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O Papel Crucial da Adaptação às Mudanças Climáticas

Confrontando a Escassez – O Impacto das Mudanças Climáticas e a Urgência de Medidas Adaptativas

A diretora executiva da Iniciativa Saneamento para Todos, do Fundo da ONU para a Infância, Unicef, Catarina de Albuquerque, alerta para uma crise iminente de água doce. Segundo ela, o mundo pode enfrentar um déficit de 40% de água doce até 2030. Além disso, em 2040, quase uma em cada quatro crianças viverá numa zona em estresse hídrico extremamente elevado. Esses são sinais de alerta enormes que não podemos ignorar.

As alterações climáticas não são ameaças futuras, mas realidades cotidianas. Em muitas comunidades, a crise climática torna ainda mais difícil para as pessoas encontrarem fontes fiáveis de água potável, manterem uma boa higiene e manter sistemas de saneamento a funcionar. Estamos falando de direitos humanos.

Na edição deste ano da COP, uma das grandes novidades é uma avaliação do progresso global dos Estados-membros. Os representantes dos países terão a chance de decidir sobre um acordo sobre adaptação às alterações do clima. A adaptação às alterações climáticas consiste em reduzir a nossa vulnerabilidade, das sociedades e dos territórios aos efeitos negativos das alterações do clima, como secas, inundações ou cheias.

Catarina de Albuquerque pede máximo empenho na eliminação de combustíveis fosseis e redução de emissões. Ela defende uma ação direta em favor da preservação de recursos de água doce e das infraestruturas de água e saneamento.

A especialista aponta outras questões que merecem mais atenção em relação à água e ao saneamento para impulsionar a atuação dos países nessa área. Ela menciona o primeiro balanço global, que será feito na COP pela primeira vez. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas concluiu sobre a necessidade de se reduzir o dióxido de carbono para manter a média de aumento da temperatura em 1,5º C. No entanto, uma análise feita dos progressos mostra que o mundo está fora de curso em todos os quesitos de avaliação.

A crise da água é uma realidade que não podemos ignorar. É hora de agir e garantir que nossos recursos hídricos sejam preservados para as gerações futuras.

Jovens pesquisadores propõem desenvolvimento sustentável para a Amazônia em novo e-book

Jovens Cientistas Propõem Soluções para a Amazônia

Um grupo de jovens pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, de várias partes do Brasil e de outros países amazônicos e extra-amazônicos, lançou um e-book intitulado “Diálogos Amazônicos: contribuições para o debate sobre sustentabilidade e inclusão” no dia 14 de novembro. A publicação é resultado da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) Amazônia Sustentável e Inclusiva, realizada entre 21 de novembro e 5 de dezembro de 2022 em São Pedro (SP).

Durante o evento, 88 jovens cientistas envolvidos em pesquisas na Amazônia se reuniram por duas semanas para assistir aulas de renomados especialistas em diferentes temas envolvendo a região. O objetivo da escola foi contribuir para a formação e capacitação de estudantes, pesquisadores e profissionais da área de biodiversidade e serviços ecossistêmicos que futuramente estarão liderando centros acadêmicos e de pesquisa, agências de governo, empresas, indústrias, organismos internacionais e diversos outros setores e instituições.

O livro, disponível para download em português, inglês e espanhol, é dividido em três seções: vetores de degradação e impactos de larga escala na Bacia Amazônica; inclusão e diversidade cultural na Bacia Amazônica, tanto no nível local como no transnacional; e aspectos relacionados à governança local, participação e transdisciplinaridade.

Os participantes da escola e autores do e-book destacaram a importância da iniciativa. João Vitor Campos-Silva, presidente do Instituto Juruá, afirmou que o curso abriu uma vereda de reflexões muito grande e que ficou claro a necessidade de uma mudança paradigmática na forma como enxergamos a conservação e como se faz ciência na Amazônia.

Mayra Sumter Robles, antropóloga e professora da Anton de Kom University, do Suriname, ressaltou a importância de incluir países como o Suriname nas discussões, que, apesar de pequeno em área, tem cerca de 90% de seu território coberto de floresta amazônica.

Mónica Moraes, pesquisadora do Herbário Nacional da Bolívia, da Universidad Mayor de San Andrés, elogiou a qualidade da publicação e a empatia dos participantes, destacando a importância de suas habilidades interativas.

IBGE lança estudo inédito sobre biodiversidade no Brasil

 Explorando a Riqueza Natural: Uma Análise Detalhada da Biodiversidade Brasileira

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou um estudo inédito que avalia a biodiversidade no Brasil em 2022. O estudo, que começou a ser disponibilizado na quinta-feira (23), mapeou mais de 22,5 milhões de registros de ocorrência da fauna e da flora, provenientes de diversas fontes e inseridos no Sistema de Informação da Biodiversidade Brasileira (SiBBr).

Os grupos taxonômicos observados foram anfíbios, artrópodes, aves, fungos, mamíferos, moluscos, peixes ósseos, plantas vasculares e répteis. O Brasil está entre os 17 países que abrigam mais de 70% das espécies conhecidas no planeta, mas, segundo o IBGE, ainda há muito a descobrir e catalogar.

O SiBBr, plataforma do governo federal gerenciada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), foi criada em 2014 com a função de armazenar e disponibilizar informações sobre a biodiversidade e os ecossistemas brasileiros. A ferramenta fornece subsídios aos órgãos públicos para a conservação e sustentabilidade.

Leonardo Bergamini, analista de biodiversidade do IBGE, explicou que o objetivo do estudo foi avaliar o conjunto de informações disponíveis no SiBBr, identificando lacunas e limitações dos dados. Ele reforçou que o IBGE tem a missão de retratar o Brasil e a biodiversidade é uma peça fundamental desse retrato.

Clara Fonseca, analista de Negócios do SiBBr, reforça a relevância de parcerias como a do IBGE com o sistema na difusão do conhecimento sobre biodiversidade no país. Ela argumenta que quanto mais visibilidade o sistema tiver, maior será o número de pesquisadores estimulados a divulgar suas descobertas.

Mariza Pinheiro, analista de Biodiversidade do IBGE, destacou que um dos diferenciais desta pesquisa é o fato de estarem trabalhando com o país inteiro, abrangendo nove grupos taxonômicos, informações espaciais e temporais. Ela argumentou que a intenção é identificar os problemas, entender o que temos e o que pode ser melhorado.

O estudo é uma investigação experimental e aperfeiçoamentos serão feitos a partir da recepção dos usuários. Leitores interessados na temática podem escrever ao IBGE suas percepções, críticas e sugestões através do canal de atendimento oficial do instituto.

Chuvas trazem alívio a Manaus após dias de fumaça e seca

Precipitação traz esperança em meio à adversidade no Amazonas

Após dias de intensa fumaça causada por incêndios, a chuva finalmente voltou a cair em Manaus. A capital do Amazonas registrou um volume de chuvas acima de 38 milímetros nesta quinta-feira (23), de acordo com a Defesa Civil do estado. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê que as chuvas continuem até o final de semana na capital amazonense.

