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Veterinários alertam esse alimento pode envenenar seu cachorro em minutos

É comum compartilhar alimentos da nossa mesa com os cães, acreditando que um pequeno pedaço não fará mal. No entanto, alguns alimentos aparentemente inofensivos podem ser extremamente perigosos. Veterinários alertam que certos ingredientes podem causar intoxicação grave em minutos, colocando a vida do animal em risco.

Este artigo reúne uma lista dos principais alimentos proibidos para cães, explica os cachorro envenenado sintomas que exigem atenção imediata e orienta quais medidas tomar em caso de emergência. A informação correta pode salvar a vida do seu companheiro de quatro patas.

Por que alguns alimentos são tóxicos para cães

O organismo dos cães é diferente do humano. Substâncias que para nós são digeridas normalmente, para eles podem ser venenosas. O fígado canino não processa certos compostos da mesma forma, e mesmo pequenas quantidades podem provocar intoxicação.

46006qvzh7o2awlyqkp4ej94p-400x225 Veterinários alertam esse alimento pode envenenar seu cachorro em minutosDe acordo com especialistas da Universidade Federal de Minas Gerais, a maioria dos casos de envenenamento em cães ocorre por falta de informação dos tutores. Conhecer os riscos é o primeiro passo para a prevenção.

Principais alimentos proibidos para cães

A seguir, os alimentos mais perigosos que nunca devem ser oferecidos aos cães:

1. Chocolate

O chocolate contém teobromina e cafeína, substâncias altamente tóxicas para cães. Quanto mais escuro o chocolate, maior a concentração e, portanto, mais perigoso.

  • Sintomas: vômito, diarreia, tremores, arritmia cardíaca, convulsões.
  • Perigo: pode levar à morte em poucas horas dependendo da quantidade ingerida.

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2. Uvas e passas

Mesmo em pequenas quantidades, uvas e passas podem causar insuficiência renal aguda nos cães. O mecanismo exato ainda não é totalmente compreendido, mas os riscos são graves.

  • Sintomas: vômitos, letargia, dor abdominal, falta de apetite, falência renal.
  • Perigo: pode causar morte súbita por falência renal.

3. Cebola e alho

Presentes em muitos pratos do dia a dia, cebola e alho contêm compostos que destroem os glóbulos vermelhos do sangue do cão, levando à anemia.

  • Sintomas: fraqueza, mucosas pálidas, vômito, taquicardia.
  • Perigo: risco de anemia hemolítica e complicações fatais.

4. Abacate

O abacate contém persina, uma substância que pode causar vômitos e diarreia em cães. Além disso, o caroço pode provocar obstrução intestinal.

  • Sintomas: diarreia, dor abdominal, engasgo ou obstrução.
  • Perigo: intoxicação moderada e risco de sufocamento.

5. Café e bebidas com cafeína

Cafeína é estimulante para humanos, mas altamente tóxica para cães. Mesmo pequenas doses podem causar intoxicação grave.

  • Sintomas: inquietação, tremores, taquicardia, convulsões.
  • Perigo: risco de morte por falência cardíaca.

6. Álcool

Bebidas alcoólicas nunca devem ser oferecidas a cães. O metabolismo do álcool em cães é extremamente lento, e pequenas doses podem causar intoxicação.

  • Sintomas: descoordenação motora, vômito, queda de temperatura, convulsões.
  • Perigo: risco de coma alcoólico e morte.

7. Ossos cozidos

Ao contrário do que muitos pensam, ossos cozidos são perigosos porque lascam facilmente e podem perfurar o estômago ou intestino do cão.

  • Sintomas: engasgos, vômitos com sangue, fezes com sangue, dor intensa.
  • Perigo: risco de perfuração intestinal e hemorragia interna.

8. Doces com xilitol

O xilitol, adoçante presente em chicletes e balas, é extremamente tóxico para cães. Ele provoca queda brusca da glicose no sangue, podendo levar à falência hepática.

  • Sintomas: tremores, convulsões, colapso, coma.
  • Perigo: risco de morte em poucas horas.

Você pode conferir uma lista completa no American Kennel Club.

Cachorro envenenado sintomas: como identificar a intoxicação

Os sinais de intoxicação podem variar de acordo com o alimento ingerido e a quantidade. Os mais comuns incluem:

  • Vômitos e diarreia frequentes;
  • Tremores musculares e convulsões;
  • Letargia ou sonolência excessiva;
  • Falta de apetite e recusa de água;
  • Dificuldade para respirar;
  • Alterações nas mucosas (pálidas ou amareladas);
  • Salivação excessiva;
  • Descoordenação motora.

O que fazer se seu cachorro comer algo proibido

Se você suspeitar que seu cão ingeriu algum alimento tóxico, siga estas orientações imediatas:

  1. Não provoque vômito sem orientação veterinária. Em alguns casos, isso pode piorar o quadro.
  2. Leve o animal imediatamente ao veterinário. Quanto mais rápido o atendimento, maiores as chances de recuperação.
  3. Leve a embalagem ou informe o alimento ingerido. Isso ajuda o profissional a identificar o tipo de intoxicação.
  4. Hidrate o animal. Ofereça água fresca, mas sem forçar a ingestão.
  5. Mantenha o cão em ambiente tranquilo. Evite estímulos que possam aumentar o estresse.

O Conselho Regional de Medicina Veterinária recomenda que qualquer suspeita de intoxicação seja tratada como emergência.

Prevenção é a melhor proteção

Para evitar acidentes, siga estas medidas preventivas:

  • Mantenha alimentos proibidos fora do alcance dos cães.
  • Eduque familiares e visitantes para não oferecer restos de comida.
  • Ofereça apenas rações e petiscos específicos para cães.
  • Supervisione seu cão em festas e reuniões, onde há maior risco de exposição a alimentos perigosos.

O carinho pelos cães nos leva a querer compartilhar momentos e alimentos. Porém, é fundamental lembrar que o que é seguro para humanos pode ser letal para eles. Conhecer os alimentos proibidos para cães e estar atento aos cachorro envenenado sintomas pode salvar vidas.

Se houver suspeita de ingestão de qualquer alimento perigoso, não hesite: procure atendimento veterinário imediatamente. A prevenção e a informação são as maiores aliadas da saúde do seu melhor amigo.

Este artigo tem caráter informativo e não substitui a orientação profissional. Em caso de emergência, leve seu cão ao veterinário.

 

Jabuticabeira em vaso o erro comum que impede a colheita e ninguém comenta

Cultivar jabuticabeira em vaso é um sonho de muitos apaixonados por plantas. A árvore símbolo dos quintais brasileiros encanta com seus troncos cobertos de frutos pretos e brilhantes. Mas, quando cultivada em vasos, a expectativa muitas vezes se transforma em frustração.

Muita gente relata o mesmo problema: a planta cresce, fica bonita, mas não dá frutos. Esse é o clássico erro da jabuticabeira em vaso não frutificar, e quase ninguém comenta de forma clara os motivos.

Neste guia, você vai entender os erros mais comuns de manejo — poda, rega e adubação — e aprender soluções práticas para corrigir cada um deles.

Por que a jabuticabeira em vaso não dá fruto

A jabuticabeira é uma planta de crescimento lento e que exige condições específicas para frutificar. Em ambiente natural, suas raízes exploram o solo em profundidade. No vaso, esse espaço é reduzido, e a árvore depende totalmente do cuidado do cultivador.

Os principais fatores que impedem a colheita são:

  • Falta de adubação correta: solo pobre em nutrientes não sustenta a frutificação.

  • Erro na poda: podas mal feitas eliminam ramos produtivos.

  • Regas irregulares: excesso ou falta de água afetam a floração.

  • Vasos pequenos ou inadequados: limitam o crescimento radicular.

  • Variedade escolhida: algumas espécies só produzem frutos depois de muitos anos.

Agora, vamos detalhar cada erro e mostrar como resolver.

Erro 1 Poda mal feita ou em excesso

Muita gente pensa que podar bastante a jabuticabeira em vaso vai acelerar a frutificação. Isso é um engano. A frutificação acontece no tronco e galhos mais velhos. Se esses ramos forem removidos ou cortados antes do tempo, a planta perde justamente os pontos onde daria fruto.

Como corrigir

  • Faça podas leves, apenas para retirar galhos secos ou cruzados.

  • Preserve sempre os galhos grossos e antigos.

  • Realize a poda no final do inverno, antes da brotação.

A regra é simples: menos é mais. Uma poda mal feita pode atrasar anos de produção.

Erro 2 Rega incorreta

A jabuticabeira é uma planta que ama água, mas não tolera encharcamento. No solo, as raízes buscam umidade naturalmente. No vaso, tudo depende da rega manual.

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  • Se faltar água, a planta aborta flores e frutos.

  • Se sobrar água, as raízes apodrecem e a planta enfraquece.

Como corrigir

  • Regue de forma regular, mantendo o substrato sempre úmido.

  • Use vasos com boa drenagem e camada de brita ou argila expandida no fundo.

  • Em épocas de calor intenso, pode ser necessário regar duas vezes ao dia.

  • Observe: se a terra secar rápido, é sinal de que a planta pede mais água.

Erro 3 Adubação insuficiente ou inadequada

Um dos maiores motivos da jabuticabeira em vaso não dar fruto é a falta de nutrientes. No quintal, a árvore se alimenta da matéria orgânica do solo. Já no vaso, o substrato se esgota rápido.

qual-a-epoca-de-jabuticaba-da-pra-cultivar-em-vaso01.jpg-400x400 Jabuticabeira em vaso o erro comum que impede a colheita e ninguém comenta

Sem adubação correta, a planta cresce, mas não frutifica.

Como corrigir

  • Faça adubação orgânica com esterco curtido, húmus de minhoca ou compostagem caseira.

  • Inclua adubos ricos em fósforo e potássio, que estimulam floração e frutificação.

  • Use adubos líquidos a cada 15 dias para manter o equilíbrio nutricional.

  • No início da primavera, reforce a adubação para preparar a planta para a safra.

Erro 4 Vaso pequeno demais

Outro erro comum é manter a jabuticabeira em um vaso pequeno por muito tempo. Suas raízes precisam de espaço para crescer e sustentar a produção de frutos.

Como corrigir

  • Escolha vasos grandes, de pelo menos 50 litros.

  • Troque o vaso a cada 3 ou 4 anos, sempre aumentando o tamanho.

  • Use substrato rico e leve, misturando terra vegetal, areia e composto orgânico.

Erro 5 Escolha da variedade errada

Nem todas as jabuticabeiras são iguais. Algumas espécies, como a sabará, podem demorar até 15 anos para frutificar. Para quem cultiva em vaso, isso significa anos de espera sem sucesso.

Como corrigir

  • Prefira variedades de frutificação precoce, como a híbrida ou a paulista.

  • Se possível, adquira mudas enxertadas, que produzem frutos mais cedo.

  • Pergunte sempre no viveiro sobre a variedade antes de comprar.


Dicas extras para garantir a frutificação

Além de evitar os erros comuns, alguns cuidados extras ajudam a acelerar o processo:

  • Exponha a jabuticabeira ao sol pleno por pelo menos 4 horas por dia.

  • Faça pulverizações foliares com biofertilizantes para estimular a planta.

  • Reproduza o ciclo natural: no inverno, reduza as regas; na primavera, aumente. Essa alternância ajuda a planta a “entender” a época de florescer.

  • Seja paciente: mesmo com todos os cuidados, a jabuticabeira é uma árvore de crescimento lento.

