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7 motivos para o siamês ser tão apegado ao dono

Quem convive com um gato siamês sabe que ele não passa despercebido. Diferente do estereótipo do felino independente e distante, essa raça é conhecida por seguir seus donos pela casa, miar insistentemente e até mesmo tentar entrar no banheiro junto com você. Mas será que o siamês é realmente “grudento” ou há uma explicação por trás desse comportamento? A resposta está na história, na genética e, principalmente, no jeito carinhoso desse gato que conquista corações em todo o mundo.

Siamês: um gato de companhia

O siamês é uma das raças mais antigas do mundo, originária da Tailândia (antigo Sião), onde era considerado um gato sagrado. Desde essa época, já se sabia que eles tinham uma ligação intensa com os humanos. Selecionados para viver próximos da realeza e dos templos, esses felinos se adaptaram a interagir constantemente com as pessoas.

Hoje, essa herança se traduz em um comportamento de apego. O siamês vê o dono como parte essencial do seu território e não gosta de ficar sozinho. Por isso, ele segue a família pela casa, deitando-se no colo, miando em busca de atenção e até tentando participar de atividades rotineiras.

Comunicação constante: o miado marcante

Um traço que reforça a fama de grudento é a voz do siamês. Eles são gatos extremamente comunicativos, conhecidos por miar de forma insistente e até mesmo desenvolverem diferentes tipos de sons para se expressar.

Muitos tutores relatam que o siamês “conversa”, pedindo comida, carinho ou simplesmente companhia. Para quem não está acostumado, pode parecer exagero, mas para o dono, essa comunicação cria um laço único. O gato não só se faz presente, como demonstra claramente o que quer.

Apego até no banheiro

Um dos comportamentos mais curiosos do siamês é seguir o dono até o banheiro. Isso acontece porque o gato não entende esse momento como algo “privado”. Para ele, estar junto é uma forma de reforçar o vínculo.

Além disso, banheiros são locais cheios de cheiros e barulhos diferentes, o que desperta a curiosidade felina. O siamês, em especial, associa esses momentos à oportunidade de estar perto, mostrando sua lealdade e necessidade de interação.

Energia e brincadeiras sem fim

Outro fator que contribui para a fama de “grudento” é a energia elevada. O siamês é uma raça ativa, que precisa de estímulos constantes para não ficar entediada. Se não encontra brinquedos, arranhadores ou desafios, ele vai procurar atenção no tutor.

É comum que ele apareça durante o trabalho no computador, sente no teclado ou traga brinquedos para brincar. O recado é claro: ele não quer apenas companhia, mas interação. Esse comportamento exige dedicação por parte do dono, que precisa oferecer atividades e momentos de brincadeira para manter o gato equilibrado.

Sociabilidade como marca registrada

Ao contrário de muitas raças de gatos que preferem observar à distância, o siamês gosta de estar no centro da vida da família. Ele costuma receber visitas com curiosidade, se aproxima de estranhos e raramente se esconde.

Essa sociabilidade é resultado tanto da genética quanto da criação. Quando bem socializado desde filhote, o siamês se torna um gato que busca contato o tempo todo, reforçando sua fama de grudado no dono.

O lado emocional do siamês

Talvez o aspecto mais marcante seja a sensibilidade emocional. O siamês percebe mudanças de humor e ambiente de forma muito clara. Se o tutor está triste, ele se aproxima e oferece companhia. Se está animado, ele tende a brincar junto.

Esse vínculo emocional faz com que o gato desenvolva uma espécie de dependência afetiva. Em alguns casos, ele pode até apresentar ansiedade de separação quando fica sozinho por muitas horas, miando alto ou fazendo bagunça para chamar atenção.

Como lidar com o “grude” do siamês

Apesar de ser encantador ter um gato tão carinhoso, é importante equilibrar essa relação. O tutor deve oferecer brinquedos interativos, arranhadores e espaços de escalada para que o siamês possa gastar energia mesmo quando está sozinho.

Outra dica é estabelecer uma rotina de carinho e brincadeiras. Gatos gostam de previsibilidade, e quando o siamês percebe que terá momentos de atenção garantidos, tende a se acalmar e esperar pelo próximo.

Para famílias que passam muito tempo fora de casa, adotar outro gato pode ser uma boa solução, já que o siamês adora companhia e dificilmente se adapta ao isolamento.

Siamês: amor em forma de companhia

Ele pode até ser considerado “grudento”, mas na verdade ele é apenas um gato que valoriza a presença do dono de forma intensa. Seu comportamento é resultado de séculos de convivência próxima com os humanos e de uma personalidade naturalmente comunicativa, curiosa e carinhosa.

Ter essa raça de gato é aceitar a companhia constante, os miados que parecem diálogos e até as visitas inesperadas no banheiro. Para quem busca um gato que seja mais do que um pet e se torne um verdadeiro companheiro, essa raça é a escolha perfeita. Afinal, no grude do siamês, o que existe de fato é amor.

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A nova edição da Revista Amazônia traz ciência, soluções e esperança para o futuro do planeta

A Revista Amazônia chega com mais uma edição repleta de conteúdo que une informação científica de ponta, reflexões urgentes e caminhos possíveis diante das mudanças climáticas. Com uma abordagem que valoriza tanto o alerta quanto a esperança, esta edição reúne artigos que ampliam a compreensão sobre os desafios ambientais e apontam alternativas para um futuro mais equilibrado.

01-1500x982 A nova edição da Revista Amazônia traz ciência, soluções e esperança para o futuro do planetaEntre os destaques, está a reportagem que alerta para o tempo curto que resta à humanidade antes de ultrapassar limites críticos de aquecimento global. O texto ressalta os impactos já visíveis, especialmente na África, e lembra a importância da COP30, que acontecerá em Belém do Pará, como espaço decisivo para acordos internacionais mais ambiciosos.

02-1500x982 A nova edição da Revista Amazônia traz ciência, soluções e esperança para o futuro do planeta

Outro tema de grande relevância é a redução alarmante da disponibilidade de água doce em escala continental. Pesquisas recentes apontam o surgimento de “megassecas” no hemisfério norte, um cenário que exige inovação e gestão sustentável dos recursos hídricos.

03-1500x982 A nova edição da Revista Amazônia traz ciência, soluções e esperança para o futuro do planetaA edição também mergulha no oceano para rastrear a jornada do carbono negro até o mar, revelando como resíduos da queima incompleta de biomassa e combustíveis fósseis persistem no ambiente por décadas. No mesmo eixo, estudos mostram como peixes das profundezas desempenham papel essencial no ciclo de carbono dos oceanos, contribuindo de forma pouco reconhecida para a regulação climática.

O derretimento polar aparece em diferentes artigos, com descobertas sobre a rápida perda de gelo marinho na Antártida, que desencadeia o colapso de plataformas de gelo, e sobre a chamada “pirataria de gelo”, fenômeno registrado por satélites, em que uma geleira retira massa de outra em menos de duas décadas.

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Além desses destaques, o sumário traz uma seleção de artigos que reforçam a diversidade temática da revista. Um deles mostra como comunidades locais estão restaurando manguezais e fortalecendo a resiliência climática. Outro debate os caminhos para um desenvolvimento global sustentável, sem comprometer os ecossistemas. A tecnologia também marca presença com estudos sobre o uso de inteligência artificial e satélites no combate à pesca ilegal e com pesquisas que transformam CO₂ em combustível por meio de processos inovadores com água quente.

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A ciência paleontológica contribui com descobertas sobre pólen antigo, que ajuda a revelar histórias sobre a Terra, e fósseis da última extinção em massa, essenciais para compreender a biodiversidade marinha. Também estão em pauta os impactos das mudanças climáticas sobre abelhas, peixes e plantas, o legado dos incêndios florestais que pode assombrar rios por anos, e o papel do plâncton no equilíbrio climático.

06-1500x982 A nova edição da Revista Amazônia traz ciência, soluções e esperança para o futuro do planetaCom reportagens acessíveis e análises de especialistas, esta edição reafirma a missão da Revista Amazônia de ser um espaço de conhecimento e reflexão sobre os grandes temas ambientais. Um convite à leitura e à ação, lembrando que ainda há caminhos para preservar o planeta — mas o tempo é curto, e cada decisão conta.

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3 truques para manter batata e cenoura frescas por mais tempo

Já aconteceu de você comprar batata e cenoura em boa quantidade e, poucos dias depois, perceber que elas começaram a murchar, criar brotos ou até apodrecer? Esse problema é mais comum do que parece e pode gerar desperdício de comida e de dinheiro. A boa notícia é que existem truques simples, testados na prática, que prolongam a durabilidade desses alimentos sem a necessidade de recorrer a conservantes ou técnicas complicadas. Guardar batata e cenoura da forma correta é um segredo de cozinha que faz toda a diferença para quem busca praticidade e economia no dia a dia.

Batata e cenoura: cuidados básicos de conservação

Apesar de parecerem resistentes, batata e cenoura são alimentos sensíveis a umidade, temperatura e até ao tipo de recipiente usado no armazenamento. Cada uma tem particularidades, mas ambas compartilham uma regra fundamental: não devem ser guardadas de qualquer jeito na geladeira ou no armário. O modo certo pode variar, mas o resultado é o mesmo: mais tempo de frescor e sabor preservado.

Truque 1: Armazenar batata fora da geladeira

Muita gente pensa que a geladeira é sempre o melhor lugar para conservar alimentos, mas esse não é o caso da batata. Ela deve ser guardada em local fresco, seco e arejado, de preferência em um saco de papel ou caixa de madeira. Quando exposta ao frio da geladeira, a batata tende a liberar amido, que se transforma em açúcar e altera o sabor, além de deixar a textura esquisita depois do cozimento. Outro ponto importante é evitar a exposição direta à luz, porque isso acelera a produção de solanina, uma substância tóxica que deixa a casca esverdeada. Por isso, manter as batatas no armário ou na despensa, em local ventilado, é a forma mais eficiente de evitar desperdícios.

Truque 2: Conservar cenouras na geladeira com truque da água

As cenouras, por outro lado, se beneficiam do ambiente frio da geladeira, mas com um detalhe: precisam de umidade controlada. Uma técnica prática é descascar e cortar as cenouras em pedaços grandes e armazená-las em um pote de vidro ou plástico com água filtrada. Esse método evita que murchem e garante que fiquem crocantes por até duas semanas. A água deve ser trocada a cada dois ou três dias para manter a qualidade. Outra alternativa é envolver as cenouras inteiras em papel toalha levemente úmido e guardá-las em um saco plástico perfurado. Isso reduz o contato com o ar seco da geladeira e prolonga a vida útil.

Truque 3: Não misturar batata e cebola

Esse é um erro clássico na cozinha: guardar batatas e cebolas juntas. Embora seja comum encontrá-las lado a lado no mercado, em casa isso acelera o processo de deterioração. Isso acontece porque as cebolas liberam gases que estimulam a batata a brotar mais rápido. O ideal é separar completamente esses dois alimentos e, se possível, deixá-los em recipientes diferentes. Enquanto a batata vai bem em ambientes mais frescos e escuros, a cebola precisa de ventilação intensa para evitar mofo. Essa simples separação pode adicionar semanas à vida útil das batatas.

Outros cuidados que fazem diferença

Além desses três truques principais, alguns detalhes extras também ajudam a prolongar a vida útil de batata e cenoura:

  • Inspeção frequente: verifique o estado dos alimentos ao menos duas vezes por semana. Se alguma batata ou cenoura estiver começando a estragar, retire logo, pois isso impede que contamine as demais.

  • Não lave antes de guardar: tanto batatas quanto cenouras devem ser lavadas apenas no momento do uso. A umidade da lavagem acelera o apodrecimento se armazenadas ainda úmidas.

  • Controle de temperatura: ambientes muito quentes favorecem o apodrecimento das batatas, enquanto temperaturas muito baixas prejudicam a textura. O equilíbrio é sempre a chave.

