Início Site Página 42

4 passos simples para manter ouriços longe de piscinas em quintais

Quem tem piscina em casa sabe que a área externa precisa de cuidados constantes, não apenas para manter a água limpa, mas também para evitar visitantes inesperados. Entre esses visitantes estão os ouriços, pequenos animais silvestres que, apesar de inofensivos na maioria das vezes, podem causar acidentes e até morrer se caírem na água. Manter esses animais longe da piscina é uma questão de proteção para eles e de segurança para a família.

Por que ouriços aparecem em quintais com piscina

Os ouriços são animais noturnos e curiosos, que saem em busca de alimento durante a noite. Jardins bem cuidados, gramados e áreas arborizadas funcionam como um convite para que eles se aproximem. Piscinas abertas também chamam atenção porque refletem a luz da lua e podem ser confundidas com lagoas naturais.

Quando um ouriço cai na piscina, raramente consegue sair sozinho, já que suas garras não têm aderência nas bordas lisas. Isso pode gerar situações tristes para o animal e desconforto para os moradores. Por isso, tomar medidas preventivas é essencial para evitar encontros indesejados.

Passo 1: instale barreiras físicas ao redor da piscina

O primeiro passo é criar um bloqueio que impeça o acesso direto à piscina. Grades baixas, cercas de vidro ou até mesmo redes de proteção são alternativas que funcionam sem prejudicar a estética do quintal. O importante é que a barreira tenha altura e resistência suficientes para evitar que o ouriço consiga ultrapassá-la.

Outro recurso útil são as lonas ou capas de piscina, especialmente durante a noite. Além de proteger a água contra sujeira, elas reduzem a chance de que um animal se aproxime e caia acidentalmente.

Passo 2: reduza os atrativos no jardim

Ouriços são atraídos por restos de alimentos, ração de pets ou até mesmo insetos e minhocas que vivem em áreas úmidas. Se o quintal for mal iluminado e tiver gramado constantemente encharcado, as chances de visitas aumentam.

Para evitar isso, é fundamental manter a área limpa e organizada. Não deixe restos de comida ou recipientes de água espalhados. Caso tenha cães ou gatos, retire os potes de ração à noite. Outra dica é evitar o acúmulo de folhas secas e galhos, já que eles funcionam como abrigo natural para os ouriços.

Passo 3: aposte na iluminação estratégica

Como são animais noturnos e gostam de se movimentar em áreas mais escuras, os ouriços tendem a evitar locais bem iluminados. Instalar refletores com sensor de movimento no entorno da piscina é uma solução prática. A luz acende quando há movimento, o que afasta os animais sem causar nenhum dano.

Além de proteger os ouriços, a iluminação aumenta a segurança do quintal, já que também ajuda a evitar acidentes com pessoas durante a noite.

Passo 4: crie rotas alternativas no quintal

Se o seu jardim é grande e rodeado de vegetação, o mais indicado é criar caminhos naturais para que os ouriços possam circular sem precisar chegar perto da piscina. Uma estratégia é direcionar a passagem deles para áreas mais afastadas, mantendo pequenos arbustos e plantas densas em locais estratégicos.

Dessa forma, o animal encontra abrigo e alimento em outra parte do quintal e não sente necessidade de explorar a área da piscina.

O que fazer se encontrar um ouriço na piscina

Mesmo com todos os cuidados, pode acontecer de encontrar um ouriço dentro ou próximo da piscina. Nesse caso, nunca tente retirar o animal com as mãos nuas, pois os espinhos podem causar ferimentos. Use uma rede de piscina ou um recipiente resistente para ajudá-lo a sair com segurança.

Após resgatar, coloque-o em um local gramado e protegido, longe da área de risco. Se notar sinais de ferimentos, o ideal é acionar órgãos ambientais ou centros de reabilitação de fauna silvestre.

Convivência harmoniosa com a fauna local

É importante lembrar que os ouriços fazem parte do equilíbrio ecológico, já que se alimentam de insetos e pequenas pragas que poderiam se tornar problemas no jardim. O objetivo não deve ser eliminá-los, mas sim redirecionar seus caminhos para que não entrem em contato com áreas perigosas.

Criar um ambiente de respeito à fauna local traz benefícios para todos: os animais se mantêm seguros e a casa continua protegida. Além disso, famílias que convivem com áreas verdes aprendem a valorizar ainda mais a biodiversidade ao redor.