Como lidar com aves exóticas fugitivas em quintais sem arriscar a segurança

Você já se deparou com uma ave colorida e incomum pousada no quintal, sem saber de onde veio? Essa cena é cada vez mais comum nas cidades brasileiras: aves exóticas fugitivas, que escapam de criadouros ou casas, acabam surgindo em locais inesperados. O encanto inicial pode rapidamente se transformar em preocupação, já que lidar com esses animais exige cuidado, conhecimento e, sobretudo, responsabilidade. A questão não é apenas proteger a ave, mas também garantir a segurança de quem convive no espaço.

Aves exóticas em áreas urbanas: um fenômeno crescente

Papagaios, araras, calopsitas e até periquitos australianos são frequentemente criados em cativeiro. O problema surge quando eles escapam ou são soltos indevidamente. Ao encontrarem abrigo em quintais ou praças, chamam a atenção pela beleza, mas também despertam dúvidas: como agir diante dessa situação? A falta de preparo pode gerar riscos tanto para a ave quanto para as pessoas envolvidas.

O perigo de tentar capturar sozinho

A primeira reação de muitos é tentar capturar a ave com as mãos ou improvisar armadilhas. Esse é um dos maiores erros. Além de estressar o animal, há risco de mordidas, arranhões e até transmissão de doenças. Muitas aves exóticas podem reagir de forma imprevisível, principalmente quando estão assustadas. Além disso, a captura incorreta pode causar fraturas ou ferimentos graves nas asas.

A importância de observar o comportamento

Antes de agir, é essencial observar a ave. Ela parece estar saudável ou debilitada? Consegue voar ou está limitada? Muitas vezes, aves exóticas fugitivas ficam cansadas após longos voos e pousam em quintais apenas para descansar. Nesses casos, manter a calma e evitar movimentos bruscos já ajuda a reduzir o estresse do animal. Fornecer água em recipientes próximos pode ser útil, mas sem tentar aproximar-se demais.

Acione os órgãos competentes

Um passo fundamental é entrar em contato com órgãos ambientais ou centros de zoonoses. No Brasil, o IBAMA e secretarias estaduais de meio ambiente possuem canais para orientação. Esses profissionais estão preparados para realizar o resgate de forma segura e adequada. Ignorar esse passo pode levar a riscos desnecessários e até implicações legais, já que algumas espécies têm proteção especial.

Não incentive a permanência no quintal

Oferecer comida pode parecer um gesto de carinho, mas, em muitos casos, prolonga a permanência da ave em ambiente inadequado. Se ela não for resgatada, pode sofrer com predadores, desnutrição ou até acidentes urbanos, como choques elétricos em fios. O ideal é manter distância, dar condições mínimas de descanso e aguardar ajuda especializada.

Os riscos ambientais com as aves exóticas

Outro ponto importante é que aves exóticas fugitivas podem representar uma ameaça à fauna local. Quando soltas, elas competem com espécies nativas por alimento e abrigo, desequilibrando o ecossistema. Em alguns casos, podem até transmitir doenças para aves silvestres. Por isso, lidar com a situação de forma responsável é mais do que uma questão de cuidado individual: é também um compromisso com o meio ambiente.

O papel da conscientização

Muitos casos de aves fugitivas acontecem por falta de informação ou cuidados básicos em cativeiro. Portas de gaiolas abertas, janelas sem telas e transporte inadequado são fatores comuns. A conscientização sobre a posse responsável é fundamental para evitar que situações assim se repitam. Criar aves exige comprometimento, desde infraestrutura adequada até o respeito às normas ambientais.

Quando a ave parece ferida

Se a ave apresenta sinais de ferimentos, como asas caídas ou sangramentos, é ainda mais urgente acionar profissionais. Nesses casos, tentar cuidar por conta própria pode agravar o quadro. O transporte de aves deve ser feito em caixas apropriadas, e apenas sob orientação técnica. Jamais se deve usar gaiolas improvisadas ou segurar a ave de forma inadequada.

Equilíbrio entre encanto e responsabilidade

É inegável que ver uma arara azul ou um papagaio raro pousado no quintal desperta fascínio. Mas por trás da beleza existe uma realidade complexa, que envolve riscos, leis e impactos ambientais. Lidar com aves exóticas fugitivas não significa apenas resgatá-las, mas garantir que elas retornem a um local seguro e adequado. A melhor atitude é sempre priorizar a segurança — da ave, da família e da natureza ao redor.

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5 passos rápidos para evitar acidentes com cobras em ambientes urbanos

O aumento das áreas urbanas próximas a terrenos baldios, matas e rios tem trazido um visitante indesejado para mais perto das famílias: as cobras. Embora nem todas sejam venenosas, o susto e o risco de acidente são reais. A boa notícia é que existem formas simples e comprovadas de evitar encontros perigosos, aplicadas até mesmo por equipes de controle ambiental. Quem mora em regiões com vegetação abundante ou terrenos malcuidados pode reduzir muito as chances de acidentes ao adotar práticas básicas de prevenção.

Cobras na cidade: um risco silencioso
Ao contrário do que muitos pensam, não é preciso morar no campo para cruzar com uma cobra. O desmatamento e a expansão urbana empurram esses animais para dentro das cidades, onde encontram alimento fácil, como ratos, e abrigo em entulhos ou jardins descuidados. E como são animais discretos, quando alguém percebe sua presença, geralmente já é tarde demais. Por isso, a prevenção é o melhor caminho.

Mantenha o quintal e áreas externas limpos

O primeiro passo para evitar cobras em ambientes urbanos é a limpeza regular. Entulhos, mato alto e pilhas de madeira funcionam como esconderijo perfeito. Famílias que mantêm o quintal limpo reduzem drasticamente a chance de abrigar uma cobra. Cortar a grama com frequência e eliminar locais de acúmulo de lixo são medidas simples, mas extremamente eficazes.

Controle de pragas como medida preventiva

Onde há ratos, há cobras. Esse ditado é comprovado pela prática. Como o principal alimento desses animais são roedores, controlar pragas urbanas é essencial. Isso significa não deixar restos de comida expostos, manter lixeiras bem tampadas e, quando necessário, recorrer a empresas de dedetização. Reduzindo a fonte de alimento, a chance de uma cobra aparecer cai pela metade.

Proteja portas e ralos

As cobras podem entrar em casas por locais improváveis, como ralos de banheiro, áreas de serviço ou frestas embaixo das portas. Instalar telas metálicas em ralos externos e usar rodapés vedantes em portas são medidas baratas e eficazes. Esse cuidado é ainda mais importante em residências próximas a terrenos baldios ou córregos.

Evite manusear entulhos sem proteção

Outro passo importante é tomar cuidado ao mexer em entulhos, telhas empilhadas ou galpões pouco usados. Muitos acidentes acontecem porque a pessoa coloca a mão em locais onde a cobra estava escondida. O uso de luvas grossas e botas de borracha é uma barreira simples contra picadas. Além disso, sempre remexa pilhas de materiais com uma vara antes de colocar as mãos.

Saiba acionar ajuda especializada

Por fim, um passo fundamental: nunca tente capturar ou matar uma cobra. Além de ser perigoso, é crime ambiental. O correto é acionar o corpo de bombeiros ou equipes de controle animal da prefeitura. Essas equipes têm treinamento e equipamentos adequados para remover o animal sem riscos. Ter o telefone de emergência à mão pode fazer toda a diferença em situações de surpresa.

O que fazer em caso de acidente

Se, mesmo com todos os cuidados, ocorrer um acidente, é essencial manter a calma e procurar ajuda médica imediatamente. Não se deve amarrar o membro, cortar a ferida ou tentar sugar o veneno. O atendimento rápido em um hospital com soro antiofídico é a única medida segura. Guardar informações sobre o animal (como cor e tamanho) pode ajudar no tratamento, mas nunca arrisque tentar capturá-lo.

A importância da conscientização

Evitar acidentes com cobras em ambientes urbanos não é apenas uma questão individual, mas coletiva. Quando uma comunidade se mobiliza para manter terrenos limpos e descartar lixo corretamente, o risco diminui para todos. Campanhas de conscientização em escolas e associações de bairro já mostraram grande impacto em regiões com maior incidência de cobras.

Convivência possível e segura

Vale lembrar que as cobras têm papel importante no equilíbrio ambiental, controlando pragas como ratos. O problema surge quando esse equilíbrio é quebrado pela ação humana. Adotar medidas de prevenção é a forma mais inteligente de conviver com a realidade urbana sem abrir espaço para acidentes.

Ao seguir esses cinco passos, famílias transformam suas casas e bairros em ambientes menos atraentes para cobras, garantindo mais segurança no dia a dia. A atenção constante e a informação são as maiores aliadas para manter a tranquilidade mesmo em regiões onde esses animais costumam aparecer.

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Saberes da floresta inspiram legado da COP30 em Belém

O caminho para a COP30 em Belém está sendo pavimentado não apenas por negociações diplomáticas e compromissos internacionais, mas também pela força dos saberes que emergem da floresta e de seus povos. Nesta sexta-feira (12), o ciclo Diálogos COP30 com Ciência chega à sua última edição com um tema que ressoa profundamente na Amazônia: “Povos da floresta e criação de paisagens amazônicas”. O encontro, realizado no Museu Paraense Emílio Goeldi, traz ao centro do debate as tecnologias ancestrais e os modos de vida que moldaram e continuam moldando a maior floresta tropical do planeta.

A programação destaca algo que a ciência contemporânea vem reconhecendo com cada vez mais evidência: a Amazônia não é apenas fruto da natureza intocada, mas o resultado de séculos de interação humana com o território. Pesquisas arqueológicas conduzidas na região, como explica a arqueóloga e pós-doutoranda do Museu Goeldi, Erêndira Oliveira, revelam que as populações originárias desempenharam papel decisivo na conformação das paisagens amazônicas. Terras pretas férteis, aldeias erguidas em áreas alagáveis e a disseminação de espécies de valor medicinal, alimentar e construtivo mostram como os povos desenvolveram sistemas sofisticados de manejo sustentável, transmitidos de geração em geração.

Esses legados não pertencem apenas ao passado. Eles permanecem vivos no presente e podem ser decisivos para o futuro, oferecendo soluções para adaptação às mudanças climáticas e alternativas de convivência sustentável, tanto na floresta quanto nas cidades amazônicas. É nesse espírito que o evento reúne pesquisadores, comunicadores e lideranças indígenas, quilombolas e ribeirinhas, compondo mesas de diálogo que cruzam ciência e tradição.

floresta-amazonica-brasil-400x249 Saberes da floresta inspiram legado da COP30 em Belém
Ignacio Palacios/Getty Images

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Entre os convidados estão Carolina Levis, da Universidade Federal de Santa Catarina; Carlos Augusto da Silva, da Universidade Federal do Amazonas; Ana Carolina Melo, do Laboratório da Cidade; Artur Walipere Baniwa, da Universidade de Brasília; Glenn Shepard, pesquisador do Museu Goeldi; e Maria Páscoa Sarmento, liderança quilombola e docente da Universidade Federal do Pará. A mediação será das jornalistas Helena Palmquist e Cristina Serra, conectando o debate a uma audiência mais ampla e diversa.

As discussões tocam em pontos centrais para a agenda climática: como integrar conhecimentos tradicionais e científicos em políticas públicas para a Amazônia, como aplicar práticas culturais no planejamento urbano das cidades da região e de que forma os modos de vida de povos indígenas e comunidades locais podem inspirar modelos de desenvolvimento que conciliem justiça social e equilíbrio ecológico.