A importância do frescor na batata e cenoura

Manter batata e cenoura frescas não é apenas uma questão de economia, mas também de sabor e nutrição. Esses alimentos são base de inúmeras receitas do dia a dia, desde um simples ensopado até pratos sofisticados. Quando frescos, mantêm textura, crocância e valores nutricionais, oferecendo muito mais qualidade para o cardápio da família. Além disso, cozinhar com ingredientes que não perderam seu frescor é um gesto de respeito pela comida e pela rotina de quem se dedica a preparar cada refeição.

Histórias da cozinha: o erro comum de muitos lares

Quem já não guardou batata e cenoura juntas na fruteira e se frustrou dias depois com o desperdício? Uma mãe de três filhos contou certa vez que sempre deixava ambos os alimentos no mesmo cesto, até perceber que as batatas brotavam em menos de uma semana. Depois que separou e seguiu o truque da água para as cenouras, conseguiu economizar consideravelmente na feira. Esse tipo de experiência real mostra que os pequenos cuidados fazem toda a diferença no bolso e no prato.

Mais do que truques, um hábito sustentável

Essas práticas simples, além de garantirem frescor por mais tempo, também colaboram para reduzir o desperdício de alimentos — um dos maiores problemas atuais da alimentação doméstica. Quando aproveitamos melhor o que compramos, contribuímos para um consumo mais consciente e para uma relação mais equilibrada com os recursos que temos à disposição.

Cuidar de batata e cenoura pode parecer um detalhe pequeno, mas no conjunto da rotina alimentar representa economia, saúde e até respeito ao meio ambiente. Vale a pena colocar esses truques em prática e perceber como a cozinha se torna mais prática e eficiente.

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Camélia: 3 erros que atrapalham a floração

Já aconteceu de cuidar de uma planta com dedicação, mas na hora em que mais se espera o espetáculo das flores, o que aparece é apenas um verde bonito e nada de botões? A camélia, símbolo de elegância e delicadeza, é uma das espécies que mais decepcionam quem não conhece seus segredos. Apesar de resistente, ela pode travar a floração quando alguns erros comuns são cometidos no cultivo.

Por que a camélia pode parar de florescer

A camélia é uma planta de raízes profundas na cultura oriental, muitas vezes associada à longevidade e à pureza. Ela é capaz de produzir flores grandes e vistosas, que variam do branco ao vermelho intenso, mas exige um equilíbrio delicado no cultivo. Quando esse equilíbrio é quebrado, a planta concentra energia apenas em manter suas folhas, deixando de investir na formação de botões florais. É por isso que entender os erros mais frequentes é o primeiro passo para reverter a situação.

Excesso de sol direto

O primeiro erro que muitos cometem é expor a camélia a um sol que ela não aguenta. Embora goste de luz, essa espécie prefere claridade indireta ou o sol suave do início da manhã. Quando fica exposta ao sol forte do meio-dia ou da tarde, as folhas podem queimar e a planta entra em estado de defesa, deixando de se concentrar na floração.
Uma camélia mal posicionada pode até sobreviver, mas dificilmente dará flores exuberantes. O ideal é cultivá-la em locais com sombra parcial, como varandas voltadas para o leste ou sob a proteção de árvores mais altas.

Rega mal planejada

Outro erro que atrapalha a camélia é a falta de regularidade na rega. Ela não gosta de solo encharcado, mas também não tolera longos períodos de seca. O equilíbrio aqui é fundamental. Se a planta passa por estresse hídrico, perde força e interrompe a formação de botões.
O segredo é manter o substrato sempre úmido, mas nunca encharcado. Um truque útil é colocar o dedo no solo: se estiver seco até a primeira falange, é hora de regar. Outra dica importante é evitar molhar as flores diretamente, já que a umidade acumulada nas pétalas pode favorecer o aparecimento de fungos.
Para quem cultiva camélia em vaso, a drenagem é ainda mais crucial.

Adubação inadequada

Muitos cultivadores, na tentativa de fortalecer a planta, aplicam adubos genéricos em excesso. O problema é que a camélia tem necessidades específicas. Ela prefere substratos levemente ácidos e ricos em matéria orgânica. Quando recebe adubo com nitrogênio demais, por exemplo, a planta cresce cheia de folhas verdes, mas não investe em flores.
O recomendado é utilizar adubos equilibrados, ricos em fósforo e potássio, especialmente durante o período que antecede a floração. Farinha de ossos e torta de mamona são exemplos de opções naturais que funcionam muito bem para estimular a formação de botões. Além disso, renovar o substrato a cada dois anos ajuda a manter o ambiente saudável para as raízes.

Como recuperar uma camélia que não floresce

Se a sua camélia já está há anos sem florescer, não desanime. O primeiro passo é identificar em qual dos erros você pode ter caído. Mude o vaso para um local de sombra parcial, ajuste a frequência de rega e corrija a adubação. Muitas vezes, pequenas mudanças já são suficientes para que a planta volte a se preparar para uma nova floração.
Outro cuidado importante é a poda. Retirar galhos secos ou mal posicionados ajuda a planta a direcionar energia para áreas mais produtivas. Mas lembre-se: podas devem ser feitas logo após o período de floração ou no fim do inverno, nunca durante a formação dos botões.

A simbologia das flores da camélia

Além de encantar no jardim, a camélia carrega um simbolismo forte. No Japão, é chamada de “tsubaki” e está ligada à pureza e à renovação. Na Europa, tornou-se sinônimo de sofisticação, principalmente depois de ser eternizada na literatura, como no famoso romance “A Dama das Camélias”, de Alexandre Dumas Filho.
Cada cor também carrega um significado: a camélia branca representa admiração e apreço, a rosa simboliza desejo e elegância, e a vermelha, paixão. Ter uma camélia florida no quintal ou na varanda vai além da beleza: é como trazer consigo um pedaço de história e tradição.

Um convite ao cuidado consciente

Cuidar de uma camélia é um exercício de paciência e observação. Não adianta exigir pressa de uma planta que segue o próprio ritmo. A cada botão que se abre, é como se a natureza recompensasse a dedicação do cultivador. Entender os erros mais comuns e evitá-los é o caminho mais curto para garantir que a próxima estação seja marcada por flores que não passam despercebidas.
Por isso, ao observar sua camélia, lembre-se de que cada detalhe importa: a luz que ela recebe, a água que a alimenta, o solo que a sustenta. Corrigindo os equívocos e oferecendo equilíbrio, você transforma o cuidado em um ritual e a floração em um espetáculo garantido.

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Labby, a agtech que detecta mastite com IA em tempo real e pode mudar o futuro da pecuária de leite

Antes do amanhecer, vacas se alinham calmamente em frente a ordenhadeiras robóticas, balançando o rabo para afastar moscas. A cena, comum em fazendas leiteiras de alta tecnologia, esconde um dos problemas mais antigos e persistentes do setor: a mastite, infecção bacteriana que atinge o úbere, reduz a produção e obriga ao descarte de litros de leite contaminado. A doença, que gera dor aos animais e prejuízo aos produtores, custa à indústria global cerca de 32 bilhões de dólares por ano.

Foi nesse ponto vulnerável da cadeia que Julia Somerdin decidiu intervir. Fundadora da Agtech Labby, a engenheira criou um sistema capaz de detectar em tempo real sinais precoces de mastite, muitas vezes antes que os primeiros sintomas apareçam. O dispositivo portátil, batizado de MilKey — um trocadilho apreciado no setor — funciona como um “Game Boy do leite”, coletando amostras e analisando sua composição em segundos. Um algoritmo de inteligência artificial mede gordura, proteína e células somáticas, entregando ao produtor, via aplicativo, um alerta imediato sobre o risco de infecção.

Detecção precoce, impacto direto

Em rebanhos de centenas ou milhares de vacas, é impossível que produtores observem cada animal diariamente. A ferramenta de Julia cumpre esse papel, permitindo que a atenção seja voltada para os casos críticos. Cada episódio de mastite pode custar até 500 dólares em perda de produção, sem contar medicamentos e riscos de contaminação do rebanho. A prevenção é, portanto, não apenas uma questão de bem-estar animal, mas de sobrevivência econômica.

“É como numa sala de aula: o professor precisa focar nos alunos que mais precisam. O mesmo vale para as vacas. O produtor deve dedicar tempo àquelas que estão em risco”, explica Julia.

Da telecomunicação ao campo

O caminho até chegar a esse ponto não foi linear. Nascida na China, formada em engenharia elétrica e com carreira consolidada em telecomunicações e defesa, Julia decidiu migrar para a área da saúde animal ao ingressar no MIT, onde conheceu os cofundadores de sua startup. Em 2017, fundou a Labby, determinada a criar uma tecnologia acessível, flexível e capaz de ser aplicada em qualquer sistema de ordenha.

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Nova tecnologia Agtech Labby – Divulgação

Nos primeiros anos, o projeto sobreviveu de prêmios de inovação e investimentos modestos. Em 2022, Julia chegou a manter a empresa sozinha, depois que os recursos se esgotaram. “A maioria das startups fecha nessas condições. Mas eu não fechei”, conta. A virada veio com o prêmio Grow-NY, que injetou 250 mil dólares e abriu portas para novas rodadas de financiamento. Hoje, a Labby tem oito funcionários e já instalou seu primeiro sistema comercial em Kentucky, nos Estados Unidos.

Saúde animal como elo da saúde global

Julia insiste em ver o problema em escala mais ampla: a saúde animal está diretamente ligada à saúde humana e ao planeta. Quanto mais eficiente for o cuidado com os rebanhos, menor será o desperdício de leite, menores os custos da cadeia e maior a segurança alimentar. Além disso, os dados coletados pela Labby, quando integrados, podem se transformar em uma base poderosa para pesquisas sobre produção, nutrição e sustentabilidade.

“Nos últimos vinte anos, o big data revolucionou a saúde humana. Agora é hora de a pecuária viver essa transformação”, afirma.

Integração como desafio

Para pesquisadores como Julio Giordano, da Cornell University, a força da Labby está justamente na flexibilidade. Outras soluções de análise existem, mas geralmente atreladas a sistemas específicos de ordenha. A tecnologia de Julia pode ser usada em qualquer estrutura, permitindo que dados ambientais e de comportamento animal sejam cruzados em uma mesma plataforma.

Essa integração é vista como o próximo grande desafio do setor: transformar múltiplas fontes de informação em inteligência prática para produtores.

Vacas com “FitBit” e futuro conectado

Na prática, vacas de fazendas piloto já usam sensores que monitoram quanto se movimentam, comem e ruminam. A Labby acrescenta a esse ecossistema uma camada essencial: o diagnóstico imediato da qualidade do leite. O sistema funciona de forma contínua, acompanhando o animal durante quase todo o dia, já que em muitas fazendas as ordenhadeiras operam até 22 horas diárias.

“Isso nos dá múltiplos olhos sobre as vacas e permite saber quando algo não está bem”, explica Jeffrey Bewley, da Holstein Association USA. Para ele, a tecnologia é mais do que inovação: é ferramenta de cuidado e bem-estar.

Uma startup com propósito

Julia não esconde o que a move. Ao lembrar de um produtor que lhe disse que não precisava de “brinquedos”, ela responde: “Não faço isso para criar gadgets. Faço porque quero ajudar a pecuária leiteira, ajudar pessoas, ajudar o planeta.”

A frase sintetiza a filosofia da empreendedora: usar a inteligência artificial não como moda passageira, mas como solução prática para um problema histórico. Se a aposta se consolidar, sua agtech pode reduzir perdas bilionárias e tornar a produção de leite mais humana, eficiente e sustentável.