Pequenos ajustes, grandes resultados

Ao seguir esses quatro passos simples — barreiras físicas, limpeza do jardim, iluminação estratégica e rotas alternativas — é possível manter os ouriços longe das piscinas sem precisar de medidas drásticas. O resultado é uma convivência mais segura, prática e consciente com esses animais tão comuns em quintais arborizados.

Cuidar do espaço externo da casa significa também cuidar da vida que existe nele. Com pequenas mudanças, é possível garantir que a piscina continue sendo um espaço de lazer e descanso, sem riscos para os animais que cruzam seu caminho.

Leia mais artigos aqui

Conheça também – Revista Para+

Assassinatos de defensores ambientais expõem vulnerabilidade na América Latina

O ano de 2024 registrou mais uma vez um cenário sombrio para aqueles que dedicam suas vidas à defesa do meio ambiente. Segundo relatório publicado em setembro pela Global Witness, ao menos 142 ativistas ambientais foram assassinados ao redor do mundo, além de quatro desaparecimentos que permanecem sem resposta. A estatística reforça uma tendência que se arrasta há mais de uma década: a América Latina segue como a região mais perigosa para defensores da terra e da natureza, concentrando 82% dos crimes.

Entre os países com mais mortes, a Colômbia lidera com 48 casos, seguida por Guatemala (20) e México (18). O Brasil ocupa a quarta posição, com 12 assassinatos. Apesar de o número representar uma queda em relação a 2023, o país segue entre os mais letais para ambientalistas.

Brasil: menos assassinatos, mais ameaças

A violência no campo brasileiro não se restringe às mortes. Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostram que, em 2024, embora os homicídios tenham diminuído, os episódios de intimidação aumentaram. Foram 481 tentativas de assassinato documentadas, das quais 44% tiveram como alvo povos indígenas e 27% atingiram comunidades quilombolas. A CPT alerta que o quadro revela uma escalada nas formas de ameaça e repressão, com impacto direto sobre os modos de vida de grupos historicamente vulnerabilizados.

Esses ataques não surgem no vazio. O avanço da mineração, da exploração madeireira, da agroindústria e de grandes projetos de infraestrutura, movidos pela demanda internacional por commodities, amplia a pressão sobre territórios tradicionais. Muitas vezes, comunidades afetadas não são consultadas nem recebem compensações adequadas, em flagrante desrespeito ao princípio do consentimento livre, prévio e informado estabelecido em convenções internacionais.

image_processing20240122-1462678-o1d52-400x283 Assassinatos de defensores ambientais expõem vulnerabilidade na América Latina
Reprodução

SAIBA MAIS: A Luta Silenciosa dos Defensores dos Direitos Humanos no Brasil

A geografia da violência

Os dados da Global Witness e da CPT convergem em um ponto: a violência não é difusa, mas direcionada. A maioria das vítimas era indígena ou agricultor familiar, atuava contra atividades predatórias e defendia alternativas sustentáveis. Em diversos casos, os ataques foram atribuídos a grupos criminosos organizados ou às próprias forças de segurança estatais.

Esse cenário revela um paradoxo: em nome do “desenvolvimento”, projetos de exploração avançam sem garantias sociais e ambientais mínimas, ao passo que aqueles que tentam conter os impactos acabam expostos a um risco de morte que, em países democráticos, deveria ser impensável.

Avanços normativos, implementação tímida

Nos últimos anos, surgiram instrumentos legais que poderiam ampliar a proteção de defensores ambientais. A União Europeia aprovou uma diretiva de sustentabilidade empresarial, e as Nações Unidas avançam no debate sobre um Tratado Vinculante sobre Empresas e Direitos Humanos. No plano regional, o Acordo de Escazú estabelece compromissos para assegurar a participação social em questões ambientais e proteger lideranças ameaçadas.

Há ainda a Declaração da ONU sobre Defensores de Direitos Humanos, que reconhece explicitamente a importância dessas pessoas. No entanto, o desafio está em transformar normas em prática. Em muitos países, inclusive no Brasil, a implementação é lenta, enfrenta resistência de grandes corporações e carece de vontade política.

A batalha pela proteção

A persistência da violência contra defensores ambientais mostra que não basta celebrar quedas pontuais nos números de assassinatos. A verdadeira medida da segurança está na criação de mecanismos eficazes de prevenção, investigação e punição. Sem isso, os agressores permanecem na impunidade, incentivando novos ataques.

O Brasil, por exemplo, possui programas de proteção a defensores de direitos humanos, mas eles ainda são insuficientes frente à complexidade dos conflitos no campo. A presença de facções criminosas, o peso econômico do agronegócio e os interesses de mineração e infraestrutura criam um campo de forças que fragiliza qualquer política pública mal estruturada.

