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Gado ilegal na Amazônia: carne exportada pode carregar devastação

A carne que chega às mesas brasileiras e internacionais pode estar impregnada pela destruição da Amazônia e pela violação de direitos indígenas. Uma investigação conduzida pelo Greenpeace Brasil revelou que bois criados de forma ilegal dentro da Terra Indígena Pequizal do Naruvôtu, em Mato Grosso, entraram na cadeia de abastecimento de um dos maiores frigoríficos do mundo.

Esse mecanismo, chamado de “lavagem de gado”, ocorre quando animais criados em áreas embargadas ou protegidas são transferidos para fazendas aparentemente regulares. A partir desse ponto, ganham aparência de legalidade e seguem para os frigoríficos como se não carregassem em sua história a marca da devastação. O resultado é uma cadeia de carne que alimenta a economia global às custas da floresta e dos povos que dela dependem.

Terra indígena sob ameaça constante

A Terra Indígena Pequizal do Naruvôtu foi homologada em 2016, após reconhecimento oficial da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI). Pela Constituição, a presença de não indígenas ou a realização de atividades econômicas em seu interior é proibida.

Na prática, contudo, a homologação não impediu a invasão de fazendeiros. Um deles, proprietário de terras que se sobrepõem à área demarcada, foi autuado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por criar gado ilegalmente dentro do território indígena. A Fazenda Três Coqueiros II, de 592 hectares, soma multas milionárias, mas mesmo sob embargo continuou operando.

As investigações mostram que os bois dessa propriedade eram sistematicamente transferidos para a Fazenda Itapirana, uma área fora da terra indígena e sem embargos ativos. Essa segunda fazenda funcionava como um ponto de legalização: a partir dela, os animais eram vendidos sem restrições a frigoríficos.

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Como a carne ilegal cruzou fronteiras

Entre 2018 e 2025, mais de mil bois foram transferidos da área embargada para a Itapirana. No mesmo período, essa fazenda forneceu quase três mil animais a grandes frigoríficos localizados em Mato Grosso.

De lá, a carne ganhou escala global: cortes oriundos desse fluxo ilegal foram distribuídos em todo o Brasil e enviados a mercados internacionais. Um dos frigoríficos envolvidos é autorizado a exportar para a União Europeia; outro, para Hong Kong e diversos destinos. Isso significa que consumidores mundo afora podem ter colocado no prato carne produzida a partir de gado criado em terras indígenas invadidas.

Compromissos distantes da realidade

O mais alarmante é que a gigante da carne já havia firmado compromissos públicos de zerar o desmatamento em sua cadeia de produção, incluindo o monitoramento de fornecedores indiretos, de onde mais comumente saem as irregularidades. Esses compromissos remontam a mais de uma década, mas a prática investigada demonstra que a promessa não saiu do papel.

A fragilidade do sistema de controle e a repetição de esquemas de ocultação revelam que o problema não é pontual, mas estrutural. A “lavagem de gado” continua sendo o elo que conecta o desmatamento e a invasão de terras indígenas à carne que circula legalmente no mercado global.

Esse caso não deve ser visto como exceção. Pelo contrário: ele expõe um padrão que se repete em toda a Amazônia. Enquanto não houver rastreabilidade total do rebanho bovino, brechas continuarão a ser exploradas e compromissos seguirão sendo ignorados.

O cenário exige respostas urgentes:

  • Governos precisam criar e aplicar regras rígidas para o setor pecuário, alinhadas ao Acordo de Paris e ao Marco Global da Biodiversidade da ONU.

  • Instituições financeiras devem revisar financiamentos que alimentam atividades destrutivas.

  • Líderes globais, na COP30, terão de assumir metas concretas para eliminar o desmatamento até 2030.

No fim, o caso Pequizal do Naruvôtu deixa claro: a carne que alimenta o mundo pode estar embalada em promessas descumpridas, rastros de floresta derrubada e direitos indígenas violados.

CNA apresenta propostas para inserir o agro no centro da agenda climática da COP 30

À medida que Belém se prepara para receber a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), entre 10 e 21 de novembro, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) posiciona o agronegócio brasileiro como ator estratégico no debate climático global. A entidade lançou o documento “Agropecuária Brasileira na COP 30”, entregue durante cerimônia em Brasília ao enviado especial da Agricultura para a COP 30, Roberto Rodrigues, à presidente da Embrapa, Sílvia Massruhá, e ao senador Zequinha Marinho (Podemos/PA).

O encontro reuniu lideranças do setor, presidentes de federações estaduais de agricultura, pesquisadores e autoridades. Mais do que uma entrega protocolar, o ato simbolizou a tentativa de reposicionar o agro na arena climática internacional, mostrando que a produção tropical pode ser parte da solução — e não apenas vista como um problema.

O agro como agente climático

O documento da CNA foi construído a partir de discussões da Comissão Nacional de Meio Ambiente da entidade, que ouviu produtores, especialistas e organizações do setor. O objetivo é claro: fornecer subsídios técnicos e políticos aos negociadores brasileiros e consolidar o papel do agro como peça-chave no cumprimento das metas de mitigação e adaptação previstas no Acordo de Paris.

Segundo a CNA, os produtores rurais precisam ser reconhecidos como agentes de soluções climáticas, já que lidam diretamente com desafios como estiagens, enchentes e degradação do solo. A entidade também defende que a agricultura tropical seja considerada uma resposta imediata e de baixo custo aos efeitos da mudança do clima.

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Dan Meyers/ Unsplash

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Propostas centrais

Entre os pontos destacados, estão:

  • Financiamento climático: criação de mecanismos que garantam crédito, seguro rural contra eventos climáticos extremos e redução de custos para tecnologias de baixa emissão.

  • Centralidade da agricultura: inclusão do setor no núcleo das decisões globais, com uso do portal do Trabalho Conjunto de Sharm el Sheikh para Agricultura e Segurança Alimentar.

  • Monitoramento transparente: aprimoramento do Global Stocktake, a ferramenta que avalia o progresso das metas climáticas, tornando informações acessíveis e comparáveis.

  • Adaptação local: definição de indicadores adaptados às realidades nacionais e valorização de práticas da agricultura tropical.

  • Mitigação objetiva: reconhecimento do potencial da agropecuária na redução de emissões, com métricas mais práticas nas negociações.

  • Mercado de carbono: inserção do setor agropecuário nos mecanismos globais de crédito de carbono, premiando práticas sustentáveis e a preservação de florestas.

  • Transição justa: respeito às particularidades de cada sistema produtivo, evitando penalizações que comprometam a competitividade do produtor rural.

Amazônia em foco

Um dos capítulos mais sensíveis do documento está voltado ao legado da COP 30 para a Amazônia Legal. A CNA lembra que a região concentra 30 milhões de habitantes, mais de 750 municípios e mais de 1 milhão de produtores rurais — o que a torna um território vital para discutir segurança alimentar e clima como agendas indissociáveis.

Entre as nove recomendações específicas para a Amazônia, estão:

  • regularização fundiária e ambiental;

  • combate efetivo ao desmatamento ilegal;

  • linhas de crédito exclusivas para agricultores amazônicos;

  • investimentos em infraestrutura logística;

  • expansão de energias renováveis;

  • valorização do papel do agricultor como protagonista da transição climática.

Essas medidas, segundo a CNA, são fundamentais para garantir inclusão social, competitividade econômica e conservação ambiental em uma das regiões mais estratégicas do planeta.

O agro na COP 30: riscos e oportunidades

A COP 30 será a primeira a acontecer no coração da Amazônia e, por isso, carrega uma carga simbólica sem precedentes. Para a CNA, o evento deve ser um marco de transformação: sair das promessas genéricas e avançar para compromissos concretos.

No entanto, o posicionamento também revela tensões. Enquanto organizações ambientais cobram metas mais rígidas contra o desmatamento e a expansão desordenada da fronteira agrícola, o setor produtivo busca reconhecimento por práticas sustentáveis já adotadas, como a agricultura de baixo carbono e a recuperação de áreas degradadas.

Nesse contexto, o documento da CNA funciona como um mapa de intenções: reivindica espaço para o agro nas mesas de decisão e aposta na narrativa de que o setor pode ser aliado estratégico no enfrentamento à crise climática. A depender das negociações, essa poderá ser a conferência em que o Brasil mostrará ao mundo que a agricultura tropical pode ser ao mesmo tempo produtiva, sustentável e essencial para o futuro do planeta.

Roraima se torna palco de mais uma ofensiva contra crimes ambientais

Durante a mais recente fase da Operação Maravalha, agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) flagraram o uso ilegal de madeira de castanheira (Bertholletia excelsa) em uma indústria madeireira no estado. A espécie, considerada símbolo da Amazônia e fundamental para a biodiversidade, tem seu corte proibido pelo Decreto Federal nº 5.975/2006.

Na fiscalização, realizada em Boa Vista, os agentes encontraram aproximadamente 120 metros cúbicos de castanheira armazenados em toras. Mas não era apenas um estoque irregular: fragmentos e resíduos da madeira espalhados pela serraria evidenciaram que o material vinha sendo processado de forma clandestina. A descoberta levou ao embargo imediato das atividades da empresa, apreensão da madeira e aplicação de multa.

Esse flagrante não é um caso isolado. De acordo com o Ibama, apenas nesta etapa da Operação Maravalha foram apreendidos 430 metros cúbicos de madeira extraída ilegalmente e anulados 3.200 metros cúbicos de créditos florestais inseridos de forma fraudulenta no Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor). Esses créditos, quando manipulados, criam uma fachada de legalidade que serve para “esquentar” madeira sem origem comprovada, mascarando crimes ambientais e dificultando a rastreabilidade.

No total, 12 autos de infração foram lavrados, resultando em R$ 1,43 milhão em multas aplicadas contra empresas e indivíduos envolvidos em fraudes.

2025-09-24-uso-da-castanheira-como-materia-prima-pela-industria-e-proibido-por-decreto-federal-400x309 Roraima se torna palco de mais uma ofensiva contra crimes ambientais
Ibama acaba com esquema de venda ilegal de madeira em Roraima – Foto: Divulgação/Ibama/RR

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O simbolismo da castanheira

A presença da castanheira nessa cadeia ilegal chama atenção especial. Considerada “árvore-mãe” da Amazônia, ela pode viver séculos, chegando a ultrapassar 50 metros de altura. Seu fruto, a castanha-do-pará, é uma das principais fontes de renda sustentável para comunidades extrativistas, além de ser importante para a alimentação da fauna da floresta. Justamente por esse papel ecológico e econômico, o corte da espécie é proibido, salvo em situações muito específicas de autorização governamental.

Quando indústrias madeireiras optam por usar castanheiras como matéria-prima, não apenas cometem crime ambiental, mas também inviabilizam cadeias produtivas sustentáveis e colocam em risco espécies que dependem das árvores para sobreviver.

O impacto econômico da ilegalidade

Os dados revelados pela operação expõem uma engrenagem nociva que vai além da destruição ambiental. O comércio ilegal de madeira movimenta capital que financia outras práticas criminosas, como grilagem e desmatamento em áreas de floresta primária. Ao fraudar sistemas de controle como o Sinaflor, empresas burlam a fiscalização, reduzem custos de forma artificial e desequilibram a concorrência com produtores que atuam dentro da legalidade.

