Início Site Página 37

Excesso de medicamentos gera risco ambiental e humano

O mundo vive um paradoxo inquietante: os mesmos medicamentos que salvam vidas e aliviam sofrimentos estão se transformando em ameaça silenciosa à saúde humana e ao equilíbrio ambiental. Estudos internacionais revelam que resíduos de antibióticos, antidepressivos e anticoncepcionais, entre outros fármacos, já extrapolaram o corpo humano e se espalham por rios e sistemas hídricos em escala global.

Essa contaminação invisível começa no uso cotidiano. Comprimidos e cápsulas ingeridos diariamente não são totalmente metabolizados pelo organismo. Parte dessas substâncias é eliminada pela urina e pelas fezes, chegando até as estações de tratamento de esgoto. O problema é que, na maioria dos países, inclusive no Brasil, essas estruturas não foram projetadas para reter ou neutralizar compostos farmacêuticos. Assim, os resíduos seguem adiante, alcançando rios e, em última instância, retornando ao consumo humano.

Nos ecossistemas aquáticos, os efeitos já são documentados. Pesquisas mostram que hormônios presentes em anticoncepcionais podem alterar a reprodução de peixes, reduzindo populações inteiras. Antidepressivos, por sua vez, modificam o comportamento de espécies aquáticas, interferindo em seus instintos de sobrevivência. Há também registros de mutações genéticas associadas ao contato prolongado com determinados fármacos. O impacto é sistêmico: desequilibra cadeias alimentares, compromete a biodiversidade e fragiliza ecossistemas já pressionados pela poluição e pelas mudanças climáticas.

remedios_agencia_brasil-400x239 Excesso de medicamentos gera risco ambiental e humano
Marcello Casal jr/Agência Brasil

VEJA TAMBÉM: Qual a origem dos remédios que tomamos? Da natureza ao laboratório, a jornada dos medicamentos

Para os seres humanos, o risco é duplo. Primeiro, porque a água contaminada volta às torneiras, trazendo em doses mínimas substâncias que não foram prescritas para quem as ingere. Mesmo em concentrações baixas, esses compostos podem afetar o metabolismo, desregular processos hormonais e sobrecarregar órgãos como fígado e rins, responsáveis pela filtragem e eliminação de toxinas.

O segundo risco é talvez ainda mais grave: a resistência bacteriana a antibióticos. Microrganismos em contato com resíduos desses medicamentos nos rios desenvolvem cepas cada vez mais resistentes. Essa tendência preocupa a Organização Mundial da Saúde (OMS), que já trata a resistência antimicrobiana como uma das maiores ameaças sanitárias do século XXI. Infecções antes simples podem voltar a ser letais, reduzindo a eficácia de tratamentos médicos convencionais e provocando um colapso silencioso nos sistemas de saúde.

Diante desse cenário, cresce o chamado para repensar a relação da sociedade com os medicamentos. Especialistas alertam que a prescrição precisa ser mais criteriosa, evitando o uso desnecessário para sintomas leves ou de curta duração. Paralelamente, médicos e órgãos de saúde recomendam um investimento maior em prevenção, estimulando hábitos de vida saudáveis, como alimentação equilibrada, prática regular de exercícios e acompanhamento médico preventivo.

Mas a mudança necessária não depende apenas do indivíduo. No campo ambiental, especialistas defendem que governos e empresas invistam em tecnologias avançadas de saneamento básico, capazes de filtrar ou degradar resíduos farmacêuticos na água. Também são urgentes políticas públicas que incentivem e ampliem o descarte correto de medicamentos vencidos ou não utilizados. Hoje, em muitos lugares, esses produtos acabam descartados no lixo comum ou nas pias, intensificando a contaminação da água.

Há iniciativas positivas em alguns países, que criaram pontos de coleta em farmácias para evitar que comprimidos e xaropes cheguem ao esgoto. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima discutem diretrizes para fortalecer esse tipo de política, mas a implementação ainda é desigual.

O desafio é global e exige cooperação. Universidades, centros de pesquisa e instituições como o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) já defendem que o problema seja tratado como prioridade nos fóruns internacionais sobre clima, saúde e desenvolvimento sustentável. Afinal, os resíduos farmacêuticos não reconhecem fronteiras: eles atravessam rios, oceanos e cadeias alimentares, interligando o destino humano ao da natureza.

O excesso de medicamentos, hoje símbolo de um modelo de saúde baseado no consumo imediato, está deixando cicatrizes profundas. Se nada for feito, o preço cobrado será alto: perda de biodiversidade, fragilidade dos sistemas de saúde e comprometimento da qualidade de vida das próximas gerações. A escolha ainda é possível. Transformar a forma como usamos, descartamos e tratamos os medicamentos pode ser a diferença entre um futuro adoecido e um planeta mais equilibrado.

Casa do Saneamento prepara propostas para a COP30 em Belém

Belém se prepara para receber, entre 30 de setembro e 2 de outubro de 2025, a Casa do Saneamento, iniciativa acolhida pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). O encontro acontece poucos dias antes da COP30, em um momento em que o Brasil se mobiliza para apresentar ao mundo caminhos concretos de adaptação e mitigação diante da crise climática.

A Casa do Saneamento nasce com um propósito claro: ser um espaço de diálogo e convergência para discutir como o saneamento básico e a saúde ambiental podem se tornar eixos estruturantes de desenvolvimento sustentável. Empresas públicas, gestores municipais, especialistas e organizações do setor se reunirão em Belém para debater soluções e construir propostas conjuntas que terão como ponto alto a elaboração da Carta do Saneamento, documento que será entregue oficialmente aos negociadores da COP30.

A proposta vai além de um evento pontual. O conceito de “Casa do Saneamento” carrega a ideia de acolhimento e pertencimento: cada município, comunidade ou instituição pode se tornar uma dessas casas, funcionando como ponto permanente de troca de experiências e fortalecimento institucional. A intenção é multiplicar essa rede, especialmente junto às cidades de pequeno porte — aquelas com até 50 mil habitantes — além de áreas rurais e populações vulneráveis, que historicamente enfrentam maiores dificuldades de acesso a serviços essenciais.

O presidente da FUNASA, Alexandre Motta, participará ativamente dos três dias de programação, reforçando o papel da fundação como articuladora de soluções para o setor. Para ele, tratar do saneamento no contexto da COP30 é mostrar ao mundo que o Brasil compreende a urgência de integrar políticas de infraestrutura básica às estratégias de combate às mudanças climáticas.

Casa-do-saneamento-1068x600-1-400x225 Casa do Saneamento prepara propostas para a COP30 em Belém
Casa do Saneamento – Reprodução

SAIBA MAIS: Saneamento universal pode poupar bilhões em saúde no Brasil

“O saneamento é uma agenda estruturante para o Brasil. A Casa do Saneamento nasce como um espaço aberto, onde todos podem contribuir para soluções que enfrentem a crise climática e melhorem a qualidade de vida da população”, afirmou Motta ao destacar o caráter inclusivo da iniciativa.

Os debates programados não se restringirão a diagnósticos. A ideia é avançar em propostas viáveis e ações práticas, capazes de inspirar tanto políticas públicas quanto investimentos privados. O foco será o fortalecimento de modelos que aliem eficiência, equidade social e sustentabilidade ambiental.

Nesse sentido, a Casa do Saneamento pretende também valorizar experiências locais que já demonstram resultados positivos. Muitos municípios amazônicos e do interior do país têm desenvolvido soluções criativas para lidar com os desafios de abastecimento de água, tratamento de esgoto e destinação correta de resíduos sólidos. Essas iniciativas podem ganhar visibilidade e servir como modelos replicáveis em outras regiões.

Outro eixo central do encontro é a saúde ambiental. A relação entre saneamento e saúde pública é direta: falta de água potável e de coleta adequada de esgoto contribui para a propagação de doenças e compromete a qualidade de vida, sobretudo em comunidades mais pobres. Ao trazer esse debate para o centro da agenda climática, a FUNASA reforça que enfrentar a crise do saneamento é também enfrentar a vulnerabilidade social e fortalecer a resiliência das populações.

A realização da Casa do Saneamento às vésperas da COP30 tem um valor simbólico. O evento não apenas prepara o setor para se posicionar em Belém, mas também marca um compromisso nacional de que a universalização do saneamento é parte indissociável da resposta brasileira às mudanças climáticas. A Carta do Saneamento será um registro dessa mobilização coletiva, reunindo diagnósticos, propostas e compromissos que poderão nortear políticas públicas e negociações internacionais.

Belém, que se prepara para receber chefes de Estado, negociadores e representantes da sociedade civil de todo o mundo durante a COP30, será também cenário de um diálogo essencial: como garantir que água limpa, esgotamento sanitário e gestão de resíduos não sejam apenas promessas, mas direitos efetivos de toda a população.

Ao abrir as portas da Casa do Saneamento, a FUNASA sinaliza que o Brasil não trata o saneamento como um tema técnico isolado, mas como uma base para o futuro do país. É uma convocação para que gestores, especialistas, empresas e comunidades se unam em torno de uma agenda comum: transformar o saneamento em vetor de desenvolvimento, saúde e justiça climática.

Serviço

  • Casa do Saneamento – Pré-COP30

  • Data: 30 de setembro a 2 de outubro de 2025

  • Local: Unidade da FUNASA no Pará – SUEST/PA

  • Endereço: Av. Visconde de Souza Franco, 616 – Reduto, Belém/PA

FIINSA conecta negócios sustentáveis da Amazônia na COP30

Belém será palco, em 10 de novembro, de um dos encontros mais aguardados da COP30: o Festival de Investimento de Impacto e Negócios Sustentáveis da Amazônia (FIINSA). Mais do que um evento paralelo à conferência climática, o festival pretende ser um ponto de virada para o ecossistema de negócios amazônicos, reunindo saberes tradicionais, inovação empresarial e capital de impacto em torno de um mesmo propósito: construir soluções econômicas que fortaleçam a floresta e seus povos.

O FIINSA 2025, com o lema “Onde fazer fala mais alto”, ocupará o Campus de Direito do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA), das 8h às 21h. A programação intensa vai reunir lideranças indígenas, empreendedores, gestores públicos, investidores, pesquisadores e representantes da sociedade civil. Todos terão espaço para escuta, diálogo e criação coletiva, em um ambiente pensado para valorizar tanto o protagonismo local quanto a projeção internacional da Amazônia.

O festival é realizado pelo Idesam e pelo Impact Hub Manaus, com co-realização do CESUPA e apoio de uma rede de parceiros nacionais e internacionais. Desde sua primeira edição, em 2018, o FIINSA tem se consolidado como um espaço de conexão estratégica, impulsionando economias da sociobiodiversidade e fomentando negócios sustentáveis de base amazônica. Em 2025, ganha uma dimensão especial: posicionar o ecossistema amazônico no centro da agenda climática global.

fe2b91cd-b441-4f05-af2f-4aee055e3967-1024x576-1-400x225 FIINSA conecta negócios sustentáveis da Amazônia na COP30
Divulgação

SAIBA MAIS: Estudantes internacionais vivenciando e imergindo na realidade local desenvolvem modelos de negócios sustentáveis, com recursos amazônicos

Conexão entre floresta e mercado

A proposta do festival é ir além dos discursos e discutir como colocar em prática economias que respeitem o tempo da floresta e das comunidades locais. Entre as temáticas previstas estão o fortalecimento da bioeconomia, os modelos de investimento sustentável, a redistribuição de poder de decisão sobre o futuro da região e o papel das populações tradicionais como agentes de inovação.

A programação contempla painéis temáticos, rodas de conversa, feira de produtos da sociobiodiversidade — o Mercado Amazônia —, além de espaços de convivência, experiências gastronômicas e culturais. Performances e vivências sensoriais estão confirmadas, incluindo um grande “banho de ervas”, tradição paraense ligada a rituais de proteção e cuidado. Esses elementos não são apenas atrativos culturais, mas símbolos de como práticas ancestrais dialogam com novos caminhos de sustentabilidade.

Para André Vianna, do Idesam, o festival é um palco de visibilidade para soluções que já estão emergindo dos territórios. “Queremos mostrar como negócios, investidores e comunidades locais estão transformando a realidade amazônica. A COP30 coloca a região no centro do mundo, e o FIINSA vai revelar a força desse ecossistema”, afirma.

Plataforma de transformação

A cada edição, o FIINSA tem servido como espaço de encaminhamentos estratégicos para políticas e investimentos. Em 2025, ao final do festival, será produzido um documento oficial com demandas, propostas e soluções cocriadas, voltadas a fortalecer a bioeconomia e os negócios sustentáveis na região. Essa síntese será entregue a tomadores de decisão nacionais e internacionais, reforçando o caráter de ponte entre comunidades locais e arenas globais.

“O festival é mais que um evento, é uma plataforma de encontro entre quem cria, quem investe e quem acredita na Amazônia. Nosso objetivo é fortalecer a bioeconomia e ampliar os negócios de impacto socioambiental”, destaca o porta-voz do Impact Hub Manaus.

Rede de parceiros

A edição especial da COP30 conta com patrocínio do Fundo Vale, Soros Economic Development Fund, e Bemol. Entre os parceiros institucionais estão o Instituto Sabin, Projeto Saúde e Alegria, Assobio, Redes Amazônidas pelo Clima, Centro de Empreendedorismo da Amazônia, Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto, Conexsus e Casa Amazônia.

Instituições realizadoras

O Impact Hub Manaus, que celebra 10 anos de atuação, tem como missão fortalecer o empreendedorismo e a inovação de impacto na região. Desde 2015, já apoiou mais de 3 mil empreendedores, investiu em mais de 40 negócios sociais e mobilizou mais de R$ 2 milhões em recursos, construindo uma rede com mais de 500 membros ativos.

Já o Idesam, fundado em 2004, é reconhecido por promover o uso sustentável dos recursos naturais da Amazônia. Foi eleito melhor organização ambiental da Região Norte pelo prêmio Melhores ONGs em 2020 e 2023, além de vencedor do Prêmio Empreendedor Social 2022, da Folha de S.Paulo e da Fundação Schwab.

Com o FIINSA 2025, ambas as instituições reafirmam o compromisso de mostrar que a Amazônia é mais do que um território de riquezas naturais: é também um polo de inovação, criatividade e protagonismo global.

Mais informações sobre o festival estão disponíveis em fiinsa.org.br.