O relatório da Global Witness não se limita a contar vítimas. Ele lança um alerta sobre o custo humano da crise ambiental e climática. Defender a floresta, o rio ou a terra tornou-se, em muitos lugares, uma sentença de risco de morte. Se o planeta precisa desesperadamente de pessoas dispostas a enfrentar a degradação ambiental, o mínimo que a sociedade deve garantir a essas lideranças é a possibilidade de viver em segurança.

Enquanto governos adiam medidas estruturais e empresas seguem expandindo seus negócios sem considerar os impactos sociais, os defensores ambientais continuam na linha de frente e, infelizmente, no alvo da violência.

Empresas podem disputar prêmio global de resiliência climática

Empresas que buscam reconhecimento global por suas iniciativas em adaptação climática agora têm uma nova oportunidade: as inscrições estão abertas para o Climate Resilience Awards for Business, uma premiação criada pelo World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) em parceria com a Global Resilience Partnership (GRP). A proposta é destacar negócios que estão inovando em estratégias de resiliência e dar visibilidade internacional às melhores práticas nesse campo, com direito a espaço privilegiado durante a COP30, que acontecerá em Belém, no Pará, em novembro de 2025.

O que está em jogo

Os finalistas e vencedores não recebem apenas um selo de prestígio. Eles têm a chance de expor seus projetos a uma audiência global, já que o conteúdo é amplamente promovido nas plataformas digitais do WBCSD, da GRP e de organizações parceiras. Isso garante que as iniciativas premiadas circulem além de seus mercados de origem e sejam reconhecidas como modelos de inovação e impacto.

Além da divulgação, os casos escolhidos passam a compor relatórios de boas práticas e estudos de caso. Essa inserção tem um valor estratégico: coloca as empresas como referência, inspira outras organizações a seguir caminhos semelhantes e cria uma espécie de manual de inovação em resiliência climática.

Mais do que reconhecimento: conexões estratégicas

Um dos diferenciais da premiação é abrir portas para ambientes de networking de alto nível. Os vencedores têm acesso a encontros e diálogos estratégicos com formuladores de políticas, investidores e outros líderes empresariais. O ponto alto dessa agenda será a participação direta na COP30, onde os projetos selecionados poderão ser apresentados em um dos maiores palcos do debate climático global.

Esse acesso é especialmente valioso porque conecta empresas a potenciais parceiros de diferentes setores, desde governos até fundos de investimento. Em um cenário no qual a resiliência climática está se tornando prioridade para cadeias produtivas, infraestrutura urbana e políticas públicas, estar visível nesse ecossistema pode significar novas oportunidades de negócios, financiamento e expansão internacional.

1733184589_pra-2024jpg-400x267 Empresas podem disputar prêmio global de resiliência climática
Climate Change Comission – Divulgação

SAIBA MAIS: Presidência da COP30 alerta, transição climática é irreversível e empresas devem liderar

O papel transformador das empresas na resiliência climática

Nos últimos anos, o setor privado vem sendo cada vez mais chamado a participar ativamente dos esforços de adaptação às mudanças climáticas. Isso porque empresas não apenas sofrem os impactos de eventos extremos, como também possuem recursos e capacidade de inovação que podem acelerar respostas eficazes. Ao premiar exemplos de sucesso, o Climate Resilience Awards for Business reforça essa narrativa: a de que as soluções empresariais são parte essencial da construção de um futuro mais seguro e sustentável.

Resiliência, nesse contexto, significa muito mais do que sobreviver a crises. Trata-se de desenvolver sistemas capazes de antecipar riscos, reduzir vulnerabilidades e aproveitar oportunidades em um mundo que já enfrenta as consequências da crise climática. A premiação, portanto, não se limita a reconhecer boas ideias, mas busca criar uma comunidade de referência global em práticas empresariais que fazem diferença no terreno da adaptação.

Belém como palco simbólico

A escolha da COP30 como cenário para destacar os premiados reforça a importância estratégica do evento. Ao levar os vencedores para Belém, a iniciativa conecta soluções empresariais à Amazônia, região que representa tanto vulnerabilidades críticas quanto oportunidades únicas para inovação climática. Para as empresas, estar presente nesse ambiente é ampliar sua voz em um dos debates mais urgentes da atualidade.