Com a chuva, a qualidade do ar na maior parte da capital melhorou, variando entre boa e moderada, segundo o monitoramento do Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

O Rio Negro, que atingiu sua cota mínima histórica de 12,70 metros em 27 de outubro, vem subindo gradualmente. Nesta quinta-feira, o nível do rio estava em 13,47 metros. O aumento no volume do leito do rio é uma notícia bem-vinda para os pescadores e ribeirinhos que desejam retomar suas atividades.

No entanto, a situação ainda é crítica. O estado do Amazonas enfrenta uma seca severa, com todos os 62 municípios do estado em situação de emergência. A Defesa Civil informou que, no período de 1º de janeiro a 20 de novembro, foram registrados 19.404 focos de calor no estado, dos quais 2.805 na região metropolitana de Manaus.

O cenário ocorre em meio à intensificação do fenômeno El Niño, caracterizado pelo enfraquecimento dos ventos alísios e pelo aquecimento anormal das águas superficiais da porção leste da região equatorial do Oceano Pacífico. Essas mudanças têm consequências no clima em diferentes partes do planeta, afetando a temperatura e a distribuição das chuvas.

Gravuras Rupestres Reveladas pela Seca no Rio Negro Testemunham a Vida Pré-Colonial

 O arqueólogo Jaime Oliveira, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), afirma que as gravuras são um testemunho do modo de vida dos povos que viviam na região de Manaus no período pré-colonial.

As gravuras rupestres que apareceram com a seca no Rio Negro são testemunhos do modo de vida dos povos que viviam na região de Manaus no período pré-colonial. Segundo o arqueólogo Jaime Oliveira, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), esta é a segunda vez que as gravuras do sítio arqueológico Ponta das Lajes, com data estimada de 2 mil a mil anos, afloram. O primeiro registro foi em 2010, durante uma seca similar à que ocorre este ano.

Localizado às margens do Rio Negro, o sítio tem uma área de aproximadamente 150 mil metros quadrados (m²), que comporta uma praia coberta de lajes de pedra. No bloco é possível observar gravuras que reproduzem rostos humanos, imagens de animais, além de cortes nas rochas que mostram resultados de oficinas líticas, onde os povos indígenas fabricavam as ferramentas que usavam, como machadinhas.

Oliveira disse que além de ser um local onde as populações pré-coloniais fabricavam artefatos líticos, utilizando os amoladores, polidores fixos, em depressões ou cavidades e incisões, os símbolos históricos nas rochas também eram utilizados pelos povos para registrar seus comportamentos sociais.

“Os locais que têm essas gravuras representam e são testemunho do modo de vida de populações pré-coloniais. Nesse sítio em especial, Ponta das Lages, temos dois contextos bem distintos – um onde há locais com oficinas líticas, que são aqueles com marcadores, amoladores, polidores fixos, em que os grupos fabricavam suas ferramentas, especialmente a partir da técnica de polimento, e outro com as gravuras rupestres, que tinham mais a função de ser um meio de comunicação social entre os grupos. As gravuras permitiam a comunicação entre um grupo e também, de forma externa, com outros”, complementou Oliveira.

Também já foram encontrados no barranco pedaços de peças de cerâmicas. Segundo Oliveira, a data delas é feita com base na comparação com outras peças e registros encontrados em sítios similares, como o Caretas, no Rio Urubu, no município de Itacoatiara, a 175 quilômetros de Manaus, na Reserva de Preservação Permanente Natural (RPPN) Dr. Daisaku Ikeda.

“Essas gravuras rupestres têm datação relativa de aproximadamente 2 mil a mil anos. Elas pertencem aos grupos, aos povos originários, aos povos nativos que viviam nessa região em um passado bem distante. Já temos um aprofundamento das pesquisas arqueológicas, que conseguem demonstrar que essa região foi densamente ocupada no período pré-colonial. Tínhamos organizações de sociedades bem complexas e podemos verificar isso a partir também do sítio Ponta das Lajes, dada a complexidade de produção dessas gravuras”, informou.

2-300x216 Gravuras Rupestres Reveladas pela Seca no Rio Negro Testemunham a Vida Pré-ColonialO sítio está situado na região do bairro Colônia Antônio Aleixo e é frequentado por moradores como opção de lazer, em razão do areal que contorna a laje de pedra. Ao redor, é possível ver lixo acumulado pelos visitantes que vão à área em dias de lazer para banhar-se no rio e pescar. Em nota, o Iphan informou que já realizou atividades com voluntários para a retirada de lixo do local.

O instituto disse ainda que mantém rotina de vistoria e fiscalização em Ponta das Lajes e que já acionou os órgãos de segurança para evitar possíveis danos aos bens arqueológicos, especialmente a Polícia Federal e a Secretaria de Segurança Pública.

Brasil observa diminuição de 8% nas liberações de gases de efeito estufa em 2022

Desafios Climáticos: Brasil Registra Queda nas Emissões de Gases de Efeito Estufa

O Brasil presenciou uma diminuição de 8% nas liberações de gases de efeito estufa em 2022, conforme o relatório do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG), publicado na quinta-feira (23). Apesar da diminuição, os números representam a terceira maior marca desde 2005, ultrapassada apenas pelos anos de 2019 e 2021.

A queda na taxa de desflorestamento da Amazônia no ano passado e o grande volume de chuvas, que resultaram em uma redução recorde na ativação de termelétricas fósseis, foram os principais fatores que contribuíram para esse resultado.

No entanto, o relatório aponta que o aumento das liberações nos últimos quatro anos representa um desafio para o Brasil cumprir a meta de redução estabelecida no Acordo de Paris. Para atingir essa meta, é necessário reduzir em 49% as liberações provenientes do desflorestamento na Amazônia até 2025.

Os setores mais poluentes foram as mudanças no uso da terra, responsáveis por 48% das liberações totais, e a agropecuária, com 27% das liberações nacionais. Apesar disso, a redução de 11% no desflorestamento na Amazônia em 2022 contribuiu para a diminuição no total de gases liberados.

O setor energético, o terceiro mais poluente, viu uma queda de 5% na liberação de gases. Felipe Barcellos e Silva, pesquisador do Instituto de Energia e Meio Ambiente, atribuiu o resultado positivo às condições climáticas favoráveis para a geração de energia hidrelétrica.

O SEEG também analisou a possibilidade de cumprimento das novas metas de redução de liberação estabelecidas pelo governo federal. Com base no histórico de liberações de 1990 a 2022, avalia-se que os objetivos estabelecidos para 2025 e 2030 podem ser cumpridos. No caso da meta de 2025, é necessário reduzir o desflorestamento na região amazônica em 33%.

David Tsai, coordenador do SEEG, afirmou que os dados mostram que há muito espaço para aumentar a ambição climática do Brasil. Ele ressaltou que, se o governo estiver falando sério sobre ser o grande defensor da meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5°C acima da média pré-industrial, terá de aumentar a ambição da NDC atual já para 2030.

Descoberta Científica Revela Impacto Prolongado da COVID-19 em Diversos Órgãos

COVID-19: Impacto Prolongado e Global nos Órgãos do Corpo Humano

Um estudo internacional publicado na revista Science Translational Medicine revelou que o vírus da COVID-19 pode prejudicar a função da mitocôndria, a “usina” de energia das células, em diversos tecidos do organismo. Isso cria um efeito global e prolongado em todos os órgãos do infectado.

A descoberta de um efeito sistêmico relacionado à inibição da função mitocondrial abre caminho para a busca de novos tratamentos tanto para casos graves da doença quanto para pacientes com COVID longa.