Segundo a Superintendência do Ibama em Roraima, o combate a essas fraudes é essencial para interromper o fluxo de recursos que alimenta o desmatamento ilegal. Trata-se, portanto, de uma medida não apenas ambiental, mas também econômica e social, já que a degradação florestal impacta comunidades locais, reduz a oferta de serviços ambientais e compromete políticas públicas de conservação.

Operação Maravalha: continuidade e resultados

Deflagrada em diferentes estados da Amazônia, a Operação Maravalha tem como foco a identificação de fraudes no sistema de controle florestal e o desmantelamento de cadeias produtivas ilegais. Em Roraima, as equipes federais intensificaram as fiscalizações justamente porque o estado se tornou rota estratégica para escoamento de madeira extraída de forma irregular.

O Ibama destaca que os resultados obtidos até aqui mostram a necessidade de manter vigilância constante. Mais do que aplicar multas, as operações buscam desarticular estruturas criminosas e inibir a reincidência, sinalizando que o monitoramento é cada vez mais sofisticado e integrado.

Um desafio permanente

Apesar dos avanços, o enfrentamento aos crimes ambientais na Amazônia continua a ser um desafio de grandes proporções. A extensão territorial, as rotas clandestinas e os interesses econômicos envolvidos tornam a fiscalização uma tarefa complexa. Ainda assim, cada operação bem-sucedida envia uma mensagem clara: a exploração ilegal de espécies protegidas não será tolerada.

No caso das castanheiras de Roraima, a ação do Ibama representa mais do que a aplicação da lei. Ela reafirma o compromisso de proteger uma árvore que simboliza a floresta amazônica e garantir que sua riqueza permaneça como fonte de vida e sustento para as futuras gerações.

Segurança fluvial ganha reforço da Marinha durante a COP30

O Pará se prepara para receber, em novembro, um dos maiores eventos internacionais de sua história: a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). Para garantir a segurança das delegações, chefes de Estado e milhares de visitantes esperados em Belém, o Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), firmou uma operação integrada com a Marinha do Brasil e demais forças federais.

O plano concentra especial atenção à fiscalização fluvial, já que a capital paraense é cercada por rios que terão papel estratégico durante a conferência. A Baía do Guajará e o Rio Guamá estarão sob monitoramento permanente, cobrindo áreas de intensa movimentação, como o Ver-o-Peso, o Terminal Hidroviário Internacional e os distritos de Icoaraci e Outeiro, pontos escolhidos para ancoragem de cruzeiros contratados pelo Governo Federal para hospedar parte das delegações estrangeiras.

Segundo a Segup, o esforço é de proporções inéditas. Estão mobilizados cinco mil policiais militares, mil policiais civis e mais de 900 bombeiros militares. A frota fluvial contará ainda com uma balsa equipada para operações de patrulhamento e apoio logístico, tripulada por agentes que atuarão em parceria direta com a Marinha.

O secretário estadual de Segurança, Ualame Machado, resume a dimensão do desafio: “Estamos diante de um dos maiores testes logísticos e de segurança já realizados no Pará. O trabalho integrado garante não apenas a proteção dos líderes mundiais que virão a Belém, mas também a tranquilidade da população. É nosso compromisso oferecer uma cidade segura durante a COP30”.

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Rodrigo Pinheiro/ Agência Pará

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A operação também mobiliza as Forças Armadas em larga escala. No último dia 13, o Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) Atlântico, maior embarcação militar da América Latina, deixou a Base Naval da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, transportando 1.100 militares das três forças e cerca de 435 toneladas de equipamentos estratégicos. Entre o material enviado, estão armamentos, veículos blindados e viaturas que reforçarão a segurança na capital paraense.

A chegada do Atlântico a Belém marca o início da etapa operacional da “Operação Atlas”, coordenada pelo Ministério da Defesa em integração com o plano de segurança da COP30. O contra-almirante Antonio Braz de Souza, comandante da 1ª Divisão da Esquadra, explica que a mobilização é fruto de um planejamento iniciado há dois anos: “O navio se prepara para atuar em operações conjuntas, em que as três forças estarão integradas, dentro do escopo da conferência”.

Para o capitão de Mar e Guerra José Paulo Azeredo, comandante do Atlântico, a presença da embarcação é mais do que simbólica. “Trouxemos mais de 400 toneladas de material das três forças, incluindo 20 viaturas da Marinha, 49 do Exército e 11 da Força Aérea. Isso mostra a capacidade logística e a relevância da operação para o Brasil”.

A movimentação em torno da segurança da COP30 evidencia como a geografia de Belém, marcada por rios e canais, exige estratégias diferenciadas. Ao contrário de grandes metrópoles onde a mobilidade terrestre é central, na capital paraense a circulação de pessoas e mercadorias por via fluvial terá protagonismo durante a conferência.

A operação conjunta entre estado, União e Marinha reforça não apenas o aparato militar, mas também a imagem do Brasil como anfitrião capaz de garantir segurança e hospitalidade em um evento global. Para além do simbolismo da COP30, as ações deixam como legado melhorias na infraestrutura de segurança pública e cooperação entre diferentes esferas de governo, algo que poderá beneficiar a população de Belém para além dos dias da conferência.

Vice-premiê chinês pede união global pelas reservas da biosfera

O futuro da conservação ambiental voltou a ocupar o centro das atenções globais durante a abertura do 5º Congresso Mundial de Reservas da Biosfera, realizado em Hangzhou, na China. Na cerimônia, o vice-primeiro-ministro chinês Ding Xuexiang, também integrante do Comitê Permanente do Birô Político do Partido Comunista da China, lançou um apelo contundente: unir esforços internacionais para fortalecer a rede de reservas da biosfera e construir uma relação equilibrada entre o desenvolvimento humano e a preservação da natureza.

Diante de uma plateia de cerca de 1.300 participantes, entre autoridades, cientistas, representantes de empresas e organizações internacionais, Ding destacou as conquistas recentes da China em matéria de proteção ambiental. Segundo ele, o país avançou em políticas de desenvolvimento verde, criando áreas de proteção, restaurando ecossistemas e investindo em tecnologias sustentáveis. Mais do que uma agenda doméstica, afirmou o vice-premiê, trata-se de uma contribuição ativa para a governança climática global.

A fala de Ding seguiu quatro eixos centrais. O primeiro foi o incentivo à cooperação internacional, reforçando que a crise ecológica não conhece fronteiras. O segundo, o fortalecimento do apoio científico e tecnológico, com compartilhamento de descobertas entre países para acelerar soluções conjuntas. Em terceiro, uma visão integrada que conecte a proteção ambiental às metas de enfrentamento das mudanças climáticas e ao bem-estar social. Por fim, a defesa do multilateralismo e do aperfeiçoamento dos mecanismos de governança ambiental, considerados indispensáveis para que os compromissos internacionais tenham resultados concretos.

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Vice-primeiro-ministro chinês Ding Xuexiang – Divulgação

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A importância do discurso foi ampliada pela presença de lideranças globais. Entre elas estava Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO, que reforçou os elogios às iniciativas chinesas. Para ela, os avanços obtidos pelo país em proteção ecológica e sua atuação nos fóruns internacionais demonstram que a cooperação é possível mesmo em um cenário de desafios crescentes ao multilateralismo. Azoulay pediu que a comunidade internacional não apenas mantenha, mas fortaleça a defesa da biodiversidade, destacando que a biosfera deve ser vista como patrimônio coletivo da humanidade.

Outro destaque da cerimônia foi a participação de Shina Ansari, vice-presidente e chefe da Organização Ambiental do Irã. Sua presença simbolizou a amplitude da agenda ambiental, que envolve países com diferentes contextos políticos e econômicos, mas igualmente impactados pelas consequências da degradação ambiental.

Nos bastidores do congresso, Ding Xuexiang reuniu-se com Azoulay e reafirmou a disposição da China em aprofundar a cooperação prática com a UNESCO. Segundo ele, áreas como educação, ciência e tecnologia, proteção do patrimônio mundial e conservação ecológica podem avançar de forma integrada, beneficiando povos em todo o planeta. Azoulay respondeu com gratidão pelo apoio chinês à instituição, especialmente em um momento em que o multilateralismo enfrenta resistência em várias partes do mundo.

A programação também incluiu uma visita de Ding à área de exposições do congresso, onde enfatizou a necessidade de unir benefícios econômicos, sociais e ambientais em projetos futuros. Para o vice-premiê, somente a integração entre esses três pilares garante a sustentabilidade de longo prazo.

O encontro em Hangzhou sinaliza não apenas o fortalecimento da posição da China como ator central na agenda ambiental global, mas também o reconhecimento da importância das reservas da biosfera como ferramentas-chave. Criadas no âmbito do Programa Homem e a Biosfera da UNESCO, essas áreas funcionam como laboratórios vivos, onde comunidades locais, governos e cientistas testam práticas de desenvolvimento sustentável conciliadas com a preservação da biodiversidade.

O discurso de Ding, somado às manifestações de apoio da UNESCO e de representantes internacionais, revela uma convergência: a consciência de que o equilíbrio entre progresso econômico e proteção da natureza não é apenas desejável, mas urgente. Em meio às tensões políticas globais e às pressões por crescimento rápido, a mensagem vinda de Hangzhou ressoa como um chamado para que governos e sociedades reconheçam a biosfera como a base da vida e da prosperidade humanas.

Pará estrutura rede hospitalar para atender COP30 com agilidade

A realização da COP30 em Belém não envolve apenas a preparação de espaços, obras de infraestrutura e logística de transporte. Um dos pilares estratégicos da organização é o cuidado com a saúde de milhares de participantes, visitantes e moradores da capital paraense durante o evento. Para isso, o Governo do Pará, em parceria com o Ministério da Saúde, estruturou um plano de atendimento que integra a rede pública estadual, unidades municipais e hospitais privados de referência, garantindo agilidade e segurança em casos clínicos e emergenciais.

A articulação é coordenada pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), que estabeleceu protocolos semelhantes aos aplicados em grandes eventos internacionais. Postos de Atendimento Médico funcionarão dentro dos espaços oficiais da conferência para prestar primeiros cuidados e triagem. Quando houver necessidade, pacientes serão encaminhados por ambulância a hospitais de referência, escolhidos conforme a gravidade e especialidade demandada. A regulação será centralizada, permitindo respostas rápidas e evitando sobrecarga em unidades específicas.

Rede estadual preparada

Sete hospitais da rede estadual foram definidos como retaguarda oficial da COP30. Entre eles, o Hospital da Mulher do Pará (HMPA), que terá atenção voltada especialmente a emergências ginecológicas e casos de violência sexual ou doméstica. O Hospital Jean Bitar (HJB), o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE) e o Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS) também compõem essa rede, prontos para ocorrências de média e alta complexidade.

Outras unidades fundamentais são a Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (FHCGV), referência em cardiologia e saúde mental; a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA), especializada em atenção materno-infantil; e o Pronto Socorro Dr. Roberto Macedo (PSRM), unidade estratégica para casos de urgência.