Maloca conecta a COP30 ao mundo e amplia vozes climáticas

Durante a Climate Week NYC, em Nova York, a Presidência da COP30 apresentou ao mundo uma inovação que promete transformar a forma como a sociedade global se conecta às conferências do clima: a Maloca. Mais do que uma plataforma digital, trata-se de um espaço virtual imersivo, pensado para derrubar barreiras geográficas e abrir caminho para uma participação mais inclusiva e democrática na ação climática.

A Maloca foi criada para ser um legado da COP30, que acontece em novembro em Belém. Sua concepção parte de três prioridades que orientam a presidência brasileira da conferência: revitalizar o multilateralismo, aproximar a agenda climática da vida cotidiana das pessoas e acelerar a implementação efetiva do Acordo de Paris.




Ao oferecer ambientes virtuais interativos, a Maloca permitirá que governos, organizações da sociedade civil, comunidades tradicionais e cidadãos comuns dialoguem em tempo real, ampliando a conferência para muito além das fronteiras amazônicas. Assim, a COP30 deixa de ser apenas um encontro restrito a delegações oficiais e passa a ser vivida como uma experiência global, acessível a qualquer pessoa conectada pela internet.

Inclusão digital e engajamento global

Segundo o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, a plataforma será essencial para garantir que vozes diversas, sobretudo do Sul Global, tenham peso nos resultados da conferência. “A Maloca nos ajuda a garantir que esta COP seja a mais inclusiva possível e que alcance outras gerações. Precisamos renovar a confiança no multilateralismo, nas Nações Unidas e na convicção de que trabalhar juntos é a única solução para enfrentar as mudanças do clima”, declarou durante o lançamento.

A plataforma foi desenvolvida em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que aposta na Maloca como uma inovação transformadora. Para Marcos Neto, diretor do Gabinete de Apoio a Políticas e Programas da entidade, a iniciativa ampliará o alcance da conferência: “Ela não é apenas uma ferramenta digital, mas um canal que amplifica vozes e soluções para mudar o mundo para melhor”.

A Secretaria de Clima, Meio Ambiente e Energia (Seclima) do Ministério das Relações Exteriores também integra a iniciativa, dentro da chamada “Rota para Belém”, que reúne esforços diplomáticos, científicos e tecnológicos para preparar a conferência.

maloca-400x257 Maloca conecta a COP30 ao mundo e amplia vozes climáticas
Divulgação

SAIBA MAIS: Projeto da ONU fortalece direitos de crianças indígenas na Amazônia

Estrutura e funcionalidades

A Maloca funciona como um portal global, disponível por site e aplicativos móveis (Google Play e App Store). Com tradução simultânea em sete idiomas, permite interações em tempo real entre pessoas de diferentes países e culturas.

Sua infraestrutura digital foi projetada para suportar até 7.200 eventos em 20 ambientes virtuais, operando 24 horas por dia durante os 15 dias da COP30. Um dos destaques é o Macaozinho, um assistente climático baseado em inteligência artificial e treinado exclusivamente em documentos oficiais da ONU. O recurso garante informações confiáveis, livres de desinformação e enviesamentos políticos, oferecendo suporte imediato aos usuários.

A possibilidade de inscrição de eventos já está aberta. Organizações não governamentais, governos, universidades e empresas podem propor debates, painéis e apresentações que serão hospedados dentro da plataforma. As propostas devem ser enviadas pelo site Route to Belém, até 12 de outubro. Os aprovados serão anunciados em 19 de outubro.

Uma rota de inovação

A ideia de desenvolver a Maloca surgiu ainda antes da COP29, realizada em Baku, e foi amadurecida a pedido de Corrêa do Lago. Durante sua fase inicial, a plataforma foi testada na Climate Week em Nova York, recebendo mais de 4 mil acessos de usuários espalhados por todos os continentes. Entre os destaques, esteve o painel sobre sustentabilidade ambiental e inteligência artificial promovido pela CODES (Coalition for Digital Environmental Sustainability).

Para a CEO da COP30, Ana Toni, a Maloca amplia o acesso a quem não pode estar fisicamente em Belém e cria uma rede contínua de debates climáticos. “Ela será o espaço para diálogos não apenas durante a conferência, mas ao longo de todo o ano, em um verdadeiro mutirão global de ideias”, afirmou.

Muito além de Belém

Ao lançar a Maloca, a presidência da COP30 sinaliza que a luta climática não se limita a encontros presenciais ou negociações entre chancelerias. Trata-se de uma agenda viva, que precisa do engajamento de todos, em todos os lugares.

Se a COP30 será histórica por ocorrer pela primeira vez na Amazônia, a Maloca projeta esse simbolismo para o espaço digital, criando um legado que pretende perdurar bem além de novembro.

Agro brasileiro busca protagonismo nas negociações da COP30

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou um documento estratégico para marcar a presença do setor agropecuário nas negociações da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada entre 10 e 21 de novembro em Belém, no Pará. Intitulado “Agropecuária Brasileira na COP 30”, o material reúne propostas para fortalecer o papel do agro nas discussões internacionais sobre clima e sustentabilidade, com atenção especial à Amazônia.

A entrega simbólica ocorreu em Brasília, na sede da entidade, durante cerimônia que reuniu lideranças do setor, pesquisadores e autoridades políticas. O documento foi entregue pelo presidente da CNA, João Martins, ao ex-ministro da Agricultura e hoje enviado especial para a COP30, Roberto Rodrigues, à presidente da Embrapa, Sílvia Massruhá, e ao senador Zequinha Marinho, representante do Pará. Também estiveram presentes presidentes de federações estaduais de agricultura e pecuária, reforçando a amplitude da mobilização.

Segundo a CNA, o documento é resultado de uma ampla construção coletiva. Produtores rurais, entidades representativas e especialistas participaram de reuniões da Comissão Nacional de Meio Ambiente para consolidar propostas que buscam orientar negociadores brasileiros em Belém. A meta é dupla: dar voz ao agro dentro do processo diplomático e mostrar como a produção rural pode ser uma aliada decisiva no enfrentamento às mudanças climáticas.

50927675077_e7078daaa1_k-400x239 Agro brasileiro busca protagonismo nas negociações da COP30
CNA/Wenderson Araujo/Trilux

SAIBA MAIS: Trabalhar juntos para frear o desmatamento: por que precisamos de mudanças sistêmicas nos sistemas agroalimentares 

A agricultura como protagonista da transição climática

O texto parte de um princípio central: os produtores rurais precisam ser reconhecidos como atores estratégicos na implementação de soluções climáticas. Para a CNA, a agricultura tropical é parte da resposta imediata aos desafios que o planeta enfrenta e deve ocupar posição de destaque nas negociações.

Entre as propostas, estão a criação de mecanismos financeiros que assegurem crédito acessível, seguros contra eventos climáticos extremos e redução de custos para adoção de tecnologias de baixo carbono. O documento também pede a inclusão efetiva do setor no debate global, por meio do portal do Trabalho Conjunto de Sharm el Sheikh para Agricultura e Segurança Alimentar, espaço criado na COP27 para integrar agricultura às negociações climáticas.

Outro ponto destacado é o aprimoramento do Global Stocktake — mecanismo da ONU para avaliar os avanços no Acordo de Paris —, de modo a torná-lo mais transparente, acessível e comparável entre países. A CNA defende ainda que indicadores de adaptação sejam ajustados às realidades nacionais, reconhecendo soluções típicas da agricultura tropical.

No campo da mitigação, a confederação pede mais objetividade nas negociações e o reconhecimento do potencial da agropecuária brasileira para reduzir emissões. O setor também reivindica participação ativa no mercado de carbono, com regras que recompensem práticas sustentáveis, como recuperação de áreas degradadas e preservação de florestas.

Por fim, o texto chama atenção para a necessidade de uma transição justa. As medidas climáticas devem considerar as diferenças produtivas e socioeconômicas entre países, evitando que agricultores sejam penalizados por critérios que não correspondam às suas realidades.

O legado amazônico

Um capítulo específico trata do impacto da COP30 na Amazônia. A região, que concentra mais de 30 milhões de habitantes, mais de 750 municípios e cerca de um milhão de produtores rurais, é apontada como espaço crucial para conciliar preservação ambiental e desenvolvimento sustentável.

A CNA lista nove recomendações voltadas para o futuro da Amazônia. Entre elas estão a regularização fundiária e ambiental, o combate efetivo ao desmatamento ilegal, a criação de linhas de crédito específicas para os produtores da região e investimentos em logística e energia limpa. A entidade também pede que o agricultor amazônico seja valorizado por sua contribuição à transição climática, reconhecendo sua posição singular no equilíbrio entre produção e conservação.

Uma COP de virada

Ao ocorrer pela primeira vez na Amazônia, a COP30 ganha um simbolismo único. Para a CNA, o encontro em Belém será decisivo para transformar discursos em ações concretas, reconhecendo a agricultura não apenas como parte do problema, mas como parceira indispensável das soluções globais. O setor rural brasileiro, com sua experiência em agricultura tropical e práticas de baixa emissão, quer assumir protagonismo em um debate que moldará o futuro climático do planeta.

7 vezes em que o carcará mostrou ser mais ousado do que qualquer outra ave de rapina

Você já ouviu falar do carcará como “ave corajosa” do sertão, mas será que imagina até onde vai a ousadia desse animal? Em diversas situações, o carcará se destaca por atitudes que surpreendem pesquisadores, moradores de áreas rurais e até outros predadores. Essa ave de rapina, típica do Brasil, não é apenas símbolo cultural — é também um exemplo real de coragem e adaptação em cenários extremos.

Carcará: a ousadia de uma ave brasileira

O carcará (Caracara plancus) é um falconídeo que habita áreas abertas, principalmente no Nordeste, mas pode ser encontrado em quase todo o território brasileiro. Com aparência imponente e comportamento estratégico, ele vai muito além da imagem de ave que se alimenta de restos de animais mortos. De acordo com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o carcará é um predador oportunista, capaz de caçar presas vivas, disputar território com aves maiores e até roubar alimento de outros animais.

Já o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) reforça que o carcará se adaptou com perfeição às áreas urbanas, expandindo seus territórios para além das zonas rurais. No cenário internacional, pesquisas da Cornell Lab of Ornithology (EUA) colocam o carcará como uma das aves mais inteligentes da família dos falcões, com comportamentos que lembram a astúcia de corvos e papagaios.

1. Enfrentando urubus para garantir comida

Enquanto outras aves de rapina evitam disputas diretas, ele parte para cima de urubus em carcaças, mesmo que sejam em maior número. Essa ousadia impressiona quem presencia a cena: ele não apenas consegue uma parte do alimento, mas muitas vezes afugenta todos os urubus, tornando-se dono da refeição.

2. Caçando presas vivas em pleno sertão

Muitos acreditam que o carcará só se alimenta de animais mortos, mas isso não é verdade. Em várias regiões, ele é visto capturando cobras, lagartos e até pequenos mamíferos. Essa habilidade de caçar em ambientes áridos o coloca como caçador nato, adaptado a sobreviver onde poucas aves resistem.

3. Ousadia no ataque a ninhos de outras aves

Outro comportamento que mostra sua coragem é o ataque direto a ninhos de aves maiores, como garças e até pequenas aves de rapina. Ele não se intimida: invade o território, rouba ovos ou filhotes e enfrenta os pais na defesa. É uma estratégia arriscada, mas que garante alimento de alto valor nutritivo.

4. Adaptação a áreas urbanas

Em cidades do interior nordestino, o carcará já foi flagrado disputando comida em lixões e até roubando restos em feiras livres. Enquanto outras aves se afastam do movimento humano, ele encara o ambiente urbano com ousadia, aproveitando oportunidades que surgem entre pessoas, veículos e barulho.

5. Resistência em ambientes extremos

O carcará sobrevive a temperaturas altas, longos períodos de seca e escassez de alimentos. Essa capacidade não é apenas resistência física, mas ousadia em explorar novos territórios em busca de recursos. Quando outros animais recuam, ele segue em frente.

6. Astúcia para roubar presas de outros predadores

Em várias ocasiões, pesquisadores registraram carcarás seguindo onças-pardas e raposas. O motivo? Eles esperam o momento exato para roubar pedaços de presas abandonadas ou até disputar diretamente. Essa estratégia exige coragem e inteligência, pois envolve enfrentar predadores muito maiores.

7. A imponência cultural do carcará

Mais do que no comportamento animal, o carcará ganhou espaço na cultura popular. A canção “Carcará” imortalizada por João do Vale e Nara Leão trouxe para o imaginário brasileiro a imagem da ave que “pega, mata e come”. Essa representação não nasceu do nada: é fruto da observação real da ousadia com que o carcará enfrenta a vida no sertão.

O que o carcará nos ensina sobre resiliência

Um predador versátil

Ao contrário de outros falcões, que se especializam em apenas um tipo de caça, ele se adapta: caça, rouba, disputa e aproveita restos. Essa versatilidade o torna um sobrevivente de cenários hostis.

Inteligência comparável a corvos

Pesquisadores da Cornell Lab apontam que o carcará é capaz de usar estratégias e até aprender com tentativas e erros, algo incomum em aves de rapina. Esse nível de adaptação reforça sua reputação como ousado e inteligente.

Símbolo do sertão

O carcará se tornou metáfora de coragem para o povo nordestino. Sua presença firme, mesmo em ambientes duros e desafiadores, simboliza resistência e bravura diante das dificuldades.

Ousadia que inspira

Ao analisar esses episódios, fica claro que o carcará não é apenas mais uma ave de rapina: ele é um ícone da ousadia no mundo animal. Sua coragem em enfrentar adversários maiores, sua inteligência para explorar oportunidades e sua resistência em condições adversas fazem dele um verdadeiro sobrevivente.

Seja no sertão árido, nas cidades em expansão ou na memória cultural do Brasil, o carcará é lembrado como a ave que não se intimida, que encara desafios e que mostra, em cada atitude, a força da natureza.

Leia mais artigos aqui

Conheça também – Revista Para+

6 segredos sobre o tamanduá-mirim que explicam como ele caça formigas sem ser notado

Imagine caminhar pela mata em silêncio, atento ao som das folhas secas, e perceber que ali, bem ao lado, um animal curioso se movimenta sem fazer alarde. Esse é o tamanduá-mirim, também conhecido como tamanduá-de-colete, um mestre da discrição quando o assunto é caçar formigas e cupins. Muitos nem imaginam como ele consegue se alimentar de milhares de insetos diariamente sem chamar a atenção dos predadores ou do próprio homem. E é justamente aí que mora o mistério: seu corpo e seus hábitos escondem segredos fascinantes que o tornam um verdadeiro especialista na arte da sobrevivência.