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Trombeta-rosa é tóxica? 5 cuidados no cultivo

Você já viu uma trombeta-rosa em plena floração e ficou impressionado com o tamanho e a beleza das flores? Essa planta, também chamada de Brugmansia suaveolens, chama a atenção por suas flores em formato de sino, que podem perfumar intensamente o ambiente durante a noite. Mas, junto com a beleza, surge uma dúvida que preocupa muitos tutores de animais: será que a trombeta-rosa é tóxica para cães e gatos? A resposta é sim, e esse detalhe muda completamente a forma de cultivar a espécie dentro de casa ou no jardim.

Trombeta-rosa e sua toxicidade

Todas as partes da trombeta-rosa — folhas, flores, sementes e até raízes — contêm alcaloides tropânicos, substâncias tóxicas que podem causar sérios problemas de saúde em humanos e animais. Para cães e gatos, a ingestão de pequenas quantidades já pode provocar sintomas como salivação excessiva, vômito, diarreia, pupilas dilatadas, tremores e, em casos graves, convulsões.

Por isso, quem tem pets curiosos deve manter a planta em locais inacessíveis ou optar por cultivá-la em áreas externas cercadas. Vale lembrar que o simples contato da pele humana com a seiva pode causar irritações, por isso o uso de luvas no manejo é altamente recomendado.

Escolha do local de cultivo

O local onde a trombeta-rosa será cultivada faz toda a diferença, tanto para o bem-estar da planta quanto para a segurança da casa. Em quintais grandes, ela pode ser plantada diretamente no solo, em áreas onde os animais não tenham acesso. Já em casas pequenas, o ideal é usar vasos grandes e posicioná-los em locais elevados, como varandas ou terraços. Dessa forma, a beleza das flores é aproveitada sem colocar em risco os pets.

Substrato e rega adequados

A trombeta-rosa prefere solos ricos em matéria orgânica, bem drenados, mas que mantenham boa retenção de umidade. Uma mistura caseira eficiente inclui:

  • 2 partes de terra vegetal;

  • 1 parte de areia grossa lavada;

  • 1 parte de composto orgânico, como húmus de minhoca.

A rega deve ser regular, especialmente em períodos de calor intenso, pois a planta aprecia solos levemente úmidos. No entanto, o encharcamento deve ser evitado, já que pode favorecer o aparecimento de fungos e o apodrecimento das raízes.

Luz e temperatura ideais

A trombeta-rosa precisa de sol pleno para florescer com intensidade. O mínimo recomendado é de 4 a 6 horas de luz direta por dia. Quanto mais sol, mais chances de ver a planta coberta por flores em cascata. Em regiões de clima mais frio, o cultivo deve ser protegido contra geadas, já que a planta é sensível a baixas temperaturas.

Adubação para floração abundante

Por ser uma planta de porte grande e de crescimento vigoroso, a trombeta-rosa responde bem à adubação frequente. Uma prática comum entre jardineiros é alternar fertilizantes ricos em nitrogênio, que estimulam o crescimento das folhas, com adubos ricos em fósforo e potássio, responsáveis pela formação das flores. Aplicações a cada 20 dias costumam trazer ótimos resultados.

Cuidados extras com a poda

A poda é essencial para manter a trombeta-rosa bonita e saudável. Além de controlar o tamanho da planta, ajuda a estimular novas brotações e intensificar a floração. O ideal é fazer podas de limpeza, retirando galhos secos ou doentes, e podas de formação, direcionando o crescimento para áreas desejadas. Sempre que possível, faça o corte com ferramentas limpas e use luvas para evitar contato com a seiva tóxica.

Sintomas de intoxicação em pets

Mesmo com todos os cuidados, pode acontecer de um animal ter contato com a planta. Por isso, é importante saber identificar os sinais de intoxicação. Em cães e gatos, os sintomas mais comuns são:

  • salivação intensa;

  • vômitos e diarreia;

  • falta de coordenação motora;

  • apatia ou agitação;

  • tremores musculares.

Ao notar qualquer um desses sinais, a recomendação é levar o animal imediatamente ao veterinário, informando que houve ingestão de partes da trombeta-rosa. O tratamento rápido é essencial para evitar complicações graves.

Alternativas seguras para casas com animais

Quem ama plantas floridas mas convive com pets pode optar por espécies ornamentais seguras, como:

  • Camélia (Camellia japonica);

  • Petúnia (Petunia spp.);

  • Girassol (Helianthus annuus);

  • Calêndula (Calendula officinalis).

Essas plantas trazem cor e beleza sem representar risco de intoxicação. Assim, o jardim ou a varanda podem se manter vibrantes e, ao mesmo tempo, seguros para os bichinhos.

Experiência de jardineiros

Muitos cultivadores relatam que, mesmo conhecendo os riscos, não conseguem abrir mão da trombeta-rosa pela imponência de suas flores. A solução encontrada é mantê-la em áreas específicas, longe do alcance de crianças e animais. Alguns chegam a construir pequenos cercados ou a cultivá-la em vasos grandes suspensos, garantindo a segurança sem deixar de apreciar a beleza da espécie.

Trombeta-rosa na decoração

Apesar da toxicidade, não se pode negar o impacto visual da trombeta-rosa. Em jardins, ela funciona como ponto focal, chamando a atenção de quem passa. Em varandas amplas, pode ser usada em vasos ornamentais de cerâmica ou cimento, ganhando ainda mais destaque quando combinada com espécies de folhagem verde. O perfume noturno das flores é outro diferencial, criando um clima único em noites de verão.

Reflexão final

Cultivar trombeta-rosa é uma experiência que exige cuidado e consciência. Ela pode ser um espetáculo de beleza, mas também representa riscos que não podem ser ignorados. O segredo está em encontrar o equilíbrio: apreciar suas flores deslumbrantes enquanto se garante a segurança de quem divide o espaço, sejam pessoas ou animais. Assim, a trombeta-rosa deixa de ser apenas uma planta decorativa e passa a ser um convite à responsabilidade no cultivo.

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Pastor alemão: 4 erros que confundem e estressam a raça

Quem já conviveu com um pastor alemão sabe: trata-se de um cão inteligente, leal e extremamente protetor, mas que precisa de direção clara para expressar todo o seu potencial. O problema é que muitos tutores, mesmo bem-intencionados, cometem erros que deixam a raça confusa e estressada. Por ser uma das mais obedientes e ao mesmo tempo atentas, o pastor alemão responde diretamente à forma como é conduzido. Entender os pontos de falha mais comuns ajuda a garantir um convívio equilibrado, saudável e cheio de cumplicidade.

Pastor alemão: inteligência que exige responsabilidade

O pastor alemão está entre as raças mais admiradas do mundo, usado tanto como cão de companhia quanto em funções de trabalho — de guarda a cão policial. Sua inteligência aguçada e sua energia alta pedem mais do que carinho: pedem disciplina, rotina e comandos consistentes. Quando o tutor falha em fornecer essa base, o cachorro acaba desenvolvendo comportamentos ansiosos, destruidores ou até agressivos, não por maldade, mas por falta de direcionamento.

Erro 1: mudar os comandos com frequência

Um dos maiores problemas enfrentados por quem cria pastor alemão é a falta de consistência nos comandos. Imagine ensinar o cão a sentar usando a palavra “senta” e, em outro dia, trocar por “senta aqui” ou “abaixa”. Para o animal, isso gera confusão, já que ele associa palavras específicas a ações. A repetição consistente é essencial. Se o tutor variar muito, o cachorro não entende o que se espera dele e começa a ficar ansioso ou a ignorar instruções.

Erro 2: não corrigir comportamentos na hora certa

A inteligência do pastor alemão faz com que ele aprenda rápido, mas também exige que as correções sejam imediatas. Repreender o cão horas depois de ele ter roído um sapato, por exemplo, é inútil. O animal não associa a bronca ao ato cometido anteriormente. O tutor precisa intervir no momento exato em que o comportamento acontece. Caso contrário, o cachorro se estressa por não compreender a razão da repreensão, e isso mina a relação de confiança.

Erro 3: excesso de permissividade dentro de casa

O pastor alemão pode ser carinhoso e companheiro, mas se não houver limites claros, ele assume o papel de liderança. Isso significa que o cão começa a decidir onde dormir, quando latir e até como interagir com visitas. Esse excesso de permissividade confunde a hierarquia natural que o animal precisa entender para viver em harmonia. O tutor deve ser firme e consistente, estabelecendo regras desde filhote — como não subir em determinados móveis ou não puxar a guia durante o passeio.

Erro 4: falta de estímulos físicos e mentais

Pouco adiantam comandos claros se o pastor alemão não tiver uma rotina de exercícios adequada. Essa é uma raça de alta energia, criada originalmente para pastoreio, o que significa que ela precisa gastar corpo e mente. Muitos tutores oferecem apenas passeios rápidos, o que é insuficiente. O resultado é um cão ansioso, destrutivo e difícil de controlar. Brincadeiras interativas, treinos de obediência e atividades físicas regulares são fundamentais para manter o equilíbrio.

A importância do tom de voz e da postura

O pastor alemão não responde apenas às palavras, mas também à forma como elas são ditas. Um comando firme, dado em tom seguro e postura ereta, transmite autoridade. Já uma fala hesitante ou agressiva demais pode ter o efeito contrário: causar medo ou confusão. Encontrar esse equilíbrio no tom de voz é um dos segredos para educar a raça com sucesso. O cachorro respeita quem demonstra liderança serena, não quem grita sem controle.

Pastor alemão e a relação com a família

Apesar da fama de cão de guarda, o pastor alemão é extremamente ligado à família. Ele gosta de estar por perto, de se sentir parte da rotina. No entanto, se não houver clareza nos limites, esse apego pode se transformar em comportamento possessivo. O tutor deve estimular a socialização desde cedo, expondo o cão a diferentes ambientes, pessoas e outros animais, sempre de maneira controlada. Isso evita que o pastor alemão desenvolva inseguranças que podem se manifestar como agressividade.

Quando o tutor aprende, o cão floresce

A verdade é que o pastor alemão não precisa de “dureza”, mas de clareza. O comando firme não é sinônimo de brutalidade, e sim de constância. Ensinar, corrigir no momento certo, não ser permissivo em excesso e oferecer estímulos adequados são atitudes que transformam a relação com a raça. Quem compreende esses pontos descobre um cão que não só obedece, mas também cria um vínculo profundo de confiança e respeito.

Criar um pastor alemão é, em muitos aspectos, como educar uma criança inteligente: se o tutor não estabelece limites, ele assume o controle. Mas, quando há comando firme e rotina equilibrada, a recompensa é conviver com um dos cães mais leais, inteligentes e carinhosos que existem. Um verdadeiro parceiro para todas as horas.

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“Amazônia, a floresta que fabrica nuvens” estudo revela como árvores mantêm chuvas mesmo na seca

Quando se fala em Amazônia, a imagem que costuma vir à mente é a de uma floresta interminável, vibrante de vida e cortada pelo rio mais volumoso do planeta. Mas a nova pesquisa publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences revela um detalhe fascinante: muito além de abrigar biodiversidade, a floresta funciona como uma imensa fábrica de nuvens, capaz de produzir a própria chuva, mesmo nos meses de seca.

Segundo os pesquisadores, até 70% da água que cai do céu na estação seca da Amazônia tem origem direta nas árvores. Elas absorvem umidade do solo raso, transpiram pelas folhas e devolvem esse vapor à atmosfera, onde ele se transforma novamente em chuva. É um ciclo curto, quase imediato, que mantém a floresta viva em seu momento mais crítico e prepara o terreno para a chegada da estação chuvosa.

Um ciclo que se recicla

O estudo foi realizado na Floresta Nacional do Tapajós, no Pará, em áreas de platô e baixio, com diferentes profundidades do lençol freático. O resultado surpreendeu: ao contrário da ideia comum de que as árvores dependeriam de reservas profundas durante a seca, grande parte da água transpirada vem dos primeiros 50 centímetros do solo, onde a chuva recente se infiltra.