De acordo com a secretária estadual de Saúde, Ivete Gadelha, a integração entre hospitais estaduais, municipais e complementares é a garantia de que o Pará está preparado para qualquer demanda de saúde durante a conferência. Para ela, esse esforço traduz a preocupação do governo em assegurar não apenas a realização do evento, mas também o bem-estar de quem participa dele.

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Foto: Pedro Guerreiro/ Ag. Pará

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Qualidade reconhecida

O Hospital Regional Dr. Abelardo Santos se destaca por possuir certificação Acreditado – ONA1, concedida pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), um dos principais selos de qualidade na saúde brasileira. A diretora da unidade, Aline Oliveira, afirma que esse reconhecimento reforça a confiança na capacidade do hospital em responder com segurança e excelência.

Já no Hospital da Mulher do Pará, a diretora Nelma Machado lembra que os protocolos de ação foram revisados especialmente para a COP30, assegurando acolhimento adequado em situações de emergência, com especial atenção às mulheres.

Apoio da rede municipal

Além da estrutura estadual, a rede de urgência e emergência da Região Metropolitana de Belém também será mobilizada. A secretária adjunta de Políticas Públicas da Sespa, Heloísa Guimarães, ressalta que as equipes municipais receberam treinamento específico para garantir respostas rápidas e coordenadas, somando-se ao esforço do estado e da União.

Atendimento a lideranças internacionais

Enquanto a rede pública garante cobertura total à população e aos visitantes, líderes políticos e chefes de Estado terão suporte especializado em hospitais privados de referência. O Hospital Porto Dias e o Hospital Adventista de Belém foram selecionados para essa missão, por já possuírem infraestrutura avançada, experiência em pacientes internacionais e capacidade de assegurar sigilo, conforto e alto padrão de atendimento.

Um legado para além da COP30

O esforço em saúde pública durante a COP30 não se limita ao período do evento. Ao reforçar a integração das redes estadual, municipal e privada, o plano contribui para fortalecer o sistema de saúde do Pará como um todo. Além disso, deixa como legado protocolos, treinamentos e práticas de cooperação que permanecerão como patrimônio da assistência local.

Assim, a COP30 em Belém se consolida não apenas como um encontro global sobre clima e sustentabilidade, mas também como exemplo de mobilização em torno do cuidado humano. Mais do que infraestrutura e negociações diplomáticas, o evento traz consigo a imagem de um estado que se prepara para receber o mundo sem abrir mão da segurança e da dignidade de cada pessoa.

Governo promete ações contra abusos de preços em hotéis durante a COP30

O governo federal anunciou que vai acionar judicialmente hotéis que estejam cobrando valores abusivos para estadias durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém, em novembro. A medida foi confirmada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, que criticou a postura de alguns empreendimentos, classificando os preços praticados como “estratosféricos” e incompatíveis com a realidade local.

Segundo o ministro, não se trata apenas de uma questão de mercado, mas da imagem internacional da capital paraense. “Não é justo que hotéis – inclusive alguns que utilizam prédios públicos e receberam recursos subsidiados – pratiquem valores impossíveis. O que queremos é que Belém seja lembrada como uma cidade acolhedora, com hospitalidade genuína e preços justos, e não como um destino inacessível”, afirmou.

Disponibilidade de hospedagem além da rede hoteleira

Rui Costa destacou que Belém possui uma ampla rede de imóveis de padrão internacional, disponíveis para aluguel a preços compatíveis com os praticados em grandes eventos globais. O objetivo, segundo ele, é desconstruir a narrativa de que a cidade não teria capacidade para receber os milhares de visitantes esperados para a COP30.

“Essa história de escassez de leitos não corresponde à realidade. Belém tem alternativas variadas, que vão desde hotéis até imóveis de alto padrão que podem ser locados temporariamente. Nossa missão é mostrar, inclusive internacionalmente, que há estrutura suficiente para sediar a conferência com conforto e qualidade”, reforçou.

Apesar disso, o ministro reconheceu que alguns estabelecimentos estão cometendo abusos. Ele confirmou que já iniciou reuniões com a Advocacia-Geral da União (AGU) para discutir soluções jurídicas e administrativas que impeçam práticas exploratórias.

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Lula Marques/ Agência Brasil

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Um evento de legado duradouro

A realização da COP30 envolve investimentos expressivos da União, que já superam R$ 4 bilhões em obras de infraestrutura e melhorias urbanas. De acordo com o governo federal, esses recursos não se destinam apenas ao evento, mas deixarão benefícios permanentes para a população de Belém.

Entre os projetos mais avançados está a Vila Líderes, com 90% das obras concluídas, que após a conferência será transformada em sede administrativa do governo estadual. O Aeroporto Internacional de Belém, em reforma, já tem 95% de execução finalizada. O Porto Futuro 2 está em fase final, com 99% de conclusão, enquanto o Parque da Cidade terá sua estrutura pronta para ser um dos principais palcos da conferência.

Essas entregas, segundo Rui Costa, comprovam o esforço coordenado entre governos federal, estadual e municipal para garantir que Belém esteja preparada para receber o maior evento climático do mundo.

Mais que infraestrutura: a imagem de Belém

Para o ministro, o grande desafio não é apenas físico, mas simbólico. A COP30 será acompanhada globalmente e deixará uma marca duradoura na percepção sobre Belém e sobre a Amazônia. “Se o legado for a imagem de preços abusivos e inacessíveis, perderemos a oportunidade de mostrar quem realmente somos. Queremos que o mundo veja a cidade como um lugar hospitaleiro, com cultura vibrante e gastronomia singular. Esse é o verdadeiro cartão de visitas que precisamos construir”, disse.

Ele também ressaltou que o sucesso da conferência dependerá da colaboração de todos os setores da sociedade. “Não é apenas uma conferência; é uma chance histórica de mostrar a Amazônia ao mundo e de consolidar Belém como referência em sustentabilidade e hospitalidade. Por isso, pedimos responsabilidade e equilíbrio de todos os atores envolvidos, inclusive da rede hoteleira”, concluiu.

A COP30 reunirá líderes de quase 200 países, representantes de organizações internacionais, cientistas, ativistas e milhares de visitantes, transformando Belém no epicentro do debate climático mundial. O governo federal espera que o evento seja lembrado não apenas pelas negociações, mas pelo acolhimento caloroso e pela organização exemplar do Brasil.

Rumbo à COP30: espaço de formação fortalece jornalistas latino-americanos para a cobertura da cúpula climática

A Climate Tracker América Latina e a Oxfam abriram inscrições para o evento virtual “Rumbo à COP30: chaves para jornalistas da América Latina”, que será realizado no dia 14 de outubro de 2025. A proposta é oferecer um espaço de formação e troca de experiências para comunicadores da região, com o objetivo de ampliar a qualidade e a profundidade da cobertura jornalística da próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que acontecerá em Belém do Pará.

A iniciativa surge em um momento decisivo: a COP30 promete ser um dos encontros mais relevantes da diplomacia climática global, e a forma como a América Latina contará sua própria história nesse processo terá impacto direto no debate internacional. O encontro, gratuito e em espanhol, terá duração de 90 minutos, transmitido pela plataforma Zoom, e está com inscrições abertas até o próprio dia da realização.

Um olhar regional para a COP30

O evento propõe refletir sobre os desafios e oportunidades que a América Latina enfrenta diante da crise climática. A agenda inclui um panorama regional, destacando os dilemas que vão desde a transição energética até a proteção das florestas tropicais, passando pelo papel dos povos indígenas e das comunidades locais. Mais do que informar, o objetivo é criar um espaço de análise crítica que conecte decisões globais aos contextos concretos da região.

Um dos painéis centrais, “Como narrar a COP30 desde a América Latina”, reunirá jornalistas que já cobriram cúpulas internacionais para compartilhar experiências, erros, acertos e métodos de reportagem. A proposta é capacitar comunicadores a contar histórias que mostrem a relevância do evento para o cotidiano da população latino-americana, conectando o debate internacional à vida real das comunidades.

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Agência Pará

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Ferramentas práticas e diálogo aberto

Além das análises e painéis, o encontro oferecerá um guia prático para jornalistas: desde informações sobre credenciamento e logística da COP30 até redes de apoio e plataformas de recursos disponíveis. Haverá também um espaço de perguntas e respostas, aproximando comunicadores de especialistas em política climática, biodiversidade e justiça ambiental.

Essa interação direta pretende não apenas esclarecer dúvidas técnicas, mas também inspirar coberturas mais humanas, que traduzam a complexidade das negociações climáticas em narrativas acessíveis para os cidadãos.

Quem participa

Entre os nomes confirmados estão:

  • Paula Díaz Levi (Climate Tracker): jornalista de ciência e meio ambiente com atuação em veículos internacionais e organizações de conservação.

  • Mariana Estrada (ONU Mudança Climática): oficial de comunicações para América Latina e Caribe, especialista em incidência política, direitos humanos e justiça climática.

  • Isabel Alarcón: jornalista independente equatoriana, referência em coberturas ambientais, premiada com o Eugenio Espejo de jornalismo em 2024.

  • Francisco Parra (Climate Tracker América Latina): diretor da rede regional e jornalista especializado em meio ambiente, com trajetória em redações do Chile e do exterior.

  • Sebastián Rodríguez (Climate Home News): editor de projetos especiais, com publicações em veículos como The Guardian, Reuters e Mongabay, e vencedor do Prêmio Huella Jaguar.

  • Laura Juliana Arciniégas (Transforma): especialista em direito ambiental e comunicação estratégica, com mais de dez anos de experiência em negociações multilaterais.

Por que participar

A formação não é apenas uma oportunidade técnica. É também um chamado para que jornalistas da região assumam um papel estratégico na COP30: dar voz às experiências latino-americanas e mostrar como as decisões tomadas em Belém podem transformar políticas públicas, economias locais e a vida de milhões de pessoas.

Ao participar, comunicadores terão acesso a ferramentas práticas, mas também a uma rede de especialistas e colegas que compartilham a mesma missão: ampliar o olhar crítico e conectar as realidades locais aos desafios globais.

A Climate Tracker América Latina e a Oxfam, organizadoras do evento, reforçam que a proposta é construir uma cobertura jornalística mais colaborativa, diversificada e comprometida com a urgência da crise climática.

Em tempos em que a informação molda percepções e influencia decisões políticas, preparar jornalistas para traduzir a complexidade da COP30 em narrativas acessíveis é, sem dúvida, uma das tarefas mais estratégicas rumo a um futuro mais sustentável.

Ibama aprova simulado da Petrobras na Foz do Amazonas, mas exige ajustes antes da licença

O destino da exploração de petróleo na Foz do Amazonas ganhou um novo capítulo nesta semana. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aprovou o simulado de resposta a emergências realizado pela Petrobras em agosto, considerado o último passo técnico antes da possível concessão da licença ambiental para perfuração na costa do Amapá. A aprovação, no entanto, veio acompanhada de ressalvas e exigências adicionais, revelando a complexidade do processo e a sensibilidade do bioma envolvido.