Tamanduá-mirim: o caçador silencioso das florestas

O tamanduá-mirim é encontrado em várias regiões do Brasil, ocupando desde florestas densas até áreas de cerrado. Com hábitos solitários e geralmente noturnos, ele percorre o ambiente em busca de formigueiros e cupinzeiros, mas sem provocar alarde. Isso porque sua anatomia e comportamento são armas naturais de camuflagem e estratégia.

Pesquisadores apontam que um tamanduá-mirim pode consumir até 9 mil insetos em um único dia, sem utilizar dentes, já que não os possui. Sua boca é adaptada para sugar, e sua língua, fina e comprida, pode medir até 40 centímetros, alcançando ninhos e galerias escondidas.

O poder da língua pegajosa

Um dos maiores segredos do tamanduá-mirim está na sua língua. Revestida por uma camada pegajosa de saliva viscosa, ela funciona como um verdadeiro “velcro natural”. Ao introduzi-la dentro de um formigueiro, o animal retira centenas de insetos em segundos, sem precisar abrir buracos grandes ou deixar rastros evidentes.

Esse detalhe explica por que ele raramente é notado pelos predadores durante a caça: enquanto outros animais fazem barulho escavando, o tamanduá age com sutileza e rapidez.

A camuflagem perfeita do corpo

Outro fator que faz do tamanduá-mirim um caçador discreto é sua pelagem. De coloração amarelada com manchas escuras que lembram um “colete”, ele se mistura facilmente entre troncos, folhas secas e galhos baixos. Sua forma compacta e leve permite que se locomova sem quebrar galhos ou produzir ruídos perceptíveis.

Na Mata Atlântica, onde ainda existe uma população significativa, estudos da Universidade Federal de Viçosa mostraram que a camuflagem do tamanduá reduz em até 60% as chances de ser avistado por predadores como onças e gaviões-reais.

Movimentos calculados e silenciosos

Diferente do tamanduá-bandeira, que tem porte maior e deixa rastros visíveis, o tamanduá-mirim mede cerca de 1,2 metro e pesa no máximo 5 quilos. Essa leveza faz com que caminhe devagar, apoiando as patas de forma cuidadosa. É como se cada passo fosse pensado para evitar barulhos desnecessários, o que reforça sua habilidade de passar despercebido até mesmo por quem caminha próximo.

A visão limitada e a audição aguçada

Curiosamente, o tamanduá-mirim tem visão muito fraca. Isso poderia ser um problema, mas a natureza compensou com uma audição extremamente sensível. Ele consegue captar vibrações no solo e sons de insetos em movimento dentro dos formigueiros. Essa habilidade permite identificar locais ricos em alimento sem precisar farejar ou cavar ruidosamente, tornando-se quase invisível durante a caçada.

O faro como aliado invisível

Além da audição, seu olfato é altamente desenvolvido. Segundo dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o tamanduá-mirim consegue detectar formigueiros a dezenas de metros de distância, mesmo que estejam enterrados. Isso reduz o tempo de procura e faz com que ele gaste menos energia, sempre atuando de forma eficiente e discreta.

A defesa contra predadores sem violência

Apesar de ser um animal pacífico, o tamanduá-mirim não é indefeso. Quando acuado, pode se apoiar nas patas traseiras e usar suas garras afiadas para afastar predadores. Essas mesmas garras, que parecem frágeis, são capazes de abrir cupinzeiros resistentes com movimentos rápidos e certeiros. No entanto, o animal prefere evitar confrontos e adota estratégias de invisibilidade antes de precisar se defender.

Na National Geographic, pesquisadores ressaltam que essa postura reforça o papel do tamanduá como especialista em caçadas silenciosas, mais dependente da discrição do que da força bruta.

O segredo da rotina noturna

Boa parte de sua caça ocorre à noite, quando o ambiente está mais silencioso e escuro. Isso aumenta ainda mais sua capacidade de passar despercebido, já que seus principais inimigos caçam durante o dia. Essa estratégia de horário é um dos segredos que explicam seu sucesso na sobrevivência.

O papel ecológico e o alerta para conservação

Mais do que um caçador curioso, o tamanduá-mirim desempenha um papel essencial no equilíbrio dos ecossistemas. Ao controlar populações de formigas e cupins, evita desequilíbrios que poderiam prejudicar árvores e plantações.

Infelizmente, ele também sofre com atropelamentos e perda de habitat. Dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) revelam que a redução de áreas de floresta tem pressionado a espécie, tornando urgente o cuidado com sua conservação.

No fundo, os segredos do tamanduá-mirim mostram que a natureza se especializa em criar soluções inteligentes para a sobrevivência. Ele não precisa de dentes, não usa a força bruta e não deixa rastros evidentes. Seu maior trunfo é a discrição, a capacidade de ser quase invisível enquanto se alimenta.

Para nós, que muitas vezes associamos caça a barulho e violência, o tamanduá-mirim dá uma lição silenciosa: sobreviver pode ser questão de estratégia, paciência e sutileza.

Leia mais artigos aqui

Conheça também – Revista Para+

Cientistas da Amazônia criam protocolo pioneiro para monitorar insetos aquáticos

Nos igarapés e rios amazônicos, invisíveis aos olhos apressados, vivem insetos que carregam segredos valiosos sobre a saúde dos ecossistemas. Mais do que pequenos habitantes das águas, eles funcionam como sentinelas: revelam, por sua presença ou ausência, as condições ambientais de um território. Para aproveitar ao máximo esse potencial, um grupo de 28 pesquisadores de todos os estados da Amazônia Legal desenvolveu um protocolo inédito para padronizar a coleta e o inventário desses organismos.

O documento, publicado no número especial da revista EDUCAmazônia (julho a dezembro de 2025), organiza procedimentos científicos para garantir que os estudos realizados em diferentes áreas possam ser comparados e integrados. A iniciativa responde a um desafio antigo: a falta de padronização nos métodos de coleta, que dificultava a criação de séries temporais e espaciais robustas sobre a biodiversidade aquática.

O papel dos insetos como bioindicadores

O foco do protocolo são cinco grupos de insetos aquáticos — Ephemeroptera, Plecoptera, Trichoptera, Odonata e Heteroptera (EPTOH). Por sua sensibilidade às alterações ambientais, eles são considerados bioindicadores de primeira linha. Mudanças em sua diversidade e abundância refletem com precisão os impactos das atividades humanas e das mudanças climáticas nos rios e igarapés.

Além de integrarem cadeias ecológicas vitais — da decomposição de matéria orgânica ao controle populacional de outras espécies —, esses insetos conectam os mundos aquático e terrestre. Parte de seu ciclo de vida acontece submersa, mas, quando adultos, tornam-se alados, interagindo com outros ambientes e ampliando seu papel ecológico.

Slideshow_Programas-de-Apoio-e-Fomento_Foto-Alexandre-de-Moraes-400x188 Cientistas da Amazônia criam protocolo pioneiro para monitorar insetos aquáticos
Divulgação – UFPA

SAIBA MAIS: UFPA Leva Inovação sustentável da Ciência Amazônica ao Setor Produtivo

A ciência da padronização

“A padronização é um passo essencial para avançarmos na compreensão da biodiversidade aquática e subsidiarmos políticas públicas de conservação”, explica Leandro Juen, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), bolsista do CNPq e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Síntese da Biodiversidade Amazônica (INCT-SinBiAm). Ao lado da também professora da UFPA e pesquisadora PQ do CNPq Karina Dias Silva, ele liderou a construção do protocolo.

Segundo os autores, esforços de coleta realizados com metodologias diferentes tornam difícil integrar dados de várias regiões e realizar análises em grande escala. A nova proposta reúne desde a descrição detalhada de equipamentos até métricas ambientais, passando por delineamento amostral, métodos de coleta e recomendações práticas para jovens pesquisadores e gestores.

Impactos para pesquisa e políticas públicas

Embora elaborado para a Amazônia, o protocolo pode ser replicado em outros biomas brasileiros e até em diferentes países. A intenção é que ele fortaleça programas de monitoramento como o Peld (Programa Ecológico de Longa Duração), o PPBio (Programa de Pesquisa em Biodiversidade) e o Monitora Aquático do ICMBio.

A adoção da metodologia, ressaltam os pesquisadores, também facilita o trabalho de órgãos ambientais estaduais (SEMAs), do Ibama e do próprio ICMBio. “A padronização permitirá comparações mais confiáveis entre regiões e ao longo do tempo, ampliando nossa capacidade de conservar e restaurar ambientes aquáticos”, reforça Karina Dias.

A força da colaboração científica

O trabalho de quase três dezenas de cientistas evidencia a dimensão coletiva da pesquisa na Amazônia. “A ciência é construída em parcerias. A Amazônia exige esforços colaborativos, porque sua diversidade ambiental é tão grande que apenas múltiplas experiências podem compor um retrato fiel”, afirma Juen.

Essa rede colaborativa não apenas produz conhecimento, mas também forma novos profissionais e fortalece comunidades locais envolvidas no monitoramento de longo prazo. O protocolo, escrito em português acessível, foi pensado justamente para democratizar o acesso e servir de guia a pesquisadores em início de carreira.

Um passo estratégico para a conservação

A padronização científica é mais do que uma questão metodológica: é uma estratégia política e ambiental. Ao permitir diagnósticos mais consistentes, ela fornece as bases para decisões de gestão ambiental, fiscalização e mitigação de impactos em ecossistemas frágeis.

No contexto amazônico, onde rios e igarapés são a espinha dorsal da vida, esse protocolo representa um salto. Ele não apenas ordena práticas de coleta, mas também abre caminho para que a diversidade dos insetos aquáticos se torne aliada na proteção do maior reservatório de biodiversidade do planeta.

Jacaré-açu: 7 fatos que revelam a força do predador que domina os rios da Amazônia

Imagine estar navegando lentamente por um rio da Amazônia e, de repente, sentir um olhar fixo vindo da superfície da água. Os olhos amarelados que surgem no reflexo não são de um peixe nem de uma ave, mas do maior réptil da América do Sul: o jacaré-açu. Com porte imponente e comportamento de caçador nato, ele representa não apenas a força da natureza amazônica, mas também um dos maiores símbolos de resiliência e equilíbrio desse ecossistema único.

Jacaré-açu: o gigante da Amazônia

O jacaré-açu (Melanosuchus niger) pode ultrapassar 5 metros de comprimento e pesar mais de 400 quilos, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Sua força física e capacidade de adaptação fazem dele o verdadeiro rei dos rios amazônicos. Diferente de outros crocodilianos, o jacaré-açu não é apenas um predador oportunista: ele é estratégico, paciente e capaz de passar horas imóvel antes de atacar sua presa com precisão.

Pesquisas da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) apontam que, apesar de sua imponência, a espécie já esteve ameaçada de extinção devido à caça predatória, especialmente na década de 1960. Hoje, graças a programas de conservação e monitoramento, o jacaré-açu voltou a ocupar grande parte de seu território original, mostrando a importância da preservação da biodiversidade brasileira.

Força de mordida capaz de esmagar ossos

Uma das características mais impressionantes do jacaré-açu é a potência de sua mordida. Segundo estudos publicados no National Geographic, a pressão exercida pode ultrapassar 1 tonelada por centímetro quadrado, suficiente para esmagar ossos grandes e perfurar carapaças de tartarugas. Esse poder o coloca entre os animais com maior força de mordida do planeta.

Caçador noturno silencioso

O jacaré-açu é especialista em caçar à noite. Com visão adaptada à baixa luminosidade e um corpo que se camufla facilmente entre galhos e raízes, ele consegue se aproximar das presas sem ser notado. De acordo com o ICMBio, sua dieta inclui peixes, aves, mamíferos de pequeno e médio porte e até outros répteis. Essa diversidade alimentar garante sua sobrevivência mesmo em ambientes de menor abundância de presas.

Guardião do equilíbrio ecológico

Mais do que um predador, o jacaré-açu exerce papel fundamental no equilíbrio dos rios amazônicos. Ao controlar populações de peixes e outros animais, ele impede a proliferação excessiva de espécies e contribui para a manutenção do ciclo natural. O próprio INPA reforça que, sem a presença desses grandes predadores, haveria um desequilíbrio com efeitos em cadeia para toda a biodiversidade local.

Símbolo cultural e temido pelos ribeirinhos

Para as comunidades ribeirinhas, o jacaré-açu é tanto um símbolo cultural quanto uma ameaça respeitada. Histórias de ataques e lendas locais reforçam sua imagem de “senhor dos rios”. Em muitas regiões, encontrar um desses animais próximos às margens é interpretado como sinal de força da natureza e até de proteção espiritual, mas também como alerta de perigo.

Capacidade de resistência impressionante

O jacaré-açu pode passar longos períodos sem se alimentar, regulando seu metabolismo conforme a disponibilidade de presas. Além disso, consegue permanecer submerso por até 30 minutos, o que lhe dá vantagem para emboscadas e fuga de situações de risco. Esse conjunto de habilidades reforça sua posição de predador supremo.

Recuperação após quase sumir dos rios

Nos anos 1960 e 1970, a caça desenfreada para a venda de couro quase exterminou a espécie. Estima-se que centenas de milhares de indivíduos tenham sido abatidos nesse período. Felizmente, políticas de proteção ambiental e fiscalização ajudaram a reverter o quadro. Hoje, a espécie ainda é considerada vulnerável, mas já demonstra sinais de recuperação, conforme dados da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

A presença do jacaré-açu na Amazônia é um lembrete poderoso da força da natureza e da necessidade de preservar o bioma que abriga algumas das maiores riquezas do planeta. Conviver com esse predador é compreender que a Amazônia não é apenas um território de beleza exuberante, mas também de equilíbrio delicado, onde cada espécie tem um papel vital.

