes distantes da vida cotidiana. De outro, movimentos sociais, juventudes e comunidades amazônicas afirmam sua centralidade no debate climático, lembrando que as soluções não podem ser construídas sem a participação de quem já convive diariamente com os impactos da crise.

Belém, nesse sentido, se prepara para ser palco não apenas de uma conferência global, mas de múltiplas conferências simultâneas, com diferentes linguagens e protagonismos. Se a COP das Nações Unidas busca consensos entre Estados, a Cúpula dos Povos e os encontros comunitários insistem em lembrar que a justiça climática passa pelo reconhecimento da diversidade de vozes e pela valorização dos saberes que nascem nos territórios.

Os pequenos gigantes da floresta: 10 insetos que mantêm a Amazônia viva

A Amazônia é um universo de biodiversidade, e a vida que a sustenta muitas vezes passa despercebida. Entre as folhas, nos troncos das árvores e no solo, milhões de espécies de insetos desempenham papéis vitais que garantem o equilíbrio e a sobrevivência do ecossistema. Esses pequenos seres são, na verdade, gigantes em sua importância, atuando na polinização, na decomposição, no controle de pragas e na manutenção da complexa teia da vida. Sem eles, a floresta não existiria da forma como a conhecemos. Conheça dez insetos emblemáticos que ilustram essa fundamental contribuição.

 

Mariposa Atlas

A mariposa Atlas é uma das maiores do mundo, com asas que podem atingir até 30 centímetros. Sua beleza e tamanho impressionam, mas sua função ecológica é ainda mais notável. Ao longo de seu ciclo de vida, ela contribui para a polinização de plantas e, como lagarta, serve de alimento para aves e outros predadores. Sua existência é um elo importante na cadeia alimentar, mostrando como até os seres mais delicados têm um papel a cumprir na floresta.

Formiga-cortadeira

As formigas-cortadeiras são famosas por seu trabalho incansável. Elas cortam folhas e as transportam em longas filas para seus formigueiros, que podem ser gigantes. No entanto, elas não comem as folhas; em vez disso, as utilizam para cultivar um fungo que serve de alimento para a colônia. Esse comportamento peculiar as torna jardineiras da floresta, desempenhando um papel crucial na reciclagem de matéria orgânica, arejamento do solo e fertilidade, contribuindo para a saúde de toda a vegetação.

Besouro-rinoceronte

Conhecido por sua força impressionante, o besouro-rinoceronte é um dos insetos mais fortes do mundo em proporção ao seu tamanho, capaz de carregar pesos que chegam a ser 850 vezes maiores que o seu próprio peso. Ele se alimenta de matéria orgânica em decomposição, como troncos e folhas mortas, ajudando a reciclar os nutrientes e devolvê-los ao solo. Sua presença é um sinal de que o ciclo de vida na floresta está em pleno funcionamento.

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Abelhas nativas

A Amazônia é lar de inúmeras espécies de abelhas nativas, muitas delas sem ferrão, como a abelha jataí. Elas são essenciais para a polinização de milhares de plantas da floresta, incluindo as que produzem frutos e sementes que servem de alimento para a fauna e para as comunidades locais. Além de seu mel e cera, essas abelhas garantem a reprodução e a diversidade vegetal, que é a base de todo o ecossistema.

Louva-a-deus amazônico

Com sua camuflagem eficiente e movimentos precisos, o louva-a-deus é um predador voraz que se destaca no controle biológico de pragas. Ele se alimenta de outros insetos, contribuindo para o equilíbrio populacional e prevenindo surtos que poderiam prejudicar as plantas e os ecossistemas. Sua forma e comportamento únicos o tornam um dos mais fascinantes caçadores da floresta.

Borboleta Morpho

Conhecida por suas asas de um azul metálico intenso, a borboleta Morpho é uma das espécies mais icônicas da Amazônia. Ela é um indicador ambiental da saúde do ecossistema, pois só vive em florestas bem conservadas. Além de sua beleza, a borboleta é uma polinizadora de flores e, como lagarta, serve de alimento para outros animais, fortalecendo a cadeia alimentar e reforçando a beleza da natureza.