“A disfunção mitocondrial provocada pelo SARS-CoV-2 se mantém conservada, mesmo quando o vírus é eliminado. Isso configura mais um efeito sistêmico da doença. Neste trabalho, verificamos que o processo ocorre em vários tecidos do organismo, não só nas células do sistema imune [monócitos] ou apenas no pulmão, como se imaginava inicialmente. A disfunção mitocondrial pode ocorrer em todo o organismo e, entre as consequências, está o aumento da resposta inflamatória em pacientes graves”, explica Pedro Moraes-Vieira, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp).

A investigação que deu origem ao artigo foi desenvolvida no âmbito do consórcio COVID-19 International Research Team, que reúne pesquisadores de diferentes centros dos Estados Unidos, Coreia do Sul, Dinamarca, Paraguai e Brasil. Os trabalhos são financiados sobretudo pelo National Institutes of Health (NIH, dos Estados Unidos). Este estudo em específico é a continuação de uma investigação iniciada no ano de 2020, com apoio da FAPESP, na qual a equipe da Unicamp, liderada por Moraes-Vieira, descobriu que a COVID-19 poderia gerar disfunções na mitocôndria. Contudo, ainda não estava comprovado que se tratava de um problema generalizado.

No artigo mais recente, os pesquisadores analisaram a infecção pelo vírus causador da COVID-19 em dois modelos animais (hamsters e camundongos). Além disso, examinaram dados referentes a mais de 700 amostras nasofaríngeas (de pessoas saudáveis e de pacientes com infecção pelo SARS-CoV-2 em estágio inicial) e 35 amostras de tecidos obtidas por meio de autópsia (de indivíduos com infecção em estágio avançado) – todas coletadas durante a pandemia na cidade de Nova York.

As análises revelaram que o vírus suprime a expressão de certos genes mitocondriais (vale lembrar que essa organela possui material genético próprio, o DNA mitocondrial). Esse processo afeta vias bioquímicas, a produção de energia celular e a ativação da resposta imune. Isso faz com que a célula comece a usar uma via alternativa para produção de energia, a chamada glicólise, que consiste na quebra da molécula de glicose em duas moléculas de ácido pirúvico, que passam a servir como fonte de energia para o vírus. Dessa forma, ele consegue se replicar mais, desencadeando uma resposta inflamatória mais exacerbada, ou seja, a forma grave da COVID-19.

“Observamos que, mesmo quando o vírus era eliminado do organismo e a inibição dos genes mitocondriais no pulmão havia cessado, a expressão desses genes mitocondriais no coração, rim, fígado ou nos gânglios linfáticos permanecia prejudicada, levando potencialmente à patologia grave da COVID-19. Acreditamos também que essa inibição dos genes mitocondriais possa estar relacionada com a chamada COVID longa quando não há mais vírus. O paciente está curado da doença, mas alguns sintomas e sequelas persistem”, comenta Moraes-Vieira, que também é pesquisador do Experimental Medicine Research Cluster (EMRC) e do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP na Unicamp.

Comunidades ribeirinhas enfrentam dificuldades extremas devido à negligência

 Desamparo nas Comunidades Ribeirinhas – Uma Luta pela Sobrevivência

Moradores de comunidades ribeirinhas e flutuantes encalhados no Rio Negro estão enfrentando condições de vida extremamente difíceis devido à falta de apoio do governo local e estadual. Eles relatam a falta de acesso a necessidades básicas como alimentos, água potável e eletricidade.

De acordo com relatos, muitos moradores estão passando fome e enfrentando dificuldades para se alimentar. Além disso, eles também estão enfrentando desafios de acessibilidade para se deslocar de suas casas para as áreas urbanas da região metropolitana de Manaus em busca de alimentos e cuidados de saúde.

As famílias que vivem em flutuantes encalhados na região conhecida como ilhas, do outro lado da ponte Jornalista Phelippe Daou, que separa Manaus do município de Iranduba, estão vivendo em condições de privação. Em alguns casos, eles estão sem acesso à eletricidade e água, e não estão recebendo as cestas básicas prometidas pelo governo municipal e estadual.

Francisco Aldir Ferreira, um comerciante local de 51 anos, relata que cerca de 80 famílias estão sem acesso à água encanada. Ele vende farinha, açúcar, pão e outros itens em um pequeno flutuante encalhado no leito do rio. “A gente sente falta de muita coisa. Água, mercadoria, comida também. Às vezes, a pessoa traz ranchos [cestas básicas] e não entrega direito pra gente. O prefeito também não liga”, relatou.

Onete Moraes, uma vendedora autônoma de 31 anos, informou que há cerca de cinco dias a água não aparecia nos canos. “A água é complicada, dia que vem, dia que não vem, entendeu? Está muito difícil essa seca, piorou para todo mundo, nem pescar está dando. Tudo seco, não tem condições. Olha só quantos quilômetros a gente tem que andar para chegar lá na beira do rio, já está quase em Manaus”, afirmou.

Diante da situação, alguns moradores decidiram iniciar uma ocupação em área seca, na esperança de forçar a prefeitura a construir moradias para quem vive em flutuantes. “A prefeitura eu creio que tem condições de dar uma moradia assim para o povo do flutuante, entendeu? Mas em casas que é na beira da rua”, disse Onete.

A situação é ainda mais drástica em localidades como Ilha Iranduba, Ponta da Piraíba, Alagadiço e outras. Lá, os moradores, além de enfrentarem a falta de energia e acesso à água potável, precisam caminhar mais de uma hora através do leito lamacento do Rio Negro para conseguir alimentos.

Adriano Rodrigues, um pescador de 38 anos, faz essa travessia a cada dois dias para comprar água. Ele explicou que, além de estar sem energia elétrica há cerca de dois meses, a água que os moradores utilizam vem de uma cacimba cavada em uma das ilhas. “Sem luz e tomando água da cacimba. Se quiser, como faço, eu vou lá na feira e trago cinco, seis garrafas na costa. Toda viagem que vou, levo esse saquinho para trazer com as garrafas dentro. Durante todo esse tempo, foram seis garrafões de água”, relatou.

Governo Federal anuncia a seleção de 187 mil novas unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida

Superando Metas: Governo Federal Anuncia Novas Unidades Habitacionais

O Governo Federal, através do Ministério das Cidades, anunciou na última quarta-feira (22) a seleção de aproximadamente 187 mil novas unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida – Faixa 1 – Recursos FAR. A seleção, que superou a meta inicial de 130 mil unidades, beneficiará famílias com renda mensal de até R$ 2.640.

A cerimônia, realizada no Palácio do Planalto, contou com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, dos ministros das Cidades, Jader Filho, e da Casa Civil, Rui Costa, do presidente da CAIXA, Carlos Vieira, e demais autoridades.

Carlos Vieira, presidente da CAIXA, destacou o potencial de investimento de R$ 29 bilhões e uma média de contratação de R$ 160 mil. Ele também ressaltou que a seleção feita pelo Ministério das Cidades priorizou a alocação em centros urbanos para melhorar a qualidade de vida.

Em julho deste ano, a CAIXA iniciou o recebimento de propostas para empresas do setor da construção civil e para os entes públicos. O processo foi 100% digital, sem necessidade de apresentação de qualquer documento físico.