Leia mais artigos aqui

Conheça também – Revista Para+

Projeto da ONU fortalece direitos de crianças indígenas na Amazônia

Às margens do Rio Negro, em São Gabriel da Cachoeira, extremo noroeste da Amazônia, nasceu uma aliança inédita em defesa das crianças, adolescentes e jovens indígenas. Ali, onde nove em cada dez habitantes pertencem a 23 povos diferentes, foi lançado o projeto “Proteção Integral e Promoção dos Direitos de Crianças, Adolescentes e Jovens Indígenas na Amazônia Legal”. A iniciativa é liderada pelo UNICEF e reúne outras seis agências do sistema ONU — UNESCO, UNFPA, ACNUR, OIT, OIM e OPAS/OMS — em parceria com organizações indígenas, governos locais e nacionais. O financiamento vem do Fundo Brasil-ONU para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, criado para apoiar soluções inclusivas na região.

A escolha de São Gabriel da Cachoeira não foi casual. Considerada a cidade mais indígena do país, o município é também território de resistência cultural e guardião de saberes ancestrais. Entre feiras de farinha, artesanato grafado com histórias antigas e celebrações que pintam as ruas de cores vivas, o cotidiano revela a força da diversidade. Nesse cenário, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) abriu sua Casa de Saberes Indígenas, transformada em palco de três dias de diálogo intenso.

Vozes que moldam o futuro

De 20 a 22 de agosto, o encontro “Diálogos Fundo Brasil-ONU no Alto Rio Negro” reuniu parteiras, jovens comunicadores, artesãos e lideranças de seis povos (Baré, Baniwa, Kokama, Ticuna, Tukano e Yanomami). Cada fala carregava urgências e propostas.

As jovens da Rede Wayuri, por exemplo, mostraram como a comunicação pode ser uma ferramenta de resistência. “Com nossas câmeras e microfones, ajudamos a manter vivas as nossas línguas e histórias”, afirmou Jucimery Garcia, coordenadora do Departamento de Adolescentes e Jovens Indígenas do Rio Negro.

As parteiras, por sua vez, lembraram que sua missão vai além do nascimento. “A parteira não é apenas quem ajuda a nascer. É quem segura a vida junto da comunidade”, disse uma delas, arrancando aplausos. Já as lideranças reforçaram a necessidade de manter a escuta ativa, pedindo que as vozes indígenas não sejam ouvidas apenas em eventos pontuais, mas em cada etapa do projeto.

A emoção tomou conta do espaço quando Odimara Tukano explicou o significado dos chamados Espaços Seguros: “Espaço seguro não é só um lugar físico. É quando uma criança ou jovem pode sentir confiança em alguém da comunidade. Nós, como mulheres e lideranças, precisamos ser esse porto seguro.”

IMG_1371_0-400x267 Projeto da ONU fortalece direitos de crianças indígenas na Amazônia
UNICEF/BRZ/Sarah Paes

SAIBA MAIS: Pequenos cientistas Crianças pesquisando a floresta

Do diálogo às ações concretas

O projeto avança em seis frentes: saúde, educação, proteção, governança, juventude e biodiversidade. As primeiras medidas incluem capacitação de agentes indígenas de saúde e parteiras, fortalecimento da rede de proteção de crianças e adolescentes, e implementação da estratégia de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI).

Para Youssouf Abdel-Jelil, representante do UNICEF no Brasil à época, o encontro marcou o início de um processo de construção coletiva. “Essa semana abrimos um espaço de conversa fundamental, com rodas de diálogo em que os próprios povos indígenas compartilharam suas necessidades e prioridades. Esse momento reforça nosso compromisso de seguir ouvindo, aprendendo e construindo juntos”, destacou.

Um marco para a Amazônia Legal

O projeto não se limita a São Gabriel da Cachoeira. Ele se expandirá para outros territórios prioritários nos seis estados da Amazônia Legal, buscando reduzir desigualdades e ampliar o acesso a direitos. Mais do que políticas setoriais, a iniciativa se propõe a costurar uma rede de proteção integral, onde saberes tradicionais e políticas públicas caminhem juntos.

O Fundo Brasil-ONU foi criado justamente para viabilizar esse tipo de projeto, em aliança entre o Governo Federal, o Consórcio Interestadual da Amazônia Legal e o Sistema das Nações Unidas. Seu objetivo é mobilizar recursos e criar alternativas econômicas inclusivas e sustentáveis para a região. O primeiro aporte veio do Canadá, com 13 milhões de dólares canadenses.

Na chamada “Cabeça do Cachorro”, região estratégica da fronteira brasileira com Colômbia e Venezuela, o lançamento ecoa como símbolo. Trata-se de reconhecer que a proteção das crianças indígenas depende de fortalecer culturas, idiomas e modos de vida. A iniciativa mostra que, no coração da floresta, pode estar também o coração de um novo pacto de futuro: aquele que garante que as novas gerações indígenas cresçam com direitos, dignidade e oportunidades.

Gambá na cidade: 6 situações em que o encontro com esse animal pode virar um problema

Imagine sair para colocar o lixo na calçada e, de repente, se deparar com um gambá andando tranquilamente pelo quintal. O susto é imediato, e a reação instintiva costuma ser correr ou espantar o animal. Mas a verdade é que, embora o gambá desempenhe um papel importante no equilíbrio ecológico, sua presença em áreas urbanas pode causar situações de risco — tanto para os humanos quanto para o próprio animal.

Gambá: um visitante inesperado que gera preocupações

Ele é um mamífero marsupial comum em diversas regiões do Brasil. Ele se adapta facilmente a ambientes urbanos, aproveitando restos de comida, abrigo em telhados ou até buracos no solo. Segundo dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a expansão das cidades forçou esses animais a buscar novos territórios, aumentando os encontros com pessoas.

Embora não sejam agressivos por natureza, esses animais podem transmitir doenças, causar danos a estruturas residenciais e ainda provocar situações de perigo indireto. Um levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que marsupiais como o gambá podem carregar parasitas e bactérias que afetam a saúde humana.

Transmissão de doenças zoonóticas

Entre os principais riscos está a possibilidade de transmissão de zoonoses, como leptospirose e esporotricose. A urina ou as fezes do gambá em contato com o solo ou alimentos pode ser uma porta de entrada para infecções.

Danos em telhados e forros

Quando o gambá busca abrigo, pode entrar em telhados, forros ou até caixas de energia. Além do barulho noturno, há o risco de danificar fiações e causar curtos-circuitos.

6 situações em que o gambá pode se tornar um problema

Embora o animal não ataque sem motivo, alguns cenários comuns em áreas urbanas podem transformar o encontro em dor de cabeça.

1. Atração pelo lixo doméstico

Restos de comida deixados em sacos mal fechados chamam a atenção do gambá. O problema é que, ao revirar o lixo, ele espalha sujeira e pode atrair outros animais, como ratos.

2. Presença em quintais com galinhas

O gambá pode atacar aves de pequeno porte para se alimentar, gerando prejuízos para quem cria galinhas ou patos em casa. Esse comportamento, documentado pela Embrapa, é mais comum em áreas de transição entre campo e cidade.

3. Acidentes de trânsito noturnos

Por serem animais de hábitos noturnos, os gambás cruzam ruas durante a madrugada. Isso aumenta o risco de atropelamentos e, em alguns casos, acidentes de trânsito.

4. Infestações em telhados e forros

Se encontrar uma abertura, o gambá pode se instalar em telhados, causando barulhos constantes e deixando odores fortes. Além disso, a urina acumulada pode comprometer a estrutura de madeira.

5. Contato com pets domésticos

Cães e gatos costumam reagir de forma agressiva ao encontrar um gambá, o que pode resultar em ferimentos para ambos os lados. O risco de transmissão de doenças também cresce nesse cenário.

6. Defesa com odor desagradável

O mecanismo de defesa mais conhecido do gambá é o odor forte que ele libera quando se sente ameaçado. O cheiro pode impregnar roupas, ambientes e até veículos, sendo extremamente difícil de remover.

Como evitar problemas com gambás na cidade

A melhor forma de lidar com a presença de gambás é a prevenção. Fechar bem o lixo, manter terrenos limpos e evitar acúmulo de entulho são medidas simples que reduzem a chance de visitas indesejadas.

Especialistas do Centro de Zoonoses de São Paulo recomendam não tentar capturar ou espantar o animal sozinho. O ideal é acionar órgãos de controle ambiental ou de zoonoses, que têm equipamentos e técnicas adequadas para o manejo seguro.

Respeitar o espaço natural

Vale lembrar que o gambá tem um papel ecológico importante: ele ajuda a controlar populações de insetos e pequenos roedores. Por isso, eliminá-lo não é a solução. O manejo deve ser feito de forma responsável, preservando o equilíbrio ambiental.

Convivência possível

Em algumas cidades, programas de educação ambiental já orientam a população sobre como conviver com espécies silvestres, reduzindo riscos e preservando a biodiversidade urbana. A convivência equilibrada é sempre a saída mais inteligente.

O gambá como reflexo do avanço urbano

O aumento dos encontros entre humanos e gambá é um reflexo direto da urbanização acelerada. À medida que os espaços verdes diminuem, animais silvestres buscam sobrevivência nas cidades. A presença desse marsupial nos lembra da necessidade de repensar a forma como ocupamos o território e como lidamos com a fauna que insiste em resistir ao avanço do concreto.

No fim, o gambá não é apenas um problema a ser resolvido, mas também um sinal de alerta sobre nossa relação com a natureza. Respeitar, prevenir e agir com consciência são atitudes que transformam o medo em aprendizado e garantem um convívio mais harmonioso entre cidade e vida silvestre.

Leia mais artigos aqui

Conheça também – Revista Para+

Pavilhões Brasil na COP30 terão 140 painéis selecionados

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) anunciou nesta quinta-feira (25) o resultado da seleção de painéis que integrarão os Pavilhões Brasil durante a COP30, que será realizada em Belém do Pará entre 10 e 21 de novembro. A iniciativa dá à sociedade civil, ao setor privado e a governos subnacionais a oportunidade de participar ativamente da conferência, ampliando os espaços de diálogo e construindo pontes entre experiências locais e compromissos globais.

O processo foi coordenado por um comitê técnico interministerial que reuniu, além do MMA, o Ministério das Relações Exteriores (MRE), a Presidência da COP30, a Secretaria de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, a Secretaria-Geral da Presidência da República e a Secretaria de Relações Institucionais.

Um espaço para múltiplas vozes

A proposta dos Pavilhões Brasil é funcionar como vitrines de debates. Eles reunirão representantes brasileiros e internacionais para discutir temas cruciais da agenda climática, como a implementação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) no contexto do Acordo de Paris, os 30 objetivos estratégicos da Agenda de Ação e o novo Plano Clima, que orientará a política climática nacional até 2035.

A divisão dos espaços segue a lógica da própria conferência. A chamada Zona Azul, de caráter mais diplomático, será dedicada às discussões multilaterais e à cooperação internacional, com foco especial na NDC brasileira. Já a Zona Verde, voltada ao público geral e às organizações sociais, privilegiará debates sobre temas domésticos, como a execução do Plano Clima e a articulação de políticas públicas que dialoguem diretamente com os desafios locais.

20250723122949-GF00024279-F00425017-400x225 Pavilhões Brasil na COP30 terão 140 painéis selecionados
Agência Pará

VEJA TAMBÉM: Segurança fluvial ganha reforço da Marinha durante a COP30

Crescimento inédito no número de propostas

A edição deste ano superou todas as expectativas. O MMA recebeu cerca de 1.270 propostas de painéis, das quais 140 foram selecionadas para integrar a programação oficial. Para efeito de comparação, na COP28 em Dubai o número foi de 700, e na COP29, em Baku, apenas 500. O salto de 2025 representa um aumento de 81% em relação a Dubai e de 154% em relação a Baku.

Esse crescimento expressivo sinaliza não apenas o protagonismo do Brasil como anfitrião, mas também a urgência com que diferentes setores da sociedade desejam participar da construção das soluções climáticas. Diante da diversidade de propostas recebidas, o comitê organizador optou por promover fusões de painéis semelhantes, buscando contemplar o maior número possível de instituições.

Como será a programação

Os painéis nos Pavilhões Brasil ocorrerão diariamente, das 10h às 19h, com duração máxima de 60 minutos cada. Haverá dois auditórios em cada zona — Azul e Verde — permitindo maior dinamismo na programação. Os coordenadores das propostas selecionadas receberão contato direto do MMA para confirmar nomes de painelistas e moderadores, além de fornecer materiais como minibiografias e fotos para divulgação oficial.

Mas o esforço de inclusão não parou aí. Para garantir maior pluralidade, outras propostas não selecionadas serão convidadas a compor atividades autogestionadas em salas adicionais da Zona Verde. A lista com cerca de 80 novos painéis será publicada até 10 de outubro, dando às organizações tempo para confirmar sua participação.

O significado político da escolha

A seleção recorde e a abertura para incluir atividades extras revelam um momento singular na trajetória da política climática brasileira. Mais do que cumprir um protocolo, o MMA e seus parceiros criaram um canal para que diferentes atores — de governos estaduais a movimentos sociais e empresas inovadoras — possam apresentar experiências, pressionar por ambição e influenciar a narrativa global.

A COP30, sediada pela primeira vez em uma cidade da Amazônia, já é tratada como um marco histórico. Ao dar espaço a vozes diversas dentro e fora do governo, o Brasil busca mostrar que enfrentar a crise climática exige mais do que acordos diplomáticos: demanda participação social ampla, diálogo aberto e a capacidade de transformar ideias em ação.

Nesse sentido, os Pavilhões Brasil funcionam como microcosmos da conferência: lugares onde o discurso institucional se encontra com a energia da sociedade civil e com as soluções práticas do setor privado. Se Belém se tornará o ponto de partida para uma década de aceleração climática, como deseja a ONU, muito dependerá da vitalidade e da riqueza dos debates que ocuparão esses espaços.

Confira o quadro de participações:

Dia

Organização que lidera a proposta

Título da proposta

Pavilhão

1

10/nov

Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema)

Governança Climática Participativa: A importância da atuação vertical para o alcance das NDCs

Azul

2

10/nov

Bancada do Clima – Legisla Brasil

Bancada do Clima e as cidades em transformação: como o legislativo pode liderar a adaptação climática urbana?