Mosquito da febre amarela

Embora o mosquito seja conhecido por ser um vetor de doenças perigosas como a febre amarela, ele também tem um papel ecológico na floresta. Em seu habitat natural, ele serve de alimento para aves, anfíbios e outros insetos, participando ativamente da cadeia alimentar. O estudo desses insetos é fundamental para a ciência e para a prevenção de doenças que afetam comunidades locais.

Cigarra amazônica

maxresdefault-400x225 Os pequenos gigantes da floresta: 10 insetos que mantêm a Amazônia viva
Foto: divulgação

Com seu canto característico, que pode ser ouvido a longas distâncias, a cigarra amazônica alerta sobre os ciclos naturais da floresta, como as mudanças climáticas e o tempo de chuva. Como parte da rede alimentar, ela serve de alimento para aves e pequenos mamíferos. Sua presença em grandes grupos é um evento natural que reflete a vitalidade do ecossistema.

Besouro-pedra

O besouro-pedra, um tipo de besouro rola-bosta, desempenha um papel crucial como decompositor. Ele recicla fezes de outros animais e matéria orgânica, enterrando-as no solo e ajudando a fertilizá-lo. Ao fazer isso, o besouro-pedra contribui para o crescimento de plantas e para a manutenção de um solo saudável, essencial para toda a vida na floresta.

Marimbondo-do-buriti

O marimbondo-do-buriti, um tipo de vespa social, constrói seus ninhos nas palmeiras de buriti e atua como um predador de outros insetos, contribuindo para a regulação biológica do ambiente. Ele é um controlador natural de pragas, e sua presença é vital para manter o equilíbrio ecológico. Além disso, seu comportamento social e a complexidade de seus ninhos são objeto de estudo.

Pequenos gigantes da floresta

Os insetos amazônicos, apesar do tamanho reduzido, são gigantes em importância. Polinizam plantas, mantêm o solo fértil, controlam pragas e fornecem alimento para diversas espécies. Sem eles, a floresta perderia sua capacidade de regeneração e equilíbrio. Além de sua função ecológica, muitos insetos amazônicos inspiram a ciência e a tecnologia.

Estudos sobre suas asas, padrões de camuflagem e comportamentos sociais contribuem para avanços em biomimética, agricultura e farmacologia. Proteger a Amazônia é proteger não apenas árvores e animais grandes, mas também os insetos, que são fundamentais para o funcionamento de todo o ecossistema. A biodiversidade de pequenos seres revela a complexidade e a interdependência da vida na maior floresta tropical do planeta.

 

 

 

Bulldog Francês: 7 sinais de problemas respiratórios sérios

Quem convive com um Bulldog Francês sabe como esse cãozinho é carismático, companheiro e cheio de energia. Mas também aprende rápido que a raça exige cuidados especiais com a respiração. Por serem braquicefálicos — ou seja, terem o focinho achatado —, esses cães estão mais propensos a dificuldades respiratórias que podem comprometer seu bem-estar. Identificar os sinais cedo faz toda a diferença para garantir qualidade de vida e evitar complicações.

Respiração ruidosa constante

O ronco e o resfolegar são características marcantes do Bulldog Francês. Porém, quando os barulhos se tornam muito frequentes, mesmo em repouso, pode ser um alerta. A respiração ruidosa excessiva pode indicar estreitamento das vias aéreas ou colapso parcial da traqueia, situações que exigem acompanhamento veterinário.

Fadiga em passeios curtos

Um Bulldog Francês saudável adora caminhadas tranquilas. Se o seu cãozinho demonstra cansaço logo nos primeiros minutos, parando com frequência para descansar, é sinal de que a oxigenação pode não estar adequada. Essa fadiga precoce geralmente é causada pela dificuldade em puxar ar suficiente, especialmente em dias quentes.

Língua ou gengivas azuladas

Um dos sinais mais preocupantes de problemas respiratórios é quando a língua ou as gengivas apresentam coloração azulada ou arroxeada. Isso indica falta de oxigênio no sangue e requer atendimento imediato. Mesmo que ocorra por poucos minutos, é fundamental levar o Bulldog Francês ao veterinário para avaliação.

Intolerância ao calor

O Bulldog Francês tem mais dificuldade em regular a temperatura corporal devido à sua anatomia. Se o cão apresenta respiração ofegante intensa, salivação excessiva e apatia em ambientes quentes, é sinal de alerta. O superaquecimento pode desencadear crises respiratórias graves e até colocar a vida do animal em risco.