Uma vitrine para o futuro

Combinando visibilidade global, inserção em relatórios de referência e acesso a redes de alto impacto, o Climate Resilience Awards for Business se consolida como mais do que uma premiação: é uma plataforma de projeção internacional. Para as organizações que buscam não apenas reconhecimento, mas também influência real na agenda climática, a oportunidade é clara.

Em tempos em que adaptação deixou de ser apenas um conceito e passou a ser necessidade prática, destacar soluções empresariais que funcionam é uma forma de inspirar ação coletiva. As empresas premiadas não apenas levam um troféu simbólico, mas se tornam protagonistas de uma narrativa em que negócios e sustentabilidade caminham lado a lado.

Operações de desintrusão freiam avanço do garimpo na Amazônia

O garimpo ilegal, uma das maiores ameaças aos povos indígenas e à Amazônia, começa a dar sinais de retração nas maiores Terras Indígenas da região. Dados inéditos do Greenpeace Brasil mostram que, no primeiro semestre de 2025, as operações de desintrusão coordenadas pelo Ministério dos Povos Indígenas resultaram em forte queda da atividade garimpeira nos territórios Yanomami, Munduruku e Kayapó.

O levantamento, feito com imagens de satélite de alta resolução fornecidas pela empresa Planet Labs, aponta reduções expressivas: na Terra Indígena Yanomami, a queda foi de 95,18%, com apenas 8,16 hectares de floresta desmatados para exploração de ouro entre janeiro e junho de 2025. No mesmo período do ano anterior, a perda havia sido muito maior. Já a TI Munduruku registrou queda de 41,53%, totalizando 11,81 hectares de desmatamento. No caso da TI Kayapó, houve um leve aumento de 1,93% no acumulado do semestre, mas, após o início da desintrusão em maio, não foram detectadas novas áreas abertas. Em junho, os três territórios alcançaram um feito histórico: zero hectares de abertura de novas frentes de garimpo.

Para Grégor Daflon, porta-voz da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil, os números são um sinal claro de que a estratégia está funcionando: “As ações de desintrusão têm se mostrado eficazes em frear o avanço do garimpo, diferente de anos anteriores, quando a destruição parecia incontrolável. Essa redução traz esperança para a biodiversidade amazônica e devolve aos povos indígenas a possibilidade de viverem com segurança em seus territórios.”

Ainda assim, o balanço mostra contrastes. Enquanto os três territórios citados registram avanços, a Terra Indígena Sararé, em Mato Grosso, segue sob intensa pressão. Ali vivem os povos Nambikwara, que enfrentam um garimpo que já ocupa cerca de 4,38% dos 67 mil hectares da área. Entre janeiro e junho deste ano, foram identificados 773 hectares de novas áreas desmatadas — o equivalente a mais de mil campos de futebol. O pico ocorreu em janeiro, com 268 hectares devastados em apenas um mês.

dff0f05c-image-768x543-1-400x283 Operações de desintrusão freiam avanço do garimpo na Amazônia
Garimpo na Terra Indígena Sararé (Mato Grosso). Crédito: Departamento de Pesquisa/ Greenpeace

VEJA TAMBÉM: Entenda apuração do MPF sobre a Starlink e os garimpos na Amazônia

Mesmo após quatro operações de combate realizadas pelo Ibama e pela Polícia Federal, a pressão continua. Mais de 400 acampamentos de garimpo foram desmantelados e 100 escavadeiras hidráulicas, máquinas que aceleram a devastação, foram inutilizadas. Mas, como alerta Daflon, só a repressão não basta: “É necessário avançar para a desintrusão completa, atacando também a logística e os fluxos financeiros que sustentam o retorno do garimpo.”

A discussão sobre os próximos passos foi aprofundada em agosto, em Manaus, durante o encontro da Aliança em Defesa dos Territórios, articulação criada em 2021 por lideranças Yanomami, Munduruku e Kayapó. Na ocasião, os dados do Greenpeace foram apresentados em primeira mão, confirmando a relação direta entre a retirada dos invasores e a redução da devastação.

As falas das lideranças indígenas reforçam que a desintrusão precisa vir acompanhada de alternativas econômicas. Alessandra Korap Munduruku destacou que seu povo tem condições de viver sem garimpo, com base no extrativismo, na caça, na pesca e no artesanato, mas que carece de investimentos para fortalecer essas atividades. Ela defendeu projetos de etnodesenvolvimento e turismo de base comunitária como caminhos de autonomia.