Verde

3

10/nov

CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

“Da Medição à Ação: Transparência nos Inventários de GEE e Integração com Estratégias Empresariais de Neutralidade Climática”

Verde

4

10/nov

Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – FASE

Transitar das Urgências para as Alternativas: a sociedade civil mobilizada no enfrentamento à crise climática nas cidades

Verde

5

10/nov

Instituto Caminhos Sustentáveis

Oportunidades para descarbonizar a economia por meio da gestão adequada de resíduos – Créditos de Carbono da Reciclagem

Azul

6

10/nov

Instituto de Defesa de Consumidores – Idec

Data centers, impactos socioambientais e climáticos e a agenda tecnológica da COP30

Azul

7

10/nov

***Instituto Estadual do Ambiente (INEA)

Incorporando a Biodiversidade na Adaptação às Mudanças Climáticas por meio de Soluções Baseadas na Natureza

Verde

8

10/nov

Serviço Nacional de Aprendizagem  do Transporte (SENAT)

Infraestrutura Resiliente e Adaptação Climática no Transporte

Azul

9

11/nov

Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí – SEMARH/PI

Plano de Ação Climática, REDD+ Jurisdicional e Transição Energética no Estado do Piauí

Azul

10

11/nov

Conselho Brasileiro de Secretários Municipais de Meio Ambiente (CB27)

“Mitigação e Adaptação Climática: Boas práticas subnacionais em perspectiva”

Verde

11

11/nov

Consórcio Brasil Verde

Fundos Climáticos para Adaptação

Azul

12

11/nov

Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii)

“Bioeconomia e Inovação Industrial para Adaptação Climática no Brasil”

Verde

13

11/nov

Governo do Estado do Amazonas

Políticas Públicas de Adaptação às Mudanças Climáticas na Amazônia: moradia e saneamento como base para comunidades resilientes

Azul

14

11/nov

ICLEI América do Sul

Adaptação baseada em Ecossistemas: Conectando Biodiversidade, Clima e Desenvolvimento na América do Sul

Azul

15

11/nov

Instituto Pólis

Do compromisso global à prática local: o papel de catadoras/es e cidades na transição justa e mitigação climática no setor de resíduos

Verde

16

11/nov

IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

Cidades de Baixo Carbono: Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade

Verde

17

11/nov

Pimp My Carroça

Economia circular, mitigação e catadores

Verde

18

11/nov

Prefeitura do Recife

Financiamento Climático para Cidades Resilientes

Azul

19

11/nov

Prefeitura Municipal de Fortaleza

“Cidades em Rede: Estratégias dos governos locais da C40 para acelerar e escalar a implementação climática”

Azul

20

11/nov

***Prefeitura Municipal de Salvador

Gestão de Resíduos Sólidos como Estratégia Climática: Experiências Locais e Cooperação Internacional

Verde

21

11/nov

***Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul (SEMA-RS)

Plano Rio Grande: reconstrução e resiliência climática no Rio Grande do Sul

Verde

22

11/nov

Tapiri Ecumênico e Inter Religioso COP30, Rede de Fé pela Justiça Climática: América Latina, Caribe e Abya Yala; Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM-Brasil; Instituto de Estudos da Religião – ISER; Iniciativa Inter Religiosa pelas Florestas – IRI-Brasil; Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE; Tearfund; Iniciativa das Religiões Unidas – URI /Rede Ecumênica da Água – REDA/100 Mil Jovens pela Água.

Justiça Climática, implementação de NDCs e a contribuição dos grupos de fé.

Azul

23

12/nov

ActionAid Brasil

Educação Climática: Saberes que Transformam

Verde

24

12/nov

Aegea Saneamento

Adaptação Climática nas cidades brasileiras: Soluções em Economia Circular e Resiliência Hídrica

Azul

25

12/nov

Articulação Nacional de Políticas Públicas de Educação Ambiental (ANPPEA)

Pós COP30: agendas de ação nos territórios

Verde

26

12/nov

Associação Brasileira de Municípios (ABM)

Cidades inclusivas e justas: gênero como eixo da ação climática local

Verde

27

12/nov

Associação Grito dos Excluídos Continental

Fórum Internacional sobre Mudanças Climáticas e Migrações

Azul

28

12/nov

Câmara Americana de Comércio para o Brasil – Amcham Brasil

Minerais Críticos e Transição Energética: a importância do Brasil e da cooperação internacional

Azul

29

12/nov

Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB

Desenvolvimentos Sustentável com emprego e direitos

Azul

30

12/nov

Defensoria Pública do Estado do Pará – DPPA

Defensoria Pública e Justiça Climática: cooperação institucional pelo combate ao desmatamento e proteção da biodiversidade no campo e defesa das comunidades urbanas vulneráveis frente às mudanças climáticas.

Verde

31

12/nov

Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP)

Do Local ao Global: Fortalecendo o Papel dos Governos Subnacionais na Governança Climática Internacional

Azul

32

12/nov

Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP)

Territórios em Ação: Articulação Municipal e Multissetorial para a Ação Climática

Verde

33

12/nov

Imazon – Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia

Sistema Judiciário e Estratégias para Cumprir o Plano Clima no Combate ao Desmatamento

Verde

34

12/nov

Instituto Igarapé

Fortalecimento da cooperação regional contra a mineração ilegal de ouro na Amazônia: a rastreabilidade como ferramenta estratégica

Verde

35

12/nov

Sebrae Nacional

Bioeconomia: um novo caminho para o Desenvolvimento

Azul

36

12/nov

Systemiq

Green Jobs and Skills for a Just Global Transition

Azul

37

13/nov

ABEEólica – Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias

Financiamento Climático: Alianças Estratégicas para Impacto

Verde

38

13/nov

Central Única dos Trabalhadoras – CUT

Transição Energética Justa para o Sul Global: trabalho decente e combate a pobreza energética

Azul

39

13/nov

Centro Brasil no Clima (CBC)

Territórios em Transição: a transição justa como caminho para o desenvolvimento sustentável em regiões carboníferas

Verde

40

13/nov

Comitê COP30

As soluções climáticas nascem nos territórios: a diversidade de saberes e a participação enquanto pilar para a governança climática

Azul

41

13/nov

Conectas Direitos Humanos

Protegendo os direitos humanos na corrida pela transição energética.

Azul

42

13/nov

Confederação Nacional da Indústria

Apresentação do estudo da CNI – Nova arquitetura do financiamento climático: Mobilização de recursos para a mitigação e adaptação

Azul

43

13/nov

DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioecnômicos

Empregos Verdes, Trabalho Decente e Qualificação Profissional para uma Transição Justa

Verde

44

13/nov

Federação Única dos Petroleiros

A ação sindical no Sul Global por uma transição energética justa e popular: ação coletiva, diálogo social, geração cidadã de dados e trabalho decente

Azul

45

13/nov

Fórum Nacional de Cozinhas Solidárias

Cozinhas Solidárias: uma tecnologia social mundial de combate à fome e às emergências climáticas

Verde

46

13/nov

Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás – IBP

Global Methane Pledge – Compromisso Global com Net Zero no âmbito da Redução Global das Emissões de Metano

Azul

47

13/nov

Marcopolo, MBCBrasil, IndustryAll e Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

Soluções Brasileiras para a Transição Justa: Indústria, Mobilidade e Desenvolvimento Sustentável

Verde

48

13/nov

Secretaria de Meio Ambiente e Mudança do Clima do Estado do Ceará

Do Nordeste para o Mundo: o papel da Caatinga e do Hidrogênio Verde para a  Transição Energética Justa

Azul

49

13/nov

Telefônica Brasil S.A.

Telecomunicações como Pilar de Resiliência: O Impacto das Redes de Comunicação na Gestão de Emergências Climáticas

Verde

50

13/nov

União Geral dos Trabalhadores

Estratégias Sindicais para a Transição Justa – Trabalho, Meio Ambiente, Justiça Social e Climática

Verde

51

14/nov

ABIHV – Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde

Hub de Hidrogênio – Pecém: Solução compartilhada eficiente para a viabilização de projetos produtores de hidrogênio

Azul

52

14/nov

ASHOKA

Inovações do Brasil para o Acesso Universal à Energia

Verde

53

14/nov

Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – ANFAVEA

Carbon Footprint of Brazilian Automotive Sector: A Cradle-to-Grave View

Azul

54

14/nov

AstraZeneca

Saúde e Clima: Como o Programa Farmácia Popular pode contribuir para a descarbonização do SUS

Verde

55

14/nov

Confederação Nacional do Transporte (CNT)

Financiamento Verde e Políticas Econômicas para o Transporte Sustentável

Verde

56

14/nov

Ernst & Young (EY)

Perdas Climáticas: Inteligência de dados a favor da Mitigação, Adaptação e  Implementação do Plano Clima

Verde

57

14/nov

Febraban, Anbima e CNseg

Investimentos Sustentáveis:Como os setores financiros e de seguros contribuem para o financiamento da transição climática?

Verde

58

14/nov

Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc)

Subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis: entraves, desafios e perspectivas domésticas e globais

Azul

59

14/nov

Instituto E+ Transição Energética

Construindo uma Transição Justa: Abordagens Político-Econômicas para Equidade Social e Prosperidade

Azul

60

14/nov

Marcopolo, MBC, IndustryAll e Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

Descarbonizando o Setor de Transportes: Experiências Globais em Mobilidade Sustentável

Azul

61

14/nov

Motiva Infraestrutura de Mobilidade

Coalizão para Descarbonização dos Transportes

Azul

62

14/nov

Renapsi – Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração

Empregos Verdes e Juventude

Verde

63

14/nov

Serviço Social do Transporte (SEST)

Pactos Multiníveis para a Descarbonização do Transporte

Azul

64

14/nov

WayCarbon

Descarbonização Industrial no Brasil: como desbloquear o financiamento para implementação da NDC brasileira

Verde

65

15/nov

Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)

Roadmap Net Zero da Indústria do Cimento Brasileira

Verde

66

15/nov

Associação de Municípios e Meio Ambiente – ANAMMA

Financiamento e Capacitação: Fortalecendo os Municípios para a Agenda Climática

Verde

67

15/nov

Banco Santander

Taxonomia Sustentável Brasileira: ponte para capitais globais e competitividade das empresas

Azul

68

15/nov

Confederação Nacional do Transporte (CNT)

Múltiplas Soluções para a Descarbonização do Transporte

Azul

69

15/nov

Eletrobras

Resiliência do Setor Elétrico  em Resposta às Mudanças Climáticas

Verde

70

15/nov

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

Descarbonização até 2050: Desafios e Oportunidades para a Cooperação Sul–Sul

Azul

71

15/nov

GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas)

O papel e o lugar da filantropia no financiamento climático no Brasil – Lançamento dos dados climáticos do Censo GIFE

Azul

72

15/nov

Instituto Escolhas

O papel dos bancos de desenvolvimento e do orçamento público no financiamento climático: desafios e oportunidades para a transformação ecológica brasileira

Verde

73

15/nov

***LATAM Airlines Brasil

Do ProBioQAV à Descarbonização do Setor Aéreo

Verde

74

15/nov

Copersucar

Biorota, os corredores verdes de Biometano no Brasil

Verde

75

15/nov

Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB)

Estratégias para descentralizar e democratizar o financiamento verde

Azul

76

15/nov

Oxfam Brasil

Financiamento climático: Caminhos para implementação das NDCs e promoção da justiça climática

Azul

77

15/nov

***Prefeitura de Abaetetuba – PARÁ

Clima e Energia: Soluções Inovadoras para o Contexto Amazônico

Verde

78

15/nov

Prefeitura de Cubatão

Recuperação ambiental e transição industrial: experiências locais rumo a indústrias sustentáveis

Azul

79

17/nov

Aliança de Juventude Por Governaça Energetica

Juventudes da Pan-Amazônia fazendo acontecer: clima, energia e justiça socioambiental

Verde

80

17/nov

Articulação Semiárido Brasileiro – ASA

Semiáridos do Planeta: Água de Chuva, Convivência com os Biomas e Resiliência Climática. Contribuições dos povos dos Semiáridos do Brasil, Chaco, Corredor Seco e Sahel.

Verde

81

17/nov

Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema)

Sinergias Territoriais em Perspectivas Nacional e Internacional: Enfrentando a Desertificação, a Perda da Biodiversidade e as Mudanças Climáticas

Verde

82

17/nov

Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS)

A Solução Somos Nós: Contribuições dos Territórios de Povos Indígenas, Quilombolas e Comunidades Tradicionais Extrativistas à Ação Climática Global

Azul

83

17/nov

Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ)

Gestão Territorial e Ambiental Quilombola: Contribuições para a Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas no Cerrado e na Mata Atlântica

Verde

84

17/nov

Governo do Estado de Goiás

Inclusão de ecossistemas abertos como sumidouros de carbono para o atingimento das NDCs

Azul

85

17/nov

Governo do Estado do Amapá

Florestas Tropicais Para Sempre – Parcerias Amazônicas para um Financiamento Climático Sustentável

Azul

86

17/nov

Instituto Arapyaú

As florestas brasileiras como parte essencial no combate às mudanças climáticas

Azul

87

17/nov

Instituto Perpetuar (Associação Cultural, Social da Etnia Quilombola Perpetuar)

Juventudes afrodescendentes e justiça climática: tecnologias ancestrais e estratégias intersetoriais dos quilombos, terreiros e periferias para o enfrentamento à mudança global do clima

Verde

88

17/nov

Instituto Vitória Régia

Diálogo sobre a NDC Brasileira e a Proteção da Biodiversidade: Povos Indígenas, Comunidades Tradicionais e Adaptação à Emergência Climática – Experiência Brasil e Colômbia

Azul

89

17/nov

Mombak

Projetos de Carbono de Alta Integridade

Azul

90

17/nov

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST

A Reforma Agrária e as solução popular frente a crise climática

Verde

91

17/nov

***Prefeitura Municipal de Bragança

Vozes da Maré: comunidades tradicionais e o futuro dos manguezais.

Azul

92

17/nov

Rede de Fundos Comunitários da Amazônia

Papel dos Fundos Comunitários Territoriais no Financiamento Climático direto a territórios de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais

Verde

93

18/nov

CentroClima/COPPE/UFRJ

Plano Clima Mitigação e Nova NDC: Avaliando os Impactos Macroconômicos e Sociais da NDC, rumo a uma Transição Justa no Brasil

Verde

94

18/nov

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

Caminhos para a Governança Climática: a mobilização do processo Pré-COP

Verde

95

18/nov

Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS)

Do Compromisso à Implementação: Plataformas de Soluções para a Transição Climática

Azul

96

18/nov

Conselho Nacional de Juventude – CONJUVE

Multilateralismo, juventudes e participação social

Azul

97

18/nov

Coordinadora de las Organizaciones Indígenas de la Cuenca Amazónica

Propuestas climáticas de los Pueblos Indigenas Amazónicos

Verde

98

18/nov

Engajamundo

Ativismo socioambiental no Brasil: a importância histórica do ativismo jovem na luta pelos direitos humanos e da natureza

Azul

99

18/nov

Greenpeace

A urgência de agir pelas florestas: como acabar com o desmatamento e a degradação florestal globalmente até 2030?