Engasgos e tosse frequentes

É comum que Bulldogs apresentem episódios de engasgos ocasionais. Mas quando eles se tornam constantes, acompanhados de tosse, podem indicar obstrução parcial das vias aéreas. Essa condição pode evoluir para o chamado colapso de laringe, exigindo acompanhamento especializado.

Dificuldade para dormir

O sono agitado, com pausas na respiração ou roncos muito fortes, pode revelar um quadro semelhante à apneia do sono em humanos. Bulldogs com esse sintoma não descansam adequadamente e podem se mostrar mais cansados durante o dia. Esse distúrbio afeta diretamente a saúde geral e precisa ser investigado.

Crises de respiração após exercícios

Outro sinal claro de problemas é quando o Bulldog Francês apresenta crises respiratórias após atividades físicas leves, como brincar dentro de casa. Nessas situações, o cão pode abrir bem a boca, tentar puxar ar em movimentos bruscos e até deitar no chão em busca de alívio. Esses episódios nunca devem ser considerados normais.

Como agir diante desses sinais

Se o seu Bulldog apresenta um ou mais desses sintomas, o primeiro passo é procurar um veterinário, preferencialmente especialista em raças braquicefálicas. Exames como raio-X e endoscopia ajudam a identificar estreitamentos nas vias aéreas e avaliar a gravidade. Em alguns casos, pode ser necessário recorrer a cirurgias corretivas para melhorar a respiração.

Além disso, alguns cuidados simples ajudam a reduzir os riscos: evitar passeios em horários de calor intenso, oferecer sempre água fresca, manter o peso sob controle e proporcionar ambientes bem ventilados. Pequenas mudanças no dia a dia podem ter grande impacto na saúde do Bulldog Francês.

Um olhar atento faz a diferença

O Bulldog Francês é um companheiro leal e divertido, mas sua saúde exige atenção redobrada. Reconhecer os sinais de problemas respiratórios precocemente é uma forma de cuidar com responsabilidade e amor. Com acompanhamento veterinário e prevenção, seu cão pode ter uma vida longa, alegre e cheia de energia, sem que as limitações respiratórias atrapalhem a convivência.

Respiração barulhenta além do normal

O Bulldog Francês é conhecido pelos roncos e resfolegares típicos da raça, mas quando esses sons se tornam excessivos mesmo em repouso, é hora de acender o sinal de alerta. Esse tipo de respiração pode indicar estreitamento das vias aéreas, exigindo acompanhamento de um veterinário especializado.

Cansaço em atividades leves

Se o seu Bulldog Francês demonstra fadiga logo no início de passeios curtos ou brincadeiras simples, pode estar enfrentando dificuldades respiratórias. Essa limitação acontece porque a entrada de ar não é suficiente, principalmente em dias quentes, tornando essencial reduzir o esforço físico.

Alteração na cor da língua e gengivas

Um dos sinais mais graves de que o Bulldog Francês está com problemas respiratórios é a língua ou as gengivas ficarem azuladas ou arroxeadas. Isso significa falta de oxigenação no sangue e requer atendimento veterinário imediato, já que a situação pode evoluir rapidamente.

Problemas para dormir tranquilamente

Bulldogs que roncam de forma muito intensa, apresentam pausas na respiração ou demonstram inquietação durante o sono podem estar sofrendo de distúrbios semelhantes à apneia. Isso compromete o descanso, causa cansaço no dia seguinte e deve ser investigado para evitar complicações.

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Altamira sedia encontro de sustentabilidade amazônica

No ano em que o mundo volta seus olhos para a COP-30, com sede na Amazônia, o município de Altamira se posiciona no epicentro de um debate essencial para o futuro da região. Conhecida por sua história de expansão e por ser o maior município do Brasil em extensão territorial, Altamira é um microcosmo dos desafios e das oportunidades que a Amazônia enfrenta. É nesse cenário que o município sedia o I Encontro Altamira Verde e Sustentável – Cidade Viva e Territórios Conectados, o maior evento climático do interior do Pará, entre os dias 17 e 19 de setembro. A iniciativa é um marco na busca por soluções que possam conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental.

