Mudanças na Campanha de Vacinação contra a COVID-19 em 2024


Campanha de vacinação 2024

A COVID-19 ainda representa uma ameaça significativa no Brasil, com a doença causando cerca de 200 mortes por semana em 2024. “É como se um avião caísse toda semana”, compara Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (vacinação), destacando a persistente gravidade da situação. Até o final de maio, o país registrou mais de 3,5 mil mortes relacionadas ao coronavírus.

A queda nas mortes em comparação aos piores momentos da pandemia se deve em grande parte à vacinação, que começou em 2021 e atingiu uma alta taxa de cobertura. Raquel Stucchi, infectologista e professora da Unicamp, destaca que a vacinação foi crucial para controlar a doença. Isabella Ballalai, também da SBIm, reforça que a alta adesão à vacinação demonstra a confiança dos brasileiros nas vacinas.

Dados do IBGE revelam que, até o primeiro trimestre de 2023, 93,9% da população brasileira havia tomado pelo menos uma dose da vacina contra a COVID-19. No entanto, cerca de 11 milhões de pessoas ainda não se vacinaram, o que preocupa especialistas como Ballalai, que lamenta as mortes evitáveis.

Vacinas Aposentadas e Novas Opções

Desde o início da campanha de vacinação, o Brasil utilizou quatro vacinas principais: CoronaVac (Sinovac/Butantan), Comirnaty (Pfizer), Vaxzevria (AstraZeneca/FioCruz) e Jcovden (Janssen). No entanto, três dessas vacinas (CoronaVac, AstraZeneca e Janssen) foram descontinuadas nos postos de saúde, restando apenas as doses da Pfizer, que foram atualizadas para proteger contra novas variantes do vírus.

Além da Pfizer, a atual campanha de vacinação incluirá a Spikevax, da Moderna, e a Covovax, da Novavax, que ainda aguarda definição sobre seu uso na rede pública. As vacinas da Pfizer e da Moderna utilizam tecnologia de mRNA, que induz uma resposta imunológica robusta. A Covovax, por sua vez, é uma vacina de subunidade proteica, semelhante às vacinas contra HPV e hepatite B.

A aposentadoria de algumas vacinas se deve à eficácia comparativamente menor, como no caso da CoronaVac, e a raros efeitos colaterais associados às vacinas de vetor viral, como a trombose com trombocitopenia observada com as vacinas da AstraZeneca e Janssen. Esses efeitos adversos, embora raros, levaram à preferência por outras vacinas disponíveis.

Grupos Prioritários e Doses de Reforço

idosos
Imunização em grupos prioritários

A nova campanha de vacinação contra a COVID-19 se concentra em grupos específicos que ainda estão em risco elevado. Renato Kfouri explica que a vacinação universal não é mais necessária devido à imunidade populacional adquirida. No entanto, grupos vulneráveis, como idosos, imunocomprometidos, gestantes e puérperas, ainda precisam de proteção adicional.

O Ministério da Saúde definiu que algumas pessoas devem receber duas doses de reforço por ano, enquanto outras devem receber uma dose anual. As duas doses são recomendadas para pessoas com mais de 60 anos, imunocomprometidos com mais de 5 anos, gestantes e puérperas. Uma dose anual é indicada para residentes e trabalhadores de instituições de longa permanência, indígenas, ribeirinhos, quilombolas, trabalhadores da saúde, pessoas com deficiência permanente, pessoas com comorbidades, presos e funcionários do sistema prisional, adolescentes em medidas socioeducativas e pessoas em situação de rua.

Atualização das Vacinas

A atualização das vacinas para proteger contra novas variantes do coronavírus é uma parte crucial da campanha. A vacina atual no Brasil foi projetada para a cepa XBB.1.5. Apesar da presença de outras variantes, essa vacina ainda oferece uma proteção significativa. No entanto, especialistas como Raquel Stucchi e Renato Kfouri apontam a necessidade de ajustar a periodicidade da atualização das vacinas, possivelmente adotando um modelo semelhante ao da vacinação contra influenza, que leva em conta a sazonalidade do vírus.

Meta de Vacinação

A nova campanha de vacinação contra a COVID-19 visa proteger cerca de 70 milhões de brasileiros. “A COVID-19 ainda tem um impacto significativo na saúde pública e privada”, alerta Stucchi, enfatizando que a vacinação continua sendo a melhor estratégia para garantir quadros mais leves da doença.


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