Na prática, a floresta chove sobre si mesma. A água que cai no início da seca é rapidamente captada pelas raízes, devolvida ao ar e, em poucas horas ou dias, retorna em forma de nova chuva. Essa engrenagem de reciclagem hídrica faz da Amazônia não apenas dependente das chuvas, mas produtora delas.

A diversidade como aliada

O segredo, explicam os cientistas, está na diversidade de espécies e em sua capacidade de lidar com a escassez. Algumas árvores são mais resistentes ao chamado embolismo, falha no transporte de água nos vasos condutores, e conseguem extrair umidade de solos mais secos. Outras, mais vulneráveis, dependem de raízes profundas ou de estratégias complementares.

Essa variedade de respostas fisiológicas garante que, mesmo na adversidade, a floresta mantenha sua capacidade coletiva de bombear vapor d’água para o ar. É a biodiversidade, mais uma vez, funcionando como seguro contra o colapso.

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Floresta Amazônica – Divulgação

Sem floresta, sem chuva

As implicações vão muito além da ecologia. Sem árvores, não há reciclagem da água; sem reciclagem, não há chuva. E sem chuva, a própria floresta seca e morre. Mas os impactos não se restringem à Amazônia: os chamados rios voadores, correntes atmosféricas que carregam a umidade da região, são responsáveis por irrigar lavouras em estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Reduzir a floresta significa comprometer a agricultura nacional, a geração de energia e a segurança hídrica de milhões de pessoas.

O alerta é ainda mais urgente diante da recente flexibilização da legislação ambiental, apelidada de PL da Devastação, que ameaça acelerar o desmatamento em áreas críticas. A equação é simples: menos árvores, menos chuva, menos floresta. E o ciclo negativo atinge não apenas a biodiversidade, mas também a economia e a subsistência de comunidades tradicionais.

A floresta como infraestrutura vital

O estudo mostra que a Amazônia não é apenas um patrimônio natural, mas também uma infraestrutura climática que sustenta a vida dentro e fora dela. Cada árvore, ao transpirar, coloca em movimento o vapor que mantém rios, plantações, cidades e economias inteiras.

Proteger a floresta, portanto, não é só uma questão ambiental. É garantir comida na mesa, energia nas redes e futuro para o Brasil. Se a Amazônia é uma fábrica de chuvas, desmatá-la é desligar as máquinas que mantêm o país em funcionamento.

veja também: Como a floresta cria sua própria chuva?

 

Açaí do futuro, Grupo Kaa mostra robótica, genética e novos mercados a líderes internacionais

Belém voltou a ser palco de um encontro que conecta tradição amazônica e futuro tecnológico. Delegações da Alemanha, Japão, China, México, Vietnã e representantes da ONU estiveram na capital paraense nesta semana a convite do Grupo Kaa, que apresentou suas inovações voltadas para a cadeia do açaí. A missão contou ainda com a participação de lideranças da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), reforçando a dimensão estratégica do evento.

Os visitantes conheceram de perto projetos que vêm reposicionando o açaí não apenas como fruto símbolo da Amazônia, mas como vetor de desenvolvimento sustentável. Entre as inovações apresentadas está o Açaibot, robô criado para multiplicar em até dez vezes a produtividade da colheita. Além do ganho econômico, a tecnologia contribui para reduzir acidentes e elimina a necessidade de mão de obra infantil, um dos problemas crônicos ligados ao extrativismo tradicional.

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Foto/ Divulgação

 

Outro destaque foi o açaí em pó com preservação de nutrientes, solução que amplia as possibilidades logísticas, garante maior prazo de conservação e abre portas para mercados ainda pouco explorados, sobretudo na Ásia e na Europa. Também ganhou espaço a pesquisa em melhoramento genético de mudas, voltada para garantir maior qualidade e produtividade, aliando ciência à tradição produtiva ribeirinha.

O impacto da visita foi imediato. “O trabalho realizado pela Açaí Kaa em Belém é surpreendente. A empresa avança em áreas estratégicas, conciliando preservação ambiental e crescimento da produção. É um esforço completo, referência para o mundo, que nós, da CNA e do Senar, temos orgulho de apoiar e difundir”, declarou Filipe Espanhol, coordenador de Inteligência e Defesa de Interesses da CNA.

Para Fernanda Maciel, diretora-adjunta de Relações Internacionais da entidade, a experiência serviu como contraponto a visões reducionistas sobre a Amazônia. “Esta missão com diplomatas de diferentes nacionalidades mostra que é possível unir sustentabilidade, tecnologia e impacto social positivo. A vivência em Belém desmistifica percepções equivocadas e evidencia o potencial da agroindústria amazônica para o Brasil e para o mercado internacional.”

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Foto/Divulgação

 

Na avaliação de Marcelo Feliciano, CEO do Grupo Kaa, a convergência entre inovação e responsabilidade socioambiental é o caminho inevitável. “Nosso objetivo é mostrar que é possível produzir mais sem agredir o meio ambiente, com tecnologia de ponta e valorização das comunidades locais. O açaí pode ser um motor de desenvolvimento sustentável, levando um produto de excelência da Amazônia para o mundo.”

Mais do que um evento protocolar, a visita internacional à Açaí Kaa deixa um recado claro: o futuro do açaí passa por inovação e ciência, mas sem perder de vista o enraizamento cultural e comunitário que sempre deu identidade ao fruto. Se bem-sucedida, a experiência paraense pode se tornar referência global em bioeconomia, mostrando que a floresta em pé não é obstáculo ao desenvolvimento, mas justamente a sua maior vantagem competitiva.
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Caprichoso e Garantido levam a defesa da Amazônia para além da arena

O Festival de Parintins é conhecido por transformar a rivalidade entre os bois Garantido e Caprichoso em espetáculo. Mas, em 2025, essa disputa extrapolou a arena cultural e ganhou força como ato político e ambiental. Ao longo de três meses, as torcidas dos bumbás mobilizaram mais de 10 mil pessoas em apoio ao projeto de lei de iniciativa popular Amazônia de Pé, que busca garantir que as áreas públicas da Amazônia Legal sejam destinadas obrigatoriamente à conservação ambiental e à justiça social.

A ação, chamada “Disputa dos Bumbás”, transformou a energia da festa em ferramenta de mobilização. O resultado foi expressivo: o boi azul e branco, Caprichoso, saiu vencedor ao arrecadar mais de 6,5 mil assinaturas, conquistando também o prêmio de R$ 40 mil. O Garantido, tradicional rival, também contribuiu com milhares de apoios, reforçando que, nesta arena simbólica, quem realmente ganha é a floresta.

Mais que prêmio, um compromisso

Para Ericky Nakanome, presidente do Conselho de Arte do Caprichoso, a vitória tem valor que transcende a recompensa financeira. “Legitima o compromisso dos bois de Parintins e, nesse caso em especial, do Boi Caprichoso, com todas as questões referentes às mudanças climáticas, à crise climática”, afirmou.

O gesto das torcidas ecoa como um lembrete de que os bois não são apenas expressões artísticas, mas também movimentos sociais enraizados na vida amazônica. As toadas, as alegorias e a poesia que emocionam milhões todos os anos estão profundamente conectadas ao cotidiano de uma população que enfrenta diretamente os impactos da crise climática e da ausência de políticas públicas consistentes.

O que é o Amazônia de Pé

O projeto de lei de iniciativa popular Amazônia de Pé tem como foco central impedir que as áreas públicas da Amazônia Legal fiquem vulneráveis à grilagem e ao uso irregular. Além de destinar essas áreas obrigatoriamente para fins de conservação e justiça social, a proposta impede que elas sejam registradas por pessoas físicas ou jurídicas no Sistema de Cadastro Ambiental Rural (Sicar). A medida busca travar um dos mecanismos mais comuns de ocupação ilegal de terras na região: o registro sobreposto em áreas que pertencem ao patrimônio público.

Atualmente, a mobilização já ultrapassa 300 mil assinaturas, mas a meta é alcançar 1,5 milhão de apoiadores, número equivalente a 1% do eleitorado brasileiro, distribuído em pelo menos cinco estados, como determina a Constituição. Só assim a proposta poderá ser oficialmente apresentada na Câmara dos Deputados e tramitar como uma lei ordinária.

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Indígenas em defesa de projeto de lei para destinar áreas da União na Amazônia para unidades de preservação ou Terras Indígenas – Projeto Colabora

Segundo Kaianaku Kamaiurá, coordenadora de Incidência do movimento Amazônia de Pé, a contribuição dos bois de Parintins é simbólica e estratégica. “É um recado claro para a sociedade e para o governo. A defesa da floresta e a destinação correta das florestas públicas precisam ser feitas urgentemente, e a voz da Amazônia precisa ser ouvida e respeitada”, destacou.

A coleta das assinaturas, feita de forma física — em pontos de apoio ou pelos Correios —, exige dedicação e mobilização popular. O desafio, que poderia parecer burocrático, ganhou contornos de espetáculo por meio da disputa dos bois. A cada assinatura recolhida, Garantido e Caprichoso transformaram ativismo em celebração, provando que engajamento político também pode nascer da cultura popular.

O episódio revela como a população amazônica não enxerga a floresta apenas como recurso econômico, mas como parte essencial de sua identidade e história. A mobilização em torno do Amazônia de Pé mostra que a luta ambiental está entranhada no cotidiano, nas festas, nas músicas e nos rituais de pertencimento.

A voz da Amazônia no debate nacional

Os números do desafio reforçam que a Amazônia não é apenas palco de disputas culturais ou ambientais, mas também de cidadania. Para Nakanome, a mobilização amplia a compreensão de que a arte dos bumbás é feita de pessoas que vivem os efeitos diretos da crise climática. “Os bumbás não são feitos apenas por arte ou material. São feitos de pessoas que vivem nesse ambiente e sofrem, todos os dias, as consequências de uma crise climática e da falta de políticas públicas”, disse.

A contribuição de Caprichoso e Garantido, portanto, vai além da arena de Parintins: fortalece uma articulação nacional para a defesa da Amazônia, em um momento em que a floresta enfrenta pressões crescentes do desmatamento e da grilagem.

Se a festa dos bois é uma das maiores expressões culturais do Brasil, agora também se consolida como ferramenta política e ambiental. E, dessa vez, o grito que ecoa da arena é uníssono: a Amazônia precisa permanecer de pé.

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Glocal Amazônia 2025, grandes eventos viram laboratório de sustentabilidade

Em tempos em que a realização de grandes eventos é constantemente questionada pelo rastro ambiental que pode deixar, a Glocal Amazônia 2025, que começa no dia 28 de agosto em Manaus, pretende mostrar que há alternativas concretas para transformar esse cenário. A proposta da organização é simples de enunciar, mas ousada de executar: montar toda a estrutura do encontro com materiais reciclados, reaproveitados ou de baixo impacto ambiental, provando que a sustentabilidade pode estar presente do palco aos brindes.

Mais do que uma feira de debates, palestras e experiências sobre a Amazônia e o futuro do planeta, o evento se propõe a ser também um exemplo vivo de práticas sustentáveis. Cada detalhe, desde a comunicação visual até a logística energética, foi pensado para reduzir emissões, poupar recursos e sensibilizar o público.

Quem circular pelo espaço perceberá que a cenografia não é apenas estética, mas também pedagógica. Palcos, painéis e mobiliário serão produzidos com madeira de reflorestamento certificada, bambu e OSB — placas feitas a partir de resíduos de madeira que ganham nova vida no formato de superfícies resistentes. As estruturas metálicas, como o box truss de alumínio, também não são novidade recém-produzida: foram reaproveitadas de outros eventos, mostrando que a criatividade e o reuso podem reduzir drasticamente a pegada ambiental.

Na comunicação visual, a lógica é a mesma. Lonas recicladas, tintas à base d’água e placas de PET reciclado vão compor a identidade do evento. Parte da sinalização será digital, em painéis de LED, uma escolha que diminui o consumo de papel e plástico e aponta para uma tendência cada vez mais forte no setor de eventos.