Julio Ye’kwana Yanomami, por sua vez, enfatizou a importância de sistemas de monitoramento operados pelos próprios indígenas. Para ele, não é suficiente depender apenas da Funai ou de órgãos governamentais: “Queremos formar jovens para operar drones e garantir a vigilância do território. Só assim manteremos o garimpo longe.”

Patkore Kayapó lembrou que a mineração ilegal não destrói apenas florestas, mas também tecidos sociais: “O garimpo traz facções criminosas, drogas e armas. Contamina rios como o Fresco e o Branco, e deixa para trás lama, óleo e maquinário queimado. Precisamos recuperar a terra com projetos sustentáveis que garantam vida e floresta em pé.”

Os resultados obtidos até aqui mostram que a combinação de repressão policial, desintrusão sistemática e fortalecimento das comunidades indígenas é capaz de frear o garimpo. Mas a experiência também indica que, sem planos duradouros de vigilância e alternativas de desenvolvimento, a ameaça pode retornar rapidamente.

O desafio agora é ampliar a estratégia para outros territórios igualmente pressionados. Mais do que conter retrocessos, é preciso transformar a desintrusão em política permanente de proteção da Amazônia, assegurando que as futuras gerações indígenas possam viver em suas terras livres da devastação.

Saneamento universal pode poupar bilhões em saúde no Brasil

Universalizar o acesso ao saneamento básico no Brasil não é apenas uma meta de infraestrutura, mas uma oportunidade econômica e social de grande impacto. De acordo com estudo do Instituto Trata Brasil, a universalização poderia gerar até 2040 uma economia de R$ 25 bilhões em gastos com saúde pública, além de movimentar R$ 1,5 trilhão em diferentes setores da economia. Mesmo após o desconto dos custos de investimento, o saldo positivo estimado chega a R$ 815 bilhões.

Esse cenário parte de uma realidade ainda marcada pela desigualdade no acesso. Em 2024, apenas 56% da população brasileira tinha acesso à coleta de esgoto. As consequências dessa deficiência foram evidentes: 344 mil internações hospitalares provocadas por doenças relacionadas ao saneamento inadequado, com um custo de R$ 174,3 milhões aos cofres públicos. Crianças de até quatro anos e idosos, grupos mais vulneráveis, representaram 43,5% dessas hospitalizações.

A lista de enfermidades associadas à falta de saneamento é conhecida, mas persiste como um problema contemporâneo. Diarreia, hepatite A e leptospirose figuram entre as mais comuns, mas há também surpresas preocupantes: em 2024, o Brasil voltou a registrar casos de cólera, doença considerada erradicada do território nacional havia quase duas décadas. Esse retrocesso revela que a precariedade da infraestrutura sanitária continua a ameaçar conquistas históricas em saúde pública.

vila-da-barca-comunidade-de-palafitas-em-belem-1750115555967_v2_900x506.jpg-400x225 Saneamento universal pode poupar bilhões em saúde no Brasil
Foto: Pablo Porciuncula

VEJA TAMBÉM: Saneamento é o maior desafio ambiental da Amazônia, diz ministro

O novo marco legal e as mudanças no setor

A perspectiva de mudança ganhou impulso em 2020, com a aprovação do novo marco legal do saneamento, que estabeleceu a meta de universalizar o acesso à água potável e ao tratamento de esgoto até 2033. A legislação trouxe inovações importantes, como a ampliação da participação da iniciativa privada, novas regras de regulação e mecanismos de fiscalização mais rigorosos.

Segundo o Abcon Sindcon, que reúne concessionárias privadas de serviços de água e esgoto, os efeitos já começam a ser sentidos: desde 2021, mais de 6,3 milhões de domicílios foram conectados à rede de água tratada, enquanto outros 6,1 milhões passaram a contar com coleta de esgoto. Esses números indicam que a engrenagem do setor está em movimento, embora ainda distante do objetivo final.

A universalização do saneamento não representa apenas um alívio para os sistemas de saúde. Como destaca Luana Pretto, presidente executiva do Instituto Trata Brasil, os impactos positivos se espalham por diversos setores. Pessoas com acesso a serviços de saneamento adoecem menos, o que resulta em maior produtividade no trabalho e menor absenteísmo. Obras de infraestrutura elevam o valor de imóveis e terrenos, gerando ganhos patrimoniais para famílias e municípios. Praias e rios limpos tornam-se mais atrativos para turistas, ampliando receitas locais.

Há também o efeito multiplicador das próprias obras. Cada trabalhador contratado para instalar redes de água e esgoto injeta parte de sua renda na economia regional, consumindo em restaurantes, alugando imóveis e comprando produtos locais. Trata-se de um círculo virtuoso em que o investimento inicial retorna em forma de empregos, renda e dinamismo econômico.