Azul

100

18/nov

Indústria Brasileira de Árvores – IBÁ

Restauração Florestal e Silvicultura de Nativas: A Próxima Fronteira para o Clima e Biodiversidade

Verde

101

18/nov

Plant-for-the-Planet Foundation

Além de compromissos: Tornando as NDCs sensíveis à  crianças e jovens

Azul

102

18/nov

PYCC – Presidency Youth Climate Champion da COP30

Justiça Climática para as Juventudes e Infâncias Brasileiras: Perspectivas sobre raça, gênero, deficiências e territórios

Verde

103

18/nov

re.green

Da promessa à escala: remoções de carbono baseadas na natureza e a nova economia da floresta

Azul

104

18/nov

Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (SESCOOP)

PSA – O modelo cooperativo como impulsionador da agenda climática no Brasil

Verde

105

18/nov

Suzano SA

Da Origem ao Impacto: Clima, Natureza e Pessoas na Cadeia de Valor

Azul

106

18/nov

União Nacional dos Estudantes (UNE)

Por uma Universidade da Integração Amazônica: Uma luta da Juventude Latino Americana.

Verde

107

19/nov

Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI

Bioeconomia como caminho da transição ecológica – Um caminho para o desenvolvimento sustentável na Amazônia

Azul

108

19/nov

Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB)

NDC Indígena: Nossos Povos e Territórios são a Resposta à Crise Climática

Azul

109

19/nov

Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma- Amyk

As Kumirayoma e o enfrentamento à crise climática

Verde

110

19/nov

Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura

Rumo aos 12 milhões de hectares: restaurar é coletivo – a sociedade civil corresponsável pela meta

Azul

111

19/nov

Coalizao Negra por Direitos

Trilha do Bem Viver e Reparação: Povos Afrodescendentes rumo à COP30

Verde

112

19/nov

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)

Regularização Ambiental: Escalando a Retificação do Cadastro Rural no Brasil

Azul

113

19/nov

Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA)

A rastreabilidade como pilar para o desenvolvimento sustentável da Amazônia

Azul

114

19/nov

Grupo Carta de Belém

Sistemas Jurisdicionais Subnacionais de Redd+ e o Direito de Consulta Prévia, Livre, Informada e de Boa-fé

Verde

115

19/nov

Marcha Mundial das Mulheres

Economia feminista para a Justiça climática

Verde

116

19/nov

Programa Global REDD Early Movers Mato Grosso REM MT

“Agricultura Familiar e Comunidades Tradicionais: Inovações e Sustentabilidade na Ação Climática do Mato Grosso”

Verde

117

19/nov

União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia – UNICA

Diversificação do etanol: blending, SAF e biocombustíveis marítimos

Verde

118

19/nov

União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária

Cooperação Internacional para a Agricultura Familiar e o Cooperativismo Sustentável no Enfrentamento à Crise Climática

Azul

119

19/nov

World Rural Forum (Fórum Rural Mundial)

Agricultura Familiar e Mutirão Climático: Liderança Global para Sistemas Alimentares Resilientes e Sustentáveis

Azul

120

19/nov

WRI Brasil

Rumo ao NDC 2035: Estratégias para a Descarbonização dos Setores de Alta Emissão

Verde

121

20/nov

ANA Articulação Nacional de Agroecologia

Propostas territoriais da agroecologia para a transformação dos sistemas alimentares

Azul

122

20/nov

Anistia Internacional Brasil

Direito à Segurança Climática no Brasil: Enfrentando Eventos Extremos e Desigualdades Estruturais

Verde

123

20/nov

Comitê Indígena de Mudanças Climáticas (CIMC)

A mãe do Brasil é indígena: soluções de adaptação e mitigação aliadas ao olhar indígena

Verde

124

20/nov

Confederação Nacional das Seguradoras – CNseg

Inteligência climática como instrumento de mitigação e adaptação: contribuições para implementação do Plano Clima

Azul

125

20/nov

Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares CONTAG

“Do compromisso à prática: agricultura familiar na implementação do Acordo de Paris”

Azul

126

20/nov

Fundo Dema

Financiamento climático e justiça socioambiental no Brasil: o papel dos fundos territoriais para transição justa e inclusiva

Verde

127

20/nov

Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Para

Concessões Florestais: Caminhos para a sustentabilidade e desenvolvimento no Pará

Verde

128

20/nov

Isacta (Instituto Socioambiental de Ciência e Tecnologia da Amazônia)

Arquitetura Sustentável e Inovação de Materiais: O Uso da Biomadeira de Açaí na Resiliência Comunitária Amazônica

Verde

129

20/nov

Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais

O impacto na Pesca Artesanal pelas Mudanças Climáticas,racismo ambiental e  perda de direitos constitucionais

Verde

130

20/nov

Natura

Da Amazônia ao mundo: integrando sociobiodiversidade às cadeias globais de valor – um chamado à cooperação aberta

Azul

131

20/nov

O Tempo Virou

O Tempo Virou – Qual o papel da arte e da cultura dentro da pauta climatica?

Verde

132

20/nov

PerifaConnection

Periferias pelo Clima: Tecnologias de Sobrevivência contra o Racismo Ambiental

Azul

133

20/nov

Unilever

Agricultura Regenerativa como Caminho para Mitigação das Emissões na Produção Agrícola

Azul

134

20/nov

WRI Brasil

Financiamento inovador para uma transição justa e verde

Azul

135

21/nov

ABIHV – Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde

Fertilizantes Verdes: Solução para Descarbonizar a Agricultura e Fortalecer a Segurança Alimentar

Verde

136

21/nov

ASSOBIO – Associação dos Negócios de sócio-bioeconomia da Amazônia

Tributação Justa para a Sociobioeconomia: NCM como Instrumento de Desenvolvimento da Amazônia

Verde

137

21/nov

Climate Policy Initiative

Panorama de Financiamento Climático: Desafios e Oportunidades para Mobilizar Recursos Climáticos

Azul

138

21/nov

data_labe

Geração Cidadã de Dados: uma metodologia de participação social inovadora para a adaptação climática

Azul

139

21/nov

LACLIMA

Direito internacional e a emergência climática: diálogo sobre os pareceres consultivos dos tribunais internacionais

Azul

140

21/nov

Projeto Saúde e Alegria

Saúde e Clima Amazônia: Tecnologias Sociais e de Adaptação em  Comunidades Tradicionais

Verde

*** A proposta indicada foi aprovada, mas deverá passar por processo adicional de fusão, conforme definido pelo Comitê Técnico. O MMA informará os procedimentos necessários para a fusão.

COP30 ganha força após Cúpula Climática na ONU com 100 países assumindo novos compromissos

A menos de dois meses da COP30 em Belém do Pará, o palco da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, foi tomado pelo tema climático. Durante a Cúpula do Clima, convocada pelo secretário-geral da ONU António Guterres e pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, cerca de 100 países anunciaram a apresentação de novas metas para seus planos climáticos nacionais.

Esses compromissos, chamados de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), representam dois terços de todas as emissões globais de gases de efeito estufa. Para a comunidade internacional, o anúncio marca não apenas um avanço diplomático, mas também um movimento de pressão coletiva rumo à COP30, que deve ser um ponto de virada na governança climática global.

A urgência expressa em Nova Iorque

Na abertura do encontro, Guterres foi categórico: “A ciência exige ação. A lei ordena. A economia impulsiona. E as pessoas estão clamando por isso.” A fala sintetizou a atmosfera de cobrança e esperança que pairava sobre o evento.

Pela primeira vez, grandes economias como a China e a Nigéria, ambas altamente estratégicas por seus perfis de emissões e recursos naturais, anunciaram metas de redução abrangentes, incluindo todos os gases de efeito estufa e setores produtivos. Outras nações, em especial países emergentes, detalharam novos compromissos em energia renovável, corte de emissões de metano, preservação de florestas e planos de transição para abandonar gradualmente os combustíveis fósseis.

Os anúncios reforçam uma percepção já consolidada: a transição energética não é apenas um desafio ambiental, mas uma oportunidade econômica. Diversos líderes destacaram o potencial de geração de empregos, segurança energética e inovação tecnológica que pode surgir dessa transformação.

UN71118154_9-23-25_ED_32766_-1-400x267 COP30 ganha força após Cúpula Climática na ONU com 100 países assumindo novos compromissos
ONU/Eskinder Debebe

SAIBA MAIS: Rumbo à COP30: espaço de formação fortalece jornalistas latino-americanos para a cobertura da cúpula climática

O peso dos países em desenvolvimento

Embora muitos avanços tenham sido registrados, os países em desenvolvimento chamaram atenção para um ponto sensível: o financiamento climático. Sem recursos adicionais, alertaram, será impossível expandir projetos de adaptação, resiliência e compensação por perdas e danos. O apelo foi claro: os compromissos não podem se limitar às promessas, precisam estar acompanhados de mecanismos de financiamento robustos e acessíveis.

Essa demanda ecoa o que deve ser um dos temas centrais em Belém: como os países ricos irão ampliar o apoio financeiro e tecnológico aos mais vulneráveis, permitindo que as metas climáticas sejam viáveis fora do papel.

Diálogos de soluções e o papel do Brasil

A preparação para a Cúpula foi marcada pelos “Diálogos de Soluções Climáticas”, encontros organizados pela ONU e pelo governo brasileiro ao longo da semana de alto nível em Nova Iorque. O objetivo foi reunir governos, setor privado, sociedade civil e instituições financeiras para discutir medidas concretas que já podem ser aplicadas.

Entre os temas debatidos estiveram adaptação, sistemas de alerta precoce, transição energética, descarbonização industrial, financiamento, integridade da informação e combate às emissões de metano. Uma das iniciativas em destaque foi a Iniciativa Florestas Tropicais para Sempre, que busca alinhar preservação com desenvolvimento sustentável.

Segundo os organizadores, o esforço é criar um elo direto entre compromissos multilaterais e políticas implementáveis, algo que aumente a credibilidade da COP30 e evite a repetição de promessas que nunca se concretizam.

Belém como marco histórico

O encontro em Nova Iorque deixou clara a expectativa global em torno da COP30. Para Guterres, o evento no Brasil deve ser “a conclusão de um plano global de resposta credível” que mantenha viva a meta de limitar o aquecimento a 1,5°C.

A vice-secretária-geral Amina Mohammed encerrou a Cúpula destacando que, mesmo em tempos de fragmentação geopolítica, o mundo ainda é capaz de se unir em torno da causa climática.

A mensagem, ao fim, foi inequívoca: a década decisiva para enfrentar a crise climática começa em Belém. Se os compromissos assumidos se transformarem em políticas reais, a COP30 poderá ser lembrada como o momento em que a política internacional deixou de falar sobre futuro e passou a agir no presente.

Cultura periférica mobiliza juventudes pela Amazônia de Pé

No coração de Manaus, becos, praças, universidades e escolas se transformaram em palcos para um encontro entre cultura periférica e luta socioambiental. Entre os dias 19 e 21 de setembro, o coletivo Perifa Amazônia, nascido da força do Hip Hop e da educação ambiental, realizou o Circuito Perifa Amazônia pela Amazônia de Pé. A mobilização integrou a programação da Virada Cultural Amazônia de Pé, movimento nacional que, a 50 dias da COP30 em Belém, tomou diferentes regiões do Brasil para exigir proteção das florestas públicas não destinadas.

A iniciativa mostrou, de forma viva e contundente, que a defesa da Amazônia não está restrita a gabinetes ou conferências internacionais. Ela nasce também da quebrada, com a voz das juventudes urbanas que vivem os efeitos da crise climática no dia a dia. No Amazonas, esse encontro entre cultura e política ambiental ganhou forma por meio de batalhas de slam, oficinas de grafite, rodas de conversa e intervenções artísticas que ocuparam espaços simbólicos como o Beco do Macedo, a Praça Libertador, a Escola Estadual Herbert Palhano, a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e o Movimento Nepal.

O recado foi claro: proteger as florestas públicas é a maior contribuição que o Brasil pode oferecer ao mundo diante da emergência climática. Só no estado do Amazonas, 30 milhões de hectares de florestas não destinadas estão sob risco de grilagem e desmatamento. Por isso, durante o circuito, o Perifa Amazônia protocolou junto ao governo estadual um pedido formal de destinação dessas áreas para unidades de conservação, povos indígenas e comunidades tradicionais.

MG_8198-3-400x225 Cultura periférica mobiliza juventudes pela Amazônia de Pé
Fotos: André Cavalcante

VEJA TAMBÉM: Nova rota Brasil-China reduz custos e conecta Amazônia ao mundo

A programação foi construída como um mosaico de experiências culturais e políticas. Na Praça Libertador, oficinas de grafite e segurança alimentar aproximaram a arte de temas urgentes da sobrevivência coletiva. Na UFAM, jovens engajados coletaram assinaturas para fortalecer a campanha Amazônia de Pé. No Beco do Macedo, uma roda de conversa tratou da cultura e do clima como ferramentas de resistência comunitária. E no Movimento Nepal, o circuito se encerrou com a criação do mural “Amazônia de Pé” e uma batalha de slam que deu voz às juventudes periféricas.

Para Patrícia Patrocínio, fundadora do Perifa Amazônia, a força da mobilização esteve justamente nessa junção entre arte, política e pertencimento. “O Circuito Perifa Amazônia mostrou que cultura e clima caminham juntos. Quando ocupamos os becos, as praças e as escolas com a cultura hip hop e a defesa da floresta, construímos novas formas de mobilizar as juventudes e proteger a Amazônia em pé”, destacou.

Essa articulação faz parte de um movimento maior que vem crescendo às vésperas da COP30. A Virada Cultural Amazônia de Pé levou atividades para todas as regiões do Brasil, reunindo coletivos, artistas, organizações sociais e comunidades tradicionais. A mensagem enviada ao mundo é que a Amazônia precisa ser defendida não apenas como patrimônio natural, mas como território de vida, diversidade cultural e esperança.