O exercício simulou um acidente com derramamento de óleo em águas profundas, em uma das áreas mais delicadas da Amazônia marinha. A companhia precisava demonstrar sua capacidade de resposta diante de um cenário de crise ambiental. No parecer técnico, o Ibama reconheceu a “robustez da estrutura apresentada” e destacou a dimensão inédita da operação, que mobilizou recursos logísticos em larga escala e abordou múltiplos aspectos ambientais.

Ainda assim, a autarquia federal apontou ajustes necessários, incluindo a exigência de um novo exercício de fauna — prática que testa a capacidade de resgate e proteção da vida silvestre em caso de acidente. O órgão deixou claro que a realização desse novo simulado não interrompe o processo de licenciamento em curso, mas é condição para a análise final.

Petrobras revisa planos e projeta licença em breve

Em comunicado oficial, a Petrobras informou que irá revisar o plano conforme as observações do Ibama e reapresentar o documento até esta sexta-feira. A empresa trata a aprovação da Análise de Plano de Operação (APO) como uma etapa decisiva para liberar a perfuração do bloco FZA-M-59, onde pretende buscar informações geológicas e investigar a existência de reservas de petróleo.

Segundo a companhia, o objetivo é ampliar o conhecimento sobre a região, considerada estratégica para o futuro da matriz energética brasileira. A expectativa do setor é de que a área tenha potencial para descobertas comparáveis às recentes reservas identificadas no Suriname e na Guiana, que atraíram grandes players globais da indústria de petróleo e gás.

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Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

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Entre promessas e riscos ambientais

Apesar do entusiasmo da Petrobras e do mercado, a exploração na Foz do Amazonas está longe de ser consenso. Segmentos da sociedade civil e parte do próprio governo expressam preocupação com os riscos socioambientais associados ao projeto. A região é considerada de alta relevância ecológica, abrigando ecossistemas marinhos únicos e comunidades costeiras vulneráveis a impactos de larga escala.

Esse dilema se intensificou em 2023, quando o Ibama negou a licença inicial da Petrobras. Na época, a decisão foi justificada por falhas nos estudos ambientais e pela ausência de garantias suficientes de segurança. A retomada do processo, após pedido de reconsideração da petroleira, trouxe consigo mudanças no planejamento exploratório e uma promessa de maior rigor técnico.

A aprovação parcial do simulado sinaliza um avanço, mas não encerra a disputa em torno da exploração. Para analistas ambientais, o parecer do Ibama reflete uma tentativa de equilíbrio: reconhecer os esforços técnicos da empresa, sem abrir mão de salvaguardas diante do risco de um desastre ecológico em uma área ainda pouco conhecida.

Um teste para a transição energética do Brasil

O debate sobre a Foz do Amazonas transcende a questão local. Ele coloca o Brasil diante de um dilema estratégico: expandir a exploração de petróleo em áreas ambientalmente sensíveis ou acelerar a transição energética em direção a fontes renováveis.

Enquanto a Petrobras argumenta que a exploração offshore é crucial para manter a autossuficiência e financiar a transição, críticos afirmam que insistir em novas fronteiras fósseis contraria os compromissos assumidos pelo país em fóruns internacionais de clima, como o Acordo de Paris.

O desfecho do processo de licenciamento da Foz do Amazonas, portanto, vai além do Amapá: será observado como um termômetro do rumo que o Brasil pretende adotar no equilíbrio entre exploração de recursos fósseis e protagonismo climático global.

No curto prazo, a decisão cabe ao Ibama. Mas no longo prazo, ela pode redefinir a narrativa energética e ambiental do país.

Belém acelera obras e investimentos para se tornar palco da COP30

Com pouco mais de um mês para a realização da COP30, em novembro, Belém vive uma corrida contra o tempo para alinhar grandes transformações urbanas ao desafio de sediar o maior evento climático do planeta. Na manhã desta quarta-feira (24), a vice-governadora do Pará, Hana Ghassan, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o prefeito de Belém, Igor Normando, apresentaram um balanço das obras em andamento e dos investimentos públicos que estão redesenhando a cidade. A coletiva ocorreu no Centro de Economia Criativa do Parque da Cidade, principal polo de atividades da conferência.

Um legado que vai além do evento

Segundo Hana Ghassan, o investimento em saneamento básico é o alicerce do novo momento da capital paraense. Mais de R$ 1 bilhão foram destinados à macrodrenagem e revitalização de 13 canais de Belém, 11 deles localizados em áreas periféricas. A expectativa é beneficiar diretamente mais de 500 mil pessoas que antes conviviam com alagamentos e precário acesso à infraestrutura urbana.

Outro marco é a entrega da Estação de Tratamento de Esgoto Una (ETE Una), a maior já construída no Pará, que passa a atender dez bairros anteriormente excluídos da rede de saneamento. Para a vice-governadora, essa conquista simboliza um salto de qualidade de vida para os moradores. “Esse é o legado que nós esperávamos: entregar obras que mudam realidades. A ETE Una é uma revolução silenciosa para a saúde pública e para o meio ambiente”, declarou.

Além do saneamento, Hana destacou a dimensão internacional que Belém está prestes a assumir. Segundo dados confirmados pela Organização das Nações Unidas (ONU), já são 180 nacionalidades registradas e 49 mil solicitações de credenciamento para a COP30, números que reforçam o caráter histórico do encontro.

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Foto: Raphael Luz/Ag. Pará

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Um calendário intenso de inaugurações

A vice-governadora também apresentou o cronograma de entregas estruturantes que começa nos próximos dias. Estão previstas inaugurações simbólicas, como a do Complexo dos Mercedários, erguido em parceria com o Governo Federal, em frente à Estação das Docas, valorizando o centro histórico.

Outros espaços culturais e científicos também ganharão protagonismo: o Museu das Amazônias, o novo prédio de gastronomia e o Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia. A Caixa Cultural, o Parque Linear da Doca e o Parque Linear da Tamandaré também estão na lista de estreias, ao lado da Ponte do Outeiro e da nova Rua da Marinha. São obras que, segundo Hana, buscam articular mobilidade, cultura e inovação como motores de desenvolvimento sustentável.

O olhar do Governo Federal

Durante a manhã, Rui Costa esteve no canteiro de obras do Porto de Outeiro, que será ponto estratégico para receber cruzeiros contratados pelo Governo Federal, destinados a abrigar parte das delegações internacionais. Ele também acompanhou a finalização da Ponte do Outeiro, que reduzirá em até 20 minutos o trajeto até o Parque da Cidade, sede da conferência.

O ministro lembrou que, até agora, já foram destinados R$ 6 bilhões em investimentos federais em infraestrutura e saneamento em Belém, recursos que também movimentaram o mercado de trabalho local. “Mais de cinco mil empregos foram gerados diretamente e indiretamente. São trabalhadoras e trabalhadores que, muitas vezes de domingo a domingo, tornaram possível esse grande desafio. A COP30 não existiria sem esse esforço coletivo”, afirmou.

Mobilidade para uma cidade global

O prefeito Igor Normando apresentou o plano de mobilidade urbana elaborado especialmente para o período da conferência. Entre as medidas estão o recesso escolar, a redução no funcionamento de órgãos públicos não essenciais, linhas exclusivas de ônibus e rotas especiais para visitantes e moradores. O objetivo é equilibrar a rotina da cidade com o fluxo de milhares de delegados, jornalistas, autoridades e turistas que desembarcarão na capital.

“Estamos construindo um grande planejamento de rotas em parceria com o Governo do Estado, para que Belém consiga receber o mundo sem deixar de lado o bem-estar de quem vive aqui”, afirmou o prefeito.

Uma Belém transformada

Com obras que vão do saneamento básico à mobilidade urbana, passando por cultura, turismo e inovação, Belém se prepara para mais do que um evento: a COP30 já se configura como marco histórico para a cidade. As intervenções em curso não se restringem ao período da conferência; representam também um salto em infraestrutura e qualidade de vida para a população.

À medida que a contagem regressiva avança, os discursos de Hana Ghassan, Rui Costa e Igor Normando convergem em um ponto: a COP30 não é apenas sobre mudanças climáticas, mas sobre o poder de transformação social, econômica e cultural que um evento desse porte pode deixar como herança.

COP30 deve colocar metano no centro das negociações climáticas globais

Na Semana do Clima em Nova York, um tema específico ganhou força entre os especialistas: a urgência em reduzir as emissões de metano, um dos gases de efeito estufa mais potentes e com maior impacto de curto prazo no aquecimento global. A CEO da COP30, Ana Toni, foi categórica ao afirmar que a conferência que acontece em novembro, em Belém, será uma plataforma crucial para avançar nesse debate e pressionar governos e empresas a adotarem medidas mais rápidas e concretas.

Durante o Diálogo de Soluções de Alto Nível, realizado em 24 de setembro, Toni destacou que atacar as emissões de metano ligadas ao setor de combustíveis fósseis pode fazer a diferença entre cumprir ou não as metas do Acordo de Paris. Ela lembrou que o gás é responsável por cerca de 30% do efeito estufa global e que reduzir sua presença na atmosfera tem impacto imediato no freio ao aquecimento.

Segundo ela, a COP30 não será apenas um espaço para reafirmações diplomáticas, mas um ponto de virada para colocar o metano no centro da agenda climática. “Precisamos nos concentrar nele. É uma das nossas principais frentes de ação”, afirmou.

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CEO da COP30, Ana Toni, lembra como emissão de metano é responsável por cerca de 30% do efeito estufa. Foto: Rafa Neddermeyer/COP30

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O metano como oportunidade e desafio

A urgência do tema não vem apenas de sua potência climática. Dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mostram que o metano responde hoje por um terço do aquecimento global causado pela atividade humana. Grande parte dessas emissões vem da produção e do uso de combustíveis fósseis, especialmente petróleo e gás. O dado mais alarmante: cerca de 120 milhões de toneladas de metano seguem sendo liberadas anualmente, e a curva de redução ainda não mostrou avanços expressivos.

Apesar disso, especialistas apontam que o combate ao metano é uma das soluções mais rápidas e baratas disponíveis. Muitas medidas dependem apenas de tecnologia já existente, como a vedação de poços de gás com vazamentos e sistemas de monitoramento por satélite.

Essa visão foi reforçada por Michael Bloomberg, fundador da Bloomberg L.P. e da Bloomberg Philanthropies, que também participou do encontro. Para ele, reduzir as emissões de metano é a melhor chance de fazer progresso imediato contra as mudanças climáticas. “As novas ferramentas de detecção, incluindo satélites, já permitem identificar vazamentos em tempo real. É uma questão de vontade política e de cooperação entre governos, empresas e fundações”, disse.

Caminhos para Belém

O encontro em Nova York também foi espaço para discutir políticas públicas e mecanismos de mercado capazes de acelerar essa transição. A proposta é levar para Belém, em novembro, um conjunto mais robusto de recomendações para incluir a redução do metano dentro da Agenda de Ação Climática da COP30.

Essas recomendações devem dialogar com iniciativas já em andamento, como o Compromisso Global pelo Metano, os planos nacionais incorporados nas NDCs, a Coalizão Clima e Ar Limpo e os compromissos corporativos firmados na Carta de Descarbonização de Petróleo e Gás e no programa OGMP 2.0.