Para Erêndira Oliveira, coordenadora da edição, a expectativa é que o diálogo fortaleça a valorização dos conhecimentos tradicionais dentro da ciência e das estratégias de desenvolvimento. “As populações originárias foram protagonistas na construção da Amazônia e devem ser reconhecidas como protagonistas também no enfrentamento da crise climática. Suas tecnologias e modos de vida mostram que é possível viver em harmonia com a floresta, criando ecossistemas diversos e resilientes”, destaca.

O encontro também é simbólico porque antecipa a tônica da própria COP30: a ampliação da participação social. Povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas e movimentos sociais estarão em posição de destaque no evento internacional em Belém, apresentando soluções que nascem nos territórios e que desafiam a lógica predatória que historicamente marcou a exploração da floresta.

A realização do ciclo de diálogos é uma iniciativa do Museu Goeldi, em parceria com o Centro de Pesquisa Florestal Internacional e o Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal (CIFOR-ICRAF) e a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa). A programação começa às 13h30, no Auditório Paulo Cavalcante, no Campus de Pesquisa do Museu Goeldi, em Belém, e será transmitida pelo canal oficial do museu no YouTube.

Mais do que encerrar uma série de encontros, o evento simboliza uma virada: reconhecer que a Amazônia, enquanto bioma, memória e espaço de resistência, só pode ser protegida a partir da escuta atenta de quem a habita e a molda há milênios. É nesse diálogo entre ciência e tradição que se desenham caminhos legítimos para enfrentar a crise climática e construir um futuro sustentável.

Da educação básica ao ensino profissionalizante, EJA renova esperanças e transforma vidas

O Brasil ainda carrega uma dívida histórica com milhões de cidadãos. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), mais de 11 milhões de brasileiros permanecem fora do universo da alfabetização. São jovens, adultos e idosos que, por diferentes razões, tiveram o direito de aprender negado e, com isso, viram portas se fecharem em sua trajetória pessoal e profissional.

Nesse cenário, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) desponta como uma alternativa concreta de reparação social. Criada pelo Governo Federal, a modalidade oferece a possibilidade de retomar e concluir estudos do ensino fundamental e médio, em formato presencial ou a distância, em um tempo reduzido. Mais que uma proposta pedagógica, a EJA é uma segunda chance de reescrever a própria história.

Histórias que inspiram

O exemplo de Rodrigo Pereira, morador do Pará, ilustra o impacto da iniciativa. Após 17 anos longe das salas de aula, ele recebeu o convite para voltar a estudar durante um evento promovido pelo Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (SINDUSCON-PA). Desde então, concluiu o curso de almoxarife no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e somou outras seis formações pela EJA.

Para ele, a experiência foi libertadora: “Esse projeto mudou a minha vida e espero que incentive outras pessoas a retomarem seus estudos. A EJA me tornou quem eu sou hoje”. Relatos como o de Rodrigo revelam que, por trás dos números, há vidas transformadas pela oportunidade de aprender e se qualificar.

O programa ganhou ainda mais força com o apoio do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que, em parceria com o Serviço Social da Indústria (SESI) e o SENAI, lançou o SEJA PRO+ Trabalho e Emprego. Essa iniciativa oferece cursos gratuitos de EJA Profissionalizante para quem não concluiu a educação básica, unindo formação escolar a capacitação técnica.

O presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), Alex Carvalho, reforça a dimensão social do projeto: “A EJA é um dos programas mais importantes diante da realidade do estado, pois une formação profissional a um potente impacto social. Com ela, enfrentamos desigualdades profundas e transformamos vagas em oportunidades reais de mudança e justiça social”.

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Reprodução

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Oportunidades no Pará

No Pará, o SEJA PRO+ já abriu 2.400 vagas gratuitas em 11 municípios, como Belém, Ananindeua, Santarém e Marabá. As formações abrangem áreas estratégicas para o mercado de trabalho, como logística, gestão ambiental, eletricidade, mecânica, hidráulica e refrigeração.

Os cursos, que duram 14 meses, incluem bolsa-auxílio e seguem a demanda específica de cada região. Ao unir qualificação profissional e formação escolar, o programa busca responder às transformações tecnológicas e energéticas que desafiam o mundo do trabalho.

Durante o lançamento em Belém, o secretário Nacional da Juventude, Ronald Sorriso, destacou que mais de 9 milhões de jovens ainda não concluíram os estudos. “Vivemos um momento de transformação tecnológica e de transição energética, e essa realidade só será possível a partir da qualificação profissional dos nossos jovens”, afirmou.

Resultados já visíveis

Levantamento realizado pelo Departamento Nacional do SESI mostrou o alcance do programa no Pará entre 2022 e 2024. Os números impressionam: 61% dos alunos que concluíram a EJA ingressaram na universidade, enquanto 83,6% estão ocupados no mercado de trabalho — mais da metade em empregos formais. O impacto financeiro também é significativo: a renda média dos beneficiados cresceu quase 50%.

Além disso, a satisfação com a experiência é altíssima. Cerca de 99% dos alunos avaliaram positivamente os serviços do SESI, e 92% aprovaram o SENAI. Esses índices revelam a relevância de um modelo que alia formação escolar e técnica, consolidando a EJA como vetor de inclusão e desenvolvimento.

O superintendente do SESI e diretor regional do SENAI, Dário Lemos, resume o espírito da iniciativa: “Investir em educação é investir no crescimento do estado. Estamos preparando cidadãos mais qualificados, capazes de conquistar melhores oportunidades e contribuir com a indústria e a sociedade”.

A trajetória da EJA mostra que políticas públicas bem desenhadas podem reverter trajetórias de exclusão e abrir novos horizontes. Mais do que ensinar conteúdos, ela devolve dignidade, fortalece a cidadania e impulsiona a mobilidade social.

Num Brasil que ainda convive com milhões de pessoas privadas do direito de aprender, a EJA e o SEJA PRO+ são mais que programas educacionais: são instrumentos de esperança e transformação.

Jardineiros do Oceano, por que o cocô das baleias importa mais do que nunca

Contra o cenário majestoso do Alasca, com picos cobertos de geleiras, a pesquisadora Dana Bloch se inclina sobre a lateral de um pequeno barco e coleta um pedaço alaranjado de fezes de baleia flutuando no mar. “É minha melhor amostra até agora”, diz a doutoranda da Universidade do Alasca, animada ao observar o material sólido deixado por um enorme jubarte que se alimentara de krill.

Pode parecer estranho, mas estudar o cocô das baleias revela algo fundamental: esses gigantes do oceano não apenas encantam turistas e cientistas, como também desempenham um papel crítico na manutenção da vida marinha e até no combate às mudanças climáticas.

O que torna o cocô das baleias tão especial?

Três fatores principais:

  1. Volume – baleias são os maiores animais do planeta e produzem grandes quantidades de fezes.

  2. Ciclo de nutrientes – elas se alimentam em águas profundas, mas geralmente defecam perto da superfície, trazendo à tona nutrientes como nitrogênio, fósforo e ferro que, de outra forma, ficariam presos no fundo.

  3. Flutuabilidade – ao contrário de outros resíduos que afundam, as plumas fecais das baleias permanecem suspensas na camada mais ensolarada do oceano, justamente onde vivem os fitoplânctons, microplantas que formam a base da cadeia alimentar marinha.

Ou seja: cada jato de cocô de baleia é um “fertilizante líquido” natural para o oceano.

A bomba de nutrientes: o “whale pump”

Esse processo ganhou até nome: whale pump (“bomba de baleia”). Ele já foi estudado em diferentes partes do mundo.

  • No Atlântico Norte, cientistas descobriram que baleias e focas adicionam mais nitrogênio à superfície do que todos os rios que desembocam no Golfo do Maine.

  • No oceano Antártico, análises mostraram que as fezes de baleias de barbatana, cachalotes e baleias-azuis contêm concentrações de ferro 10 milhões de vezes maiores do que a água de fundo. Esse ferro é crucial para estimular a produção de fitoplâncton.

  • Globalmente, a movimentação de fósforo dos fundos marinhos para a superfície por mamíferos marinhos caiu 77% desde a caça industrial às baleias, segundo estudo do biólogo Joe Roman.

Em resumo: ao reciclar nutrientes, as baleias agem como verdadeiros “jardineiros dos oceanos”.

Baleias como parceiras da pesca

Durante décadas, acreditou-se que as baleias competiam com os humanos pelos peixes, já que consomem espécies como arenque. Mas novas pesquisas mostram o contrário: ao fertilizar o oceano, as fezes das baleias favorecem a proliferação de fitoplâncton, que serve de base para cadeias alimentares inteiras, beneficiando inclusive estoques pesqueiros.

“Podemos pensar nas baleias como agricultoras, depositando nutrientes no oceano que sustentam a vida marinha”, afirma Dana Bloch.

Cocô contra o aquecimento global

As implicações vão além da ecologia marinha. O fitoplâncton fertilizado pelas fezes das baleias captura dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera e o envia para as profundezas do oceano, onde pode permanecer por milhares de anos.

Alguns cientistas já estudam maneiras de “imitar” o efeito das baleias com fertilizantes artificiais, mas a solução mais eficiente continua sendo a óbvia: deixar que as populações de baleias se recuperem após séculos de caça predatória.

Heidi Pearson, bióloga da Universidade do Alasca, alerta: “Para colhermos todos os benefícios do whale pump, precisamos de ações de conservação mais firmes para proteger e recuperar as populações de baleias.”

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Baleias ameaçadas

Apesar de avanços recentes na proteção, a situação ainda é crítica para muitas espécies.

  • Baleias-azuis da Antártida representam menos de 1% da população original.

  • Baleias-francas-do-norte estão à beira da extinção.

  • Já os jubartes do Pacífico Norte apresentam sinais de recuperação, migrando aos milhares para as águas ricas em nutrientes do Alasca.

Cada indivíduo conta não apenas como patrimônio natural, mas como “engenheiro ecológico” que mantém o oceano saudável.

O futuro das pesquisas

Dana Bloch continua coletando amostras – muitas vezes com ajuda de drones – e testando em laboratório como diferentes tipos de fezes estimulam o crescimento do fitoplâncton. Os resultados preliminares confirmam: onde há cocô de baleia, há mais vida.

“Espero que esses dados ajudem a mostrar como esses gigantes afetam todo o ecossistema marinho e nos deem ainda mais razões para protegê-los”, diz a pesquisadora.

Em resumo

O cocô das baleias pode parecer irrelevante, mas é uma engrenagem vital do equilíbrio climático e da vida nos mares. Cada pluma alaranjada que sobe à superfície é um lembrete de que conservar baleias não é apenas uma questão ética ou estética: é uma estratégia prática para manter os oceanos férteis, os peixes abundantes e o planeta mais estável diante da crise climática.

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Semana da Amazônia reforça papel da região na segurança alimentar e no desenvolvimento sustentável

Manaus recebeu, entre 2 e 4 de setembro, um encontro que posiciona a Amazônia como peça-chave nas agendas globais de segurança alimentar, clima e desenvolvimento sustentável. A Semana da Amazônia: Desenvolvimento Rural Sustentável e Sistemas Agroalimentares reuniu representantes de governos, organismos internacionais, academia, organizações indígenas, camponesas e da sociedade civil, sob a liderança do Governo do Brasil e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Mais do que um evento, foi um espaço de convergência política e social em torno de um objetivo comum: transformar a realidade amazônica em direção a um modelo mais inclusivo, resiliente e justo, sem deixar ninguém para trás. A iniciativa integrou o Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO, consolidando uma parceria de quase duas décadas.