DSC5720-2-400x600 Cultura periférica mobiliza juventudes pela Amazônia de Pé
Fotos: André Cavalcante

Ao cruzar linguagens artísticas com a pauta ambiental, o Circuito Perifa Amazônia propôs um caminho alternativo para engajar públicos historicamente afastados dos debates climáticos. O uso do grafite, do slam e das rodas de conversa populares não é apenas estética: é estratégia política. Ele cria pontes entre a urgência global de proteger a floresta e a experiência concreta das periferias que enfrentam enchentes, calor extremo e insegurança alimentar.

O simbolismo dessa mobilização não pode ser ignorado. À medida que Belém se prepara para receber líderes de todo o planeta na COP30, a periferia amazônica se antecipa e mostra que também é protagonista desse processo. A luta pela Amazônia de Pé não é só uma causa ambiental, mas uma demanda por justiça climática que conecta jovens, comunidades e culturas em torno de um mesmo objetivo: garantir que a floresta continue existindo e que as pessoas que dela dependem tenham seus direitos respeitados.

O Circuito Perifa Amazônia deixou um legado que vai além das oficinas ou murais criados. Ele reafirmou que a resistência amazônica também pulsa nas rimas, nos sprays de tinta e nas vozes das quebradas. E que, para manter a floresta de pé, é preciso também manter de pé as culturas, os corpos e as juventudes que fazem dela sua casa e sua bandeira.

BNDES lança edital para restaurar florestas na Bacia do Xingu

À medida que a Amazônia se torna um dos focos centrais das discussões internacionais sobre clima e biodiversidade, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou um novo passo para fortalecer a restauração ecológica na Bacia do Xingu. O edital Bacia do Rio Xingu 2, lançado dentro da iniciativa Floresta Viva, vai destinar R$ 6,3 milhões para financiar até seis projetos que unam recuperação ambiental e inclusão social em uma das regiões mais pressionadas da Amazônia.

Esse valor corresponde a recursos remanescentes do primeiro edital, realizado em 2023, quando quatro projetos foram selecionados, totalizando R$ 20,3 milhões. Agora, a expectativa é ampliar o alcance das ações e garantir que comunidades locais, povos indígenas, quilombolas e assentados da reforma agrária participem diretamente do processo de restauração.

O desenho do edital tem um caráter estratégico. As propostas devem se concentrar em áreas prioritárias: Unidades de Conservação, Áreas de Preservação Permanente (APP), Reservas Legais (RL) de pequenos imóveis rurais e territórios de comunidades tradicionais. A ênfase está em iniciativas que combinem reflorestamento com geração de renda sustentável, fortalecendo cadeias produtivas locais e oferecendo capacitação às organizações envolvidas. Segundo Tereza Campello, diretora Socioambiental do BNDES, pelo menos 50% dos recursos de cada proposta precisam estar direcionados à restauração ecológica.

Sobrevoo-BeloMonte-14-400x267 BNDES lança edital para restaurar florestas na Bacia do Xingu
Divulgação

VEJA TAMBÉM: AI e sistemas indígenas: um diálogo para proteger florestas e culturas

A gestão do edital será conduzida pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), parceiro do BNDES na implementação do Floresta Viva. As propostas podem ser submetidas até 7 de novembro de 2025, exclusivamente pelo site da instituição. Podem concorrer associações civis, fundações privadas e cooperativas sem fins lucrativos que tenham no mínimo dois anos de constituição.

O financiamento reúne diferentes fontes. Além do Fundo Socioambiental do BNDES, os aportes vêm da Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, do grupo Energisa e do Fundo Vale. A diversidade de parceiros reforça a ideia de que a restauração da Amazônia é um desafio coletivo, que exige convergência entre setor público, empresas privadas e organizações da sociedade civil.

Silvia Cabral, diretora de Regulação, Comercialização e Sustentabilidade da Norte Energia, resume o papel da companhia no processo: “Apoiar o Floresta Viva significa somar esforços pela restauração da Amazônia e pela valorização do bioma. Essa é uma prioridade para nós: gerar energia limpa com responsabilidade socioambiental e contribuir para a preservação do território onde atuamos”.

A trajetória do Floresta Viva já mostra resultados concretos. Entre os projetos aprovados em 2023 estão:

  • Xingu Sustentável, o cacau orgânico gerando renda e promovendo a restauração ecológica do Médio Xingu, desenvolvido pela Cooperativa Central de Produção Orgânica da Transamazônica e Xingu;

  • Na trilha da Floresta Viva: restauração ecológica socioprodutiva na Bacia do Xingu, conduzido pela Associação Rede de Sementes do Xingu;

  • Sempre Vivas, Sempre Verdes: restauração ecológica e inclusão socioprodutiva na Resex Verde para Sempre, executado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil;

  • Resset Assurini, realizado pela Fundação de Ciência, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Sustentável Guamá.

Essas experiências revelam o potencial de integrar conservação ambiental com geração de renda, mostrando que recuperar florestas também pode significar abrir caminhos para economias mais inclusivas e sustentáveis.

Às vésperas da COP30, que ocorrerá em Belém em novembro, o novo edital ganha peso simbólico. Ele demonstra que, enquanto os líderes globais debatem metas e compromissos, ações práticas estão em andamento na Amazônia. São projetos que, ao mesmo tempo, recuperam áreas degradadas, fortalecem comunidades locais e contribuem para que o Brasil avance em sua agenda climática.

Mais do que um aporte financeiro, o Floresta Viva representa uma mudança de paradigma: a restauração florestal como vetor de desenvolvimento socioambiental. Ao investir na Bacia do Xingu, o programa aponta para um futuro em que o equilíbrio entre floresta, comunidades e economia deixa de ser um ideal distante para se tornar realidade construída coletivamente.

Rio de Janeiro recebe programa global de liderança climática em novembro

Entre os dias 2 e 5 de novembro de 2025, o Rio de Janeiro será palco de uma iniciativa global que coloca a juventude no centro das soluções para a crise climática: o Generation Earthshot Leadership Programme. O encontro acontecerá em paralelo à Cúpula do Earthshot Prize, considerado hoje um dos prêmios mais relevantes do mundo para inovação ambiental.

O programa reunirá 75 jovens de 18 a 30 anos que já atuam como líderes climáticos em suas regiões. A composição foi pensada para valorizar a diversidade global: 50 brasileiros, 10 jovens africanos e 15 da Ásia-Pacífico. Durante quatro dias intensos, eles terão acesso a uma programação imersiva que combina aprendizado técnico, desenvolvimento pessoal e experiências práticas. A proposta é simples e ousada: criar condições para que essa nova geração consiga acelerar mudanças reais e duradouras no enfrentamento das mudanças climáticas.

O Generation Earthshot foi desenhado em colaboração entre o The Earthshot Prize, a organização internacional Common Purpose e a Youth Climate Leaders (YCL), com apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS). Juntas, essas instituições formam uma rede de atores que acreditam na potência transformadora da juventude e na importância de investir em conexões globais de longo prazo.

Ao longo do programa, os participantes terão acesso a masterclasses, oficinas interativas e diálogos conduzidos por especialistas internacionais e agentes de mudança de diferentes setores. O objetivo é duplo: oferecer conteúdo de alta qualidade e, ao mesmo tempo, estimular o exercício da liderança colaborativa. Além da teoria, haverá atividades práticas que simulam contextos reais de tomada de decisão, preparando os jovens para liderar com coragem e criatividade.

unnamed-1-400x225 Rio de Janeiro recebe programa global de liderança climática em novembro
Earthshot Prize – Divulgação

VEJA TAMBÉM: Rumbo à COP30: espaço de formação fortalece jornalistas latino-americanos para a cobertura da cúpula climática

Outro ponto alto da experiência será a possibilidade de participar da Cúpula e da noite de premiação do Earthshot Prize. Nesse encontro, que reúne chefes de Estado, empresários, cientistas e ativistas, os jovens estarão lado a lado com algumas das mentes mais influentes do planeta na construção de soluções para a crise climática. Essa oportunidade inédita cria um espaço de troca onde a juventude deixa de ser apenas expectadora para assumir protagonismo.

A proposta do Generation Earthshot não se limita a oferecer quatro dias de formação. O desenho do programa busca plantar sementes para uma rede global de colaboração. Ao fornecer ferramentas, mentalidade estratégica e conexões, a iniciativa se posiciona como um catalisador para que esses jovens multipliquem seu impacto em seus territórios de origem. Cada participante é visto como um elo que pode irradiar transformação, inspirar comunidades locais e ampliar a escala de soluções climáticas.

As inscrições para participar estão abertas até 24 de setembro. Jovens interessados devem preencher o formulário disponível no site oficial do Generation Earthshot Leadership Programme. A seleção leva em conta não apenas o engajamento já demonstrado pelos candidatos, mas também sua capacidade de aprender em rede e aplicar os conhecimentos adquiridos em benefício coletivo.

No atual cenário de urgência climática, o programa se insere como resposta à necessidade de preparar lideranças aptas a enfrentar dilemas complexos, dialogar entre culturas distintas e propor soluções inovadoras. Ao apostar em jovens que já demonstram compromisso com a causa, a iniciativa funciona como uma espécie de aceleradora de trajetórias, potencializando projetos que podem influenciar políticas públicas, mobilizar comunidades ou transformar cadeias produtivas.

O Generation Earthshot reafirma a ideia de que enfrentar a crise climática é uma tarefa que exige não apenas tecnologia e recursos, mas também visão de futuro, coragem de liderar e capacidade de cooperar em escala global. Ao se realizar no Brasil, o programa ainda reforça o papel estratégico do país na agenda ambiental internacional e abre uma oportunidade singular para jovens brasileiros dialogarem diretamente com lideranças de outros continentes.

Mais do que um evento, trata-se de uma convocação para uma geração que já não pode esperar. São jovens que carregam a urgência de agir, mas também a esperança de reimaginar o que significa prosperar em equilíbrio com o planeta. O Generation Earthshot é, acima de tudo, um convite para transformar ideias em impacto real.

Quando a ciência encontra a tradição: Xingu ensina o Brasil a conviver com o fogo

O fogo pode ser tanto ameaça quanto aliado. Na Amazônia, onde as queimadas ilegais são sinônimo de destruição, comunidades indígenas mostram que o uso controlado das chamas pode ser uma ferramenta de proteção. Essa visão ganhou força no Território Indígena do Xingu, em Mato Grosso, durante a iniciativa Diálogos Itinerantes, promovida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por meio do Prevfogo, seu programa de prevenção e combate a incêndios florestais.

A proposta nasceu do Serviço de Prevenção a Incêndios Florestais (Sepif/Prevfogo) e aposta na união de dois mundos: o conhecimento ancestral indígena sobre o manejo do fogo e as técnicas modernas de prevenção usadas por brigadistas ambientais. A experiência se traduziu em rodas de conversa, oficinas práticas e até sessões de cinema comunitário, em um processo de escuta horizontal que busca valorizar saberes locais.

Durante agosto e setembro, a equipe liderada por Kurtis François Teixeira Bastos, chefe do Sepif, percorreu aldeias como Matipu, Boa Esperança, Pavuru, Caniné, Capivara, Mupa, Pakaya e Sobradinho. Em cada parada, surgiam novas perspectivas: enquanto indígenas compartilhavam a lógica milenar do fogo usado para abrir roças e renovar áreas de cultivo, brigadistas apresentavam métodos de queima controlada e estratégias de segurança.

À noite, as aldeias se transformaram em cinemas a céu aberto. Filmes educativos produzidos pelo Prevfogo, como Fogo e Segurança Alimentar (2017), Turma do Labareda (2017) e Turma do Folclore (2023), despertaram conversas sobre o papel do fogo na vida comunitária e os perigos de seu uso descontrolado.

2025-09-19_gutodausterprevfogo-192-400x267 Quando a ciência encontra a tradição: Xingu ensina o Brasil a conviver com o fogo
DIvulgação – Prevfogo

VEJA TAMBÉM: A árvore amazônica que resiste ao fogo e pode salvar florestas inteiras da destruição

Fogo como lição e memória

Na aldeia Mayda, uma queima de roça conduzida pela brigada indígena Pakaya virou aula prática. Ali, o chefe do Sepif demonstrou como elaborar um plano seguro de queima, transformando a prática ancestral em instrumento pedagógico.

Mas o aprendizado veio também com a dor. Durante uma dessas atividades, Bastos homenageou Uellinton Lopes, conhecido como Eltinho, brigadista que perdeu a vida em 2022 em um incêndio na Terra Indígena Capoto Jarina. O tributo emocionou os presentes e simbolizou a responsabilidade coletiva de evitar novas perdas.

O Xingu como território de resistência

O Parque Indígena do Xingu, criado graças ao esforço dos irmãos Villas-Bôas nos anos 1940 e 1960, é hoje um dos maiores blocos de floresta protegida da Amazônia. Mais do que território indígena, é um pilar para o equilíbrio climático do Brasil e da América do Sul, influenciando o regime de chuvas e a estabilidade da biodiversidade.

Ao reunir 16 etnias em torno de práticas colaborativas de manejo do fogo, os Diálogos Itinerantes reafirmam essa vocação histórica: a de um espaço onde diversidade cultural e proteção ambiental caminham lado a lado.

No Brasil, o debate sobre incêndios florestais costuma ser marcado por números de destruição e imagens de fumaça. O que o Xingu ensina é que o fogo, quando manejado com sabedoria, pode ser ferramenta de renovação e defesa. A iniciativa do Ibama, ao reconhecer e integrar saberes indígenas, rompe com a lógica verticalizada das políticas ambientais e inaugura um caminho mais participativo.

Essa experiência também ecoa em um cenário global. No contexto da emergência climática, projetos que unem ciência e tradição mostram que a resposta ao colapso ambiental não virá apenas da tecnologia, mas também do respeito aos conhecimentos que nasceram da relação íntima entre povos e territórios.

O Xingu segue como exemplo vivo dessa possibilidade: de que proteger a floresta é também valorizar aqueles que a mantêm de pé. E que o fogo, visto tantas vezes como inimigo, pode ser aliado quando guiado pela sabedoria.