Brindes que ensinam

Os brindes e kits distribuídos ao público deixam de lado o caráter descartável tão comum nesse tipo de encontro. Em vez de canetas plásticas ou panfletos que rapidamente viram lixo, a Glocal oferece itens que podem ser incorporados ao dia a dia: copos reutilizáveis ou biodegradáveis, sacolas de algodão cru, cadernos de papel reciclado, garrafas de alumínio ou vidro. Cada objeto carrega consigo uma mensagem de permanência e responsabilidade.

Outro diferencial está na ambientação do espaço. Plantas naturais em vasos reutilizáveis farão parte da decoração, mas, ao final do evento, não serão descartadas: serão replantadas ou doadas, prolongando o ciclo de vida. Pallets transformados em mobiliário e tecidos de algodão orgânico ou reciclado em cortinas, painéis e uniformes reforçam a narrativa de que a sustentabilidade não é apenas uma diretriz, mas um fio condutor.

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Glocal Amazônia aposta em materiais reciclados para estruturas de palcos, decoração e brindes – Foto: Divulgação

Energia limpa e operação consciente

Se a cenografia é um manifesto, a operação do evento não poderia ficar atrás. A Glocal 2025 optou por iluminação 100% em LED, consumo reduzido de energia e geradores movidos a biodiesel. Além disso, pontos de recarga e iluminação terão fontes temporárias de energia solar, mostrando que as soluções renováveis já podem atender às demandas de eventos de grande porte.

A gestão de resíduos também é central. Todo o espaço contará com coleta seletiva, organizada para garantir que papel, vidro, plástico e metais tenham destino adequado. Assim, o impacto ambiental do evento não termina quando as luzes se apagam.

O que se desenha, portanto, é mais do que uma conferência. A Glocal Amazônia 2025 quer se firmar como um laboratório vivo, onde práticas sustentáveis deixam de ser apenas discursos e se materializam em cada detalhe. Ao transformar cenários, brindes e até a operação logística em exemplos concretos, o evento não apenas transmite conhecimento, mas oferece experiências tangíveis de como é possível alinhar grandes encontros com os princípios da economia circular.

Em um momento em que a Amazônia está no centro das atenções globais, a escolha de Manaus como palco para esse experimento não é fortuita. É a própria floresta, com sua abundância e também sua fragilidade, que inspira a busca por soluções. Mostrar que é possível realizar um evento de impacto internacional com baixo impacto ambiental é uma forma de colocar o Brasil — e a Amazônia — na vanguarda da inovação sustentável.

Assim, a Glocal não se limita a reunir especialistas, gestores e ativistas. Ela transforma sua própria infraestrutura em mensagem. Uma mensagem clara: sustentabilidade não é um tema lateral, mas pode e deve estar no centro da experiência coletiva.
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Operação na TI Mangueirinha desmantela rede de extração ilegal de araucária no Paraná

Uma grande operação de fiscalização resultou na prisão de envolvidos em um esquema de exploração ilegal de madeira na Terra Indígena Mangueirinha, no centro-sul do Paraná. A ação foi coordenada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em parceria com a Polícia Federal, que cumpriram 16 mandados judiciais na região, entre buscas, apreensões e prisões.

Entre os investigados está um líder indígena da própria comunidade, acusado de atuar no comércio clandestino de madeira, especialmente da araucária (Araucaria angustifolia), árvore símbolo do Paraná e considerada espécie ameaçada de extinção. O envolvimento de lideranças locais na rede criminosa acendeu um alerta ainda maior para a gravidade da situação, revelando que o esquema não apenas se aproveitava das fragilidades de fiscalização, mas também se infiltrava nas próprias estruturas comunitárias.

A araucária, também chamada de pinheiro-do-paraná, está listada como vulnerável à extinção e possui corte controlado pela legislação brasileira. Mesmo assim, a pressão econômica tem estimulado a extração clandestina, que avança sobre os últimos remanescentes da floresta com araucária.

Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), apenas 0,8% da vegetação original em estágio avançado de regeneração ainda resiste no Paraná. Dentro da Terra Indígena Mangueirinha, inserida no bioma Mata Atlântica, esses fragmentos são considerados fundamentais para a manutenção da biodiversidade e dos modos de vida tradicionais.

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Ibama e PF indicam envolvimento de indígena na extração ilegal de araucária – Fotos: Ibama/PR

Histórico de fiscalização e repressão

A operação deflagrada em agosto de 2025 não surgiu do nada. Desde 2022, o Ibama vinha intensificando o monitoramento da região, após constatar o crescimento de atividades ilícitas relacionadas à extração de madeira. Nesse período, foram aplicadas 33 multas ambientais que somam cerca de R$ 2,5 milhões, além do embargo de 132 hectares desmatados ilegalmente.

Também foram apreendidos 250 metros cúbicos de madeira, 12 motosserras, oito veículos de transporte, entre caminhões e tratores, e até uma serraria móvel usada para processar a araucária dentro da própria terra indígena. Em paralelo, serrarias e madeireiras da região foram fiscalizadas, resultando em dez empresas autuadas e três prisões em flagrante antes mesmo da operação mais recente.

As informações colhidas nessas fiscalizações forneceram elementos cruciais para a investigação conduzida pela Polícia Federal. Dados de celulares apreendidos, registros administrativos e autos de infração ajudaram a mapear uma rede organizada de extração e comércio ilegal, levando à expedição dos mandados judiciais cumpridos agora.

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Fiscalização do Ibama

Cadeia clandestina da madeira

O esquema, segundo os investigadores, movimentava a madeira extraída irregularmente da TI Mangueirinha para serrarias clandestinas nos municípios vizinhos. A comercialização, que deveria estar atrelada ao Documento de Origem Florestal (DOF), exigido em todas as etapas da cadeia produtiva, era feita sem qualquer controle.

O Ibama reforça que o DOF é a única garantia de procedência legal da madeira, funcionando como uma espécie de “certidão de nascimento” do produto, acompanhando-o da floresta ao consumidor final. Sem ele, os compradores também podem ser responsabilizados, o que coloca comerciantes e empresas sob maior risco jurídico.

A devastação das últimas reservas de araucária no Paraná não traz apenas perdas ambientais. Para os povos indígenas da região, a exploração ilegal ameaça a integridade do território e compromete o uso sustentável dos recursos naturais. Já para a sociedade em geral, representa um retrocesso na luta contra a degradação da Mata Atlântica, um dos biomas mais pressionados do país.

A operação na TI Mangueirinha mostra como a criminalidade ambiental se estrutura em redes complexas que envolvem intermediários, transportadores e compradores finais, muitas vezes atravessando fronteiras comunitárias e até institucionais. A prisão de um líder indígena escancara esse desafio: enfrentar a exploração predatória exige não apenas repressão policial, mas também políticas públicas de fortalecimento comunitário, incentivo a alternativas econômicas sustentáveis e vigilância permanente.
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Gilberto Gil leva ópera inspirada em Gonçalves Dias à abertura da COP 30 em Belém

Meses antes de subir ao palco do Theatro da Paz com sua turnê de despedida Tempo-Rei, em março de 2026, Gilberto Gil prepara uma obra inédita para a capital paraense. Em novembro, durante a cerimônia de abertura da COP 30, Belém receberá a estreia da ópera I-Juca Pirama, baseada no célebre poema de Gonçalves Dias.

O projeto é fruto da parceria do compositor baiano com o maestro italiano Aldo Brizzi e nasceu de uma ideia original do escritor Paulo Coelho. A obra está programada para os dias 10, 11 e 12 de novembro, com encenação ainda em fase de definição, mas já confirmada como um dos pontos altos da programação cultural da conferência climática.

Publicado em 1851 no livro Últimos Cantos, o poema I-Juca Pirama é considerado uma das grandes obras do romantismo brasileiro. Com 484 versos divididos em dez cantos, narra a saga de um jovem guerreiro tupi aprisionado por uma tribo timbira que se prepara para sacrificá-lo em um ritual antropofágico. Mais do que um relato épico, o texto exalta o indígena como herói nacional, em sintonia com a primeira fase do movimento romântico, que buscava valorizar a identidade e a natureza brasileiras.

Essa dimensão cultural e simbólica foi determinante para que Paulo Coelho sugerisse a adaptação do poema. Segundo Gil, a escolha dialoga diretamente com a temática da COP 30, que terá a Amazônia no centro das discussões sobre mudanças climáticas. “O poema tem uma força dramática muito importante e evoca questões profundas sobre comunidades indígenas e suas tradições”, explicou o artista em entrevista ao jornal Grupo Liberal.

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Theatro da Paz – Agência Pará

A criação compartilhada

Depois da sugestão de Coelho, coube a ele e a Brizzi a elaboração do libreto. Gilberto Gil, por sua vez, assumiu a tarefa da composição musical ao lado do maestro. A obra já está concluída no campo sonoro, restando agora a etapa de viabilização cênica e logística. Segundo o compositor, a montagem será construída de forma colaborativa, com participação ativa de músicos e representantes de comunidades indígenas.

Essa não é a primeira vez que Gil e Brizzi unem forças no universo da ópera. Em Amor Azul, criada a partir de um poema hindu sobre o amor de Krishna e Radha, os dois desenvolveram 41 canções originais. Agora, em I-Juca Pirama, a dupla volta a apostar na fusão entre a tradição erudita e a linguagem popular, marca registrada do trabalho de Gil.

“O objetivo é aproximar o universo operístico da musicalidade popular brasileira, onde transito e trabalho”, afirma. O compositor cita exemplos de artistas como Chico Buarque, que já explorou esse diálogo em obras como Ópera do Malandro e Gota D’Água, para reforçar que a integração entre música popular e dramaturgia é um caminho fértil e historicamente legitimado.

A escolha de estrear a ópera durante a COP 30 em Belém carrega também um sentido simbólico. O Pará, estado que será o epicentro da conferência, tem vivido intensos debates sobre desmatamento, bioeconomia e preservação ambiental. Nesse contexto, trazer ao palco uma obra que revisita tradições indígenas e questiona relações de poder e sobrevivência é um gesto artístico que se conecta diretamente com os dilemas contemporâneos.

Além disso, a estreia amplia a relevância cultural do evento global. Belém, que receberá delegações de quase 200 países, terá não apenas um espaço de negociações políticas, mas também um palco de experiências estéticas que projetam a cultura brasileira no cenário internacional.

Seja pela densidade do poema de Gonçalves Dias, pela força da música de Gil ou pela ressonância das pautas indígenas na atualidade, I-Juca Pirama se anuncia como um espetáculo de múltiplas camadas: um tributo à literatura romântica, um exercício de reinvenção musical e um convite ao diálogo entre arte, tradição e futuro.

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Mutirão de empregos prepara Belém para a COP30

Em Belém, a preparação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) já começa a transformar a vida de muitos trabalhadores paraenses. Uma iniciativa conjunta entre o Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), e o Hotel Vila Galé, trouxe a público o primeiro mutirão de empregos voltado para o setor hoteleiro na capital. A ação busca não apenas suprir a demanda de mão de obra qualificada para o evento climático de novembro, mas também fortalecer a economia local, criando oportunidades de trabalho em áreas estratégicas como turismo, gastronomia e hotelaria.

A porta de entrada para esse movimento é a plataforma Profissionais COP30, que atua como um banco de currículos voltado a candidatos certificados pelo programa Capacita COP30. O sistema conecta diretamente trabalhadores formados em cursos de qualificação às empresas interessadas em contratar mão de obra especializada. No caso do Vila Galé Collection Amazônia, primeiro hotel da rede portuguesa instalado em Belém, foram abertas 100 vagas em diferentes áreas, com possibilidade de novas seleções a depender do resultado inicial.

O processo seletivo, programado para os dias 22, 23 e 24 de agosto, acontecerá no Instituto de Educação do Estado do Pará (IEEP), no bairro da Campina. Durante a seleção, os candidatos participam de apresentação institucional, cadastro e entrevistas individuais. As vagas abrangem desde funções operacionais até cargos de liderança em setores como recepção, manutenção, governança, cozinha, bar, restaurante, animação e SPA. Para se inscrever, é necessário apresentar documento de identidade e currículo impresso.