O Encontro, com o tema “Do Urbano ao Rural: Reflorestamento, Justiça Climática e o Futuro das Cidades Amazônicas”, reúne um público diverso de especialistas, gestores públicos, comunidades tradicionais, pesquisadores e a sociedade civil em um espaço de diálogo e construção coletiva. A escolha do tema reflete a realidade da região Xingu, onde a fronteira entre a cidade e a floresta é permeável e complexa.

A programação foi cuidadosamente elaborada para abordar os principais desafios da região. Discussões sobre o planejamento integrado entre áreas urbanas e rurais, o uso de soluções baseadas na natureza e a mitigação dos impactos de grandes obras são centrais para o debate.

o-embarcadouro-recem-400x300 Altamira sedia encontro de sustentabilidade amazônica
Foto: divulgação

Questões como justiça climática, que busca distribuir de forma equitativa os impactos e os benefícios das mudanças ambientais, e o bem-estar da população, estão no centro das discussões, destacando a preocupação com o fator humano no processo de transição para uma economia mais verde.

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Diálogo, ação e o futuro da sociobioeconomia

O evento se propõe a ir além do debate teórico, incentivando a ação prática e a troca de experiências. A programação inclui painéis temáticos aprofundados sobre sustentabilidade e inovação, com a presença de especialistas de renome nacional e internacional.

Mas o ponto forte do encontro são as oficinas práticas de reflorestamento e os debates sobre produção sustentável, que oferecem ferramentas e conhecimentos aplicáveis. A Feira da Sociobioeconomia e a Sala da Sustentabilidade servem como vitrines para iniciativas inovadoras, mostrando o potencial dos produtos e modelos de negócio que valorizam os recursos da floresta em pé.

Esses espaços de interação são projetados para estimular a troca de experiências e a formação de parcerias estratégicas. A participação de instituições renomadas, como a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), reforça o caráter técnico e a seriedade do evento.

A colaboração com o Ministério da Agricultura e Pecuária, o Conselho Municipal de Meio Ambiente e a União Europeia, entre outros, mostra o compromisso de diferentes setores em buscar soluções conjuntas para os desafios da região. O encontro se consolida como um catalisador de ideias, conectando o conhecimento científico à realidade local e transformando o debate em ações concretas. Altamira, o maior município do Brasil, abre suas portas para o mundo, mostrando que desenvolvimento e preservação podem, e precisam, caminhar juntos.

Serviço:
I Encontro Altamira Verde e Sustentável – Cidade Viva e Territórios Conectados
Datas: 17 a 19/09 (Quinta a sexta-feira) – Horário: 08h
Local: Centro de Eventos Vilmar Soares
Endereço: Bairro Sudam II, avenida Jader Barbalho, s/n°.

Confira a programação:

17/09 – Quarta-feira
18h: Recepção e Credenciamento
18h30: Mesa de Abertura
18h50: Apresentação Cultural
19h: Palestra Magna – “O Futuro das Cidades Amazônicas: Desafios e Oportunidades para o Desenvolvimento Sustentável”
20h: Show Cultural
21h: Encerramento

18/09 – Quinta-feira
08h30: Painel 1 – “Soluções Verdes e Infraestrutura Sustentável para Cidades Resilientes”
10h: Intervalo – Café e Networking
10h30: Painel 2: “Rural-Urbano e o Futuro dos Territórios Amazônicos”
12h: Almoço livre
14h: Painel 3 – “Justiça Climática, Grandes Obras e o Bem-Estar das Populações Amazônicas”
15h30: Intervalo – Café e Networking
16h: Painel 4 – “Inclusão Produtiva e Sustentabilidade Territorial na Amazônia”
17h: Painel 5 – “Bioeconomia e Economia Circular – Inovações Sustentáveis para os Territórios Amazônicos”

19/09 – Sexta-feira
08h30: Oficinas de Cocriação
Oficina 1 – “Altamira Verde: Estratégias de Reflorestamento e Biodiversidade Urbana-Rural”
Oficinas 2 – “Planejamento Participativo e Justiça Climática”
Oficinas 3 – “Conectando Campo e Cidade: Produção Sustentável e Segurança Alimentar”
12h: Almoço livre
14h: Apresentação das Propostas Discutidas nos Grupos
15h30: Café e Interações
16h: Produção de cartilha com as principais propostas discutidas no evento
17h: Encerramento