No debate de abertura, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), além da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), ressaltaram a importância estratégica do bioma.

Segundo Máximo Torero, economista-chefe da FAO, a Amazônia precisa ser vista como espaço de inovação em políticas públicas e novos modelos econômicos, com destaque para a agricultura familiar e os povos indígenas. O presidente do INCRA, Cesar Aldrighi, reforçou que a região simboliza inclusão e valorização de saberes locais. Já Fernanda Machiavelli, secretária-executiva do MDA, destacou que o bioma oferece ao mundo mais de mil variedades de alimentos cultivados nas florestas.

Lilian Rahal, do MDS, chamou atenção para os desafios urbanos: cidades amazônicas concentram altas taxas de insegurança alimentar, exigindo políticas que conectem campo e cidade.

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Emanuel Cavalcante/Divulgação Embrapa Amapá

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Agricultura familiar no centro da transformação

Dados mostram que 85,4% dos estabelecimentos agropecuários da Amazônia pertencem a agricultores familiares. Por isso, a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar do Mercosul (REAF Mercosul) foi um dos pontos altos, reunindo experiências que orientam políticas de apoio ao setor.

As discussões apontaram que a agricultura camponesa e indígena não é apenas produtora de alimentos, mas também guardiã da biodiversidade e elemento essencial no combate às mudanças climáticas.

O III Diálogo Técnico Regional sobre Bioeconomia Amazônica trouxe à mesa atores estratégicos, como o Banco do Brasil, o World Resources Institute (WRI), o Fundo Vale, a ZTE e a INCA Terra. Também participaram representantes de governos de oito países amazônicos, além de lideranças indígenas e comunidades tradicionais.

O debate tomou como referência a Estratégia Regional Amazônica de Segurança Alimentar, aprovada pela Declaração de Bogotá, e a iniciativa Amazônia Mão a Mão. Casos concretos de bioeconomia em diferentes países foram mapeados, revelando o potencial da região para atrair investimentos inovadores.

A atividade “Habitar a Amazônia, Alimentar o Futuro” destacou experiências de sistemas agroalimentares urbanos em cidades do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. Com apoio da FAO, ABC, MDS, ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade e Comida do Amanhã, foi desenhada uma rota para fortalecer mercados locais, ampliar compras públicas, reduzir perdas de alimentos e conectar políticas de clima e nutrição.

A Semana da Amazônia reafirmou a cooperação entre Brasil e FAO, reconhecida como uma das mais consolidadas do Sul Global. Com base na experiência brasileira em segurança alimentar, programas de combate à fome e desenvolvimento rural foram exportados como referência para outros países.

O encontro deixou claro que a Amazônia não é apenas uma pauta ambiental, mas também econômica, social e alimentar. Sua contribuição vai muito além das fronteiras nacionais: trata-se de um território vital para o futuro da humanidade.

Brasil e Guiana avançam em acordo de transporte rodoviário

O governo da Guiana, em parceria com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil e a Embaixada do Brasil em Georgetown, deu mais um passo concreto para viabilizar o Acordo Internacional de Transporte Rodoviário (IRTA), que permitirá a circulação regular de passageiros e cargas entre os dois países.

A iniciativa começou a sair do papel na última semana, quando autoridades da região organizaram um seminário virtual voltado a esclarecer empresas de transporte sobre os procedimentos necessários para operar no corredor internacional. A reunião foi conduzida pelo Ministério da Administração Interna da Guiana e detalhou exigências legais, protocolos de segurança e os trâmites alfandegários que devem ser seguidos.

Como funcionará o processo de licenciamento

Segundo Gavin Lewis, pesquisador do Ministério da Administração Interna, qualquer empresa interessada em transportar passageiros ou mercadorias deverá, primeiro, registrar-se como operadora de transporte. Para isso, será necessário apresentar documentos como o Formulário IRTA 1, números de identificação fiscal da empresa e dos sócios, registros dos veículos, apólice de seguro internacional e a designação de um representante legal.

Após a entrega, os documentos passam por verificação na Autoridade Fiscal da Guiana (GRA). Em seguida, ocorre uma checagem de segurança antes da emissão da licença definitiva pelo Ministério. Esse documento, válido por um ano, é intransferível. Dentro de 120 dias após a autorização inicial, as empresas precisam solicitar licenças complementares junto à Agência Nacional de Transportes.

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Georgetown – Divulgação

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Regras específicas para passageiros e cargas

Embora as exigências gerais sejam semelhantes, operadores de carga devem fornecer informações adicionais, como rotas programadas, especificações técnicas dos veículos e o tipo e volume de mercadorias transportadas. O despacho aduaneiro prévio é obrigatório para todos os fretes.

No caso dos ônibus internacionais, três rotas fixas foram estabelecidas:

  • Lethem (Guiana) – Boa Vista (Brasil), com duas viagens diárias;

  • Lethem – Manaus (Brasil), com um serviço diário;

  • Georgetown (Guiana) – Boa Vista, também com um trajeto diário.

Os motoristas devem portar tanto a carteira de habilitação guianense quanto a Permissão Internacional para Dirigir, emitida pela Receita da Guiana. Já os condutores de carga só precisam de certificações adicionais se transportarem materiais perigosos, como combustíveis.

Estrutura de tarifas e exigências de seguro

As tarifas para os passageiros serão definidas em conjunto pelo Ministério da Administração Interna, pelo Ministério das Obras Públicas da Guiana e pelas empresas de transporte autorizadas. Quanto ao seguro, o Brasil aceitará apólices emitidas por seguradoras guianenses, desde que cubram os dois territórios.

O nível de segurança exigido para cargas dependerá da natureza do produto transportado, com análise feita caso a caso pelas autoridades competentes.

O IRTA representa mais do que um ajuste técnico no transporte rodoviário. Ele é um símbolo de integração regional entre dois países historicamente conectados pela fronteira amazônica, mas ainda pouco integrados logisticamente. Para a Guiana, trata-se de abrir portas comerciais em direção ao maior mercado da América do Sul. Para o Brasil, é uma forma de ampliar sua rede de circulação de mercadorias e pessoas pelo Caribe.

A recepção já começou a se materializar: Lewis confirmou que operadores brasileiros de passageiros e cargas já protocolaram pedidos de autorização. A expectativa é que, com o amadurecimento do acordo, o tráfego entre Georgetown, Boa Vista e Manaus ganhe escala, impulsionando o comércio e a mobilidade de trabalhadores, turistas e mercadorias.

Ao estruturar regras claras de licenciamento, padronizar exigências alfandegárias e alinhar requisitos de seguro, Brasil e Guiana caminham para transformar uma fronteira antes marcada por barreiras em um eixo dinâmico de integração continental.

Vale reduz capex e aposta em eficiência na transição energética

A Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, anunciou que reduzirá os investimentos previstos em metais voltados à transição energética em 2025. O orçamento, inicialmente estimado em US$ 2 bilhões, foi revisado para cerca de US$ 1,7 bilhão. A decisão, no entanto, não indica recuo na estratégia da companhia, mas sim ganhos de eficiência no uso do capital em projetos que já estavam em curso.

O anúncio foi feito pelo CEO da empresa, Gustavo Pimenta, durante o Neosummit COP30, em São Paulo. Ele explicou que a redução no capex está associada a um processo de alocação mais inteligente dos recursos, sem cortes em iniciativas estratégicas. “Não há mudança de direção. Pelo contrário: seguimos comprometidos com os mesmos projetos, mas com mais eficiência”, destacou.

Mercado e os desafios do “prêmio verde”

Pimenta também apontou uma mudança no comportamento do mercado global, especialmente no setor do aço. Segundo ele, há alguns anos havia maior disposição para pagar valores adicionais por produtos com menor pegada de carbono, mas atualmente essa predisposição diminuiu. Fatores econômicos e fiscais têm dificultado a valorização de soluções chamadas de “verdes”.

Apesar disso, a companhia mantém a meta de oferecer produtos que contribuam com a descarbonização. A visão é de que o setor passará por uma transição natural: “Os produtos verdes vão ficar mais eficientes e, em algum tempo, essa escala se tornará mais competitiva”, afirmou.

Entre as soluções em desenvolvimento estão os briquetes de minério de ferro, que reduzem emissões no processo siderúrgico, e novas rotas de produção de aço em regiões onde o gás natural tem custo mais baixo. Para a empresa, o desafio é garantir preços competitivos sem abrir mão da sustentabilidade.

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SEMA / MT – Divulgação

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A força do corpo minerário e os investimentos estratégicos

Uma das grandes vantagens competitivas da Vale, segundo Pimenta, é o seu corpo minerário. Ele ressalta que a capacidade de desenvolvimento de novos produtos é superior à de concorrentes globais. Esse potencial é reforçado pelo pacote de R$ 70 bilhões anunciado para Carajás em 2024, no qual uma parte significativa está voltada para o cobre, metal essencial para a transição energética.

“O foco é acelerar o desenvolvimento, colocar mais atenção e recursos em projetos estratégicos. É uma prioridade que já está em andamento”, explicou o executivo.

De forma mais ampla, a Vale também revisou o capex total previsto para 2025, incluindo projetos de crescimento e manutenção no segmento de minério de ferro. O valor, que antes estava estimado em US$ 5,9 bilhões, foi ajustado para a faixa entre US$ 5,4 bilhões e US$ 5,7 bilhões.

Essa recalibragem reflete não apenas a busca por maior eficiência financeira, mas também uma leitura do cenário internacional, em que pressões econômicas e fiscais afetam a demanda por soluções de baixo carbono.

Perspectiva de longo prazo

Mesmo diante dos ajustes, a mineradora mantém o compromisso de alinhar seus negócios às tendências globais de descarbonização. A estratégia não se resume a responder ao mercado atual, mas preparar a companhia para o futuro da indústria de metais e mineração.

Pimenta enfatizou que a trajetória da Vale está clara: ser protagonista na oferta de soluções sustentáveis e competitivas. “A direção não muda. A direção de descarbonização está muito clara”, disse.

Essa postura revela que, mais do que reduzir custos, a mineradora busca se reposicionar em um setor cada vez mais pressionado por compromissos ambientais. O desafio é equilibrar eficiência, inovação e sustentabilidade em um mercado que ainda hesita em remunerar plenamente os benefícios ambientais dos produtos verdes.

Petrobras estuda diversificar matriz com energia solar

A transição energética, antes vista como um horizonte distante, hoje está no centro das estratégias de grandes corporações. No Brasil, a Petrobras, historicamente marcada pela exploração de petróleo e gás, estuda um movimento que simboliza essa mudança: a aquisição de fazendas solares para abastecer suas operações e reduzir custos com eletricidade.

O projeto é conduzido pela Diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade da estatal e também envolve a Transpetro, subsidiária responsável pela logística de petróleo e derivados. A iniciativa nasce de uma necessidade prática – diminuir gastos elevados com energia – mas ganha contornos estratégicos ao alinhar a empresa às demandas globais de sustentabilidade e inovação.

Do petróleo às renováveis

Desde sua criação, a Petrobras foi um ícone da produção de combustíveis fósseis e responsável por estruturar grande parte da matriz energética nacional no século XX. No entanto, mudanças no cenário internacional e os efeitos das crises energéticas empurraram o setor para novas direções. Questões como mudanças climáticas, pressões regulatórias e a busca por fontes mais baratas e previsíveis de energia abriram caminho para alternativas renováveis, entre elas a solar.