Segundo o secretário da Sectet, Victor Dias, a ação simboliza o compromisso do Estado em preparar a população local para as oportunidades que a COP30 trará. Para ele, o mutirão representa mais do que um processo de contratação: é uma política pública de inclusão produtiva. A fala de Dias ecoa a ideia de que a plataforma Profissionais COP30 serve de ponte entre quem investiu em sua formação e os setores que precisam de mão de obra preparada.

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Quarto da rede hoteleira – Rodrigo Pinheiro/Agência Pará

A coordenadora de Treinamento e Seleção do Vila Galé, Marina Mendonça, reforça esse posicionamento ao destacar que o objetivo não é apenas preencher vagas, mas oferecer oportunidades reais de crescimento. Ela aponta que, para funções de liderança, a experiência será um diferencial importante, enquanto nos demais cargos a prioridade recai sobre o entusiasmo, a capacidade de aprender e o bom relacionamento interpessoal.

O Vila Galé Collection Amazônia, instalado nos armazéns 7, 8 e 8A do complexo Porto Futuro II, representa um marco para o turismo na região. Com 227 apartamentos, restaurante especializado em gastronomia amazônica, spa, parque aquático infantil e salas de eventos, o hotel une sofisticação e identidade cultural local, tornando-se peça central no acolhimento de visitantes durante a conferência.

O programa Capacita COP30, que já certificou mais de 22 mil participantes, é outro pilar fundamental desse processo. Em sua 11ª rodada de cursos gratuitos, a iniciativa prepara trabalhadores em áreas diversas, desde turismo e gastronomia até infraestrutura e segurança. Trata-se de um esforço coordenado do governo estadual para garantir que a realização da COP30 em Belém deixe um legado de qualificação profissional e desenvolvimento econômico.

O mutirão de empregos organizado pelo Vila Galé e pela Sectet é, portanto, mais do que uma resposta imediata às necessidades da rede hoteleira: é um reflexo da estratégia de longo prazo para consolidar o Pará como referência em turismo sustentável e em hospitalidade de excelência. A COP30, ao atrair milhares de visitantes, cria uma oportunidade única para a região mostrar sua capacidade de organização, sua hospitalidade e seu potencial econômico.

Enquanto a cidade se prepara para sediar um dos eventos mais importantes da agenda climática global, as ações de capacitação e inclusão profissional demonstram que o legado da COP30 vai muito além das negociações políticas. Ele se materializa na geração de empregos, na valorização de talentos locais e na construção de um futuro mais sustentável para a Amazônia.

Serviço: Mutirão de empregos Vila Galé Collection Amazônia

Data: 22, 23 e 24 de agosto

Local: Instituto de Educação do Estado do Pará (IEEP) – Rua Gama Abreu, 256, bairro da Campina

Horário: 8h às 12h*

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Novo curso da Embrapa ensina a avaliar adoção de tecnologias agropecuárias

A Embrapa, em parceria com instituições de pesquisa e extensão rural, lançou uma nova capacitação gratuita em sua plataforma e-Campo. O curso “Diagnóstico Comportamental da Atividade Produtiva: adoção e impacto de tecnologias agropecuárias” é totalmente online, assíncrono e tem carga horária de 20 horas. Destinado a pesquisadores, profissionais, estudantes e agentes de transferência de tecnologia, o programa pretende aprofundar a compreensão sobre como ocorre o processo de inovação no campo e oferecer ferramentas para que essa análise seja aplicada de forma prática.

A formação apresenta o Diagnóstico Comportamental da Atividade Produtiva (DCAP), método desenvolvido pela Embrapa Cerrados em parceria com a Emater-DF. A proposta é monitorar como produtores rurais e demais usuários interagem com novas tecnologias agropecuárias, observando os comportamentos e os impactos gerados em diferentes momentos. O DCAP investiga o conhecimento adquirido e a motivação despertada nos primeiros contatos com uma inovação, acompanha a transformação desse interesse em ação concreta e, posteriormente, avalia os efeitos de longo prazo, que podem ser expressos em ganhos de produtividade, sustentabilidade ou mesmo em mudanças sociais dentro das comunidades rurais. Essa perspectiva torna o método útil não apenas para diagnósticos, mas também para planejar e acompanhar intervenções técnicas, identificando barreiras de adoção e permitindo ajustes nas estratégias de inovação.

A estrutura do curso foi pensada para levar o participante da teoria à prática em quatro módulos. Inicialmente, são abordados os fundamentos conceituais, incluindo o Modelo Lógico e o Modelo Comportamental que embasam o DCAP. Em seguida, os alunos são convidados a elaborar seus próprios instrumentos de avaliação em oficinas aplicadas. O terceiro módulo aprofunda a coleta e a análise de dados, e o último orienta a redação de relatórios com base nas informações levantadas. Ao final, espera-se que os participantes estejam aptos a aplicar a metodologia em situações reais, dialogando diretamente com produtores, extensionistas e diferentes atores do setor agropecuário.

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Logo – Embrapa

Importância estratégica, certificação e sustentabilidade

O lançamento do curso acontece em um momento em que o agronegócio brasileiro passa por transformações aceleradas, impulsionadas por avanços em biotecnologia, digitalização, mecanização e práticas sustentáveis. Apesar do volume de inovações disponíveis, nem sempre sua adoção ocorre de forma homogênea. Muitas vezes, tecnologias tecnicamente eficientes não são incorporadas por falta de confiança, inadequação às condições locais ou ausência de motivação entre os produtores. É justamente nesse ponto que o DCAP se destaca, ao revelar os fatores que estimulam ou inibem a adoção de inovações, permitindo que políticas públicas, programas de extensão e estratégias privadas sejam mais assertivos.

O curso, portanto, não se limita ao universo acadêmico. Ele representa um recurso de grande valor para agentes de extensão rural, técnicos de cooperativas, consultores e gestores públicos que buscam ampliar a eficácia da inovação no campo. Os interessados podem se inscrever diretamente no e-Campo, bastando criar uma conta gratuita para ter acesso aos cursos disponíveis. A certificação é emitida pela Embrapa para quem cumprir pelo menos 70% das atividades obrigatórias e responder à avaliação de satisfação e à enquete inicial, podendo ser utilizada tanto em contextos acadêmicos quanto profissionais.

Além de capacitar pessoas, a iniciativa reforça o compromisso da Embrapa com a sustentabilidade. Tecnologias que aumentam a eficiência produtiva e ao mesmo tempo preservam recursos naturais só alcançam impacto real quando efetivamente incorporadas às rotinas produtivas. O DCAP surge como um elo entre pesquisa e prática, permitindo que o conhecimento científico seja traduzido em transformações concretas para produtores, comunidades rurais e para o meio ambiente. Nesse sentido, o novo curso representa uma ferramenta de fortalecimento da inovação sustentável, consolidando-se como um passo fundamental para aproximar ciência, campo e sociedade.

Para efetuar a inscrição, clique aqui. Importante: para se inscrever, é preciso ter uma conta no e-Campo. No primeiro acesso, basta seguir as instruções para criar a conta. Com o e-mail registrado na conta, é possível se inscrever nos cursos disponíveis na plataforma.

Para mais informações sobre o curso, envie um e-mail para e-campo.cerrados@embrapa.br.

Conheça os demais cursos ofertados pela Embrapa Cerrados na plataforma e-Campo clicando aqui.

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“Amazônia em foco” países aprovam Carta de Bogotá na OTCA

Em um movimento diplomático crucial para o futuro da maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou a Bogotá para participar da 5ª Cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). O objetivo principal do encontro, além de fortalecer os compromissos de proteção do bioma entre os países-membros, foi o de consolidar o apoio à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em Belém, no Pará, marcando a primeira vez que o evento é realizado em solo amazônico.

A agenda de Lula na capital colombiana foi moldada para impulsionar a cooperação regional. Um dos pontos mais relevantes é a busca por uma declaração conjunta de apoio ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), uma iniciativa brasileira que será oficialmente lançada na COP30. O fundo é projetado para ser um mecanismo financeiro de grande escala, com um valor previsto de US$ 125 bilhões, dedicado à preservação de biomas florestais tropicais. A importância desses ecossistemas é global, pois eles desempenham um papel fundamental na regulação do clima, na manutenção dos ciclos de chuva e na captura de carbono atmosférico. Cerca de 70 países abrigam essas florestas, o que ressalta a dimensão e a necessidade de uma ação coordenada.

A cúpula, realizada na Casa de Nariño, sede da Presidência da Colômbia, começou com um diálogo direto entre representantes dos países-membros e organizações da sociedade civil e comunidades indígenas. Essa abordagem, que se assemelha à adotada na cúpula anterior em Belém há dois anos, sublinha a importância de incluir a perspectiva de quem vive e depende da floresta. O presidente colombiano Gustavo Petro, ao lado de Lula, liderou as discussões. Embora outros países tenham enviado seus chanceleres, a presença dos dois chefes de Estado reforça o protagonismo do Brasil e da Colômbia nas discussões sobre a Amazônia.

A comitiva brasileira que acompanhou Lula incluiu nomes de peso na política ambiental e social do país, como os ministros Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência), Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Mauro Vieira (Relações Exteriores). A presença do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, é especialmente simbólica, indicando a centralidade do evento global na agenda diplomática brasileira.

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Ministra Marina Silva -Agência Brasil

O esperado da Amazônia Internacional

Além do apoio ao TFFF, a cúpula da OTCA resultou na aprovação da Carta de Bogotá. Este documento é uma peça-chave que reforça as metas e os compromissos dos países em diversas frentes, desde o combate ao desmatamento até a promoção do desenvolvimento sustentável na região amazônica. A carta representa um novo capítulo na colaboração regional, estabelecendo diretrizes claras e uma visão compartilhada para a proteção e o uso sustentável dos recursos da floresta. As ações propostas incluem o fortalecimento da fiscalização, a promoção de bioeconomias e o investimento em pesquisa e tecnologia para o desenvolvimento sustentável. A ideia é que a Amazônia não seja vista apenas como um problema a ser resolvido, mas como uma fonte de soluções inovadoras e de prosperidade para as comunidades locais e a economia global.

O cenário em que a cúpula da OTCA acontece é complexo, com pressões crescentes sobre a Amazônia de diversas frentes, incluindo atividades ilegais como o garimpo e a extração de madeira, além do avanço da fronteira agrícola. Nesse contexto, a união dos países amazônicos é fundamental para enfrentar esses desafios de forma coordenada e eficaz. A presença de Lula em Bogotá enviou uma mensagem clara sobre a prioridade que o Brasil dá a essa agenda, buscando reconquistar a confiança internacional e liderar os esforços de preservação.

A diplomacia ambiental brasileira, que foi reativada com a nova gestão, tem na COP30 um de seus maiores desafios e oportunidades. O sucesso do evento em Belém dependerá, em grande parte, do engajamento dos países vizinhos e da capacidade de a região apresentar um plano coeso e ambicioso para a proteção da floresta. A Cúpula da Otca foi um passo importante nessa direção, pavimentando o caminho para que a COP30 seja um marco não apenas para o Brasil, mas para toda a bacia amazônica e para o planeta. A declaração de Lula à imprensa antes de seu retorno ao Brasil serviu como um resumo dos avanços e do otimismo gerado pelo encontro, reforçando a visão de que a cooperação é a única via para a sustentabilidade da Amazônia.

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5 sinais do cachorro quando late demais

Poucos sons são tão familiares quanto o latido de um cachorro. Para muitos tutores, esse é o jeito mais claro que o animal encontra de se expressar. Mas quando os latidos se tornam excessivos, podem gerar dúvidas, incômodos e até problemas de convivência com vizinhos. O que pouca gente sabe é que, por trás de cada tipo de latido, existe uma mensagem. Aprender a interpretá-la é o primeiro passo para compreender melhor seu companheiro de quatro patas e reduzir o excesso de ruídos no dia a dia.