 

O segredo gelado do Atlântico: o enfraquecimento das correntes que sustentam o clima global

No meio do Atlântico Norte, entre Groenlândia e a costa europeia, existe um “ponto frio” persistente que há mais de um século intriga cientistas. Enquanto o planeta aquece, essa mancha de águas geladas insiste em permanecer, como um paradoxo climático que desafia explicações fáceis. Agora, um estudo abrangente com mais de cem anos de registros de temperatura e salinidade do oceano aponta para a verdadeira origem desse enigma: o enfraquecimento da Circulação Meridional de Revolvimento do Atlântico (AMOC, na sigla em inglês).

A AMOC é um vasto sistema de correntes que funciona como um motor térmico planetário. Ele transporta águas quentes das regiões tropicais em direção ao norte, onde se resfriam, afundam e retornam em correntes profundas. Esse mecanismo distribui calor pelo globo, equilibra o clima do Hemisfério Norte e influencia diretamente padrões de chuva, tempestades e ecossistemas marinhos.

Um sistema em declínio

Pesquisadores analisaram um século de observações coletadas em diferentes expedições e bancos de dados oceanográficos. O resultado foi contundente: somente modelos que incorporavam o enfraquecimento progressivo da AMOC conseguiam reproduzir o comportamento da mancha fria ao sul da Groenlândia. Os modelos que mantinham a circulação estável ou robusta falhavam em explicar a anomalia.

Em outras palavras, o “sintoma” desse resfriamento localizado não é um detalhe isolado, mas o reflexo direto de um colapso gradual no sistema de correntes oceânicas que mantém o equilíbrio climático do Atlântico.

O estudo mostra que essa mudança não se limita às águas geladas da Groenlândia. O enfraquecimento da AMOC carrega implicações globais. Na Europa, pode alterar o regime de chuvas, intensificando secas em algumas regiões e enchentes em outras. Na África Ocidental, a circulação influencia diretamente a intensidade da monção do Sahel, crucial para a agricultura e a segurança alimentar de milhões de pessoas.

Nos oceanos, ecossistemas marinhos também estão em risco. Correntes que transportam nutrientes e oxigênio sofrem alterações, afetando a biodiversidade e a pesca em larga escala. Além disso, a AMOC tem papel central no nível do mar, sua desaceleração pode acelerar a elevação nas costas do Atlântico, em especial no leste dos Estados Unidos.

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Tendência da temperatura da superfície do mar Atlântico entre 1900 e 2005 para a média de seis conjuntos de dados de observação. Crédito: Kai-Yuan Li/UCR

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A falha dos modelos climáticos

Um dos pontos mais preocupantes levantados pela pesquisa é a constatação de que muitos modelos climáticos globais, inclusive os usados pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), subestimaram a intensidade do enfraquecimento da AMOC. Isso significa que previsões de longo prazo sobre o clima no Atlântico Norte e adjacências podem estar excessivamente otimistas, ignorando a real magnitude da mudança em curso.

A descoberta reforça a urgência de atualizar os modelos com base em séries históricas mais amplas, como as utilizadas neste estudo. Só assim será possível prever com mais precisão os impactos que já se desenham no horizonte.

Embora colapsos totais da AMOC tenham ocorrido em períodos glaciais do passado, essa é a primeira vez que os cientistas observam sinais consistentes de enfraquecimento em plena era moderna. O fenômeno funciona como um “relógio climático”: lento, mas decisivo. Quanto mais a circulação perde força, mais os padrões globais de clima se desestabilizam, aumentando os riscos de extremos meteorológicos.

A pesquisa não apenas resolve um enigma que intrigava oceanógrafos há décadas, mas também soa um alarme. O Atlântico está mudando silenciosamente, e suas correntes — antes vistas como forças estáveis e imutáveis — já não são garantias de equilíbrio.

A mancha fria ao sul da Groenlândia, que parecia apenas uma anomalia curiosa nos mapas, é na verdade o sinal visível de uma transformação profunda, com consequências que podem se espalhar por todo o planeta.