Nova rota Brasil-China reduz custos e conecta Amazônia ao mundo

Uma nova rota marítima promete reposicionar o Brasil no tabuleiro global do comércio exterior, encurtando distâncias e ampliando oportunidades. A partir deste sábado, o porto de Santana, no Amapá, passa a estar conectado diretamente ao porto de Zhuhai, na China. A iniciativa foi celebrada pelo ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, durante entrevista ao programa “Bom Dia, Ministro”, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

O anúncio é carregado de simbolismo: pela primeira vez, o Arco Norte — sistema de portos que conecta a produção agrícola do Centro-Oeste e da Amazônia ao Atlântico — terá uma ligação direta com a chamada Grande Área da Baía, que reúne Guangdong, Hong Kong e Macau. O ponto de chegada é o porto de Gaolan, em Zhuhai, um dos mais estratégicos da região.

De acordo com o ministro, os ganhos são evidentes. O tempo de transporte até a China será reduzido em aproximadamente 14 dias, se comparado às rotas tradicionais que passam por portos do Sul e Sudeste. Além disso, a economia no custo logístico pode chegar a US$ 7,80 por tonelada de soja exportada. Para destinos na Europa, a diferença sobe para US$ 14 por tonelada, tornando Santana um polo competitivo no cenário global.

Essa nova configuração logística abre espaço para transformar o Amapá e a Amazônia em corredores estratégicos não apenas para a exportação de grãos, mas também para a importação de biofertilizantes e, no futuro, para a diversificação de cadeias produtivas. “As vantagens são enormes. Mas o verdadeiro desafio será a nossa capacidade de coordenar e organizar produtos de interesse da China”, afirmou Góes.

A fala do ministro revela uma visão de longo prazo para a região amazônica: a industrialização como caminho para agregar valor e gerar prosperidade. Produtos como açaí, cacau, café, castanha-do-pará, madeira e pescado já fazem parte do repertório amazônico, mas ainda chegam ao mercado internacional em grande parte como matéria-prima. “Precisamos processar, transformar e levar ao mundo bens acabados, não apenas insumos brutos”, enfatizou.

waldez-goes-mc_abr_28082025-5-400x266 Nova rota Brasil-China reduz custos e conecta Amazônia ao mundo
Ministro da Integração e Desenvolvimento Regional: Waldez Góes – Marcelo Camargo/Agência Brasil

SAIBA MAIS: China declara apoio decisivo ao Brasil para COP30 em Belém

China é um aliado estratégico a Amazônia

Essa estratégia ganha força em um momento de crescente interesse global pela bioeconomia. A biodiversidade amazônica não se limita ao setor alimentício, mas inclui potencial para o desenvolvimento de fármacos, cosméticos e biotecnologias. Góes lembrou que a Amazônia fornece insumos valiosos que, processados localmente, podem gerar empregos, renda e inovação tecnológica no próprio território.

O mercado chinês, com seus 1,4 bilhão de consumidores, aparece como destino prioritário dessa aposta. Pequenos aumentos no consumo per capita de produtos brasileiros podem se traduzir em volumes expressivos. O café foi citado como exemplo: hoje, os chineses consomem, em média, uma xícara por mês. “Se esse número dobrar, o impacto será gigantesco para os produtores brasileiros”, observou o ministro.

A cooperação entre Brasil e China, que já se consolidou em áreas como infraestrutura e energia, encontra na nova rota um instrumento para estreitar ainda mais a parceria. O embarque inaugural que chega a Santana neste fim de semana é apenas o início de um processo que pode redefinir a integração econômica da Amazônia ao mercado internacional.

Mais do que um projeto logístico, a rota Santana–Zhuhai é um símbolo do potencial de transformação de uma região historicamente vista como periférica. Ao colocar o Amapá no mapa dos grandes fluxos globais de comércio, o Brasil dá um passo importante para combinar competitividade econômica, valorização da biodiversidade e inclusão social.

Coruja-buraqueira: 6 curiosidades que mostram como ela escolhe lugares improváveis para viver

Imagine estar andando por uma praça movimentada, um campo de futebol ou até mesmo em um aeroporto e, de repente, perceber que alguém está te observando. Não, não é uma pessoa: é uma coruja-buraqueira, com seu olhar fixo e expressivo, surgindo de dentro de um buraco no chão. Diferente da maioria das corujas, essa espécie prefere os lugares abertos e, muitas vezes, surpreende ao escolher locais que ninguém esperaria.

Coruja-buraqueira: a ave que foge do comum

A coruja-buraqueira (Athene cunicularia) é uma das espécies mais peculiares da fauna brasileira. Ao contrário da imagem clássica de corujas que vivem em árvores altas ou lugares isolados, ela habita ambientes abertos, muitas vezes em áreas urbanizadas.

De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), essa coruja pode ser encontrada desde áreas rurais até terrenos baldios no meio das cidades, sempre em busca de buracos para se abrigar e se proteger. Já estudos divulgados pela Cornell Lab of Ornithology, nos Estados Unidos, reforçam que o comportamento adaptável dessa ave é o que garante sua sobrevivência em diferentes habitats, inclusive próximos aos humanos.

1. Prefere buracos prontos a cavar sozinha

Embora seja chamada de buraqueira, essa coruja muitas vezes aproveita tocas já abandonadas por tatus, preás ou outros animais de pequeno porte. Essa estratégia economiza energia e dá à ave maior agilidade para ocupar rapidamente espaços disponíveis. Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontam que esse comportamento aumenta as chances de sobrevivência, já que a ave consegue se instalar em áreas que outros animais abandonaram.

2. Vive bem em áreas urbanas movimentadas

Se você pensa que o barulho da cidade afasta as aves, com a coruja-buraqueira acontece o contrário. Ela é frequentemente avistada em praças, jardins e até campos esportivos. Em São Paulo, por exemplo, já foram registradas dezenas de famílias vivendo próximas a rodovias. Esse comportamento curioso se deve ao fato de que as áreas urbanizadas muitas vezes oferecem alimento fácil, como insetos e pequenos roedores.

3. Atenta e corajosa diante de humanos

Uma das características mais marcantes da coruja-buraqueira é sua ousadia. Ao contrário de outras espécies que fogem rapidamente da presença humana, ela encara, permanece parada e, muitas vezes, acompanha os movimentos de quem se aproxima. Segundo o portal Aves de Rapina Brasil, essa postura é uma forma de defesa: a ave observa e avalia riscos antes de decidir se precisa voar.

4. Faz ninho em colônias

Outro comportamento surpreendente é que a coruja-buraqueira gosta de formar colônias. Não é raro encontrar dezenas de ninhos próximos uns dos outros em um mesmo espaço aberto. Essa estratégia aumenta a segurança, já que várias aves podem vigiar e alertar o grupo sobre predadores. Esse modelo de vida comunitária é bastante incomum entre as corujas e reforça o caráter social da espécie.

5. Alimentação versátil garante sua sobrevivência

A coruja-buraqueira é uma predadora versátil. Ela se alimenta de insetos, pequenos roedores, répteis e até anfíbios. Em áreas urbanas, não é incomum que aproveite restos de alimentos deixados pelos humanos. Segundo dados do ICMBio, essa flexibilidade alimentar explica em parte por que a espécie consegue se adaptar tão bem a diferentes regiões, inclusive cidades.

6. Uma ave símbolo de resiliência e adaptação

A capacidade de viver em locais improváveis e de se adaptar a mudanças drásticas no ambiente mostra a força da coruja-buraqueira. Nos Estados Unidos, a espécie já foi registrada em áreas desérticas, aeroportos e até em campos de golfe, provando que ela não se intimida com a presença humana nem com ambientes hostis. Essa resiliência a torna um exemplo de sobrevivência em meio à rápida urbanização.

Mais do que curiosa, a coruja-buraqueira é um lembrete da riqueza e da diversidade da fauna brasileira. Sua presença próxima aos humanos é, ao mesmo tempo, uma surpresa e um privilégio: mostra que, mesmo diante de tantos impactos ambientais, algumas espécies conseguem resistir e conviver lado a lado conosco.

A presença da coruja-buraqueira como sinal de equilíbrio ambiental

Ver uma coruja-buraqueira em áreas urbanas pode ser interpretado como um indicador de que ainda existe um certo equilíbrio no ecossistema local. Sua presença mostra que pequenos insetos e roedores, base de sua alimentação, continuam disponíveis. Especialistas do ICMBio destacam que essas aves funcionam como espécies sentinelas, alertando sobre a saúde ambiental dos espaços que ocupam.

A curiosidade que desperta nas crianças e observadores

Outro aspecto fascinante da coruja-buraqueira é o impacto positivo que causa nas pessoas, principalmente em crianças. Encontrar a ave em praças ou jardins desperta curiosidade e aproxima a população da natureza de forma simples e encantadora. Esse contato direto ajuda a fortalecer a consciência ambiental e cria uma relação de respeito com a fauna urbana.

A importância da conservação dessa espécie resiliente

Apesar de sua capacidade de adaptação, a coruja-buraqueira também sofre ameaças, como atropelamentos, envenenamento por pesticidas e perda de habitat. Organizações ambientais reforçam que proteger seus locais de nidificação é essencial para garantir a continuidade da espécie. Preservar áreas verdes nas cidades e incentivar práticas urbanas mais sustentáveis são passos fundamentais nesse processo.

  Leia mais artigos aqui

Conheça também – Revista Para+

7 perigos silenciosos da sucuri que tornam esse animal uma das maiores predadoras do planeta

Você já imaginou estar diante de um animal que pode medir até oito metros, pesar mais de 200 quilos e, mesmo assim, se mover com a discrição de uma sombra? Esse é o universo da sucuri, uma das serpentes mais temidas da Amazônia e considerada a maior do continente americano. Ao contrário do que muitos pensam, seu perigo não está apenas no tamanho impressionante, mas em um conjunto de habilidades silenciosas que a transformam em uma predadora quase imbatível.

Sucuri: uma força da natureza que desafia limites

A sucuri não conquista seu posto de predadora suprema apenas pelo porte físico. Seu poder está na soma de características que, juntas, a tornam um animal capaz de dominar presas muito maiores do que ela mesma. Relatos científicos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) reforçam que a anaconda-verde (Eunectes murinus) pode permanecer horas submersa, aguardando o momento perfeito para atacar, aproveitando o mínimo descuido da vítima.

Além disso, segundo dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a presença da sucuri em ecossistemas ribeirinhos desempenha papel crucial no equilíbrio ambiental. Ela controla populações de capivaras, aves aquáticas e até jacarés, mantendo o ciclo natural em funcionamento.

Camuflagem natural que engana até os mais atentos

A coloração da pele da sucuri mistura tons de verde, marrom e preto, criando uma camuflagem quase perfeita com a água turva dos rios amazônicos. Esse disfarce faz com que muitas presas não percebam o perigo até o momento do ataque.

Fôlego impressionante dentro da água

Estudos da National Geographic (EUA) apontam que a sucuri pode prender a respiração por até 30 minutos debaixo d’água. Essa habilidade a torna praticamente invisível para quem passa perto, aguardando imóvel até o instante exato de se lançar sobre a presa.

O ataque silencioso que não dá chances

O ataque da sucuri é uma aula de estratégia. Sem veneno, ela utiliza força bruta para dominar. Primeiro, morde rapidamente para segurar a vítima. Em seguida, enrola seu corpo em espirais cada vez mais firmes, comprimindo a respiração da presa até sufocá-la.

Segundo herpetologistas da USP, a pressão exercida por uma sucuri adulta pode superar 90 kg por metro quadrado, suficiente para esmagar ossos de animais de médio porte. Esse método eficiente elimina a necessidade de caçadas constantes, já que a digestão pode levar semanas.

Digestão lenta e eficiente

Após abater sua vítima, a sucuri engole o animal inteiro. O processo digestivo é lento e consome tanta energia que ela pode passar semanas sem se alimentar novamente. Esse ciclo reduz sua exposição a predadores e a riscos desnecessários.

Domínio sobre grandes presas

Relatos documentados no Pantanal mostram sucuris predando animais de grande porte, como capivaras adultas e até jacarés. Esse domínio sobre presas de tamanho significativo reforça sua posição no topo da cadeia alimentar.

Inteligência natural e comportamento estratégico

Ao contrário da imagem de “fera irracional”, a sucuri demonstra comportamento estratégico. Pesquisadores da Embrapa observaram que esses animais escolhem pontos de emboscada próximos a locais de passagem frequente de presas, como beiras de rios e áreas de alagado. Essa paciência pode durar dias, sem movimento perceptível.

Além disso, a sucuri não desperdiça energia. Se percebe que a presa é muito grande ou resistente, simplesmente recua e aguarda outra oportunidade. Esse cálculo instintivo aumenta suas chances de sobrevivência e reduz riscos desnecessários.

Reprodução e território

As fêmeas, maiores que os machos, podem gerar ninhadas com até 80 filhotes de uma só vez. Esse potencial reprodutivo garante a continuidade da espécie e fortalece sua presença em áreas estratégicas da Amazônia e do Pantanal.

O fascínio e o medo que cercam a sucuri

O imaginário popular sempre cercou a sucuri de histórias e lendas. Desde pescadores que relatam encontros assustadores até documentários que mostram sua força descomunal, esse animal carrega um misto de fascínio e temor.

A própria Fiocruz alerta que, embora acidentes envolvendo humanos sejam raros, a sucuri é capaz de representar risco real em situações específicas, especialmente em áreas de pesca artesanal, onde o encontro inesperado pode ser fatal.

Apesar do medo, o respeito por esse predador é fundamental. Assim como grandes felinos e aves de rapina, ela desempenha papel vital no equilíbrio ecológico. Proteger a sucuri é proteger o ecossistema inteiro que depende dela.

Um predador silencioso que ensina sobre equilíbrio

Os 7 perigos silenciosos da sucuri — camuflagem, fôlego, ataque rápido, constrição mortal, digestão lenta, domínio de grandes presas e comportamento estratégico — a colocam como uma das predadoras mais completas do planeta.

Ao entender seus mecanismos de sobrevivência, percebemos que a sucuri não é apenas uma ameaça. Ela é também um lembrete da força da natureza e da necessidade de respeitar cada elo da cadeia alimentar. O silêncio de sua aproximação e a potência de seu ataque são símbolos de um equilíbrio que a humanidade ainda precisa aprender a preservar.

Leia mais artigos aqui

Conheça também – Revista Para+