Por que os cachorros latem tanto

Os cães descendem de lobos, mas desenvolveram habilidades de comunicação próprias ao longo da domesticação. O latido, que é pouco usado entre lobos, tornou-se uma das principais ferramentas do cachorro para interagir com humanos e outros animais. Ele late para avisar, pedir, expressar alegria ou até demonstrar frustração.

O problema surge quando o tutor não entende esses sinais, o que pode levar a interpretações equivocadas. Em alguns casos, o excesso de latidos também é sintoma de tédio, ansiedade ou falta de estímulos adequados.

Latido de alerta

Um dos mais fáceis de reconhecer é o latido de alerta. Ele costuma ser forte, repetitivo e em tom grave. É a forma que o cachorro encontra de avisar que algo está acontecendo: a campainha tocou, um estranho se aproximou ou houve um barulho inesperado. Esse comportamento é instintivo e faz parte do papel de guardião que muitos cães assumem.

Embora natural, o excesso de latidos de alerta pode se tornar um problema em áreas urbanas. Nesse caso, é importante ensinar o animal a parar quando o tutor sinaliza que está tudo bem.

Latido de saudade ou ansiedade

Cães que ficam muito tempo sozinhos tendem a latir de forma aguda, contínua e até chorosa. Esse tipo de latido é típico de animais com ansiedade de separação. Eles sentem falta do tutor e não sabem lidar com o vazio deixado pela ausência.

Para reduzir esse comportamento, é essencial proporcionar enriquecimento ambiental: brinquedos interativos, petiscos escondidos pela casa e até a companhia de outro animal podem ajudar. Além disso, treinar o cachorro para lidar com momentos de solidão de forma gradual é uma estratégia eficaz.

Latido de excitação e alegria

Quando o tutor chega em casa, pega a guia para passear ou oferece um brinquedo, o cachorro pode soltar latidos curtos, rápidos e alegres. Esse é o latido da empolgação, geralmente acompanhado de abanar o rabo, pular e correr de um lado para o outro.

Esse tipo de comunicação é positivo, mas pode ser controlado se estiver muito intenso. Ensinar o cachorro a sentar e esperar calmamente antes de receber atenção é uma forma de equilibrar a alegria sem transformar o momento em um festival de barulho.

Latido de tédio

Cães que não gastam energia suficiente, física ou mental, tendem a latir simplesmente para se distrair. Esses latidos são espaçados, mas persistentes, e podem durar longos períodos. O tutor que não oferece caminhadas regulares, brinquedos e estímulos variados contribui para esse comportamento.

Nesses casos, a solução é aumentar a rotina de atividades. Caminhadas mais longas, treinos de obediência, jogos de busca e até sessões de socialização com outros cães ajudam a reduzir o excesso de latidos por tédio.

Latido de frustração ou pedido

Quando o cachorro quer algo — como comida, brinquedo ou atenção —, ele pode emitir latidos insistentes, geralmente olhando diretamente para o tutor. Esse comportamento pode ser reforçado involuntariamente quando o tutor cede ao pedido.

Para evitar que o latido vire uma “moeda de troca”, é importante recompensar apenas comportamentos tranquilos. Ignorar os latidos de pedido e oferecer o que o cachorro deseja quando ele estiver calmo é um treino simples, mas eficiente.

O papel do tutor na interpretação dos latidos

Entender o que cada tipo de latido significa é fundamental para agir de forma correta. Muitas vezes, o excesso não é apenas uma questão de comportamento, mas de comunicação falha. Se o tutor aprende a ouvir e responder adequadamente, o cachorro se sente compreendido e tende a diminuir a frequência de latidos.

Além disso, cada animal tem particularidades. Alguns cães são naturalmente mais “falantes”, como os das raças Beagle, Spitz Alemão e Schnauzer. Outros são mais silenciosos, mas podem latir bastante em situações específicas.

Como ajudar o cachorro a latir menos

  • Ofereça atividades físicas diárias: Caminhadas, corridas e brincadeiras ajudam a gastar energia acumulada.

  • Invista em brinquedos interativos: Eles estimulam o cérebro do cachorro e reduzem o tédio.

  • Treine comandos de silêncio: Ensinar o cachorro a parar de latir quando solicitado é possível com paciência e recompensas.

  • Crie uma rotina estável: Animais que sabem o que esperar do dia a dia tendem a ser mais tranquilos.

  • Evite broncas excessivas: Repreender sem entender o motivo do latido pode aumentar a ansiedade. Prefira treinar e redirecionar o comportamento.

Quando procurar ajuda profissional

Se o cachorro late demais e nada parece resolver, pode ser hora de buscar auxílio especializado. Adestradores, veterinários comportamentalistas e até consultas com profissionais de enriquecimento ambiental podem identificar causas específicas e sugerir soluções personalizadas.

Em alguns casos, o excesso de latidos pode estar ligado a problemas de saúde, como dores ou desconfortos. Por isso, descartar causas médicas é sempre o primeiro passo.

Um novo olhar sobre os latidos

No fim das contas, o latido é apenas uma linguagem. Quando o tutor aprende a interpretá-la, o convívio se torna mais harmonioso e o cachorro passa a ser visto não como um incômodo, mas como um ser que busca se expressar.

Cada latido é uma oportunidade de entender melhor o que o animal precisa. Seja alerta, pedido, alegria ou tédio, todos têm algo em comum: são convites para fortalecer o vínculo entre humano e cachorro.

Aprender a ouvir é a chave para transformar o excesso de barulho em diálogo — e para descobrir que, atrás de cada latido, existe sempre um recado de carinho, confiança e conexão.

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5 motivos para cultivar Adromischus cristatus em casa

Entre tantas suculentas que conquistaram espaço em jardins e coleções de apaixonados por plantas, poucas se destacam tanto quanto a Adromischus cristatus. Com suas folhas em formato ondulado, textura peculiar e uma resistência surpreendente, essa pequena planta sul-africana se tornou uma verdadeira queridinha no mundo da jardinagem. Não é apenas sua aparência exótica que chama atenção, mas também sua capacidade de sobreviver em condições adversas, o que a torna quase indestrutível.

Para quem deseja unir beleza e praticidade, conhecer a Adromischus cristatus é abrir a porta para uma experiência única de cultivo, mesmo em espaços pequenos e sem muito tempo disponível para cuidados.

Origem e características da Adromischus cristatus

A Adromischus cristatus pertence à família das Crassulaceae, a mesma da famosa Crassula ovata (a árvore-da-fortuna). Nativa das regiões áridas do sul da África, ela se adaptou a climas extremos, desenvolvendo estratégias para armazenar água em suas folhas carnudas e tolerar longos períodos de seca.

Suas folhas têm formato triangular e bordas onduladas, o que lembra pequenos leques ou até rendas verdes. Esse detalhe, somado à textura aveludada, dá à planta uma aparência única e ornamental. Quando bem cuidada, pode ainda produzir flores pequenas em tons de branco ou lilás, discretas, mas que acrescentam charme à sua excentricidade.

A fama de “quase indestrutível”

O apelido de quase indestrutível não é exagero. A Adromischus cristatus consegue resistir à falta de água, suporta ambientes internos com iluminação moderada e raramente sofre com pragas. Essa resiliência faz dela uma excelente opção para iniciantes que ainda não têm tanta experiência no cultivo de suculentas.

Enquanto muitas espécies se tornam sensíveis ao excesso de atenção, a Adromischus cristatus prefere justamente o contrário: ser deixada em paz. Excesso de rega ou manipulação é muito mais prejudicial para ela do que eventuais descuidos.

Como cultivar a Adromischus cristatus

Apesar de ser resistente, a planta tem algumas preferências que, quando atendidas, a tornam ainda mais vigorosa e bela.

Luz ideal

A Adromischus cristatus aprecia boa luminosidade, mas não tolera exposição prolongada ao sol forte do meio-dia. O ideal é cultivá-la em locais com sol suave da manhã ou da tarde. Em ambientes internos, basta posicioná-la próxima a uma janela iluminada.

Solo e drenagem

Assim como outras suculentas, a Adromischus cristatus precisa de solo leve e bem drenado. Uma mistura de terra comum com areia grossa e perlita é suficiente. O objetivo é evitar acúmulo de água nas raízes, já que esse é o único fator capaz de comprometer a saúde da planta.

Rega moderada

O segredo está em regar apenas quando o solo estiver completamente seco. Em épocas mais quentes, isso pode significar uma vez por semana. Já no inverno, pode ser suficiente regar apenas a cada 20 dias. A planta prefere períodos de seca a excesso de água.

Temperatura e ambiente

Por ser originária de regiões áridas, a Adromischus cristatus não gosta de frio intenso. Temperaturas abaixo de 10°C podem causar danos. Em climas mais frios, é indicado mantê-la dentro de casa durante o inverno.

Propagação

Uma das curiosidades da espécie é a facilidade de propagação. Basta destacar uma folha saudável e deixá-la secar por alguns dias antes de colocá-la sobre o substrato. Em pouco tempo, ela começa a enraizar e dar origem a uma nova planta. Isso explica por que a Adromischus cristatus também é chamada de “planta generosa”, já que se multiplica facilmente.

Por que ela virou queridinha dos colecionadores

Além da resistência, a Adromischus cristatus ganhou fama entre colecionadores por sua aparência incomum. Enquanto muitas suculentas têm formatos arredondados ou simétricos, suas folhas onduladas e irregulares criam um contraste visual interessante. É comum vê-la em arranjos mistos de suculentas, onde sempre acaba roubando a cena.

Outro ponto é que ela ocupa pouco espaço. Seu crescimento é relativamente lento e compacto, o que a torna perfeita para pequenos vasos em mesas, estantes e até terrários abertos. Essa versatilidade de uso decorativo aumentou ainda mais sua popularidade.

O apelo no design de interiores

Nos últimos anos, a Adromischus cristatus passou a ser usada não apenas em jardins, mas também como peça de decoração em interiores modernos. Sua estética exótica e ao mesmo tempo delicada combina tanto com ambientes minimalistas quanto com espaços mais rústicos. É uma planta que chama atenção sem exigir muito destaque, tornando-se um detalhe elegante em qualquer ambiente.

Cuidados extras para mantê-la saudável

Mesmo sendo quase indestrutível, alguns cuidados podem garantir longevidade e beleza:

  • Retire folhas secas regularmente, evitando o acúmulo de matéria orgânica que pode atrair fungos.

  • Faça adubação leve a cada três meses, de preferência com fertilizantes específicos para suculentas.

  • Gire o vaso periodicamente, para que a planta receba luz uniforme e cresça de maneira equilibrada.

Essas pequenas práticas ajudam a manter a Adromischus cristatus sempre viçosa e pronta para surpreender com sua forma única.

Um símbolo de resistência e beleza

A popularidade da Adromischus cristatus não se deve apenas à sua aparência, mas também ao que ela simboliza: resistência, adaptação e simplicidade. Em um mundo em que muitas plantas exigem cuidados minuciosos, ter uma espécie quase indestrutível que ainda oferece beleza exótica é um verdadeiro privilégio.

Para jardineiros iniciantes, ela é um convite para começar sem medo de errar. Para colecionadores, é uma peça de destaque que nunca decepciona. E para quem busca apenas um toque verde em casa, é uma solução prática, duradoura e charmosa.

No fim, cuidar de uma Adromischus cristatus é aprender que nem toda beleza precisa ser frágil. Muitas vezes, é justamente na força silenciosa e na simplicidade de uma suculenta quase indestrutível que encontramos a inspiração para admirar a natureza em sua forma mais autêntica.