10 municípios concentram a maior parte do desmatamento na Amazônia; veja quais

Uma nova análise de dados ambientais revela um padrão preocupante na Amazônia Legal, onde a destruição da floresta está concentrada em poucas áreas. Um relatório recente do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, o Imazon, mostra que apenas dez dos 772 municípios da região foram responsáveis por quase 30% de todo o desmatamento registrado nos últimos 12 meses.

O estudo aponta um fenômeno que exige atenção redobrada das autoridades, pois indica que ações focadas e direcionadas podem ter um impacto significativo na redução da derrubada da floresta. O desmatamento, ao contrário do que se imagina, não é um problema pulverizado, mas sim um desafio localizado que, se não for combatido, ameaça o equilíbrio de todo o bioma.

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Foto: divulgação

A pesquisa do Imazon identificou os municípios de Apuí e Lábrea, ambos localizados no sul do estado do Amazonas, como os líderes em desmatamento. Juntos, esses dois municípios perderam uma área de floresta nativa equivalente a quase 30 mil campos de futebol, um número impressionante que evidencia a escala da devastação. Essa concentração de desmate no sul do Amazonas acende um sinal de alerta, pois a região está se consolidando como uma nova fronteira do desmatamento, movendo o chamado “arco do desmatamento” mais para o oeste da Amazônia.

Outros municípios que figuram na lista de maiores desmatadores são Colniza, Marcelândia e União do Sul, no Mato Grosso; Uruará, Portel, Itaituba e Pacajá, no Pará; e Feijó, no Acre, todos localizados em áreas que historicamente sofrem com a pressão por avanço de atividades predatórias.

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Causas e tendências da destruição

O estudo do Imazon também trouxe à tona uma comparação preocupante: o desmatamento nas áreas mais críticas registrou um aumento em relação ao mesmo período do ano anterior. De acordo com a pesquisadora do Imazon, Larissa Amorim, “em relação ao registrado entre agosto de 2022 e julho de 2023, o calendário passado representou uma redução de 46% no desmatamento.

Porém, agora tivemos esse leve aumento, o que alerta para a urgência em combater a derrubada nessas áreas mais pressionadas”. A declaração ressalta a importância da vigilância contínua para evitar que as reduções pontuais se percam em tendências de crescimento.

A razão para o aumento do desmatamento é multifatorial, com a pesquisa apontando as grandes áreas afetadas por queimadas nos meses de setembro e outubro de 2024 como o principal fator. As queimadas estão intimamente ligadas à degradação florestal, um processo que enfraquece a resiliência da floresta, deixando-a mais vulnerável ao desmatamento e a outros impactos.

A degradação, por si só, já é um fator de preocupação, pois aumenta a emissão de carbono na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global. A combinação de desmatamento, queimadas e degradação cria um ciclo vicioso de destruição que pode levar a um ponto de não retorno para a Amazônia.

O alerta do Imazon é claro: as autoridades precisam olhar com mais atenção para o crescimento do desmatamento nessas áreas de maior pressão. O combate à destruição da Amazônia não pode ser uma ação genérica; ele precisa ser estratégico e focado onde o impacto é maior.

 

 

Na Amazônia, rio que chega a quase 100° C desafia a ciência

A Amazônia é um bioma vasto e cheio de mistérios, um ecossistema com uma biodiversidade inigualável que fascina cientistas e leigos. Mas entre a flora exuberante e a fauna diversa, há um fenômeno que desafia a lógica e a ciência: um rio que ferve.

Localizado em território peruano, o Shanay-Timpishka é um rio cujas águas podem atingir temperaturas de quase 100°C, tornando-o um cenário paradoxal de vida em meio a um calor extremo. O nome, na língua dos nativos, significa “ferver com o calor do Sol”, uma tradução poética para um fenômeno de natureza complexa.

A alta temperatura do rio é um mistério porque, diferentemente de outros rios quentes ao redor do mundo, ele não está associado a nenhum vulcão ativo. A geologia local não oferece uma explicação óbvia para o aquecimento das águas. A raridade desse evento torna o rio Shanay-Timpishka um caso único e uma importante área de estudo para geólogos e cientistas ambientais.

A busca pela razão desse fenômeno leva a uma jornada que se divide entre a ciência moderna e os saberes ancestrais, demonstrando a complexidade da Amazônia. A ciência tenta decifrar o mistério, enquanto a cultura local oferece sua própria visão.