A economia como aliada da saúde pública

Os dados evidenciam que investir em saneamento básico é uma política pública de alta rentabilidade social. O valor de R$ 25 bilhões economizados em saúde até 2040 representa apenas uma fração dos benefícios. Ao se reduzir a incidência de doenças relacionadas à falta de infraestrutura sanitária, o Estado libera recursos que poderiam ser direcionados para outras áreas prioritárias, como educação, ciência e inovação.

A persistência de casos de doenças como cólera e leptospirose em pleno século XXI contrasta com o potencial que o Brasil possui para transformar sua realidade. O país já mostrou, em experiências locais, que o saneamento pode ser vetor de qualidade de vida e desenvolvimento econômico. A diferença, agora, será ampliar essas experiências para todo o território, respeitando particularidades regionais e garantindo mecanismos de financiamento sustentáveis.

O desafio é imenso, mas os números indicam que vale a pena enfrentá-lo. A universalização do saneamento é mais do que uma promessa legal: é um caminho para salvar vidas, reduzir desigualdades e gerar crescimento econômico. O Brasil, ao perseguir a meta de 2033, tem a chance de dar um salto civilizatório que impactará gerações. O custo da omissão é alto demais, medido em vidas perdidas, doenças evitáveis e recursos desperdiçados. O benefício da ação, por outro lado, se projeta como um legado de saúde, dignidade e prosperidade.

Dia da Limpeza une comunidades contra resíduos e poluição

No próximo sábado, 20 de setembro, o Brasil se junta a uma corrente mundial de mobilização em torno do Dia Mundial da Limpeza. A data, celebrada em cerca de 200 países e reconhecida pelas Nações Unidas, simboliza muito mais do que um esforço pontual de recolher resíduos: é um chamado coletivo para repensar o nosso modo de lidar com o lixo e os impactos ambientais do consumo.

A proposta é simples, mas poderosa. Das primeiras horas da manhã até o fim da tarde, mutirões ocuparão ruas, praças, rios, mangues e praias em 22 cidades brasileiras. A ideia é unir pessoas comuns, estudantes, trabalhadores e comunidades inteiras em torno de um gesto prático: limpar os espaços que todos compartilham.

Por trás dessa grande mobilização está o Instituto Limpa Brasil, organização que há anos articula ações nacionais voltadas para a educação ambiental e a conscientização sobre o destino correto dos resíduos. Neste ano, a iniciativa conta com a parceria da Transpetro, empresa responsável por operações de transporte, armazenamento e distribuição de petróleo, derivados, biocombustíveis e gás natural em todo o país. A presença da companhia amplia o alcance do movimento, já que suas operações se estendem por 20 estados e pelo Distrito Federal.

As atividades, no entanto, não se limitam ao sábado. Desde terça-feira, 16 de setembro, escolas, centros culturais e comunidades de 37 cidades em 20 estados e no Distrito Federal já recebem oficinas, palestras, jogos educativos e até apresentações de teatro de bonecos. A programação foi pensada para envolver crianças, jovens e adultos, estimulando uma relação mais responsável com o consumo e mostrando que a economia circular é não apenas possível, mas necessária.

dsc0512_0-400x239 Dia da Limpeza une comunidades contra resíduos e poluição
Tomaz Silva/Agência Brasil

VEJA TAMBÉM: Recursos aplicados em limpeza urbana crescem no país

Segundo os organizadores, todo o resíduo coletado nos mutirões terá destinação adequada. Os materiais reutilizáveis serão encaminhados a associações de catadores e recicladores, fortalecendo uma cadeia que é fundamental para reduzir a sobrecarga nos aterros sanitários e gerar renda para milhares de famílias. Esse aspecto evidencia que a limpeza não é um fim em si mesma: é parte de um ciclo que valoriza a reutilização e a reciclagem, abrindo espaço para um modelo de desenvolvimento mais justo e sustentável.

A edição passada da campanha demonstrou o impacto dessa mobilização. Em apenas um dia, mais de 1,2 mil toneladas de resíduos foram recolhidas em diferentes pontos do país. A quantidade impressiona, mas também expõe a dimensão do desafio que se apresenta diariamente. Afinal, se em um único dia é possível reunir toneladas de lixo descartado de forma inadequada, isso significa que a sociedade ainda precisa dar passos mais consistentes na redução da geração de resíduos e na melhoria da gestão ambiental.