Segundo o PNUMA, o impulso está crescendo, mas ainda precisa ser traduzido em resultados tangíveis. Para a comunidade internacional, a COP30 pode ser o palco decisivo para transformar compromissos voluntários em mecanismos obrigatórios e metas monitoráveis.

A narrativa que emergiu na Semana do Clima é clara: sem cortar o metano, dificilmente será possível limitar o aquecimento a 1,5°C, como prevê o Acordo de Paris. Isso significa que o debate em Belém não será apenas técnico, mas profundamente político.

Governos produtores de combustíveis fósseis serão pressionados a apresentar planos mais agressivos de mitigação, enquanto empresas do setor de energia precisarão mostrar que estão dispostas a investir em tecnologia e a corrigir falhas que hoje mantêm emissões em níveis elevados.

No curto prazo, reduzir o metano é uma das poucas medidas capazes de gerar impacto quase imediato na curva de aquecimento global. A aposta de Ana Toni e de outros líderes é que a COP30 possa catalisar esse movimento, transformando a conferência de Belém em um divisor de águas na luta contra a crise climática.

Anta surpreende especialistas: 6 razões que fazem dela essencial para manter a floresta viva

Imagine um animal discreto, pouco lembrado em conversas sobre fauna, mas que carrega em si um papel vital para manter a floresta de pé. Esse animal é a anta, considerada por cientistas como a “jardineira das florestas”. Apesar do porte robusto e do jeito tímido, ela exerce funções ecológicas que afetam desde o crescimento das árvores até o equilíbrio climático. O que parece apenas mais um grande mamífero se revela como uma peça-chave na engrenagem da natureza.

Anta: a jardineira da floresta que poucos conhecem

A anta é o maior mamífero terrestre da América do Sul, podendo pesar até 300 quilos. Mas sua importância vai muito além do tamanho. Sua dieta composta de frutos, folhas e sementes a transforma em agente direto da regeneração florestal. Ao se alimentar e dispersar sementes em longas distâncias, a anta cria corredores verdes invisíveis que garantem a diversidade das florestas tropicais.

De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a anta é considerada espécie-chave porque influencia diretamente a estrutura e a composição da vegetação. E o Zoológico de São Paulo reforça que, sem ela, muitas plantas perderiam a chance de se espalhar em áreas mais amplas.

1. A maior dispersora de sementes da América do Sul

A anta pode ingerir centenas de sementes em um único dia. Como percorre grandes distâncias, espalha essas sementes em locais diferentes, promovendo diversidade genética. Esse processo é essencial para que espécies de árvores se regenerem em áreas degradadas, criando um ciclo de recuperação natural da floresta.

Pesquisadores da Universidade de Cambridge (Reino Unido) já classificaram a anta como “engenheira do ecossistema”, justamente por essa capacidade única de transportar vida em cada passo.

2. Criação de clareiras naturais

Outro papel curioso da anta é a criação de clareiras em meio à vegetação densa. Ao abrir trilhas durante suas caminhadas, ela facilita a entrada de luz solar em pontos estratégicos. Essa abertura beneficia plantas menores e garante um equilíbrio entre espécies de diferentes portes.

Sem esse processo, áreas mais sombreadas poderiam sufocar mudas jovens, reduzindo a diversidade.

3. Impacto direto no equilíbrio climático

As árvores que nascem a partir da dispersão de sementes da anta são, em sua maioria, espécies de madeira densa. Essas árvores têm maior capacidade de capturar carbono da atmosfera, ajudando a reduzir os impactos das mudanças climáticas. Em outras palavras, cada anta é uma aliada silenciosa na luta contra o aquecimento global.

Estudo da Embrapa Florestas mostra que animais dispersores, como a anta, contribuem para o aumento da biomassa vegetal, que é essencial no sequestro de carbono.

4. Fonte de alimento para predadores naturais

Apesar do tamanho, ela faz parte da cadeia alimentar de grandes predadores, como onças. Sua presença garante o equilíbrio das populações desses carnívoros, que, sem presas suficientes, poderiam migrar ou entrar em conflito com áreas urbanas.

Manter a anta em seu habitat é, portanto, manter também o equilíbrio da fauna como um todo.

5. Um indicador da saúde da floresta

A presença dela  em determinada região é um indicativo de qualidade ambiental. Por ser um animal sensível à pressão humana, como desmatamento e caça, seu desaparecimento revela degradação severa. Onde há antas, há floresta saudável.

O Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) desenvolve projetos de monitoramento da espécie e usa a sua presença como termômetro da conservação.

6. Um patrimônio cultural e simbólico

Além da importância ecológica, a anta tem forte presença cultural em lendas e histórias de comunidades tradicionais. Para povos indígenas, ela representa força e resistência. Esse aspecto simbólico reforça a necessidade de preservação, não só da espécie, mas de toda a memória cultural associada a ela.

Um gigante silencioso que precisa de proteção

Apesar de toda sua importância, a anta enfrenta ameaças sérias. Desmatamento, atropelamentos em rodovias e caça predatória colocam a espécie em risco. Ela está listada como vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

A sobrevivência da anta depende de ações conjuntas entre governos, pesquisadores e sociedade. Criar corredores ecológicos, instalar passagens de fauna em rodovias e combater a caça ilegal são medidas que já mostram resultados positivos em várias regiões.

A lição da floresta

Olhar para ela é entender que a natureza é feita de conexões invisíveis, onde cada ser, por mais discreto que pareça, cumpre um papel insubstituível. Ao garantir que ela continue caminhando livre pelas florestas, não estamos apenas salvando uma espécie: estamos assegurando o futuro de todo um ecossistema.

O que surpreende os especialistas é justamente isso: a anta, antes vista apenas como um grande herbívoro, é, na verdade, uma guardiã silenciosa da vida. E talvez essa seja a melhor metáfora para a floresta: um sistema vivo que depende de cada detalhe, cada trilha aberta, cada semente dispersa.

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Harpia em ação: 7 fatos chocantes sobre a maior ave de rapina do Brasil

Imagine caminhar por uma floresta amazônica e, de repente, ouvir um bater de asas tão forte que faz as folhas ao redor vibrarem. Não é um avião nem uma cena de filme: trata-se da harpia, a maior ave de rapina do Brasil e uma das mais poderosas do planeta. Imponente, misteriosa e cercada de curiosidades, essa águia gigante ainda intriga cientistas e impressiona quem tem a sorte de avistá-la em seu habitat natural.

Harpia: a gigante da floresta que impressiona o mundo

A harpia (Harpia harpyja) pode atingir quase um metro de altura e carregar presas que chegam a metade do seu peso. Encontrada principalmente na Amazônia, ela representa não só a força da natureza, mas também um alerta sobre a importância da preservação ambiental. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a espécie já está classificada como vulnerável no Brasil devido à perda de habitat.

Fato 1: garras do tamanho de mãos humanas

As garras da harpia são tão grandes quanto as de um urso pardo e chegam a medir 13 centímetros. Essa característica permite que ela capture animais como macacos-prego e preguiças com extrema facilidade. Para se ter ideia, sua força de pressão é capaz de quebrar ossos de presas médias em segundos.

Fato 2: visão privilegiada

A harpia enxerga oito vezes melhor do que um ser humano. Isso significa que, a mais de 100 metros de distância, ela consegue identificar o movimento de uma folha agitada por uma presa. Essa visão apurada, aliada ao voo silencioso, a torna praticamente indetectável até o ataque final.

Segundo a National Geographic, aves de rapina como a harpia estão entre os caçadores visuais mais eficientes do mundo animal, rivalizando até com felinos de grande porte.

Fato 3: asas curtas para a floresta densa

Diferente de águias que voam em campos abertos, a harpia desenvolveu asas curtas e largas. Essa adaptação permite manobras rápidas entre árvores altas da Amazônia, tornando-a uma predadora perfeita para florestas densas.

Fato 4: parceira para a vida inteira

A harpia é monogâmica e forma casais que duram por toda a vida. O macho e a fêmea dividem tarefas na construção do ninho, que pode ter mais de 2 metros de diâmetro. Ali, cuidam de apenas um filhote por vez, aumentando as dificuldades para a recuperação da espécie diante da destruição ambiental.

De acordo com estudos do Projeto Harpia, apoiado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, a dedicação dos pais é tão intensa que eles chegam a cuidar do mesmo filhote por até dois anos.

Fato 5: símbolo de força e cultura

Na mitologia de povos indígenas, a harpia aparece como símbolo de poder e conexão com os espíritos da floresta. Sua imagem também inspirou brasões militares no Brasil e no exterior, reforçando a aura de respeito e imponência que a cerca.

Fato 6: predadora do topo da cadeia

Como predadora de topo, a harpia desempenha papel essencial no equilíbrio do ecossistema. Controla populações de animais médios, evitando que se tornem superpopulosos e prejudiquem a floresta. A ausência dessa ave poderia causar efeitos em cascata em toda a cadeia alimentar.

Fato 7: ameaça constante de extinção

Infelizmente, a harpia enfrenta uma ameaça grave: a perda de habitat. O desmatamento na Amazônia reduziu drasticamente o número de ninhos em áreas antes abundantes. O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) alerta que, sem medidas de conservação, a espécie pode desaparecer em regiões onde antes era comum.

A ave que conecta ciência e emoção

A harpia não é apenas um espetáculo da natureza. Ela é um lembrete vivo de que a floresta guarda segredos que ainda estamos longe de compreender totalmente. Conhecê-la em ação é sentir, ao mesmo tempo, admiração e responsabilidade. Afinal, proteger a maior ave de rapina do Brasil é também proteger o futuro de um ecossistema que sustenta milhões de vidas, incluindo a nossa.

A harpia e sua importância para a biodiversidade

A presença da harpia em uma região é sinal de equilíbrio ambiental. Como predadora de topo, ela controla populações de animais médios, mantendo a floresta em harmonia. Onde a harpia desaparece, cadeias ecológicas inteiras podem entrar em colapso, mostrando o quanto sua sobrevivência é essencial.

Desafios para a conservação da espécie

Apesar de sua imponência, a harpia sofre com a perda acelerada de habitat e a caça ilegal. Projetos de preservação, como os conduzidos pelo ICMBio e pelo Projeto Harpia, trabalham em conjunto com comunidades locais para monitorar ninhos e educar populações sobre a importância dessa ave para o ecossistema amazônico.

Como a ciência e a cultura se encontram

Além do valor científico, a harpia tem papel cultural relevante. Povos indígenas a veem como guardiã espiritual, enquanto pesquisadores a tratam como objeto de estudo e símbolo de resistência. Essa conexão entre ciência e tradição reforça o quanto preservar a harpia é também preservar histórias e identidades que atravessam gerações.

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Brasil e Califórnia firmam aliança climática em meio a tensões globais

Em Nova York, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, e o governador da Califórnia, Gavin Newsom, assinaram um memorando de entendimento que abre um novo capítulo na cooperação internacional contra as mudanças climáticas. O acordo, celebrado paralelamente à Assembleia Geral das Nações Unidas, representa uma tentativa de unir esforços em um momento em que a pauta ambiental sofre retrocessos no cenário global.