Após a validação das informações, foram enquadradas mais de 378 mil unidades habitacionais, que seguiram para seleção por parte do Ministério das Cidades.

Também fazem parte do anúncio 3.236 unidades habitacionais nos estados do Acre, Amazonas, Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo, contemplando famílias que tenham perdido seu único imóvel por situação de emergência ou estado de calamidade pública, ou pela realização de obras públicas federais.

Com a publicação da Portaria 1.482, de 21 de novembro de 2023, a CAIXA vai recepcionar a documentação necessária dos projetos selecionados pelo Portal Atender Habitação. O banco efetua a contratação do empreendimento após nova análise e autorização do Ministério das Cidades.

No evento desta quarta também foi anunciada a criação do Prêmio MCMV, que pretende dar destaque às melhores práticas para habitação de interesse social realizadas no âmbito do programa. Irão concorrer os proponentes contemplados nesta primeira seleção que apresentarem empreendimentos inovadores e de excelência.

Os projetos serão avaliados por uma comissão julgadora, composta por representantes da sociedade civil, de academias, conselhos, associações profissionais, entidades de classe, dentre outros. A premiação vai contemplar sete categorias: qualidade urbanista, qualidade de projeto, inovação, solução sustentáveis, inclusão social, gestão local e financiamento para a sustentabilidade.

Outra ação anunciada foi a parceria entre o Ministério das Cidades e a Academia Brasileira de Letras (ABL) para a criação de bibliotecas nos novos empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida.

Preparação Brasileira para a COP 28: Encontro Destaca Planos Ambientais

Reunião com representantes de entidades ambientais discute estratégias de prevenção e controle de desmatamento

Em uma reunião preparatória para a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com representantes de entidades de todos os biomas brasileiros que trabalham pela preservação do meio ambiente nesta quarta-feira (22).

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou o compromisso do governo em ter planos de prevenção e controle de desmatamento e de desenvolvimento sustentável para todos os biomas. Ela ressaltou a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento que combata a desigualdade e a pobreza, ao mesmo tempo em que protege a biodiversidade, as florestas e as populações tradicionais.

O plano de combate ao desmatamento na Amazônia, lançado em junho, já resultou em uma redução do desmatamento em 49,5% nos primeiros 10 meses do ano. O plano do Cerrado também foi concluído e deve ser lançado em breve. Os demais planos – Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa – devem ficar prontos até junho de 2024.

Na COP 28, o Brasil deverá reforçar o compromisso de manter o aumento da temperatura média global em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, com redução das emissões de gases de efeito estufa. Além disso, o país cobrará recursos para reparação e para uma transição justa para os países em desenvolvimento.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento na Amazônia Legal, no período de agosto de 2022 a julho de 2023, alcançou 9.001 quilômetros quadrados (km²), o que representa queda de 22,3% em relação ao ano anterior (2021/2022).

A COP 28 está programada para ocorrer em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro. O presidente Lula deverá participar nos dias 1 e 2 de dezembro, durante a reunião de cúpula com 140 chefes de Estado e de governo. O Brasil terá uma delegação com cerca de 1,5 mil participantes da sociedade civil, de empresas privadas, do Congresso Nacional, de governos estaduais e do governo federal.

Ameaça Climática Global – A Ascensão das Emissões e a Corrida Contra o Tempo

 Emissões Globais Atingem Níveis Alarmantes, com o Brasil Mostrando um Aumento de 10%

Uma análise lançada em Nova Iorque nesta segunda-feira delineia a trajetória das emissões de gases de efeito estufa, os compromissos assumidos pelos países e o nível desejado para limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Este documento é crucial para as próximas negociações climáticas, a COP28.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou que os níveis de emissões deveriam estar diminuindo. No entanto, o valor atual é aproximadamente igual ao total das emissões anuais dos Estados Unidos, China e União Europeia combinados.

Guterres citou recordes de temperatura registrados nos últimos meses, considerados os mais quentes da história. Ele alertou que as tendências atuais estão levando o planeta a um aumento insustentável de 3°C.

As estimativas preliminares sobre o Brasil, o único país lusófono mencionado na análise, revelam um aumento de 10% nas emissões em 2022 em comparação com 2021. O desmatamento e as mudanças no uso da terra, concentradas nas regiões tropicais, são os principais motivos.

Em uma análise das metas nacionalmente determinadas (NDC) dos membros do G20, prevê-se que os integrantes do bloco não atingirão a estimativa de 2 GtCO2 até 2030. No entanto, Egito, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Uruguai se destacam entre os 9 países com novas ou atualizadas metas nacionais, propondo reduzir ainda mais as emissões.

A diretora executiva da agência, Inger Anderson, alerta que, com a implementação plena e contínua dos esforços de mitigação dos NDCs até 2030, segundo o Acordo de Paris, o mundo teria um aumento da temperatura de 2,9°C até o fim deste século. Ela adverte que nenhum desses resultados é desejável e os progressos alcançados desde 2015, com a adoção do Acordo de Paris, mostraram que o mundo pode mudar.

Pesquisadores destacam a importância dos microrganismos na conservação da Amazônia

Impacto da Conversão de Florestas em Pastagens na Vida Microbiana do Solo

A Amazônia, conhecida por sua rica biodiversidade de plantas e animais, também abriga uma diversidade significativa de vida microbiana no solo. Esses microrganismos desempenham funções ecológicas vitais, como a estocagem de metano, um potente gás de efeito estufa. No entanto, a conversão de florestas em pastagens ameaça essas comunidades microbianas, segundo um artigo recente publicado na revista Trends in Ecology and Evolution.

O estudo, realizado por pesquisadoras da Universidade de São Paulo (USP) e colaboradores de universidades dos Estados Unidos e Reino Unido, argumenta que a compreensão e a integração do conhecimento sobre esses microrganismos são essenciais para a conservação, restauração e manejo da Amazônia. “Os microrganismos têm uma importância muito grande para manter o macro: no caso, o funcionamento da floresta, o equilíbrio entre animais e plantas e os serviços ecossistêmicos dos rios, entre outros”, diz Júlia Brandão Gontijo, coautora do trabalho.

Um dos principais focos do grupo de pesquisa é o impacto da substituição de florestas por pastagens na comunidade microbiana do solo. A criação de gado, responsável por 87% das mudanças de uso do solo na Amazônia, pode levar à substituição de microrganismos que consomem metano por aqueles que emitem o gás. “Um achado inesperado que tivemos nos últimos anos foi o de que pastagens têm uma maior diversidade local de bactérias no solo, em comparação às florestas. No entanto, quando se analisa a escala espacial, os microrganismos encontrados no solo dos pastos são sempre os mesmos, enquanto na floresta existe maior variação de um local para o outro”, explica Andressa Monteiro Venturini, primeira autora do estudo.

A pesquisa também revelou que a conversão de florestas em pastagens altera o equilíbrio entre arqueias produtoras e bactérias consumidoras de metano. Os solos florestais normalmente atuam como depósitos de metano, evitando que o gás suba para a atmosfera. No entanto, quando convertidos em pastos, esses solos passam a abrigar mais espécies produtoras de metano e, consequentemente, emitem mais gases de efeito estufa.