Hoje, o Brasil possui condições privilegiadas para esse tipo de geração. Regiões como o Nordeste têm índices de radiação solar entre os mais altos do planeta, o que favorece a implantação de grandes parques solares. Para uma empresa do porte da Petrobras, que consome volumes colossais de eletricidade em refinarias, plataformas marítimas e centros industriais, investir em autoprodução significa tanto economia quanto proteção contra a volatilidade do mercado elétrico.

O impacto de uma possível entrada da Petrobras em geração solar vai além da redução de despesas. Projetos dessa natureza funcionam como sinalizadores de responsabilidade ambiental, atributo cada vez mais valorizado por investidores e pela sociedade. Ao apostar em fontes limpas, a estatal reforça sua imagem de empresa que olha para o futuro e se adapta às exigências de um mundo em transição.

Outro efeito importante é social e econômico. A construção e manutenção de fazendas solares geram empregos locais, impulsionam cadeias de fornecimento e estimulam a capacitação de trabalhadores em novas áreas técnicas. Esse ciclo cria uma relação de ganho mútuo entre a empresa e as regiões onde os empreendimentos são instalados, fortalecendo a percepção de que a transição energética pode ser também uma alavanca de desenvolvimento.

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Uma peça no mosaico da matriz energética

Ainda que promissoras, as fazendas solares não seriam suficientes para suprir sozinhas a enorme demanda energética da Petrobras. A estatal continuará dependendo de um mix que inclui petróleo, gás, hidrelétricas e outras fontes renováveis, como a eólica. Entretanto, a diversificação fortalece a resiliência da empresa, reduzindo riscos associados a crises hídricas ou oscilações internacionais de combustíveis fósseis.

Nesse sentido, o movimento atual dialoga com um processo histórico do setor energético brasileiro. Após décadas de dependência quase exclusiva de hidrelétricas e petróleo, o país passou a incorporar novas matrizes a partir dos anos 2000, especialmente com o avanço da energia eólica. Agora, a solar surge como a nova fronteira de expansão, por sua modularidade, velocidade de implantação e custos cada vez mais competitivos.

Além de ganhos imediatos em eficiência, a experiência com fazendas solares pode render à Petrobras um ativo intangível: conhecimento. Operar e integrar grandes parques fotovoltaicos ao sistema elétrico nacional cria competências estratégicas que poderão ser aplicadas em parcerias futuras ou até mesmo em novos modelos de negócio, como a oferta de energia limpa para terceiros.

Essa construção de expertise reforça o papel da estatal não apenas como produtora de petróleo, mas como protagonista da transição energética. A aposta sinaliza que a empresa não pretende apenas reagir às pressões externas, mas liderar a transformação em um dos setores mais críticos da economia mundial.

A adoção da energia solar pela Petrobras deve ser entendida como parte de uma estratégia maior, que combina eficiência operacional, diversificação de portfólio e reposicionamento de imagem. Em vez de depender exclusivamente de combustíveis fósseis, a companhia busca se tornar uma fornecedora integrada de energia, preparada para um cenário em que as renováveis terão participação crescente.

Esse movimento não elimina o peso do petróleo no presente afinal, ele ainda sustenta grande parte das receitas da empresa, mas desenha um futuro em que a estatal terá de equilibrar tradição e inovação. Se a aposta nas fazendas solares avançar, a Petrobras poderá consolidar-se como símbolo da capacidade brasileira de unir tecnologia, sustentabilidade e competitividade econômica.

O resultado mais importante, porém, pode ser o efeito multiplicador. Ao ver uma gigante do setor apostar em energia solar, outras empresas e investidores tendem a seguir o exemplo, acelerando a transição energética do país. Nesse sentido, a decisão da Petrobras pode ser um passo histórico: da era do petróleo para a era da energia limpa, com o sol iluminando o caminho.

Brasil aposta no TFFF para financiar florestas tropicais

O Brasil vem testando sua habilidade de diplomacia ambiental com uma proposta que promete marcar a COP30, em Belém: a criação do Tropical Forest Finance Facility (TFFF), um fundo global para financiar a conservação de florestas tropicais. Diferente de mecanismos de doação tradicionais, o TFFF aposta em uma lógica de investimento de longo prazo, em que países, bancos e investidores aportariam bilhões de dólares para formar um capital inicial robusto. Os rendimentos desse patrimônio seriam distribuídos entre as nações que comprovarem, por monitoramento satelital, sua eficiência em manter a floresta de pé.

A proposta, lançada em 2023 durante a COP28 em Dubai, enfrentou ceticismo inicial. Parecia ousado reunir os US$ 25 bilhões exigidos para a largada e chegar à meta de US$ 125 bilhões, considerados necessários para o funcionamento ideal do mecanismo. Mas, desde então, o Brasil vem conquistando apoios estratégicos.

Em agosto, os países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) endossaram formalmente a iniciativa, incentivando governos, bancos de desenvolvimento, fundos climáticos e até filantropias a realizar aportes ambiciosos. Já em julho, durante a 17ª cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, o bloco apoiou oficialmente o TFFF, classificando-o como um “instrumento financeiro promissor” para gerar fluxos previsíveis e de longo prazo na conservação das florestas.

O rol de apoiadores já inclui países como Noruega, Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, França, além de nações tropicais como Colômbia, República Democrática do Congo, Gana, Indonésia e Malásia.

A engenharia financeira do TFFF

O diferencial do TFFF está em seu modelo de “geração de receita”. Os aportes seriam aplicados em títulos de dívida de países em desenvolvimento, com retorno médio de 6% a 8% ao ano. Aos investidores, o fundo devolveria entre 4% e 4,5%. A diferença seria canalizada para pagamentos de conservação florestal. O desenho promete previsibilidade: cerca de US$ 4 por hectare de floresta conservada, ajustados anualmente pela inflação.

O sistema também prevê penalidades rigorosas. Para cada hectare desmatado, haveria descontos proporcionais de até 200 hectares no cálculo dos pagamentos. Em casos de degradação por fogo, aplica-se um desconto de 1:35. A lógica é simples: quem preserva recebe, quem destrói perde.

Outra condição é que pelo menos 20% dos recursos repassados sejam destinados diretamente a povos indígenas e comunidades tradicionais, assegurando que os guardiões históricos das florestas não sejam deixados de lado.

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Reprodução

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Apoios, dúvidas e resistências

O entusiasmo brasileiro contrasta com a realidade de uma Amazônia pressionada por incêndios criminosos e agendas energéticas baseadas em combustíveis fósseis. Isso alimenta dúvidas sobre a viabilidade política do projeto e sobre se o país conseguirá apresentar mais do que boas intenções em Belém.

Críticos também apontam riscos. Em relatório publicado em abril, a Global Forest Coalition (GFC) e a Fundación Solón chamaram o TFFF de “falsa solução”, acusando-o de reduzir florestas a ativos financeiros e de se apoiar em números arbitrários, como o pagamento de US$ 4 por hectare. Para os autores, o modelo representa “capitalismo verde”, que ignora o valor intrínseco da biodiversidade.

Ainda assim, o governo brasileiro vê no fundo sua aposta mais ambiciosa. Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a proposta é uma chance de virar o jogo: transformar compromissos climáticos vagos em um mecanismo permanente, simples e transparente.

A corrida até Belém

Analistas brasileiros, como Leonardo Sobral, do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), acreditam que o TFFF pode ser lançado já em 2026. Ele destaca a exigência de transparência e monitoramento confiável como trunfos para manter investidores e sociedade civil engajados. “O fundo será aberto a comentários públicos, permitindo denúncias em caso de irregularidades”, afirma.

Outro ponto crucial é o interesse da China. Fontes confirmaram que o tema esteve em pauta em encontros entre o ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad, e seu homólogo chinês, Lan Fo’an. Caso se concretize, o aporte chinês pode sinalizar uma guinada e atrair outras economias emergentes.

Seja como marco histórico ou como experiência ainda incerta, o TFFF coloca o Brasil no centro da discussão global sobre como conciliar finanças internacionais com a preservação de ecossistemas vitais. O sucesso da proposta dependerá menos de discursos e mais da capacidade de engajar capital, e transformá-lo em florestas de pé.

Lula reforça protagonismo dos municípios na defesa da floresta

O governo brasileiro deu um passo importante em direção ao fortalecimento da governança ambiental na Amazônia. Em cerimônia realizada em Manaus, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou o Programa União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais, iniciativa que mobilizará R$ 150 milhões do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

Diante de prefeitos e lideranças locais, Lula reafirmou que a preservação da floresta depende do envolvimento das comunidades amazônicas. “Temos que fornecer o que for necessário para que prefeitos, agricultores, comunidades indígenas e ribeirinhas possam ajudar o mundo a preservar a Amazônia. Drone, barco, caminhão: é isso que faz diferença no combate ao desmatamento”, afirmou.

Preservação feita por quem vive na floresta

Ao defender o protagonismo municipal, o presidente destacou que as ações de preservação ganham mais eficácia quando partem de quem conhece a realidade local. “Vocês sabem onde está queimando, onde está derrubando, onde a floresta está secando. O nosso papel é apoiar, garantir meios para agir e proteger o território”, disse Lula. Ele ainda reforçou que o Brasil precisa encarar a questão climática com seriedade, não apenas pela proximidade da COP 30 em Belém, mas por acreditar na ciência e na urgência de salvar o planeta.

O novo programa será executado pela Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), em parceria com o MMA, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O objetivo é apoiar os municípios da Amazônia Legal em ações de monitoramento, regularização fundiária e ambiental, recuperação de áreas degradadas e oferta de assistência técnica rural.

Além do combate direto ao desmatamento, o programa inclui mecanismos de incentivo, como pagamento por serviços ambientais a povos indígenas, agricultores familiares e comunidades tradicionais que protegem a floresta. Outro eixo será o fortalecimento das secretarias municipais de meio ambiente, com a instalação de escritórios de monitoramento em cada cidade participante. A expectativa é alcançar cerca de sete mil famílias em diferentes estados da região.

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Min. Marina Silva e Presidente Lula – Agência.gov

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Fundo Amazônia retomado e fortalecido

Durante o evento, a ministra Marina Silva lembrou que o Fundo Amazônia ficou paralisado durante quatro anos e foi retomado já no início do atual governo. “Entre os primeiros decretos do presidente, metade estava ligada à área ambiental, incluindo a reativação do Conama e do próprio Fundo Amazônia”, destacou.

Criado em 2008, o Fundo se consolidou como o maior mecanismo internacional de financiamento para a conservação das florestas tropicais. Desde então, já apoiou 139 projetos, beneficiando mais de 600 organizações comunitárias e aproximadamente 260 mil pessoas. No Amazonas, foram 13 projetos exclusivos, que somam R$ 292 milhões em investimentos.

Além do programa com municípios, também foi celebrado o contrato entre o governo federal, o BNDES e o Memorial Chico Mendes para a execução do projeto Sanear Amazônia – Água Potável para Comunidades da Amazônia. Com R$ 14 milhões em recursos do Fundo Amazônia, a iniciativa garantirá acesso à água de qualidade para 374 famílias do Amazonas, integrando segurança alimentar, saúde e inclusão produtiva.