O contraste com a política da Casa Branca foi imediato. No mesmo dia da assinatura, o presidente norte-americano Donald Trump classificou a emergência climática como uma “farsa”, reforçando a posição de seu governo contra o Acordo de Paris, do qual os Estados Unidos já haviam se retirado. A parceria com o Brasil, portanto, surge como resposta a essa lacuna, liderada por Newsom, figura central do Partido Democrata e crítico ferrenho do atual governo republicano.

Um pacto além das fronteiras

O memorando de entendimento prevê ações conjuntas em diversas frentes: redução de emissões de gases de efeito estufa, transição energética, soluções baseadas na natureza e adaptação das cidades às novas condições climáticas. Segundo Marina Silva, trata-se de um acordo que não beneficia apenas o território californiano, mas a humanidade como um todo.

“O compromisso entre Brasil e Califórnia mostra que é possível unir esforços para acelerar a descarbonização da economia. Nosso objetivo é alcançar a neutralidade climática até 2050, enquanto a Califórnia estabeleceu a meta para 2045. Esse tipo de parceria é fundamental para que possamos cumprir as promessas assumidas perante o mundo”, afirmou a ministra.

Newsom destacou a dimensão política e simbólica do gesto. “Fortalecer nossa parceria com o Brasil reafirma uma verdade simples: desafios globais exigem cooperação global. Isso nunca foi tão urgente quanto agora, às vésperas da Conferência do Clima da ONU que será sediada pelo Brasil ainda este ano.”

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Diálogo técnico e inovação

O acordo não se limita à retórica diplomática. Ele prevê um plano de ação de cinco anos a ser elaborado em conjunto pelo Ministério do Meio Ambiente brasileiro e pela Agência de Proteção Ambiental da Califórnia. Estão previstas atividades como diálogos técnicos, intercâmbio de especialistas, oficinas conjuntas e compartilhamento de experiências em políticas públicas.

Entre os eixos de cooperação, destacam-se o incentivo a tecnologias limpas, investimentos em inovação e a busca por mecanismos econômicos que viabilizem a transição para modelos produtivos de baixo carbono. Newsom reforçou esse compromisso ao afirmar: “Podemos trabalhar juntos para reduzir a poluição, proteger ecossistemas críticos e construir economias que funcionem para as pessoas e para o planeta.”

Um sinal político no tabuleiro global

O pacto Brasil-Califórnia também tem peso geopolítico. Ao buscar a parceria com um estado norte-americano de liderança climática, o Brasil reafirma sua intenção de ocupar um lugar central nas negociações ambientais globais, em especial diante da realização da COP30 em Belém. Para a Califórnia, trata-se de consolidar sua posição como vanguarda ambiental dentro dos Estados Unidos, em contraste com a política federal.

Esse movimento revela como governos subnacionais podem ter papel decisivo na agenda global, mesmo quando confrontados com a inércia ou resistência de administrações centrais. Na prática, a parceria entre Brasil e Califórnia funciona como um recado: há espaço para cooperação climática mesmo em tempos de negacionismo oficial.

Caminhos para o futuro

O sucesso desse memorando dependerá da capacidade de transformar boas intenções em ações concretas. O intercâmbio de experiências pode ajudar o Brasil a acelerar sua transição energética e ampliar soluções urbanas de adaptação climática. Já a Califórnia, que enfrenta crises recorrentes de incêndios florestais e secas, pode se beneficiar da experiência brasileira em gestão de biomas tropicais e programas de restauração florestal.

Mais do que um documento diplomático, o acordo sela a ideia de que o enfrentamento da crise climática só pode ser construído em rede, unindo diferentes escalas de governo, sociedade civil e setor privado. Em tempos de divisões políticas profundas, a assinatura em Nova York soa como um lembrete de que a cooperação ainda é possível – e necessária.

AI e sistemas indígenas: um diálogo para proteger florestas e culturas

Os povos indígenas têm sido guardiões das florestas muito antes do surgimento do método científico. Sua relação com os territórios vai além da exploração de recursos: trata-se de uma vivência de cuidado, interdependência e transmissão cultural. Hoje, esse saber ancestral encontra um novo interlocutor tecnológico  a inteligência artificial (IA).

Mas há um ponto crucial nesse encontro: quando os sistemas de IA são desenhados sem levar em conta os dados, a voz e a participação das comunidades indígenas, o resultado pode reforçar exclusões históricas. Para que a tecnologia cumpra seu papel de aliada na luta contra a crise climática, ela precisa ser construída em diálogo com quem sempre esteve na linha de frente da preservação da vida.

Foi com essa perspectiva que conversamos com WarīN K. Flores, especialista indígena em IA, membro das nações Kara e Kichwa Runa nos Andes e na Amazônia de Chinchay Zuyu, no Equador, e fundador do Kinray Hub. Flores atua entre os Estados Unidos e a América Latina, conduzindo projetos de soberania digital, governança de dados, agroecossistemas de herança cultural e manejo sustentável de florestas, incluindo iniciativas como um projeto REDD+ no Panamá.

Por que os povos indígenas são vitais para a conservação

Flores explica que os povos indígenas fornecem o que chama de “ground truthing” – a verdade prática e vivida em relação às florestas. São eles que conhecem cada detalhe, seja em áreas intocadas, degradadas ou em processo de restauração. Para além dos indicadores econômicos, entendem o valor espiritual, cultural e ecológico da floresta. Por isso, não são apenas detentores de direitos, mas coproprietários morais e práticos de qualquer iniciativa de conservação.

O especialista destaca ainda que o saber indígena não depende de diplomas ou títulos acadêmicos. É um conhecimento transmitido de geração em geração, moldado pelo convívio constante com a terra. Essa cosmovisão, que integra natureza, cultura e humanidade em um todo inseparável, é um recurso insubstituível para o desenho de políticas ambientais.

A contribuição da inteligência artificial

Segundo Flores, quando a IA é orientada pela inteligência ancestral, pode se transformar em ferramenta de precisão para apoiar comunidades específicas. Isso significa utilizar dados coletados e validados pelos próprios povos indígenas para que os sistemas consigam prever secas, recomendar práticas agrícolas sustentáveis ou orientar a gestão territorial.

No Kinray Hub, essa ideia se materializa em práticas de soberania digital e licenciamento de dados, permitindo que comunidades indígenas sejam não apenas fornecedoras de informações, mas também gestoras de seu ciclo de vida – da coleta ao uso, até a retirada dos dados. Isso rompe com a lógica de colonização digital e promove uma governança própria sobre a inteligência artificial.

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Divulgação – UNREDD

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Os riscos de uma IA sem participação indígena

No entanto, quando a IA é desenvolvida sem essa participação, os riscos são altos. Flores alerta para usos perversos, como o mapeamento de áreas para mineração, bioprospecção sem consentimento ou criação de parques nacionais que expulsam comunidades de suas terras. Nesse cenário, a tecnologia se transforma em arma de biopirataria, militarização e perda de direitos.

Essa ameaça se soma a um problema recorrente: a criminalização de lideranças indígenas, a exclusão em negociações internacionais e a ausência de apoio financeiro e jurídico para que possam participar de processos de tomada de decisão. Sem corrigir essas desigualdades, falar em “inclusão” torna-se vazio.

Caminhos para superar os desafios

Para Flores, é preciso articular dois tipos de conhecimento: o acadêmico-científico e os sistemas indígenas. Hoje, essa integração falha porque o segundo raramente é reconhecido como legítimo. É necessário criar sistemas de pesquisa que respeitem e valorizem os dados indígenas, incorporando-os como parte essencial das soluções globais.

Outro ponto é garantir recursos para que representantes indígenas participem efetivamente de negociações, desde as etapas preparatórias até a implementação. Isso inclui assistência jurídica e financiamento adequado. Somente assim é possível colocar as comunidades no centro de iniciativas como REDD+, créditos de carbono e projetos de restauração florestal.

Um futuro de biotecnologia indígena

Apesar dos riscos, Flores vê na IA uma oportunidade única. Com ela, comunidades podem criar licenças de curadoria de dados e, assim, participar diretamente da economia digital. Também podem treinar sistemas de IA com seus próprios conjuntos de dados, orientando descobertas bioculturais, de enzimas que degradam plásticos a novos compostos naturais de valor econômico e ambiental.

No laboratório BioKulture Systems, do Kinray Hub, essa visão já ganha corpo. Ali, agricultores da região andina e amazônica trabalham com ciência descentralizada, genética comunitária e alfabetização digital, projetando uma transição justa e enraizada no território.

Flores acredita que esse caminho pode inaugurar uma nova era de biotecnologia indígena, capaz de unir inovação tecnológica e ética, fortalecendo uma bioeconomia circular que respeita a diversidade cultural e ambiental.

National Geographic lança edital global para transformar a educação e o futuro do planeta

A National Geographic Society abriu inscrições para um novo programa de bolsas voltado a educadores, pesquisadores e inovadores que desejam repensar o papel da aprendizagem diante dos desafios ambientais do século XXI. Intitulado The Future of Learning, The Future of our Planet, o edital convida pessoas do mundo todo a apresentar projetos e pesquisas capazes de despertar a curiosidade, formar cidadãos engajados e preparar gerações para cuidar do planeta. O prazo final para submissão das propostas é 19 de novembro de 2025.

Educação como ferramenta para proteger a Terra

A iniciativa parte de uma convicção clara: o futuro do planeta passa pela forma como as pessoas aprendem a conhecê-lo e a cuidar dele. O edital busca apoiar ideias que transformem a educação em um instrumento vivo de mudança, despertando a curiosidade e criando condições para que indivíduos de todas as idades adquiram não apenas conhecimento, mas também habilidades, valores e atitudes que os motivem a agir em favor da natureza e das comunidades.

Entre os objetivos centrais estão quatro pilares: avançar no entendimento de como despertar curiosidade e engajamento, testar soluções inéditas ou ampliar práticas já comprovadas, favorecer a aquisição de novas competências socioambientais e estimular a interdisciplinaridade.

O que pode ser financiado

O programa contempla dois eixos principais. O primeiro é o de projetos, que podem incluir pilotos de soluções educacionais inovadoras ou a expansão de iniciativas já validadas para novos territórios ou públicos. O segundo é o de pesquisas, voltado a medir a eficácia de inovações pedagógicas no desenvolvimento de conhecimentos e comportamentos que ajudem a moldar um futuro sustentável.

Mais do que financiar ideias, a National Geographic busca apoiar experiências que tragam para o presente as sementes de um amanhã diferente, fortalecendo lideranças educacionais que unam ciência, criatividade e impacto social.

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Foto: Charlie Hamilton James – National Geografic

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Quem pode participar

As bolsas estão abertas a candidatos de qualquer país, desde que tenham mais de 18 anos e não estejam empregados pela National Geographic Society no momento da inscrição. Não é necessário possuir títulos acadêmicos formais, mas os proponentes devem demonstrar experiência prévia no uso estratégico da educação para alcançar objetivos sociais ou ambientais.

O programa disponibiliza dois níveis de financiamento, sendo que exploradores reconhecidos pela National Geographic só poderão concorrer ao nível II, destinado a iniciativas de maior porte ou complexidade.