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Foto: divulgação

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Entre a ciência e a lenda

A explicação científica para a temperatura do rio é intrigante. Especialistas apontam que a causa mais provável são fontes geotérmicas em profundidades inacessíveis sob o solo. A água da chuva penetra na terra, se infiltra em falhas geológicas e é aquecida pelo calor do interior do planeta. Esse processo de circulação faz com que a água retorne à superfície, formando o rio quente.

Um dado histórico acrescenta complexidade a essa história: na década de 1930, companhias de extração de combustíveis fósseis tomaram conta da região, em busca de reservas de petróleo. Alguns especialistas consideram que a intervenção humana pode ter contribuído para a configuração atual do local devido à deterioração do ambiente, embora a influência exata ainda seja objeto de estudo.

Por outro lado, a lenda local oferece uma visão diferente e igualmente fascinante. Os nativos perpetuam a crença de que as águas ferventes do Shanay-Timpishka são a criação de Yacumama, um espírito de serpente gigante que é reverenciado como a Mãe das Águas. Segundo a lenda, a entidade emergiu das profundezas da Terra, e sua força poderosa deu origem ao rio.

Essa narrativa não é apenas um mito, mas uma forma de os indígenas repassarem a ideia de que a terra é sagrada e que sua força deve ser respeitada. A história ancestral destaca a conexão espiritual do povo com o rio, transformando o Shanay-Timpishka em um local sagrado para a cultura local.

O impacto de um fenômeno extremo

Apesar de sua beleza e singularidade, a presença de um rio fervente carrega consigo prejuízos significativos para o meio ambiente. A alta temperatura das águas é um fator de estresse para a flora e a fauna local. A vida, que normalmente floresce ao redor dos rios amazônicos, luta para sobreviver em um ambiente tão inóspito. Segundo Rodolfo Nóbrega, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, as mudanças climáticas e a alta temperatura comprometem a incidência de novas espécies.

“À medida que a temperatura [da região] aumenta, mesmo se houver disponibilidade de água [por perto], a capacidade de fotossíntese das plantas pode diminuir. O que eu acredito que esteja acontecendo é que as plantas estão sofrendo estresse com a temperatura, mesmo com água à sua volta”, explicou o especialista.

Esse estresse térmico, somado a outros impactos ambientais, compromete a biodiversidade, mostrando a fragilidade de um ecossistema que parece tão robusto. O rio Shanay-Timpishka é, portanto, um lembrete vivo de que a natureza pode ser fascinante e implacável, e que a interdependência de seus elementos é crucial para a sua sobrevivência.

 

Disputa por créditos de carbono opõe governo e setor privado na Amazônia

A proliferação de novos projetos privados na Amazônia para gerar créditos de carbono tem gerado um cenário de disputa e preocupação. Enquanto o Ministério do Meio Ambiente e cientistas defendem uma abordagem mais abrangente, temendo a ação de empresas oportunistas, povos indígenas e comunidades locais veem nessas iniciativas uma alternativa para levantar o dinheiro necessário para proteger a floresta.

O mercado de crédito de carbono, conhecido pelo arranjo de REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), é um dos temas que estará em destaque na COP30, em Belém, em novembro, e coloca em evidência a complexa relação entre o Estado, o mercado e as populações que vivem no bioma.

A lógica dos créditos de carbono é clara: eles são um valor financeiro associado à biomassa preservada, ou seja, às árvores que deixam de ser derrubadas e, consequentemente, evitam a emissão de dióxido de carbono. Cada crédito equivale a uma tonelada de carbono que não foi lançada na atmosfera e pode ser vendida no mercado voluntário para empresas que desejam compensar sua pegada ecológica.

Embora a ideia tenha surgido há algumas décadas, o setor estima que mais de 50 milhões de créditos já tenham sido emitidos, com preços que variaram de US$ 3 a US$ 30 por tonelada.

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Entre a fiscalização oficial e o mercado voluntário

A disputa principal se dá entre os projetos locais de REDD+, associados a áreas específicas, e os programas jurisdicionais, que abrangem grandes extensões de terra, como países ou estados inteiros. O maior exemplo brasileiro de projeto jurisdicional é o Fundo Amazônia, que remunera o governo federal pela queda do desmate em toda a Amazônia Legal.