Os pesquisadores argumentam que a contribuição do solo como fonte de gases de efeito estufa é pouco discutida nos estudos sobre as emissões globais. Eles sugerem que novos estudos explorem essa questão, combinando medidas ambientais e moleculares, como a abundância de genes relacionados à produção e consumo de metano. Além disso, a aplicação de genômica ambiental, bioinformática e aprendizado de máquina pode ajudar a prever e evitar emissões futuras, ao mesmo tempo em que informa estratégias de restauração e manejo.

Descoberta revolucionária: Óleo de copaíba pode combater resistência antibiótica

Óleo de Copaíba é uma arma natural contra a resistência antibiótica

Pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos descobriram que o ácido poliáltico, uma substância encontrada no óleo de copaíba, possui propriedades antibacterianas. Essa descoberta, publicada na revista Antibiotics, pode abrir caminho para o desenvolvimento de medicamentos alternativos para combater a resistência antibiótica, um problema global crescente.

De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), agência de saúde norte-americana, são registrados anualmente 2,8 milhões de casos de infecções resistentes a antibióticos, resultando em mais de 1 milhão de mortes. A resistência microbiana pode se tornar a principal causa de morte no mundo até 2050.

A pesquisa, apoiada pela FAPESP, focou no óleo de copaíba, um medicamento tradicional da Amazônia conhecido por suas propriedades cicatrizantes, anti-inflamatórias, leishmanicidas e antimicrobianas. Os pesquisadores sintetizaram compostos análogos ao ácido poliáltico e investigaram seus efeitos antibacterianos.

Os resultados mostraram que os compostos desenvolvidos foram capazes de erradicar significativamente o biofilme de Staphylococcus epidermidis, além de mostrar atividade contra todas as bactérias gram-positivas testadas. Apesar da atividade observada ter sido menor que a do fármaco atualmente prescrito pelos médicos, os resultados reforçam a importância de testes adicionais in vitro e in vivo com a substância.

Cássia Suemi Mizuno, professora da Faculdade de Farmácia da Western New England University e autora correspondente do estudo, acredita que o trabalho é uma importante contribuição contra a crise da resistência antibiótica. Segundo ela, o próximo passo seria produzir mais derivativos com outras partes da molécula de ácido poliáltico, melhorar sua atividade e, com isso, despertar o interesse da indústria farmacêutica na continuação da pesquisa.

A descoberta do potencial antibacteriano do ácido poliáltico no óleo de copaíba é um marco significativo na luta contra a resistência antibiótica. A pesquisa destaca a importância da biodiversidade da Amazônia e o valor inestimável de seus recursos naturais na busca por soluções para desafios globais de saúde. Além disso, ressalta a necessidade de proteger e preservar esses ecossistemas ricos e diversos para futuras pesquisas e descobertas.

A resistência aos antibióticos é uma crise global que requer uma abordagem multifacetada para superar. A exploração de alternativas naturais, como o óleo de copaíba, é apenas uma das muitas estratégias necessárias. É fundamental que continuemos a investir em pesquisa e desenvolvimento, aprimorando a regulamentação do uso de antibióticos e educando o público sobre o uso adequado desses medicamentos vitais. Apenas através desses esforços combinados podemos esperar combater efetivamente a ameaça da resistência antibiótica.

Novo mapa da biomassa da Amazônia oferece esperança em meio à crise

Descoberta Inovadora: Novo Mapa da Biomassa Revela Detalhes Cruciais da Floresta Amazônica

Em meio à grave crise que a Amazônia enfrenta, uma luz no fim do túnel surge com a divulgação de um novo mapa que detalha toda a biomassa da floresta situada acima do solo. Este mapa, o maior levantamento de biomassa em floresta tropical do mundo, foi possível graças à combinação de varredura por lasers aerotransportados, imagens de satélite e inventários de campo geolocalizados, todos integrados por um intenso processamento computacional com aprendizado de máquina.

Os resultados da pesquisa foram publicados no periódico Scientific Data, do grupo Nature. O trabalho estimou a biomassa total da Floresta Amazônica, mapeando 3,6 mil quilômetros quadrados por meio de transectos distribuídos por todas as categorias de vegetação da região. Foi revelada uma concentração média de biomassa de 174 toneladas por hectare e um máximo de 518 toneladas por hectare.

O levantamento principal foi realizado por meio de varredura por lasers aerotransportados. Em duas campanhas consecutivas (2016/2017 e 2017/2018), foram coletados dados de 901 transectos distribuídos por todas as partes da floresta. Cada transecto cobria uma área de, no mínimo, 375 hectares, em retângulo de 300 metros de largura por 12,5 quilômetros de comprimento.

Os números obtidos nos 901 transectos foram integrados com dados do radar Palsar, transportado pelo satélite Alos; com índices de vegetação fornecidos pelo satélite Modis; e com informações de precipitação da missão TRMM. Os resultados foram extrapolados para a floresta toda, permitindo estimar, com bastante precisão, o conteúdo de biomassa da floresta não desmatada – da ordem de 75 bilhões de toneladas.

Como a Amazônia passou por um intenso processo de desmatamento no quadriênio 2019-2022, o valor total da biomassa é, hoje, certamente menor. Nas áreas desmatadas, o cruzamento dos dados do mapa com informações de desmatamento providas pelo sistema Prodes, do Inpe, permite calcular, com maior precisão, a perda de biomassa e a correspondente emissão de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera.

O objetivo do projeto não foi criar um mapa estático, mas produzir uma série histórica. Refazer o mapa em um ou dois anos permitirá saber se está ocorrendo perda ou ganho de biomassa. Em um momento em que há fortes alertas de que a Amazônia pode estar chegando perto de um ponto de não retorno, o mapa fornece informações críticas para a tomada de decisões relativas ao planejamento, conservação e manejo sustentável.

Adicionalmente, a pesquisa possibilitou algumas descobertas muito interessantes, como a de geoglifos pré-colombianos, que atestam o povoamento relativamente denso da Amazônia no passado, ou a da árvore mais alta da floresta, um majestoso angelim vermelho de 88,5 metros de altura.

Mercúrio na Amazônia: uma ameaça invisível

 Um Entrave com Impactos Profundos na Vida Marinha, Humana e na Diversidade Biológica da Maior Floresta Equatorial do Mundo

Na Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, os impactos da intervenção humana estão se tornando cada vez mais intensos e abrangentes, chegando até mesmo à escala microscópica. Um exemplo preocupante é a intoxicação por mercúrio, que atualmente afeta tanto a fauna local quanto as populações que habitam a região.

O mercúrio, uma vez presente no ambiente, pode ser incorporado à dieta dos animais e entrar na cadeia alimentar, intoxicando as pessoas que consomem peixes contaminados. Um estudo recente desenvolvido pela Fiocruz, em parceria com instituições amazonenses, revelou que os peixes dos principais centros urbanos da Amazônia estão contaminados por mercúrio.

A pesquisa, divulgada em maio deste ano, aponta que quase um quinto (21,3%) dos peixes utilizados para alimentação e comercialização apresentaram níveis de mercúrio acima do limite estabelecido pela Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO/WHO) e pela Agência de Vigilância Sanitária brasileira (Anvisa), referente à uma quantidade de 0,5 µg/g (microgramas de mercúrio por grama de peixe).