Apoio aos interessados

Para orientar os candidatos, a organização promoverá dois seminários virtuais: um no dia 9 de outubro, às 12h UTC (8h da manhã no horário de Nova York), e outro em 10 de outubro, às 19h UTC (3h da tarde no horário de Nova York). Esses encontros vão detalhar o processo de inscrição, critérios de seleção e expectativas em relação aos projetos.

Uma convocação para inovar pela vida no planeta

O lançamento deste edital reflete a visão da National Geographic Society de que a educação é mais do que um processo de transmissão de conteúdos: é uma plataforma para imaginar futuros e agir no presente. Ao financiar projetos que combinem ciência, criatividade e participação comunitária, a instituição aposta em uma geração de aprendizes capazes de transformar conhecimento em ação concreta.

Com a chamada The Future of Learning, The Future of our Planet, a sociedade não apenas abre espaço para projetos inovadores, mas lança uma convocação simbólica para que educadores e pesquisadores de todo o mundo se unam na tarefa urgente de reinventar a relação entre humanidade e natureza.

O edital se posiciona, assim, como uma oportunidade única para quem acredita que a educação é o caminho mais poderoso para construir um planeta mais justo, saudável e sustentável.

Em Nova Iorque, Helder Barbalho articula parcerias internacionais para fortalecer políticas ambientais no Pará

O Pará tem buscado cada vez mais se projetar como protagonista nas discussões globais sobre o futuro da Amazônia. Nesta segunda-feira (22), durante a Semana do Clima de Nova Iorque, o governador Helder Barbalho participou de uma série de encontros estratégicos com líderes empresariais e políticos para atrair investimentos, consolidar parcerias e reforçar o convite internacional para a COP30, que será realizada em Belém, entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025.

Alianças para fortalecer políticas ambientais

Entre os compromissos oficiais, Helder Barbalho se reuniu com Branko Sevarlic, presidente da Philip Morris Brasil. No encontro, foram discutidos possíveis apoios a políticas públicas que conciliem preservação ambiental e desenvolvimento sustentável.

A agenda incluiu temas como o fortalecimento do programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), iniciativas de conservação e gestão de recursos hídricos e o avanço do projeto Vale Bioamazônico, que busca integrar inovação tecnológica, sustentabilidade e valorização das cadeias produtivas da floresta. Também entrou na pauta a possibilidade de ampliar para o Pará experiências em agricultura sustentável já implementadas pela empresa no Rio Grande do Sul, adaptando-as às realidades locais da Amazônia.

“O Pará tem buscado articular, com parceiros estratégicos, ações que fortaleçam políticas públicas ambientais e estimulem uma nova economia para a Amazônia. Nossa agenda de reuniões tem como objetivo impulsionar iniciativas baseadas em sustentabilidade, inovação e inclusão social”, destacou o governador.

20250922171943-GF00024936-F00446721-400x267 Em Nova Iorque, Helder Barbalho articula parcerias internacionais para fortalecer políticas ambientais no Pará
Foto: Thalmus Gama / Ag. Pará

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Convite formal a Michael Bloomberg

Ainda em Nova Iorque, Helder Barbalho também se encontrou com Michael Bloomberg, empresário e filantropo norte-americano, fundador da Bloomberg L.P. e ex-prefeito de Nova Iorque. Considerado uma das vozes mais influentes no campo das finanças sustentáveis e da ação climática, Bloomberg recebeu o convite formal para participar da COP30, reforçando a expectativa de atrair lideranças globais de peso ao evento.

A reunião contou com a presença do ministro das Cidades, Jader Filho, que reforçou a necessidade de integrar soluções sustentáveis às políticas urbanas voltadas para a Amazônia. Essa articulação entre governo estadual, governo federal e atores internacionais busca alinhar estratégias e garantir que a conferência deixe um legado real para a região.

Pará no centro do debate climático

O movimento liderado por Helder Barbalho em Nova Iorque simboliza uma tentativa de transformar a COP30 em mais do que um evento diplomático. A ideia é consolidar o Pará como um laboratório global de soluções para a Amazônia, capaz de unir conservação, desenvolvimento e inclusão social.

O programa de Pagamento por Serviços Ambientais, por exemplo, é visto como ferramenta essencial para valorizar as comunidades que atuam na linha de frente da preservação florestal. O projeto Vale Bioamazônico, por sua vez, quer estimular cadeias produtivas como açaí, cacau e castanha com base em modelos de bioeconomia, gerando renda sem abrir mão da floresta em pé.

Ao buscar apoio de corporações multinacionais, filantropos globais e investidores de impacto, o Pará tenta acelerar a transição de uma economia historicamente dependente de atividades extrativistas para uma baseada em inovação sustentável.

Diplomacia ambiental em prática

O esforço diplomático do governador em Nova Iorque mostra que a COP30 será, para além de um espaço de negociação climática, um marco para reposicionar a Amazônia dentro da geopolítica ambiental mundial. A presença de lideranças empresariais como Branko Sevarlic e Michael Bloomberg sinaliza que os debates locais podem se desdobrar em compromissos globais.

A expectativa é que, a partir dessas articulações, Belém receba não apenas delegações oficiais, mas também grandes investidores, organizações multilaterais e representantes da sociedade civil, ampliando as chances de firmar parcerias duradouras.

Em um momento em que a Amazônia está no centro das atenções globais, o Pará aposta na diplomacia ambiental como caminho para transformar desafios históricos em oportunidades de desenvolvimento sustentável.

O segredo do óleo de coco para pele saudável comprovado pela ciência

Imagine um ingrediente natural, extraído de um fruto tropical, que tem sido usado há séculos por comunidades ao redor do mundo para cuidar da pele. Esse é o óleo de coco, um produto versátil que vai além da cozinha e entra no universo da dermatologia com benefícios impressionantes. Neste artigo, vamos explorar como a ciência confirma as vantagens do óleo de coco para a pele, destacando estudos que revelam seu potencial hidratante, anti-inflamatório e protetor. Se você busca opções naturais para manter a pele saudável, continue lendo e descubra por que o óleo de coco merece um lugar na sua rotina de cuidados.

O óleo de coco, derivado da polpa do coco maduro, é rico em ácidos graxos saturados, como o ácido láurico, que conferem propriedades únicas. Diferente de muitos óleos sintéticos, ele é acessível e multifuncional, servindo tanto para hidratação quanto para proteção contrairritações. Mas o que a ciência diz sobre isso? Vamos mergulhar nos detalhes, com base em pesquisas confiáveis, para entender os reais impactos na saúde da pele.

Os nutrientes essenciais do óleo de coco e seus efeitos na pele

O óleo de coco virgem, especialmente o extraído a frio, preserva uma gama de nutrientes que beneficiam a pele. Entre eles, destacam-se os ácidos graxos de cadeia média, como o láurico, caprílico e cáprico, que possuem ações antimicrobianas naturais. Esses componentes ajudam a combater bactérias, fungos e vírus que podem causar infecções cutâneas, tornando o óleo uma barreira protetora eficaz.

Além disso, o óleo de coco é fonte de antioxidantes, como vitamina E e polifenóis, que lutam contra os radicais livres responsáveis pelo envelhecimento precoce. Um estudo publicado na revista Life Sciences Research Office indicou que o consumo e aplicação tópica do óleo de coco não elevam o colesterol nem aumentam riscos cardiovasculares, contrariando mitos antigos sobre gorduras saturadas. Essa pesquisa reforça a segurança do uso tópico, abrindo portas para sua inclusão em rotinas diárias de cuidados com a pele.

Para ilustrar melhor, considere um infográfico simples que resume esses nutrientes. O ácido láurico representa cerca de 50% da composição, oferecendo hidratação profunda; os antioxidantes combatem inflamações; e os ácidos graxos melhoram a barreira cutânea. Estudos in vitro demonstraram que o óleo de coco virgem reduz inflamações e protege a pele de irritantes, promovendo uma hidratação que dura horas.

Benefícios comprovados do óleo de coco na dermatologia

Um dos principais atrativos do óleo de coco para a pele é sua capacidade hidratante. Em regiões tropicais, ele é usado tradicionalmente para tratar pele ressecada, e agora a ciência valida isso. Um ensaio clínico randomizado comparou o óleo de coco virgem com óleo mineral em pacientes com xerose moderada, mostrando melhorias significativas na hidratação e nos lipídios da superfície da pele sem diferenças em efeitos colaterais. Ambos os óleos foram eficazes, mas o coco se destacou por suas propriedades naturais.

Outro benefício notável é o efeito anti-inflamatório. Estudos in vitro revelaram que o óleo de coco virgem inibe mediadores inflamatórios, aliviando sintomas de distúrbios cutâneos como dermatite atópica. Em um teste com pacientes pediátricos, a aplicação tópica reduziu a gravidade do eczema em 68%, superando óleos minerais derivados de petróleo. Isso sugere que o óleo de coco pode ser uma alternativa gentil para peles sensíveis, especialmente em crianças prematuras, onde melhora a temperatura corporal, respiração e crescimento geral.

leo_de_coco O segredo do óleo de coco para pele saudável comprovado pela ciênciaA ação antimicrobiana é outro pilar dos benefícios do óleo de coco na dermatologia. O ácido láurico se converte em monolaurina, um composto que combate patógenos como Staphylococcus aureus, comum em infecções de pele. Pesquisas da Associação Brasileira de Nutrologia confirmam atividades antibacterianas, antifúngicas e antivirais, embora mais estudos sejam necessários para aplicações clínicas amplas. Em tempos de COVID, o óleo de coco mostrou potencial para proteger a pele contra danos causados por sanitizantes alcoólicos, mitigando irritações.

Não podemos ignorar o papel na cicatrização de feridas. Estudos em animais indicaram que o óleo de coco, combinado com antibióticos, acelera a cura de queimaduras ao prevenir infecções e promover regeneração tecidual. Humanos com feridas crônicas também relataram melhorias, graças aos antioxidantes que impulsionam a produção de colágeno. Um review narrativo de evidências atuais enfatiza esses efeitos, destacando o óleo de coco como uma opção natural para reparo de barreiras cutâneas.

Por fim, o óleo de coco contribui para o antienvelhecimento. Seus antioxidantes neutralizam radicais livres, atrasando rugas e flacidez. Em cosméticos, ele é incorporado a loções e cremes para hidratação, e estudos mostram que previne envelhecimento prematuro devido às suas propriedades antioxidantes. Para peles oleosas, no entanto, cuidado: sua comedogenicidade alta pode obstruir poros, agravando acne. Sempre teste em uma área pequena antes de usar amplamente.

Estudos científicos que respaldam o uso do óleo de coco

A ciência tem se debruçado sobre o óleo de coco, revelando dados fascinantes. Um estudo de 2019 no Journal of Traditional and Complementary Medicine analisou o óleo de coco virgem em inflamações cutâneas, confirmando suas propriedades protetoras e não irritantes. Os pesquisadores concluíram que ele melhora sintomas de distúrbios da pele ao hidratar e acalmar.

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Outro trabalho, publicado em 2018 na revista International Journal of Dermatology, testou o óleo de coco em dermatite atópica pediátrica, mostrando reduções no índice SCORAD, perda de água transepidérmica e aumento na capacitância da pele. Esses resultados indicam que o óleo de coco é superior a opções sintéticas em alguns casos.