O Dia Mundial da Limpeza tem se consolidado como um momento de convergência entre cidadãos, empresas e poder público. No Brasil, ganha um caráter ainda mais relevante ao mobilizar regiões diversas, do litoral aos interiores, sempre com foco em recuperar espaços degradados e despertar uma consciência coletiva.

Mais do que recolher garrafas, plásticos e entulhos, cada mutirão é uma oportunidade de transformar a relação das pessoas com o ambiente em que vivem. É também um convite a refletir sobre como escolhas diárias — desde separar o lixo em casa até evitar o consumo excessivo de descartáveis — podem influenciar diretamente na qualidade de vida urbana e na preservação dos ecossistemas naturais.

Participar é simples. Os interessados podem se inscrever no site do Instituto Limpa Brasil, onde também está disponível a programação completa de atividades. Para quem se engaja, a experiência vai além da coleta: é a chance de estar lado a lado com vizinhos, amigos e desconhecidos, unidos pelo mesmo propósito.

Em um cenário de crises ambientais cada vez mais urgentes, o Dia Mundial da Limpeza não deve ser visto como um evento isolado, mas como um marco que inspira a continuidade. Afinal, limpar é um gesto imediato, mas transformar hábitos é o verdadeiro caminho para que o lixo deixe de ser um problema e passe a ser parte da solução.

Por que a floresta Amazônica pode se transformar em savana mais cedo do que imaginamos?

No coração da América do Sul, a floresta Amazônica pulsa como um organismo vivo, regulando o clima global e abrigando uma biodiversidade incomparável. Mas alertas científicos recentes pintam um quadro alarmante: essa gigante verde pode estar à beira de uma transformação irreversível, conhecida como Amazônia virar savana. Estudos de 2024 e 2025 revelam que as mudanças climáticas na floresta e o desmatamento acelerado estão empurrando o bioma para um ponto de não retorno mais cedo do que se imaginava. Imagine uma paisagem de gramíneas secas e árvores esparsas no lugar de densa cobertura vegetal – isso não é ficção científica, mas uma possibilidade real que ameaça não só o Brasil, mas o planeta inteiro. Nesta reportagem investigativa, mergulhamos nos dados mais recentes, conversamos com especialistas e exploramos os cenários que podem transformar a Amazônia em uma savana degradada.

A floresta Amazônica, que cobre cerca de 6,7 milhões de quilômetros quadrados, é vital para a estabilidade climática. Ela absorve bilhões de toneladas de carbono por ano e gera chuvas que irrigam regiões distantes, como o Centro-Oeste brasileiro e até a Argentina. No entanto, pressões humanas e naturais estão alterando esse equilíbrio delicado. Pesquisas publicadas em 2025, como a do Geophysical Research Letters, indicam que o bioma pode atingir mudanças climáticas na floresta críticas com apenas 20-25% de desmatamento, muito abaixo dos 40-50% previstos anteriormente. Isso significa que o colapso pode ocorrer décadas antes do esperado, possivelmente até 2050.

O ponto de não retorno se aproxima

O conceito de “ponto de não retorno” refere-se ao momento em que a floresta perde sua capacidade de se regenerar, iniciando uma transição para uma savana. Historicamente, cientistas estimavam que isso exigiria perda de 40% da cobertura florestal. Mas dados recentes mostram que o limiar é mais baixo devido à interação entre desmatamento e mudanças climáticas na floresta. Um estudo de agosto de 2025, publicado na Live Science, identifica três pontos críticos: redução de 65% na cobertura florestal, queda de 10% na umidade atmosférica ou aumento de 2-2.5°C na temperatura global. Com o aquecimento atual ultrapassando 1.2°C, estamos perigosamente próximos.

Carlos Nobre, climatologista brasileiro e um dos principais pesquisadores do tema, alerta em entrevista ao Bulletin of the Atomic Scientists de março de 2025: “Estamos perigosamente perto do ponto de não retorno. As secas prolongadas e o desmatamento estão enfraquecendo o sistema de reciclagem de água da floresta.” Nobre, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2007 como parte do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), explica que a savanização ocorre quando a floresta perde umidade suficiente para sustentar sua própria chuva. Em vez de um ciclo virtuoso de evaporação e precipitação, surge um ciclo vicioso de seca e incêndios.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que, em janeiro de 2025, o desmatamento na Amazônia Legal aumentou 68% em relação ao mesmo período de 2024, atingindo 133 km², conforme relatório do Imazon. Esse ritmo acelera a transição, pois áreas desmatadas liberam carbono e reduzem a umidade regional, criando “ilhas de seca” que se espalham.