A presença crescente de mercúrio na região está relacionada às atividades de mineração e, possivelmente, à construção de usinas hidrelétricas, como a de Jirau, localizada no rio Madeira, que movimentam o sedimento dos rios onde há mercúrio decantado.

Nesse contexto, um grupo de pesquisadores, liderados por Pedro de Magalhães Padilha, professor do Instituto de Biociências da Unesp, campus de Botucatu, tem se concentrado nos últimos dez anos. Utilizando uma técnica inovadora que integra métodos bioquímicos e químicos, Padilha tem buscado maneiras de encontrar potenciais proteínas que sirvam como biomarcadores de mercúrio.

Os biomarcadores são elementos presentes em sistemas biológicos que fornecem informações mensuráveis sobre saúde, doenças ou exposição a fatores ambientais. Através de sua identificação, é possível não apenas apontar a presença do mercúrio no organismo, mas também identificar e localizar as proteínas nas quais o mercúrio está presente.

Segundo Padilha, a motivação para a pesquisa veio da constatação da facilidade com que o mercúrio é absorvido pela vida aquática, e o risco que isso implica para os habitantes da Amazônia. “O consumo de peixes representa a principal fonte de contaminação por mercúrio para as populações tradicionais, que têm o pescado como a principal fonte de alimentação proteica”, destaca o pesquisador.

Padilha acredita que o uso dos biomarcadores permitirá identificar com antecedência a existência de risco de exposição humana ao mercúrio num determinado contexto. “Esse conhecimento possibilitaria a adoção de ações preventivas, prevenindo o adoecimento e gastos significativos com saúde”, diz.

A contaminação por mercúrio na Amazônia está causando impactos significativos na fauna e flora da região. A presença de mercúrio nos rios é absorvida pela vida aquática, resultando em altos níveis de contaminação em peixes, que são uma fonte alimentar crucial para muitas espécies animais e humanas. Isso pode levar a uma série de problemas de saúde em animais, incluindo danos ao sistema nervoso central, dificuldades de aprendizado em jovens e problemas de coordenação em adultos.

Além disso, a contaminação por mercúrio pode ter um impacto devastador na flora da Amazônia. O mercúrio pode se acumular no solo e afetar a saúde e o crescimento das plantas. Além disso, a contaminação por mercúrio pode alterar a composição das comunidades de plantas e animais, levando a mudanças nos ecossistemas e na biodiversidade. Essas mudanças podem ter efeitos cascata, afetando não apenas as espécies diretamente expostas ao mercúrio, mas também outras espécies que dependem delas para alimentação ou habitat.

Novo Jogo Educativo “Floresta Virtual” Conecta Usuários à Amazônia

Imersão na Amazônia: Uma Jornada Educacional em 3D Através da Flora e Fauna do Bioma

A equipe do Espaço Interativo de Ciências (EIC), ligada ao Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar), desenvolveu um jogo educativo para computador chamado “Floresta Virtual”. O CIBFar é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado no Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP).

O “Floresta Virtual” permite aos usuários explorar a Amazônia de maneira lúdica e educativa. Através de uma simulação 3D realista, os jogadores podem conhecer a flora e fauna do bioma, bem como o conhecimento extraído por diferentes etnias dos povos originários.

O passeio em 3D é guiado por uma seta, que auxilia o jogador a localizar diferentes plantas, animais e curiosidades da floresta. Durante a navegação, os jogadores podem interagir com elementos da floresta, adquirindo conhecimentos gerais e específicos sobre as espécies que ali habitam. Há também questionários e bonificações para estimular a interação e testar os conhecimentos adquiridos.

O desenvolvimento do jogo contou com a participação de uma equipe multidisciplinar de especialistas e estudantes de diferentes áreas, tanto de tecnologia da informação como de ciências da natureza, sob a orientação geral da professora Leila Beltramini, do IFSC-USP.

Destinado ao público infantojuvenil, o jogo é indicado para uso em escolas e também para entretenimento do público em geral. O “Floresta Virtual” foi desenvolvido para ser acessado pelo navegador e está disponível para download gratuito pelo site do EIC.

Amazônia em Alerta: Seca Extrema e Impactos Climáticos

Crise Climática na Amazônia: A Seca Extrema, os Impactos Socioeconômicos Profundos e a Influência do Fenômeno El Niño na Região

A Amazônia está enfrentando uma crise sem precedentes. Os estados do Acre, Amapá, Amazonas e Pará registraram os menores índices de chuva desde 1980 entre julho e setembro. Além disso, o rio Negro atingiu seu nível mais baixo desde 1902, quando as medições começaram. Esta seca intensa, a pior em um século, é atribuída ao fenômeno El Niño, mas também há indícios de que esteja ligada às mudanças climáticas.

O El Niño é um fenômeno que provoca alterações na temperatura do oceano Pacífico Tropical e na atmosfera, resultando em mudanças nos padrões de vento e precipitação em várias partes do mundo. Em geral, ele aumenta a frequência de sistemas frontais na região Sul, causando um aumento nas precipitações e uma diminuição das chuvas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Especialistas que participaram do webinário “Eventos Climáticos Extremos em Ano de El Niño”, promovido pela FAPESP, alertaram para a gravidade da situação. Eles destacaram que o desmatamento da Amazônia agrava a seca, pois reduz a evapotranspiração, ou seja, a emissão de vapor d’água pela floresta que forma as chuvas.

A seca já está afetando a população local na Amazônia. Comunidades ribeirinhas estão ficando isoladas devido à diminuição dos níveis dos rios; botos e peixes estão morrendo devido ao aumento da temperatura da água; a produção de energia elétrica está sendo comprometida; e as queimadas estão causando danos ao meio ambiente.

Além disso, um estudo recente estima que as perdas econômicas globais relacionadas aos El Niños de 1982-1983 e 1997-1998, que duraram até cinco anos, foram de aproximadamente US$ 5 trilhões. “Estamos caminhando para outro evento desse porte”, alertou Regina Rodrigues, professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Os especialistas enfatizam a necessidade de monitorar a situação da escassez de chuvas mês a mês e adotar ações adequadas para mitigar seus impactos. Eles também destacam a importância de aprofundar os estudos para avaliar a associação com as mudanças climáticas.

Seca no Rio Negro dificulta a vida dos ribeirinhos em Manaus

As comunidades sofrem com problemas de mobilidade dos moradores.

A população ribeirinha de Manaus enfrenta uma situação crítica por causa da seca no Rio Negro, que dificulta o acesso às suas comunidades. Na Marina do Davi, principal terminal público para embarque e desembarque de passageiros, é preciso caminhar quase um quilômetro entre lama, areia e pontes precárias para chegar aos barcos que ainda conseguem navegar.

A dona de casa Madalena Soares Fernandes, de 73 anos, mora em Tarumã e toda vez que precisa sair ou voltar para casa passa por essa saga. Ela contou à Agência Brasil que a seca já dura quase três meses e que nunca viu nada igual, nem em 2010, quando o rio também baixou muito.

“Está horrível, muita areia, muita dificuldade. Quando está cheio, o barco vai até perto de casa e agora acho que demora umas três horas para chegar. E ele [o filho] nem está aqui, só vamos eu e Deus”, disse ela, que levava um garrafão de água e ração para as galinhas que cria.