Em bebês prematuros, um ensaio controlado randomizado de 2020 demonstrou que a aplicação do óleo melhora a condição da pele, reduzindo lesões e infecções. Reviews como o de 2017 no International Journal of Molecular Sciences destacam óleos vegetais, incluindo o de coco, para reparo de barreiras cutâneas e anti-inflamação.

Apesar dos benefícios, nem tudo é unanimidade. Uma especialista de Harvard alertou sobre o alto teor de gorduras saturadas no consumo oral, mas para uso tópico, os riscos são mínimos. Estudos clínicos com pacientes com AIDS até exploram suas propriedades antivirais, ampliando o escopo. O consenso é que mais pesquisas são necessárias, mas as evidências atuais são promissoras.

Como incorporar o óleo de coco na rotina de cuidados com a pele

Usar o óleo de coco é simples e eficaz. Para hidratação diária, aplique uma pequena quantidade na pele limpa, massageando suavemente. Ele é ideal para áreas secas como cotovelos e calcanhares. Misture com essências para um hidratante personalizado ou use como removedor de maquiagem natural.

Em máscaras faciais, combine com mel para um tratamento antibacteriano. Para cabelos, aplique como condicionador profundo, mas foque na pele aqui. Escolha o virgem para preservar benefícios, e armazene em local fresco para manter a consistência.

quais_os_melhores_hidratantes_corporais O segredo do óleo de coco para pele saudável comprovado pela ciênciaConsulte um dermatologista se tiver condições específicas, especialmente peles acneicas. Sites como o Healthline oferecem mais dicas práticas baseadas em evidências.

Possíveis riscos e considerações finais

Embora seguro para a maioria, o óleo de coco pode causar reações alérgicas raras. Em peles oleosas, evite para não agravar acne. Estudos confirmam sua segurança em doses moderadas, mas equilíbrio é chave.

Em resumo, o óleo de coco emerge como um aliado natural para pele saudável, respaldado por ciência. Seus benefícios em hidratação, proteção e anti-inflamação o tornam uma escolha reveladora. Experimente e sinta a diferença, sempre priorizando fontes confiáveis como o PubMed para mais leituras.

Vice-governadora e ministro da Casa Civil acompanham obras e hospedagem para a COP30 em Belém

A preparação de Belém para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas entra em sua reta final. Nesta semana, a vice-governadora do Pará, Hana Ghassan, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, percorreram alguns dos principais canteiros de obras e empreendimentos que vão servir de palco ou suporte para o encontro climático, que reunirá líderes e delegações do mundo inteiro em novembro.

A comitiva incluiu ainda a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, o secretário extraordinário para a COP30, Valter Correia, e o ministro do Turismo, Celso Sabino, que acompanhou parte da agenda. O grupo visitou obras emblemáticas, como o Parque da Cidade, a Vila COP30, além de hotéis e imóveis particulares que receberão delegações oficiais e visitantes.

Estruturas que ficam como legado

O Parque da Cidade, que está com 99% das obras concluídas, será um dos pontos mais importantes da conferência. Ali estão sendo montadas a Zona Azul (Blue Zone) e a Zona Verde (Green Zone), espaços que concentram negociações diplomáticas, debates técnicos e atividades abertas ao público.

Hana Ghassan destacou a importância de ver os planos saindo do papel. “Tudo aquilo que foi sonhado agora está quase pronto para receber o mundo. Isso nos enche de orgulho”, disse a vice-governadora, que também preside o Comitê Estadual da COP30.

20250923165838-GF00024950-F00447214-400x267 Vice-governadora e ministro da Casa Civil acompanham obras e hospedagem para a COP30 em Belém
Foto: Marco Santos / Ag. Pará

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O ministro Rui Costa, por sua vez, demonstrou entusiasmo com o Centro Gastronômico construído dentro do parque. Para ele, o espaço representa muito mais do que um ponto de alimentação. “Aqui, eu diria que é o palácio da refeição. Os restaurantes que vão atender os participantes ficarão como patrimônio da cidade e vão incentivar o turismo e novos eventos”, destacou.

Essa combinação de estruturas temporárias e permanentes mostra a estratégia do governo estadual de transformar os investimentos da COP30 em legado urbano e econômico para Belém, um dos grandes desafios em conferências desse porte.

Hospedagem diversificada

Outra parada da comitiva foi a Vila COP30, empreendimento com 405 suítes que já está com 91% das obras concluídas. Durante a conferência, o espaço receberá líderes mundiais e delegados. Depois, será convertido em sede administrativa do governo estadual, reforçando a ideia de herança duradoura para a capital paraense.

No setor privado, os olhares também se voltam para a hospitalidade. A comitiva visitou o hotel Vila Galé, que terá papel de destaque na hospedagem durante o evento. Parte da equipe do hotel foi qualificada pelo programa Capacita COP30, iniciativa estadual que prepara trabalhadores locais para atender às demandas de turismo e serviços da conferência.

O roteiro incluiu ainda imóveis particulares cadastrados em plataformas de aluguel por temporada. Os proprietários conversaram com as autoridades sobre expectativas e sobre como a COP30 pode abrir novas oportunidades para o mercado de hospedagem em Belém.

A agenda de inspeções continua nos próximos dias. Rui Costa confirmou que nesta quarta-feira (24) fará vistoria no Porto de Outeiro, onde ficarão atracados dois navios de cruzeiro que funcionarão como hotéis flutuantes durante a COP30. A programação também prevê uma entrevista coletiva à imprensa para atualizar os avanços da preparação.

Belém vive, portanto, um momento decisivo. As obras e projetos que se consolidam agora não são apenas estruturas para receber visitantes, mas também ferramentas para reposicionar a cidade e o Pará como protagonistas globais no debate climático. Combinando infraestrutura, turismo e legado social, a expectativa é que a COP30 deixe marcas permanentes no desenvolvimento da região amazônica.

Três caminhos para fortalecer os pagamentos por resultados em países tropicais

Conter o desmatamento e a degradação florestal é um dos maiores desafios do nosso tempo e peça-chave para cumprir as metas do Acordo de Paris. Para os países tropicais, que concentram grande parte das florestas remanescentes do planeta, o mecanismo REDD+: Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal, tornou-se um eixo essencial de suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).

Desde 2007, essas nações vêm estruturando estratégias nacionais, sistemas de monitoramento florestal, salvaguardas socioambientais e mecanismos de transparência para comprovar reduções verificáveis de emissões. A partir desses avanços, começaram a acessar os chamados pagamentos por resultados, uma forma de financiamento climático que recompensa reduções mensuradas e comprovadas de emissões.

Apesar de avanços, os valores ainda estão aquém das necessidades reais, e os modelos de investimento nem sempre se adaptam ao contexto de cada país. Além disso, garantir que os benefícios cheguem efetivamente às comunidades locais exige salvaguardas robustas e flexibilidade nos instrumentos de financiamento. Melhorar esse sistema é, portanto, fundamental para que as florestas tropicais contribuam plenamente tanto para a ação climática quanto para o desenvolvimento sustentável.

A seguir, três caminhos centrais para fortalecer os pagamentos por resultados no âmbito do REDD+ segundo estudo feito pelas Nações Unidas.

1. Ampliar o financiamento climático

O custo de manter e expandir a cobertura florestal vai muito além dos valores hoje praticados. Um avanço importante ocorreu em 2024, quando o Fundo Verde para o Clima (GCF) elevou de US$ 5 para US$ 8 por tonelada de CO₂ equivalente o valor pago por resultados de REDD+. Ainda assim, a quantia segue distante das necessidades reais.

Uma nova oportunidade está na criação do Tropical Forest Forever Facility, prevista para ser formalizada durante a COP30 em Belém. O mecanismo, liderado por países do Sul Global, pretende mobilizar US$ 125 bilhões em investimentos sustentáveis, garantindo que ao menos 20% sejam destinados a povos indígenas e comunidades locais. Essa proposta representa uma tentativa de precificar de forma mais justa os serviços ambientais prestados pelas florestas.

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Tânia Rêgo/Agência Brasil

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2. Adaptar investimentos a contextos locais

A experiência dos últimos anos demonstrou que não existe fórmula única para sustentar os resultados do REDD+. Cada país precisa desenhar planos ajustados às suas realidades, seja para reduzir o desmatamento ou aumentar os estoques de carbono.

Isso exige o fortalecimento das instituições responsáveis por implementar o REDD+, aprimorar sistemas de medição, relato e verificação (MRV), criar regras claras para gerir fundos, ampliar a transparência no uso de dados e consolidar estruturas de governança. Também requer mecanismos financeiros diversificados — como doações, empréstimos e pagamentos por marcos alcançados — capazes de superar barreiras iniciais de custo.

É igualmente necessário investir em inclusão: mulheres, jovens e povos indígenas precisam ter voz ativa nesses processos. Quanto maior a coordenação entre níveis nacional, estadual e local, mais eficaz será a gestão de recursos e a partilha de benefícios.

3. Garantir impacto social e equidade

Não basta reduzir emissões: os resultados do REDD+ devem também fortalecer meios de vida, promover igualdade de gênero e ampliar os direitos das comunidades tradicionais. Para isso, os pagamentos por resultados e por desempenho têm se mostrado ferramentas promissoras, sobretudo quando associados a salvaguardas socioambientais consistentes.

Exemplos concretos demonstram o potencial desse modelo. Na Costa Rica, os recursos reforçaram o programa nacional de Pagamento por Serviços Ambientais, beneficiando pequenos agricultores e combatendo incêndios florestais. Na Indonésia, foram aplicados em iniciativas de manejo social de florestas, restauração de manguezais e combate ao fogo, ampliando oportunidades para povos indígenas. No Equador, financiaram ações de conservação, recuperação da cobertura florestal e inclusão comunitária em áreas protegidas.

Esses exemplos mostram que os pagamentos, quando bem aplicados, não apenas reduzem emissões, mas também geram co-benefícios sociais e econômicos, fortalecendo a resiliência local e a justiça climática.

O futuro do REDD+

Melhorar os pagamentos por resultados é mais que uma questão de eficiência financeira: é garantir que o REDD+ cumpra seu papel como uma das soluções mais custo-efetivas para a crise climática. Ampliar recursos, adaptar investimentos e assegurar equidade são os pilares para que os países tropicais avancem em direção a um futuro mais sustentável.

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), parceiro estratégico do Programa ONU-REDD, segue apoiando países nesse caminho, oferecendo assistência técnica, fortalecendo políticas públicas e promovendo a troca de conhecimento global.

Essas reflexões ganham ainda mais relevância após o Encontro Sul-Sul sobre Pagamentos por Resultados do REDD+, realizado em 2024 na Indonésia, que reuniu países como Brasil, Camboja, Costa Rica, República Democrática do Congo e Equador para compartilhar experiências e estratégias comuns.

A mensagem é clara: se quisermos que as florestas tropicais cumpram plenamente sua função de regular o clima, proteger a biodiversidade e sustentar comunidades, precisamos de mecanismos de financiamento mais justos, ambiciosos e inclusivos.