Outra frente anunciada foi a abertura do quarto bloco de editais do programa Restaura Amazônia, com até R$ 79 milhões destinados à recuperação de áreas em unidades de conservação no Arco do Desmatamento. O objetivo é restaurar 2,4 mil hectares com espécies nativas, gerando cerca de 880 empregos diretos e indiretos.

Desenvolvimento e preservação de mãos dadas

Para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, os investimentos em inovação, ciência e sustentabilidade provam que é possível conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Segundo ele, em apenas dois anos o banco já aprovou mais que o dobro dos recursos destinados ao Amazonas pelo governo anterior.

O filósofo e indigenista Egydio Schwade, convidado da cerimônia, reforçou a dimensão ética da agenda ambiental: “Não somos donos da terra, apenas administradores temporários. É preciso cuidar desse bem coletivo com respeito e responsabilidade”.

Os anúncios em Manaus reforçam o papel do Brasil como protagonista da agenda ambiental global, ao mesmo tempo em que ampliam as bases locais de combate ao desmatamento. Às vésperas da COP 30, o governo aposta em políticas que unem preservação, justiça social e desenvolvimento sustentável para reposicionar o país como líder climático diante do mundo.

Brasil quer criar fórum para debater impactos climáticos no comércio global

O governo brasileiro prepara uma proposta ambiciosa para o cenário internacional: a criação de um novo fórum destinado a debater como políticas climáticas afetam o comércio. A ideia surge diante de um impasse que já dura anos entre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), nenhum dos quais assumiu até hoje a liderança no enfrentamento dessa questão sensível.

O tema ganha urgência com o avanço de medidas ambientais da União Europeia (UE), que têm provocado queixas de países em desenvolvimento. Entre elas estão a lei que restringe importações ligadas ao desmatamento, prevista para entrar em vigor em dezembro, e o Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira, o chamado “carbon border tariff”, que, a partir de janeiro, imporá taxas sobre emissões de CO₂ embutidas em produtos como aço e cimento importados.

O conflito entre comércio e clima

Na visão de países emergentes como Brasil, Índia e África do Sul, a UE estaria usando a agenda climática como justificativa para criar novas barreiras comerciais. Essas nações argumentam que, embora defendam o combate às mudanças climáticas, as medidas europeias acabam penalizando produtores de países em desenvolvimento, que enfrentam custos maiores para se adequar às exigências ambientais.

Até agora, as tentativas de inserir o tema nas negociações climáticas da ONU fracassaram diante da resistência europeia, que insiste em manter a discussão na esfera da OMC. Por outro lado, a OMC também não dispõe de instrumentos próprios para lidar com a complexidade da transição energética e das regulações ambientais globais. É nesse vácuo que o Brasil quer se posicionar.

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Vista do Parque da Cidade – REUTERS/Marx Vasconcelos/File Photo

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Proposta brasileira em construção

A iniciativa deverá ser apresentada pelo diplomata André Corrêa do Lago, presidente da COP30, durante o Fórum Público anual da OMC. A meta é reunir apoio suficiente para que o novo espaço de diálogo já esteja formalizado quando Belém, no Pará, receber a conferência climática em novembro de 2025.

Segundo fontes ligadas às negociações, o fórum teria dois grupos de trabalho permanentes: um dedicado às interações entre comércio e clima e outro voltado à transição energética. A ideia é garantir encontros periódicos, pelo menos a cada trimestre, reunindo representantes governamentais tanto da área de comércio quanto da área climática.

Esse arranjo busca superar um problema recorrente: as negociações comerciais e climáticas raramente acontecem no mesmo espaço institucional, o que dificulta a construção de soluções integradas.

A posição europeia

A União Europeia afirma que suas medidas não configuram barreiras comerciais, mas mecanismos para garantir condições de igualdade entre seus fabricantes — que já arcam com custos significativos relacionados à emissão de gases de efeito estufa — e produtores estrangeiros. Em documentos internos, como o rascunho do mandato de negociação da UE para a COP30, Bruxelas se mostra aberta a debater os impactos internacionais de suas políticas ambientais, mas prefere fazê-lo de forma bilateral, no âmbito da OMC ou em “outros fóruns apropriados”.

Na prática, a postura europeia mantém em aberto a disputa sobre qual será o espaço legítimo para tratar do tema.

Caminhos possíveis

Especialistas em comércio e clima destacam que o fórum proposto pelo Brasil pode representar um marco, criando um canal de diálogo menos polarizado e mais pragmático. Entre os resultados possíveis estão a criação de ferramentas comuns de rastreabilidade do desmatamento, acessíveis a pequenos produtores, e a definição de parâmetros globais mais equilibrados para a aplicação de tarifas ambientais.

Para o Brasil, a iniciativa tem também um caráter estratégico: reforçar seu papel de liderança no Sul Global e projetar-se como mediador entre blocos de interesses divergentes. Com a presidência da COP30, o país se coloca em posição privilegiada para propor novos arranjos institucionais que reflitam as realidades de países em desenvolvimento.

Comércio verde: desafio central da próxima década

À medida que políticas climáticas se multiplicam em diferentes regiões do planeta, a intersecção entre clima e comércio tende a se tornar uma das principais arenas de disputa do século XXI. De um lado, há a necessidade de acelerar a descarbonização global. De outro, persiste o risco de que tais medidas aprofundem desigualdades históricas no sistema de comércio internacional.

A proposta brasileira nasce, portanto, de uma constatação: não há mais espaço para tratar essas duas agendas de forma isolada. Um fórum dedicado ao tema pode ser não apenas uma instância de negociação, mas também um laboratório de soluções para um mundo que precisa conciliar transição verde com justiça econômica.

Lobo-guará: aliado inesperado da agropecuária no Cerrado

O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), maior canídeo da América do Sul, é muitas vezes lembrado apenas por sua figura esguia e sua marcha silenciosa nos campos do Cerrado. No entanto, esse animal ocupa um papel ecológico crucial, que pode trazer benefícios diretos até para a agropecuária. É o que mostra a pesquisa desenvolvida pelo biólogo Luan de Brito, doutorando em Biologia Animal pela Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Desde a graduação em Ciências Biológicas na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Luan vem estudando o comportamento do lobo-guará. Seus primeiros trabalhos investigaram aspectos reprodutivos das fêmeas em cativeiro, buscando aprimorar programas de conservação. No mestrado em Biologia de Vertebrados na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), com bolsa da CAPES, aprofundou o olhar sobre a espécie ao analisar como sexo e temperamento influenciam as respostas ao enriquecimento ambiental em zoológicos.

Agora, no doutorado pela UFV — também financiado pela CAPES, órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), o pesquisador amplia o escopo, investigando como a agropecuária afeta a ecologia, a fisiologia e a distribuição espacial do lobo-guará em diferentes regiões da América do Sul.

O Cerrado em transformação e a resiliência do lobo-guará

O Cerrado brasileiro, onde a espécie encontra seu habitat principal, é também o coração da produção agropecuária do país. A conversão de áreas naturais em pastagens e lavouras expõe o lobo-guará a pressões intensas, mas também cria situações de coexistência. Luan analisa justamente essa interação, buscando compreender como o animal responde ao avanço humano e de que maneira os produtores podem se beneficiar de sua presença.

O lobo-guará é onívoro: consome frutos, pequenos vertebrados e insetos. Essa dieta flexível faz dele um regulador natural de populações que causam prejuízos às lavouras, como roedores e gafanhotos. Ao mesmo tempo, é um importante dispersor de sementes de plantas nativas, como a lobeira, ajudando a manter a diversidade vegetal dos campos.

a6a519b9-d136-4bc4-a781-5ff504c29eed Lobo-guará: aliado inesperado da agropecuária no Cerrado
Imagem: Pesquisa Luan de Brito (Arquivo pessoal)

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Ciência aplicada: modelos, dados e políticas públicas

A pesquisa combina metodologias diversas. Inclui coleta de dados geoespaciais para mapear onde os lobos circulam, análise de marcadores fisiológicos que indicam estresse ou adaptação e modelagem espacial para identificar áreas prioritárias à conservação. O objetivo não é apenas entender a biologia do animal, mas também criar ferramentas para conciliar a produção agrícola com a proteção da fauna.

Segundo Luan, o ponto mais relevante do trabalho é seu caráter integrado. Ao revelar as zonas de maior sobreposição entre agropecuária e ocorrência do lobo-guará, a pesquisa permite propor práticas de manejo que favoreçam tanto a sustentabilidade das fazendas quanto a conservação da biodiversidade. Esse conhecimento pode ajudar a reduzir conflitos entre produtores e fauna silvestre, transformando a relação em cooperação.

A relevância da pesquisa vai além do campo científico. Os resultados podem embasar políticas públicas de conservação, orientar programas de educação ambiental e fortalecer o reconhecimento do valor da fauna nativa pelas comunidades rurais. Afinal, enxergar o lobo-guará não como uma ameaça, mas como um aliado na proteção das lavouras, é um passo importante para a convivência harmônica entre humanos e natureza.

A conservação da espécie é estratégica não apenas por sua beleza ou singularidade, mas porque ela cumpre funções ecológicas indispensáveis. Perder o lobo-guará seria como retirar uma engrenagem vital do Cerrado, com efeitos em cadeia para a biodiversidade e até para a economia agrícola.

O papel da CAPES no caminho da ciência

Luan destaca que a bolsa da CAPES foi determinante em todas as etapas de sua trajetória. Graças a esse apoio, pôde se dedicar integralmente à pesquisa, realizar trabalhos de campo extensivos, custear análises laboratoriais e participar de congressos científicos no Brasil e no exterior. Sem esse investimento público, boa parte da produção científica nacional, especialmente em áreas estratégicas como a conservação, não teria condições de avançar.

O trabalho conduzido na UFV aponta para um futuro em que agropecuária e conservação não precisam ser vistas como forças opostas. Ao contrário, podem caminhar juntas, especialmente quando o conhecimento científico revela que a biodiversidade oferece serviços ecológicos que reduzem custos, aumentam a produtividade e fortalecem a resiliência ambiental.

Assim, o lobo-guará emerge não apenas como símbolo do Cerrado, mas também como peça-chave em uma nova visão de desenvolvimento rural sustentável: aquele que reconhece a natureza como parceira, e não como inimiga.

4 passos de segurança para lidar com capivaras em parques urbanos

Você já se deparou com uma capivara em um parque urbano e não soube como reagir? Essa cena, cada vez mais comum em cidades brasileiras, mistura encantamento e preocupação. As capivaras são dóceis à primeira vista, mas a convivência próxima sem cuidados pode trazer riscos tanto para os animais quanto para as pessoas. Entender como agir é essencial para manter a harmonia nesses espaços.

Capivaras e a vida urbana: um encontro inevitável

As capivaras se adaptaram bem às áreas verdes próximas a lagos e rios em cidades. Esses parques oferecem alimento, água e tranquilidade, transformando-se em verdadeiros refúgios para os roedores gigantes. No entanto, por mais fofas que pareçam, não se pode esquecer que são animais silvestres, com instintos de defesa. O contato sem conhecimento pode gerar acidentes ou até mesmo problemas de saúde pública, já que as capivaras podem ser hospedeiras de parasitas como o carrapato-estrela.

1. Observe de longe, sem tentar aproximação

O primeiro passo para lidar com capivaras em parques urbanos é manter distância. Muitas pessoas têm a tentação de se aproximar para tirar fotos ou até oferecer comida, mas esse comportamento pode ser interpretado como ameaça. Além disso, ao tentar tocar ou interagir, você corre o risco de provocar uma reação agressiva. Capivaras são animais grandes, com dentes fortes, e podem atacar se se sentirem acuadas. A melhor maneira de admirá-las é com calma, usando o zoom da câmera e mantendo alguns metros de espaço.