No entanto, a relação entre os projetos locais e os jurisdicionais é delicada, pois o carbono evitado em uma terra indígena, por exemplo, precisa ser descontado da conta do Fundo Amazônia para evitar a dupla contabilidade.

A crítica do governo e da academia é que a história desses projetos privados não é positiva. Roberta Cantinho, diretora de Políticas para Controle do Desmatamento e Incêndios do Ministério do Meio Ambiente (MMA), diz que o governo não é contra os projetos privados, mas ressalta que o histórico dessas iniciativas é ruim. “Eu lhe desafio a trazer um caso de sucesso. É importante a gente diferenciar o que é um programa jurisdicional de REDD+ do que é um projeto local de REDD+”.

O governo busca atuar junto à Comissão Nacional para REDD+ para tentar regulamentar o setor com padrões mais rigorosos, protegendo as comunidades dos chamados “caubóis do carbono”, empresas oportunistas que oferecem projetos de curto prazo e com distribuição desigual de recursos.

O cientista Raoni Rajão, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), aponta uma série de desafios. “Na Amazônia há um caos fundiário, já vimos situações em que até áreas griladas foram utilizadas para fazer projetos de REDD+”. Ele também questiona a metodologia de cálculo. “Acontece que quem calcula a expectativa [de créditos gerados] é quem vai ganhar o crédito”, diz.

Esse inflacionamento artificial dos créditos pode distorcer o cálculo de redução de emissões, comprometendo o objetivo central do REDD+. Rajão destaca ainda que “Se o indígena protege a floresta, ele merece ter recursos, mas um crédito de carbono dá direito a alguém lá do outro lado do mundo emitir uma tonelada de carbono. Você tem de ter certeza absoluta que aquela tonelada está sendo mitigada”.

Recursos na ponta: a visão das comunidades

Apesar das críticas, a visão das comunidades tradicionais é diferente. Elas veem nos projetos privados uma forma de compensar a demora no repasse de recursos oficiais. Lideranças indígenas relatam que o dinheiro prometido pelos programas governamentais não tem sido suficiente para bancar o trabalho de vigilância. “Precisamos que o recurso chegue na ponta”, diz Neidinha Suruí, líder do povo Paiter Suruí.

Ela defende que, embora o governo precise de apoio, os recursos devem chegar diretamente aos territórios. “A gente não é contra que parte do recurso vá para o governo, porque o governo precisa de apoio para que funcione, por exemplo, a Funai, que tem um orçamento irrisório. Mas se o território é indígena, se é quilombola, se é extrativista, precisa entrar recurso diretamente para o território.”

A líder Tenharim, Daiane Tenharim, que está em fase de planejamento para um projeto de REDD+, compartilha da mesma visão. Para ela, esses projetos são uma forma de justiça para quem sempre se empenhou na proteção da floresta. “A gente vê nesse projeto o fortalecimento daquilo que a gente já faz na preservação”, diz. Ela ressalta que “a gente tem os agentes ambientais que trabalham nessa questão de monitoramento e vigilância territorial. O que a gente não têm é transporte para eles fazerem essas atividades.”

A consultoria Wildlife Works, que trabalha com os Tenharim, defende que a iniciativa partiu das próprias comunidades e reconhece que a atuação privada preenche uma lacuna deixada pelo Estado. A diretora Monique Vanni afirma que “quem não está em campo talvez não tenha consciência do desamparo e da falta de recurso que essas populações têm, em um contexto de total ausência do Estado”.

A Aliança Brasil NBS, que representa as empresas do setor, também defende a complementaridade entre os modelos. A diretora-executiva, Julie Messias, afirma que “Consideramos legítimas as políticas públicas que estruturam programas jurisdicionais, e defendemos que há espaço para uma convivência verdadeiramente complementar entre essas iniciativas e os projetos privados”.

Segundo ela, “Enquanto o projeto privado atua de forma direta e localizada, com foco na redução do desmatamento em territórios específicos e no engajamento próximo das comunidades, os programas jurisdicionais operam em escala mais ampla, criando condições e políticas que favorecem a redução do desmatamento em todo o Estado.”