O Pará levou ao mundo, na COP30, uma mensagem poderosa sobre o papel das árvores gigantes e das áreas protegidas na proteção do clima amazônico. No Pavilhão Pará, localizado na Green Zone da conferência, especialistas, gestores públicos, pesquisadores e representantes comunitários se reuniram para discutir como as Unidades de Conservação e as árvores monumentais ajudam a regular a temperatura, a umidade e os ciclos de chuva em grande parte da América do Sul.
O painel Áreas Protegidas no Estado do Pará e as Árvores Gigantes no Equilíbrio Climático da Amazônia foi promovido pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade, órgão responsável por uma das maiores redes de conservação estadual do país. O encontro reuniu o diretor de Gestão da Biodiversidade, Crisomar Lobato; o diretor do Instituto Federal do Amapá, Campus Laranjal do Jari, Diego Armando; a gerente de Políticas Públicas em Clima e Conservação da Fundação Amazônia Sustentável, Gabriela Sampaio; o gerente da Região Administrativa de Belém do próprio instituto, Júlio Meyer; e o representante da Coopertu Jari, Márcio André.
Durante o evento, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade lançou o catálogo das Unidades Estaduais de Conservação, acompanhado de um box com estudos técnico-científicos que embasaram a criação do Parque Estadual das Árvores Gigantes da Amazônia. O material foi elaborado pela Diretoria de Gestão da Biodiversidade e contou com apoio da Fundação Amazônia Sustentável e do Andes Amazon Fund, responsáveis pelo suporte financeiro e logístico às expedições de pesquisa que identificaram e mapearam a região.
Ao apresentar os estudos, Crisomar Lobato destacou o impacto da descoberta das árvores gigantes localizadas no extremo norte do Pará, reveladas inicialmente por análises do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Entre os exemplares identificados está o angelim-vermelho de 88,5 metros de altura, considerado a maior árvore do Brasil e da América Latina. Para Crisomar, a importância dessa árvore vai muito além de sua imponência física. Ele explicou que a elevada evapotranspiração de árvores desse porte alimenta os chamados rios voadores, correntes de vapor de água que garantem chuvas regulares em regiões distantes, como o Centro-Oeste e o Sudeste.

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Ao verificar que a área onde essas árvores crescem era originalmente uma floresta estadual destinada ao manejo, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade decidiu transformá-la em Unidade de Conservação de proteção integral. Assim nasceu o Parque Estadual Ambiental das Árvores Gigantes da Amazônia, que abrange 560 mil hectares e já se tornou referência global em pesquisa e conservação.
A gerente da Fundação Amazônia Sustentável, Gabriela Sampaio, afirmou que apresentar esses resultados na COP30 reforça o papel estratégico da Amazônia nas negociações climáticas internacionais. Para ela, iniciativas que unem ciência, políticas públicas e participação comunitária mostram que é possível avançar na proteção da floresta com estabilidade, governança e resultados mensuráveis. Ela destacou ainda que a Amazônia já produz soluções escaláveis, replicáveis e fundamentadas em evidências científicas.
O painel também abordou as oportunidades para o ecoturismo. Júlio Meyer explicou que o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade está estruturando um produto turístico específico para o Parque Estadual das Árvores Gigantes, capaz de oferecer experiências seguras de contemplação e educação ambiental. Para ele, o turismo é uma ferramenta de geração de renda para as comunidades e de fortalecimento da conservação.
Representando essas comunidades, Márcio André, da Coopertu Jari, destacou a importância de incluir a população local desde o início do processo de implementação da Unidade de Conservação. Ele defendeu que a participação das comunidades tradicionais é fundamental para garantir manejo adequado, uso sustentável dos recursos e desenvolvimento de atividades econômicas baseadas no turismo e na conservação ambiental.
Diego Armando, diretor do Instituto Federal do Amapá, ressaltou o compromisso da educação pública com a pesquisa e a formação de jovens técnicos que irão atuar no corredor ecológico entre Pará e Amapá. Segundo ele, garantir mão de obra qualificada e conectada com as demandas socioambientais da região é essencial para o futuro da floresta.
O painel encerrou com a fala do presidente do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade, Nilson Pinto, que destacou que os novos estudos representam um marco histórico para o Pará. Ele afirmou que a criação do Parque Estadual das Árvores Gigantes simboliza a união entre conservação, ciência e justiça climática, consolidando a posição do estado como protagonista nas agendas ambientais globais.

























