2. Evite alimentar os animais

Outro erro comum é oferecer restos de comida às capivaras. Apesar de parecer um gesto de carinho, alimentar animais silvestres traz mais malefícios do que benefícios. Quando se acostumam a receber comida de humanos, as capivaras mudam seus hábitos naturais, podem desenvolver problemas de saúde e passam a se aproximar demais das pessoas. Isso aumenta os riscos de acidentes e desequilibra o ecossistema do parque. Respeitar a dieta natural do animal é um sinal de cuidado e responsabilidade.

3. Fique atento aos sinais de alerta

As capivaras se comunicam por meio de sons e posturas corporais. Um rosnado baixo, orelhas para trás ou movimentos bruscos podem indicar que o animal está incomodado. Se você notar esses sinais, afaste-se lentamente, sem correr ou fazer movimentos bruscos. Essa atenção evita conflitos e garante a segurança de todos no parque. Ensinar crianças e visitantes sobre esse comportamento é fundamental para reduzir riscos. Afinal, muitas vezes são os pequenos que, pela curiosidade, tentam chegar mais perto.

4. Respeite os limites do habitat natural

Parques urbanos costumam ter áreas delimitadas para convivência humana e áreas de preservação. Não ultrapassar cercas ou adentrar regiões próximas a tocas é outro passo essencial. As capivaras precisam de espaço para viver sem estresse. Respeitar o habitat significa também colaborar com a manutenção da biodiversidade. Além disso, caminhar apenas pelas trilhas e áreas destinadas ao público ajuda a manter o equilíbrio entre a vida urbana e a silvestre.

Capivaras como parte da paisagem

Apesar dos cuidados necessários, as capivaras são verdadeiros símbolos de convivência harmoniosa entre cidade e natureza. Em muitas localidades, elas já se tornaram parte da identidade cultural, aparecendo em postais e até inspirando mascotes. Essa proximidade só reforça a necessidade de criar consciência coletiva: não se trata de afastar os animais, mas sim de aprender a conviver com respeito e segurança.

O papel da educação ambiental nos parques

Parques urbanos que abrigam capivaras devem investir em sinalização educativa e atividades de conscientização. Placas que orientam os visitantes a manter distância, campanhas sobre os riscos de alimentar animais e até oficinas escolares ajudam a formar cidadãos mais conscientes. Quando a comunidade entende os motivos por trás das recomendações, a chance de incidentes diminui consideravelmente.

Segurança para pessoas e animais

A segurança em parques urbanos depende de uma simples lógica: quanto mais informadas as pessoas estão, mais tranquilos ficam os animais. Evitar interações diretas preserva a saúde das capivaras e previne possíveis transmissões de doenças para humanos, como a febre maculosa. Ao mesmo tempo, manter distância evita acidentes com mordidas ou arranhões. A regra de ouro é simples: observe, admire, mas não interfira.

Uma convivência possível

A presença de capivaras nos parques urbanos é um lembrete de que a cidade pode ser também um espaço de biodiversidade. Se cada visitante seguir os passos de segurança, a convivência entre humanos e capivaras continuará sendo uma experiência única, que mistura contato com a natureza e respeito à vida silvestre. É uma oportunidade de ensinar às novas gerações que harmonia só é possível com responsabilidade e consciência.

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5 medidas seguras para proteger cães e gatos de corujas à noite

Você já ouviu o piado de uma coruja enquanto seu cachorro ou gato estava no quintal? O som pode até soar poético, mas para muitos tutores de pets, ele desperta preocupação imediata. As corujas, embora fascinantes, são aves de rapina que enxergam cães e gatos de pequeno porte como possíveis presas. Em regiões urbanas próximas a áreas verdes ou no interior, a chance desse encontro aumenta. É por isso que adotar medidas seguras para proteger seus animais à noite se torna um gesto essencial de cuidado e responsabilidade.

Corujas e pets: o perigo real

Apesar de não atacarem sem motivo, as corujas são caçadoras ágeis. Elas buscam roedores, aves menores e até coelhos. Quando encontram um gato filhote ou um cão de porte pequeno desprotegido, podem arriscar. Há relatos em áreas rurais e até em bairros residenciais de ataques noturnos que deixaram animais feridos ou desaparecidos. Portanto, o perigo não é mito — é uma realidade que exige atenção redobrada.

Medida 1: ambiente protegido no quintal

O primeiro passo para evitar problemas é reforçar o quintal. Um espaço aberto, sem barreiras, facilita a aproximação das corujas. Instalar telas sobre áreas onde os pets costumam dormir já oferece uma barreira física. Para casas maiores, a solução pode ser criar zonas cobertas com estruturas de sombreamento, que não apenas bloqueiam a visão das corujas, mas também oferecem proteção contra sol e chuva.

Medida 2: limitar circulação em horários de risco

As corujas são aves noturnas, ativas principalmente entre o pôr do sol e o amanhecer. Por isso, restringir o acesso dos pets ao ar livre nesse período é uma medida simples e eficaz. Cães podem brincar no quintal durante o dia, mas devem ser recolhidos ao anoitecer. Já os gatos, que têm instinto noturno e adoram caçar, precisam de janelas e portas fechadas para não escaparem. Essa mudança de rotina diminui quase totalmente o risco de ataque.

Medida 3: usar iluminação estratégica

Corujas preferem ambientes silenciosos e pouco iluminados. A instalação de refletores com sensores de movimento pode afastá-las naturalmente. Sempre que a luz acende, a ave entende que há perigo e se afasta. Essa tática é ainda mais eficiente quando combinada com pequenas fontes de som, como dispositivos que emitem ruídos de baixa frequência apenas quando há movimento. Isso cria um campo protetor sem incomodar os pets.

Medida 4: supervisão humana constante

Por mais que existam recursos tecnológicos, nada substitui a supervisão do tutor. Se houver necessidade de deixar o animal no quintal por alguns minutos à noite, é importante acompanhar. Muitos cães latem ou demonstram inquietação quando percebem uma coruja próxima, e os gatos também ficam em alerta. Estar por perto permite agir rapidamente caso algo aconteça e aumenta a sensação de segurança do próprio pet.

Medida 5: abrigos fechados para descanso

Criar um abrigo confortável e protegido para o descanso noturno é a medida definitiva. Pode ser uma casinha reforçada, um espaço telado ou até a garagem adaptada. O importante é que seja fechado, protegido de predadores e acolhedor para o animal. Essa solução não apenas afasta corujas, mas também protege contra outros perigos noturnos, como gambás e morcegos. Além disso, oferece conforto térmico em noites frias ou chuvosas.

Equilíbrio entre proteção e natureza

Vale lembrar que as corujas não são vilãs. Elas desempenham papel fundamental no equilíbrio ambiental, controlando populações de ratos e insetos. A ideia não é afastá-las do ecossistema, mas apenas evitar que cães e gatos se tornem alvos. É possível conviver em harmonia: basta adotar medidas inteligentes que mantenham a fauna livre e os pets protegidos.

Exemplos reais de prevenção

Relatos de tutores em várias regiões do Brasil mostram como a prevenção faz diferença. Em uma chácara no interior de São Paulo, uma família conseguiu evitar ataques a seus cães de pequeno porte instalando refletores automáticos no quintal. Já em Minas Gerais, uma moradora relatou que perdeu um filhote de gato para uma coruja-buraqueira, e desde então passou a recolher todos os animais antes do anoitecer. São experiências que reforçam a importância de não esperar o problema acontecer para agir.

O compromisso do tutor responsável

Cuidar de um pet vai muito além de oferecer ração, carinho e vacinas. A segurança diária é parte desse compromisso. Ao adotar medidas simples como fechar janelas, usar iluminação e criar abrigos, o tutor garante tranquilidade para si e para o animal. No fundo, o objetivo é que todos tenham noites tranquilas: os pets dormindo em segurança e as corujas cumprindo seu papel na natureza, sem conflitos.

Proteger cães e gatos de corujas é mais do que um cuidado preventivo. É uma demonstração clara de responsabilidade, amor e consciência de que convivemos com outras espécies. Quando equilibramos proteção e respeito à vida selvagem, criamos um ambiente saudável para todos.

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Micróbio vital dos oceanos pode colapsar com aquecimento global

Os mares guardam um dos organismos mais importantes do planeta: o Prochlorococcus, uma cianobactéria minúscula, mas vital. Invisível a olho nu, ela cobre mais de 75% das águas superficiais do oceano e sustenta a base da cadeia alimentar marinha. É o microrganismo fotossintético mais abundante da Terra, responsável sozinho por cerca de 5% de toda a fotossíntese global, uma contribuição gigantesca para o equilíbrio climático e a vida nos oceanos.

Por décadas, os cientistas imaginaram que o Prochlorococcus seria um vencedor no cenário do aquecimento global. Adaptado a águas tropicais pobres em nutrientes, parecia pronto para prosperar em mares cada vez mais quentes. No entanto, uma pesquisa publicada em setembro na revista Nature Microbiology mudou essa percepção. O estudo, liderado por François Ribalet, professor associado de oceanografia da Universidade de Washington, mostra que esse micróbio essencial tem um limite térmico bem mais baixo do que se supunha.

Quando o calor vira ameaça

Segundo os dados, o Prochlorococcus cresce de forma mais eficiente em águas entre 19 e 30 graus Celsius (66 e 86 graus Fahrenheit). Acima disso, sua taxa de divisão celular despenca: a 31 graus (86 °F), a velocidade cai para apenas um terço do observado em temperaturas mais amenas. Modelos climáticos projetam que, nos próximos 75 anos, grandes áreas dos oceanos tropicais e subtropicais ultrapassarão esse limiar.

Isso significa que, em regiões hoje abundantes em Prochlorococcus, haverá uma drástica redução de biomassa. A consequência se espalha por todo o ecossistema: menos carbono fixado, menos alimento para organismos microscópicos, menos suporte para peixes, mamíferos marinhos e, no fim, para a pesca que abastece comunidades humanas.

“Durante muito tempo achávamos que o Prochlorococcus iria se dar bem no futuro, mas não é isso que os dados estão mostrando. Nas áreas mais quentes, ele não está prosperando”, resume Ribalet.

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Esta imagem, capturada por um microscópio eletrônico, mostra células individuais de Prochlorococcus. Cada bolha é um micróbio, medindo apenas 500 nanômetros de diâmetro. Para referência, a largura de um único fio de cabelo humano é de cerca de 100.000 nanômetros. Natalie Kellogg/Universidade de Washington

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Uma década no mar para decifrar um micróbio

Nos últimos dez anos, Ribalet e sua equipe participaram de quase 100 expedições científicas, percorrendo cerca de 240 mil quilômetros e analisando 800 bilhões de células. Boa parte do conhecimento existente vinha de culturas em laboratório, mas os pesquisadores buscaram respostas no próprio oceano. Para isso, usaram um citômetro de fluxo contínuo, o SeaFlow, que dispara lasers através da água para medir células em tempo real, sem necessidade de coleta invasiva.

A análise revelou que a latitude influencia diretamente a taxa de crescimento celular. Após descartar fatores como nutrientes e luz solar, restou a variável mais determinante: a temperatura.