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Seminário em Belém discute proteção de comunidades e recursos naturais

Na manhã desta quinta-feira, 21 de agosto, Belém se tornou palco de um encontro decisivo entre especialistas, autoridades e representantes da sociedade civil para debater um dos temas mais urgentes da atualidade: como proteger populações tradicionais e os recursos naturais da Amazônia diante das mudanças climáticas. O Instituto de Ensino de Segurança Pública do Pará (Iesp), em parceria com o Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (Unifamaz), abriu o seminário “Segurança Pública, Justiça Climática e Direitos Humanos na COP30: Nossas Falas, Nosso Agir”, conectando segurança pública, justiça climática e direitos humanos em um mesmo espaço de diálogo.

O evento, realizado no auditório da Unifamaz, reuniu profissionais de segurança pública, pesquisadores, gestores e representantes de comunidades amazônicas, em um debate que ganha peso especial neste ano em que Belém se prepara para sediar a COP30.

Segurança, floresta e direitos

Na abertura do seminário, o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Ualame Machado, apresentou a palestra “Segurança Pública e Amazônia: Desafios em Sustentabilidade, Desenvolvimento e Respeito aos Direitos das Populações Locais”. Em sua fala, destacou o papel da segurança pública não apenas no combate aos crimes ambientais, mas também na proteção das populações que vivem diretamente da floresta.

Segundo Machado, garantir a segurança desses povos significa fortalecer o próprio modelo de desenvolvimento sustentável da Amazônia. “Temos a responsabilidade de proteger a floresta e as comunidades que dela dependem, sem confundir moradores tradicionais com aqueles que exploram os recursos de forma criminosa. Nossa missão é clara: preservar riquezas naturais, garantir direitos e evitar que a exploração indevida leve ao agravamento das mudanças climáticas”, afirmou.

O secretário ressaltou ainda que a proximidade da COP30 torna esse debate ainda mais urgente, já que o Pará e o Brasil estarão sob os holofotes mundiais. A floresta amazônica, lembrou, não é apenas patrimônio local, mas peça-chave no equilíbrio climático do planeta.

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Secretário Ualame Machado abordou sustentabilidade, desenvolvimento e respeito aos direitos das populações tradicionais – Agência Pará

A importância do conhecimento compartilhado

A diretora em exercício do Iesp, delegada Telma Avelar, reforçou a proposta do seminário como espaço de integração entre segurança pública e sociedade civil. “Precisamos ampliar esse campo de discussão e garantir que todos tenham consciência do seu papel na preservação da floresta e na proteção das comunidades que a habitam. A segurança, sozinha, não consegue resolver problemas estruturais; mas, em conjunto com a sociedade, podemos ampliar soluções e transformar realidades”, destacou.

Para Avelar, o seminário é também um convite ao conhecimento. A ideia é que tanto profissionais da segurança quanto cidadãos comuns possam entender melhor as ameaças que pairam sobre a Amazônia e como essas ameaças se conectam a direitos humanos, vulnerabilidade social e justiça climática.

Já a reitora da Unifamaz, Adriana Gorayeb, ressaltou o simbolismo de sediar o evento. Para ela, trata-se de um momento de união entre produção acadêmica e desafios sociais concretos. “É uma honra sediar este debate. O seminário reafirma o compromisso da Unifamaz em produzir conhecimento relevante e formar cidadãos conscientes, capazes de pensar um futuro mais justo e sustentável”, disse.

Gorayeb destacou ainda que o evento ganha um significado especial no contexto da COP30, ao aproximar a universidade de temas globais como direitos humanos, segurança climática e justiça ambiental.

Temas em debate

A programação do seminário incluiu painéis sobre segurança climática e vulnerabilidade social, inovações tecnológicas e sustentabilidade, crimes ambientais e segurança pública e incêndios florestais no Pará. Os debates buscaram mostrar que a proteção da Amazônia não pode ser vista apenas como questão ambiental, mas também como desafio de segurança pública, de justiça social e de respeito aos direitos humanos.

Cada painel trouxe diferentes perspectivas, revelando a complexidade de um problema que vai muito além das fronteiras amazônicas. O avanço do desmatamento, os incêndios e os crimes ambientais não afetam apenas comunidades locais: eles impactam diretamente a estabilidade climática global, a soberania nacional e o futuro das próximas gerações.

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créditos: Agência Pará

Amazônia no centro da justiça climática

Ao final, o seminário deixou uma mensagem clara: proteger a Amazônia é proteger vidas. A floresta em pé não é apenas um símbolo de biodiversidade, mas também de justiça climática e de resistência cultural.

Iniciativas como a do Iesp e da Unifamaz demonstram que é possível aproximar diferentes setores – governo, academia, sociedade civil e segurança pública – para construir soluções conjuntas. Essa integração será fundamental não só durante a COP30, mas em todas as estratégias de longo prazo para preservar a floresta e garantir os direitos das populações que dela dependem.

O encontro em Belém reforçou que os desafios são enormes, mas o compromisso de unir segurança, justiça e sustentabilidade é o caminho mais promissor para enfrentar as mudanças climáticas e garantir um futuro mais equilibrado.
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Fruto global, preço local. Ribeirinhos do Pará sofrem com tarifaço dos EUA sobre o açaí.

A cena é repetida todas as manhãs nas margens dos rios do Pará. Barqueiros carregam suas embarcações com latas de açaí recém-colhido, cada uma pesando em média 14 quilos. O destino é a cidade, onde fábricas de beneficiamento transformam o fruto roxo em polpa congelada, pó desidratado ou embalagens prontas para smoothies e tigelas gourmet. O trajeto, que começa nas palmeiras manejadas por ribeirinhos, termina nos cardápios de cafeterias de Nova York ou nas prateleiras de mercados orgânicos da Califórnia.

Esse ciclo, no entanto, foi abruptamente abalado pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos no início de agosto. Ao excluir o açaí da lista de 700 produtos isentos da sobretaxação, a medida transformou o símbolo maior da bioeconomia amazônica em alvo de um jogo geopolítico que atravessa fronteiras e chega ao coração da floresta.

A Amazônia no tabuleiro global

O mercado americano não é apenas um destino entre outros. Ele absorve três quartos de todo o açaí exportado pelo Brasil. Em 2023, foram 61 mil toneladas embarcadas, que renderam US$ 45 milhões em receita externa. Só no primeiro semestre de 2025, as vendas cresceram 59% em relação ao mesmo período do ano anterior, consolidando uma trajetória de duas décadas de expansão.

De repente, esse caminho parece ameaçado. O aumento tarifário deve provocar retração imediata de pelo menos 8% nos volumes exportados, segundo estimativas da Fiepa (Federação das Indústrias do Estado do Pará). “A queda impacta a renda de milhares de famílias, a sustentabilidade da cadeia produtiva e a imagem internacional do açaí paraense, que é um produto de forte valor socioambiental”, alerta Alex Carvalho, presidente da entidade.

A ponta mais frágil: os ribeirinhos

Na prática, quem sente primeiro o golpe são os extrativistas. O preço pago por lata, que hoje varia entre R$ 90 e R$ 150, corre o risco de cair diante da compressão de margens das indústrias exportadoras. Para comunidades que vivem quase exclusivamente da coleta do fruto, isso significa menos dinheiro para alimentação, transporte, saúde e educação.

“O tarifaço pode reduzir o valor pago ao produtor, que já depende de uma safra incerta e do preço do dia na beira do rio. Essa instabilidade mina a segurança financeira das famílias e ameaça todo o modelo de bioeconomia que vinha se consolidando”, explica Denise Acosta, presidente do Sindfrutas Pará.

O impacto não é apenas econômico. Nas comunidades ribeirinhas, o açaí não é apenas mercadoria: é parte da dieta diária, moeda de troca local, expressão cultural. Qualquer oscilação no preço reverbera no cotidiano, alterando hábitos e forçando ajustes dolorosos.

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Feira do Açaí por: Antônio Athayde

Indústria pressionada, empregos em risco

O Pará concentra 95% da produção nacional e 180 fábricas de beneficiamento. Essa estrutura gera 5 mil empregos diretos e outros 15 mil indiretos, que vão desde os barqueiros que transportam o fruto até as equipes de exportação. O tarifaço americano ameaça essa engrenagem.

Empresas que dependem fortemente do mercado norte-americano já relatam dificuldades. Algumas têm cargas paradas em portos dos EUA aguardando definições. Outras estudam recorrer a linhas de crédito do programa federal Brasil Soberano, que oferece suporte para evitar demissões em momentos de crise.

“A gente perde muito com isso, mas os americanos também perdem. Há franquias e redes de alimentação que começam a ficar desabastecidas. O açaí deixou de ser produto exótico para se tornar item cotidiano do consumo saudável nos Estados Unidos”, afirma Acosta.

O problema da dependência

O tarifaço expõe uma fragilidade conhecida, mas até agora subestimada: a concentração das exportações em um único destino. “Embora não exista equivalente made in USA, o açaí concorre indiretamente com smoothies e outras preparações de frutas silvestres. Se o preço subir demais, o consumidor pode migrar”, alerta Carvalho.

Abrir novos mercados, no entanto, não é simples. O grupo EcoFoods, com quatro fábricas no Pará, levou mais de um ano para conquistar clientes no Japão. Foram necessárias análises laboratoriais, atestados sanitários, visitas técnicas de inspetores japoneses. “Foi um processo longo e custoso. A diversificação de mercados é fundamental, mas não acontece do dia para a noite”, lembra José Bonifácio Sena, diretor da empresa.

A China aparece no horizonte como possível alternativa. Delegações de compradores devem visitar Belém em novembro, durante a COP30. Mas conquistar espaço em um mercado exigente como o chinês depende de rastreabilidade, certificações ambientais e comprovação de práticas sustentáveis — requisitos cada vez mais valorizados pelos consumidores globais.

Divulgacao-400x267 Fruto global, preço local. Ribeirinhos do Pará sofrem com tarifaço dos EUA sobre o açaí.
Associação Brasileira de Transporte Logístico – Divulgação

O pano de fundo geopolítico

O tarifaço não se explica apenas pela lógica econômica. É parte da estratégia de Donald Trump de reposicionar os EUA no comércio global por meio de medidas protecionistas radicais. Produtos tropicais e de forte valor simbólico, como o açaí, acabam servindo de moeda em disputas mais amplas.

Nesse sentido, a Amazônia torna-se personagem involuntária da nova desordem mundial. As cadeias produtivas que sustentam milhares de famílias no Pará passam a ser impactadas por decisões tomadas a milhares de quilômetros, em gabinetes onde a floresta é reduzida a cifra ou barganha.

Bioeconomia em xeque

O açaí havia se tornado um exemplo recorrente de como a floresta em pé pode gerar riqueza. Com uma cadeia de R$ 7 bilhões anuais, o fruto era citado em relatórios de sustentabilidade, apresentações diplomáticas e projetos de desenvolvimento regional. O tarifaço, no entanto, revela a fragilidade desse modelo quando ele se ancora em mercados externos instáveis.

“O produto tem impacto socioambiental positivo, mas estamos expostos a riscos externos que fogem ao nosso controle. Isso mostra como a bioeconomia precisa ser pensada de forma mais estratégica, com diversificação de destinos e valorização do mercado interno”, avalia Carvalho.

O futuro incerto

O setor ainda tenta se recuperar da quebra de safra de 2024, que reduziu a produção em 12,5%. Agora, enfrenta a perspectiva de retração nas exportações. Para as famílias ribeirinhas, o desafio é sobreviver à incerteza: uma oscilação de preços pode significar a diferença entre manter a rotina ou ver a renda familiar despencar.

No fim, o tarifaço americano não atinge apenas números de exportação. Ele atravessa rios, atinge vilarejos e coloca em risco conquistas recentes de uma bioeconomia que se vendia como alternativa sustentável à destruição da floresta.

A cada lata de açaí negociada por valores menores, não é só o bolso do produtor que perde. É a própria ideia de que a Amazônia pode prosperar sem ser devastada que entra em xeque.

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