A seca também afeta os barqueiros que trabalham na Marina do Davi, tanto com transporte de passageiros quanto com passeios turísticos. João da Rocha Lopes, de 52 anos, é um deles e está parado desde outubro, pois seu flutuante encalhou na margem do igarapé.

“Só tinha visto uma seca assim em 2010, mas foi rápida. Essa aqui não, está sendo demorada. Estou sobrevivendo como posso, fazendo uns bicos, mas está difícil”, lamentou.

A seca no Rio Negro é um fenômeno natural que ocorre periodicamente, mas que tem se intensificado nos últimos anos por causa das mudanças climáticas. Segundo o Serviço Geológico do Brasil, o nível do rio chegou a 13,63 metros no dia 15 de novembro, o menor desde 1902.

No fim de semana, nuvens de fumaça voltaram a cobrir o céu de Manaus, deixando a qualidade do ar moderada. Na segunda-feira (20), o Inmet lançou o alerta de chuvas intensas, que pode durar até esta terça. A previsão é de que as precipitações sejam entre 30 e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia, com ventos intensos de 60-100 km/h. Há risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas.

A infraestrutura das escolas de educação infantil no Brasil tem muitos problemas, revela estudo e regiões Norte e Nordeste são as mais prejudicadas

Foi divulgado nesta quinta-feira (16) o estudo Qualidade da oferta da Educação Infantil no Brasil: análise do Saeb 2021, que mostrou os desafios enfrentados pelas escolas (creches) que atendem crianças de 0 a 3 anos e de 4 a 5 anos de idade. Essa foi a primeira vez que se coletou dados em larga escala sobre essas faixas etárias, usando informações do Censo Escolar 2022 e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) da Educação Infantil, de 2021.

O estudo foi feito por Tiago Bartholo e Mariane Koslinski, pesquisadores do Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais (LaPOpE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com apoio da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV). Ele permite avaliar, em parte, como as políticas nessa área estão sendo executadas.

Bartholo comentou que a educação infantil vem recebendo mais recursos nos últimos anos, com mais vagas para crianças de 0 a 3 anos na creche e de 4 a 5 anos na educação infantil. “Isso é muito importante mas o que os estudos todos mostram é que garantir a vaga é insuficiente quando estamos pensando naqueles benefícios que a educação infantil traz para o bem-estar e para o desenvolvimento das crianças. Para que esse benefício se concretize, é importante que essa oferta seja de qualidade”.

Brinquedos

A partir de um indicador que soma os sete brinquedos voltados para o público infantil (tanque de areia, gira-gira, gangorra, escorregador, casinha, balanço e brinquedo para escalar), foi constatado que escolas das regiões Norte e Nordeste têm, em média, 2,2 e 2,1 brinquedos, respectivamente. Já as escolas das regiões Sudeste e Centro-Oeste têm quatro brinquedos, e as da Região Sul, 4,8. Em relação à dependência administrativa, as escolas públicas têm, na média, 3,2 brinquedos. O número aumenta para quatro, nas escolas privadas conveniadas e 4,3 nas escolas particulares não conveniadas. Quanto à infraestrutura das unidades educativas, os dados mostram baixa presença de brinquedos para o público infantil como gira-gira (46,2%), gangorra (38,5%) e balanço (34,3%) nas escolas.

O levantamento analisou dois grandes grupos: um é o de qualidade da infraestrutura e dos materiais pedagógicos disponíveis e outro é o de qualidade das atividades propostas, das interações entre professor e as crianças. “O Saeb 2021 permite olhar com mais detalhe e refinamento para essa questão da qualidade da infraestrutura”, disseram os pesquisadores. Eles observaram que essa é uma dimensão que ainda tem problemas muito importantes, especialmente na rede pública. Há desigualdades de oportunidades em relação à rede privada conveniada e à rede privada. “O problema, sem dúvida, é maior na rede pública. Mas a gente observou também diferenças quando pensa em diferentes regiões e estados do Brasil”.

Qualidade

Os dados mostram que as escolas de educação infantil do Norte e do Nordeste têm os piores indicadores de qualidade da infraestrutura, o que exige mais investimento para melhorar as condições de ensino e aprendizagem nessa etapa. Tiago Bartholo afirma que é preciso investir mais na qualidade dos equipamentos das escolas, como as áreas externas e sombreadas, a vegetação, a horta, os banheiros adaptados e os brinquedos que estimulam o movimento das crianças, como balanço e gangorra. Esses fatores influenciam diretamente o trabalho pedagógico, as experiências e as oportunidades de desenvolvimento das crianças.

Outro desafio é a desigualdade entre as redes pública e privada. Segundo os dados do Saeb e dos indicadores construídos pela pesquisa, a rede pública tem uma infraestrutura pior do que a rede privada e a rede conveniada. Bartholo também destaca que as escolas que oferecem apenas educação infantil, sem o ensino fundamental no mesmo espaço, têm uma estrutura mais adequada para essa modalidade. Isso também varia por região. O Sul do país tem os melhores indicadores, seguido pelo Sudeste e Centro-Oeste, e com indicadores mais baixos no Norte e Nordeste. Cerca de 21,6% dos municípios brasileiros não têm programas específicos para a educação infantil. A Região Sul tem o maior índice de oferta (89,5%), seguido pelo Nordeste (80,7%). Já o Sudeste é a região com menor índice de oferta (70,6%), seguido pelo Norte (72,3%) e Centro-Oeste (73,9%).

Recursos pedagógicos

Em relação aos recursos pedagógicos, o estudo analisou três questões: se as crianças podem manusear os livros livremente, se manuseiam os livros todos os dias e se os professores leem livros para as crianças diariamente. Essa pergunta foi feita no Saeb para os professores. As informações do Saeb foram coletadas a partir de questionários online, respondidos por 4.677 gestores municipais, 35.188 diretores e 23.953 professores. Bartholo informou que o total de professores contatados foi de mais de 62 mil, mas menos de 40% que estavam na amostra responderam. Os professores de escolas públicas responderam mais do que os de escolas privadas não conveniadas. Isso reduz a capacidade de monitoramento do que está acontecendo de fato na educação infantil, disse Mariane. “E o questionário do professor é o mais interessante para monitorar a educação infantil”.

A pesquisadora afirmou que seria interessante ter mais questões que abordassem os processos pedagógicos que ocorrem em sala de aula. “Nós percebemos que há poucos dados sobre os planos que são elaborados, as atividades que são realizadas com as crianças. Nós achamos que nas próximas edições do Saeb, isso poderia ser relevante porque tem relação direta com as experiências que as crianças vivenciam em sala de aula e toda a literatura mostra que esses são aspectos muito importantes para o desenvolvimento das crianças”.

Em relação aos recursos pedagógicos, Mariane destacou os recursos de acessibilidade para a educação especial. Disse que as escolas públicas têm mais necessidade de recursos humanos para a educação especial. Nesse aspecto, há também desigualdades regionais. No Norte e Nordeste, os diretores relatam mais dificuldades e falta de recursos para a educação especial. Lembrou também que o Saeb permite acompanhar as políticas das secretarias de Educação, para verificar se estão atendendo a educação infantil, como formação específica de professores da educação infantil, estimativa de demanda por vagas na educação infantil e, também, um programa de busca ativa escolar voltado para a pré-escola, por exemplo.