O preço da eficiência evolutiva

O Prochlorococcus sobreviveu milhões de anos em mares quentes e pobres em nutrientes graças a uma estratégia radical: eliminou genes considerados supérfluos e manteve apenas o essencial para viver com pouco. Essa simplicidade foi sua força. Hoje, porém, cobra um preço. Sem os genes necessários para lidar com estresse térmico, não consegue responder ao aquecimento acelerado.

Enquanto isso, outra cianobactéria, o Synechococcus, mostra maior tolerância ao calor. Ela possui genoma menos enxuto, mas exige mais nutrientes. Os pesquisadores acreditam que, com a retração do Prochlorococcus, o Synechococcus pode ocupar parte do espaço ecológico. Contudo, a substituição não é simples: milhões de anos de interações evolutivas moldaram a relação entre o Prochlorococcus e os demais organismos marinhos. Não há garantias de que o mesmo ocorra com seu “concorrente”.

Cenários para o futuro

Os modelos climáticos aplicados no estudo testaram cenários de aquecimento moderado e intenso. Globalmente, os resultados apontam para uma queda de 10% na produtividade do Prochlorococcus no primeiro cenário e de até 37% no segundo. Nos trópicos, a projeção é ainda mais dramática: redução de 17% sob aquecimento moderado e até 51% em caso de altas emissões.

Há também deslocamentos esperados em sua distribuição: a tendência é de retração nas águas equatoriais e expansão em direção aos polos. Esse movimento, no entanto, ameaça os ecossistemas tropicais, onde o micróbio é insubstituível.

Limitações e esperança

Os autores reconhecem que as conclusões têm limites. É possível que existam cepas mais resistentes ao calor que ainda não foram identificadas. Se forem descobertas, podem oferecer uma nova perspectiva para a sobrevivência dessa espécie-chave.

O estudo teve a colaboração de E. Virginia Armbrust, também da Universidade de Washington; Stephanie Dutkiewicz, pesquisadora do MIT Center for Sustainability Science and Strategy; e Erwan Monier, professor da Universidade da Califórnia, Davis e co-diretor do Climate Adaptation Research Center. O financiamento veio da Simons Foundation e de outros parceiros acadêmicos e institucionais.

Apesar das incertezas, o alerta é claro: a sobrevivência do micróbio que pinta de azul as águas tropicais e sustenta a vida marinha está em risco. Se os oceanos continuarem aquecendo no ritmo atual, a estabilidade da base da cadeia alimentar pode ruir, trazendo efeitos em cascata para ecossistemas e sociedades humanas.

Periferias urbanas são palco de projetos contra mudanças climáticas

As periferias brasileiras, muitas vezes marcadas pela ausência de infraestrutura e pela exposição às vulnerabilidades climáticas, começam a receber uma atenção inédita em termos de inovação urbana. O Ministério das Cidades lançou o Edital Periferias Verdes Resilientes, que direciona R$ 15,3 milhões a projetos de Soluções Baseadas na Natureza (SBN). O objetivo é transformar favelas e comunidades urbanas em territórios mais sustentáveis, resilientes e preparados para os impactos das mudanças climáticas.

O anúncio foi feito em Brasília pelo ministro das Cidades, Jader Filho, durante o seminário Cidades Verdes Resilientes. Foram apresentadas sete iniciativas selecionadas em diferentes regiões do país, que receberão apoio financeiro para implantar intervenções ambientais adaptadas à realidade de seus territórios.

Sete territórios contemplados

Em Belo Horizonte, o Instituto de Assessoria a Mulheres e Inovação foi contemplado com R$ 1,5 milhão para desenvolver ações na comunidade Izidora, uma das maiores ocupações urbanas da América Latina, formada por assentamentos informais no norte da cidade.

No Rio de Janeiro, a organização Redes da Maré receberá R$ 2,4 milhões para atuar no Complexo da Maré, conjunto de favelas onde vivem mais de 140 mil pessoas.

Em Santo André, na região metropolitana de São Paulo, o Movimento de Defesa dos Direitos dos Moradores de Favelas terá R$ 1,5 milhão para realizar intervenções na favela Nova Centreville, ampliando infraestrutura verde em um território historicamente marginalizado.

No Nordeste, em Fortaleza, o projeto da Taramela Assessoria Técnica em Arquitetura e Cidade receberá R$ 2,4 milhões para atuar na comunidade Afluentes do Rio Maranguapinho, região marcada por ocupações em áreas de risco de alagamento.

Em Olinda, a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educação (FASE) foi selecionada para investir R$ 2,3 milhões em intervenções na comunidade Beira do Rio Condor, ampliando soluções ambientais em uma área vulnerável a enchentes.

Na Região Norte, os bairros periféricos às margens da bacia do Tucunduba, em Belém, receberão um aporte de R$ 2,5 milhões por meio da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP). O projeto propõe restaurar áreas degradadas e reduzir o impacto das cheias que atingem milhares de famílias.

Já no Sul do país, em Colombo, município da Grande Curitiba, a Soylocoporti será responsável pela execução de intervenções no Jardim das Graças II, com um investimento de R$ 2,3 milhões.

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Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

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Mais do que infraestrutura, justiça climática

Esses projetos não se limitam a obras físicas. As Soluções Baseadas na Natureza se inspiram nos processos ecológicos para criar alternativas de drenagem, recuperação de áreas verdes, manejo de águas e mitigação de calor, entre outras medidas. O impacto esperado vai além da melhoria ambiental: trata-se de uma estratégia de justiça climática, que busca proteger justamente aqueles que vivem em territórios mais suscetíveis a enchentes, deslizamentos e poluição.

O ministro Jader Filho reforçou que a adaptação climática exige planejamento e investimentos permanentes em todas as esferas de governo. Para ampliar esse movimento, também foi lançado o Edital AdaptAção, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que apoiará 50 municípios na atualização de suas políticas públicas de resiliência.

Experiências em andamento

Além dos novos projetos, já existem cinco protótipos em execução pelo Programa SBN nas Periferias, em parceria com universidades federais. Eles recebem R$ 873,5 mil e estão sendo aplicados em comunidades de Ilhéus (BA), Ceilândia (DF), Palmas (TO), Fortaleza (CE) e Belém (PA). Esses casos servirão como laboratório de inovação para que soluções criadas em contextos específicos possam inspirar outras cidades brasileiras.

Um marco na política urbana

A primeira edição do Edital Periferias Verdes Resilientes já é considerada um marco. Voltado para organizações atuantes nos 41 territórios prioritários do Programa Periferia Viva, recebeu 91 propostas, superando em muito a previsão inicial de seis projetos contemplados.

A iniciativa reflete um compromisso do governo federal em articular sustentabilidade ambiental, justiça social e participação comunitária. Ao estimular o protagonismo de instituições locais, abre caminho para que favelas e bairros populares deixem de ser vistos como espaços de carência e passem a ser territórios de inovação climática.

Em tempos de eventos extremos cada vez mais frequentes, a transformação das periferias em áreas resilientes deixa de ser um desafio distante e passa a ser um imperativo do presente.

NASA avança na busca por atmosfera e água em planeta semelhante à Terra

O olhar humano sobre o cosmos acaba de ganhar mais profundidade com a ajuda do Telescópio Espacial James Webb, da NASA. Cientistas estão investigando o exoplaneta TRAPPIST-1 e, um mundo distante 40 anos-luz da Terra que orbita a estrela anã vermelha TRAPPIST-1. Entre os sete planetas rochosos desse sistema, descoberto em 2017, é justamente o planeta e que desperta maior interesse: sua posição em relação à estrela sugere que a presença de água líquida em sua superfície é teoricamente possível.

Mas ainda falta a peça central para confirmar essa hipótese: a existência de uma atmosfera.

Para investigar, a equipe direcionou o instrumento Near-Infrared Spectrograph do Webb para o sistema TRAPPIST-1 no momento em que o planeta e passava diante da estrela. Quando isso acontece, parte da luz estelar atravessa a possível atmosfera do planeta. Se houver gases, eles absorvem determinados comprimentos de onda, criando quedas específicas no espectro de luz detectado pelo telescópio. Essas “assinaturas” permitem aos cientistas não apenas verificar a existência de atmosfera, mas também descobrir sua composição.

O mesmo método já foi aplicado em outro planeta do sistema, o TRAPPIST-1 b. As medições mostraram que ele não possui atmosfera, dado que serve agora de comparação com as análises de TRAPPIST-1 e, ajudando os pesquisadores a distinguir sinais mais sutis.

Primeiros resultados e hipóteses

Segundo Néstor Espinoza, cientista do Space Telescope Science Institute em Baltimore e investigador principal do estudo, os primeiros quatro conjuntos de observações já oferecem uma base inédita de informações. A equipe “sente-se confiante” de que TRAPPIST-1 e não possui uma atmosfera primária — feita de hidrogênio e hélio remanescentes de sua formação. Isso provavelmente se deve à intensa atividade da estrela central, que emite flares frequentes capazes de “varrer” gases leves.

O cenário mais promissor é que o planeta tenha desenvolvido uma atmosfera secundária, mais densa, como aconteceu com a Terra. Esse tipo de cobertura gasosa poderia incluir compostos como dióxido de carbono ou nitrogênio, capazes de reter calor e estabilizar o clima.

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Sistema TRAPPIST-1 – Reprodução Wikipedia

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Outro ponto central da investigação é a possibilidade de água. Para a NASA, três cenários são plausíveis: o planeta pode ser completamente árido; pode abrigar vastos oceanos; ou concentrar gelo em seu hemisfério escuro. Isso porque TRAPPIST-1 e apresenta rotação sincronizada com a estrela, de modo que um lado permanece sempre voltado para a luz e o outro mergulhado em escuridão eterna.

Se houver água líquida, uma atmosfera secundária atuaria como aliada essencial, criando efeito estufa e evitando que a superfície congele ou aqueça em excesso. Essa condição é um dos pilares da habitabilidade, ou seja, da chance de o planeta sustentar vida como conhecemos.

A nova era da exploração

Ana Glidden, pesquisadora de pós-doutorado no Instituto Kavli de Astrofísica e Pesquisa Espacial do MIT, que lidera parte das análises sobre atmosferas em TRAPPIST-1 e, reforça o entusiasmo da comunidade científica. Para ela, é impressionante que já seja possível medir com tanta precisão a luz de planetas do tamanho da Terra a 40 anos-luz de distância. “Estamos em uma nova era de exploração”, afirma, destacando que essa investigação é apenas o início de uma longa jornada para entender mundos distantes.

A equipe publicou dois artigos científicos descrevendo os primeiros resultados, mas os dados completos ainda estão por vir. Cada nova observação promete trazer respostas e levantar novas perguntas.

Embora ainda não haja confirmação de água ou de atmosfera em TRAPPIST-1 e, o avanço metodológico já é marcante. Ele mostra como a astronomia se desloca da simples detecção de exoplanetas para a análise detalhada de suas condições ambientais. Se confirmada a existência de uma atmosfera secundária, o planeta poderá se tornar um dos principais candidatos na busca por sinais de vida fora da Terra.

Mais do que satisfazer a curiosidade humana, esse tipo de estudo abre caminhos para compreender como planetas evoluem, como se tornam habitáveis — ou não — e quais são os limites da resiliência em sistemas estelares muito diferentes do nosso.

No horizonte, a combinação de tecnologia de ponta, observações persistentes e colaborações científicas globais promete ampliar não apenas o mapa dos mundos possíveis, mas também o próprio entendimento de nosso lugar no universo.