“É bom ter um sistema de monitoramento que mostre que não é na mesma proporção para outras etapas da educação básica, até para incentivar as secretarias a investir mais na educação continuada de professores da educação infantil”. Com isso, é possível elaborar indicadores que auxiliem na implementação das estratégias do Plano Nacional de Educação (PNE), bem como subsidiar a elaboração de políticas públicas que garantam que as estratégias sejam alcançadas”.

Tiago completou que existe uma demanda importante por parte desses profissionais.

Diferenças O estudo confirma as diferenças entre rede pública e rede privada não conveniada, especialmente no que se refere à autonomia das crianças e ao uso de livros em sala de aula. “Nós achamos que isso pode ter relação, sim, com a simples oferta, a disponibilidade desses materiais, se eles existem ou não”. Sobre se os professores leem todos os dias para seus alunos, a pesquisa mostra que para 15% dos respondentes, essa é uma atividade que não acontece todos os dias.

“O ideal é que isso acontecesse todos os dias. É uma atividade muito importante que deveria fazer parte da rotina diária dos professores com as crianças. A contação de histórias e a leitura de livros são muito importantes para diversas dimensões do desenvolvimento das crianças. Auxilia, por exemplo, no desenvolvimento do vocabulário das crianças e estimula a imaginação”, indicou Tiago Bartholo.

O estudo mostrou que, na rede pública, 72% das crianças lidam com livros todos os dias, mas na rede privada esse percentual é maior: 85%. Um pesquisador da UFRJ disse que esse valor (85%) é alto, mas não é satisfatório, pois os autores da pesquisa esperavam que ele fosse mais próximo de 100%. Mariane acrescentou que esses dados são relevantes para os cursos de capacitação dos professores, para aprimorar essas práticas pedagógicas em sala. Ela também destacou a importância de saber como a escola se relaciona com a família das crianças, “pois nessa fase, essa relação é essencial para o bem-estar e o desenvolvimento delas, e também para o Inep acompanhar esses procedimentos em sala”.

Critérios

Outro aspecto que chamou a atenção foi que o Norte e o Nordeste têm melhores indicadores para a escolha de diretores nas escolas de educação infantil do que as outras regiões. O estudo revelou que um terço dos diretores da educação infantil são escolhidos sem critérios técnicos que consideram formação acadêmica, curso de formação para gestores escolares, tempo de serviço e experiência em gestão para a escolha dos diretores das unidades de educação infantil.

Nessa área, os resultados obtidos envolvendo crianças pequenas e maiores mostram que estados do Nordeste têm índices bem superiores à média. No Norte e no Nordeste, apenas 22% dos municípios não usam critérios para a escolha dos diretores, contra 35% dos municípios do Centro-Oeste e do Sudeste, cada, e 32% dos municípios da Região Sul. Tiago Bartholo afirmou que esse é um dos meios que demonstram a importância dessas ferramentas de avaliação e monitoramento. A Meta 19 do Plano Nacional de Educação (PNE) indica a importância da escolha do diretor a partir de critérios técnicos.

Em termos do uso de maior número de critérios para a escolha dos diretores, o Norte e o Nordeste brasileiros se destacam também, com índices de 40% e 35% das cidades, respectivamente, que usam entre três e quatro critérios técnicos. O índice cai para 24%, 26% e 19% entre os municípios nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

Mariane Koslinski afirmou que selecionar gestores escolares com base em critérios como formação acadêmica, experiência e qualificação é uma novidade no Brasil. “Durante muito tempo, tivemos vários incentivos para a gestão democrática, para que houvesse consulta pública sobre os gestores e, mais recentemente, surgiu a ideia de que precisamos de pessoas especialistas em gestão escolar, que tenham uma formação adequada para essa função”. Ela analisou que o estudo revela que os municípios ainda estão se adaptando às novas normas. “Acreditamos que, nas próximas avaliações, haverá uma maior porcentagem de municípios de todos os estados”.

Campanhas

Os pesquisadores acreditam que campanhas de conscientização podem aumentar as taxas de resposta dos professores nas futuras edições do Saeb, especialmente sobre aspectos relacionados à educação infantil. Isso permitirá compreender melhor as diversas infâncias. “Achamos que seria importante que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), junto com o Ministério da Educação (MEC), fizessem campanhas de conscientização e outras estratégias ativas para ampliar a participação dos professores e professoras da educação infantil no Saeb”. Ela lembrou que isso já ocorre no Saeb do ensino fundamental e do ensino médio, que passam por reformulações para melhorar o tipo de questões formuladas.

Por rede pública conveniada, entende-se a rede que tem parceria com o setor público. Isso é muito usado na educação infantil para oferecer vagas em creches, ou seja, para ampliar a oferta de vagas. Como, em geral, existe uma demanda maior do que a oferta, ou seja, mais famílias querendo vagas do que vagas disponíveis nas escolas da rede pública, uma estratégia adotada são as escolas parceiras da rede pública municipal. Na maioria dos casos, quando se fala em rede conveniada, significa que não há custo de mensalidade para os pais, o que difere da rede privada não conveniada. É uma forma de o setor público ampliar essas vagas em curto prazo. É uma solução emergencial para a falta de vagas e é mais comum na oferta de creche, para crianças de 0 a 3 anos.

Além deste material, outras duas publicações foram produzidas a partir dos dados do Saeb: Qualidade da oferta da Educação Infantil no Brasil: análise por estado do Saeb 2021 e Avaliação do Saeb da Educação Infantil 2021: possibilidades, limites e recomendações. As publicações podem ser acessadas na biblioteca da FMCSV a partir desta quinta-feira.


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ONU alerta para riscos climáticos na saúde de mulheres e crianças

Estes grupos enfrentam riscos específicos de poluição, doenças mortais e clima extremo; as agências da ONU exigem que a COP28, a 28ª Conferência sobre Mudanças Climáticas, ponha fim à negligência e à subnotificação.

Três agências da ONU alertam para os riscos extremos que as catástrofes climáticas representam para a saúde de mulheres grávidas, bebês e crianças. Em um chamado à ação lançado nesta segunda-feira, elas pedem que as negociações da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP28, incluam as necessidades específicas desses grupos nas políticas climáticas.

Segundo as agências, os efeitos dos eventos climáticos na saúde materna e infantil têm sido negligenciados, subnotificados e subestimados. Elas citam exemplos de desastres climáticos arrasadores que ocorreram em 2023, como incêndios florestais, inundações, ondas de calor e secas, que causaram deslocamentos, destruição e poluição. Além disso, elas apontam que o aquecimento global aumenta a propagação de doenças mortais como cólera, malária e dengue, que podem ser especialmente graves para as mulheres grávidas e crianças.

As agências afirmam que os danos podem começar ainda no útero, levando a complicações na gravidez, parto prematuro, recém-nascidos abaixo do peso e natimortos. Para as crianças, as consequências podem durar a vida toda, afetando o desenvolvimento dos seus corpos e cérebros.

O apelo das três agências destaca sete ações urgentes para enfrentar esses riscos crescentes, como reduzir as emissões de gases de efeito estufa, garantir o financiamento climático e promover a igualdade de gênero. Elas também pedem por mais pesquisas para compreender melhor os impactos das alterações climáticas na saúde materna e infantil.