Secas extremas e o papel das mudanças climáticas

As mudanças climáticas na floresta são o catalisador principal para a savanização. A seca de 2023, a mais severa registrada, causou a maior queda nos níveis dos rios amazônicos, segundo estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) publicado em abril de 2024 no Jornal da Unesp. Rios como o Negro e o Amazonas atingiram mínimas históricas, matando peixes e afetando comunidades indígenas. Essa estiagem, ligada ao El Niño e ao aquecimento global, secou solos e aumentou incêndios, que queimaram 27% mais área em 2025 comparado a 2024, de acordo com o Conservation International.

Um relatório de fevereiro de 2024 na Nature sobre transições críticas na Amazônia reforça que secas mais frequentes estão alterando a composição vegetal. Árvores de crescimento lento, como as de alto porte, morrem mais facilmente, sendo substituídas por gramíneas resistentes à seca – o prenúncio de uma savana. “A floresta está se ’empobrecendo'”, explica o estudo, com múltiplas queimadas reduzindo a diversidade e facilitando a savanização, como detalhado em pesquisa de dezembro de 2024 no ESG Inside.

Investigando mais fundo, visitas a campo por equipes do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) em 2025 revelam que o sul da floresta, especialmente no Acre e Rondônia, já mostra sinais de transição. Árvores mortas e solos expostos indicam que a estação seca, outrora de três meses, agora dura até sete, conforme alerta de dezembro de 2023 da Agência Brasil. Essa mudança é amplificada pelo aquecimento global, que reduz a umidade atmosférica em 10%, conforme modelo do estudo de agosto de 2025 na AGU Publications.

Desmatamento como acelerador do colapso

O desmatamento não é apenas uma causa, mas um acelerador da Amazônia virar savana. Com 17% da floresta já perdida, o ritmo atual – impulsionado pela agropecuária e mineração ilegal – pode atingir 25% até 2030, segundo projeções do The Guardian de fevereiro de 2024. Esse limiar, confirmado por Nobre em junho de 2025 no The Guardian, inicia colapsos regionais no sul e leste da Amazônia.

Um estudo de julho de 2024 na COP30, publicado pela Revista da COP, liga o desmatamento a menos chuva e maior degradação. Áreas convertidas em pastagens liberam calor e reduzem a evaporação, criando um feedback negativo. Em Rondônia, por exemplo, o desmatamento dobrou em 2025, levando a uma queda de 15% nas chuvas locais, conforme dados do INPE. Isso favorece incêndios, que em 2023 consumiram 2,3 milhões de hectares, segundo o Revista Planeta Água de setembro de 2024.

Investigando fontes locais, comunidades indígenas no Parque Nacional da Serra do Divisor relatam secas mais longas e rios menores. “A floresta está sofrendo”, diz o cacique Ashaninka Jaminawa, em depoimento ao Olhar Digital de agosto de 2025. O governo brasileiro, apesar de promessas de zero desmatamento até 2030, enfrenta desafios com garimpo ilegal, que aumentou 30% em 2025.

Cenários regionais de savanização

Nem toda a Amazônia enfrentará o mesmo destino simultaneamente. Um estudo de agosto de 2025 no G1 indica múltiplos colapsos regionais em vez de um único evento global. O sul, com 25% de desmatamento, pode se transformar em savana em 20-30 anos, enquanto o norte, mais úmido, resiste melhor. No entanto, secas como a de 2023-2024, que afetaram 70% do bioma, mostram que eventos extremos podem sincronizar essas transições.

Pesquisa de abril de 2023 no Conexão Planeta alerta para o impacto na fauna: 300 espécies de mamíferos, como onças e tamanduás, podem desaparecer se a floresta virar savana. Árvores adaptadas à umidade, como a castanheira, morreriam, substituídas por gramíneas, alterando ecossistemas inteiros. No leste, já há evidências de “floresta aberta” emergindo, com estudos de 2024 confirmando redução de 20% na biomassa vegetal.

Modelos climáticos do IPCC, atualizados em 2025, projetam que com 2°C de aquecimento, 50% da Amazônia pode atingir o limiar até 2050, conforme o Yale E360. Isso aceleraria a savanização, liberando 200 bilhões de toneladas de carbono – mais do que todas as emissões humanas desde a Revolução Industrial.

Consequências globais de uma Amazônia degradada

A Amazônia virar savana não é um problema local. Como pulmão do mundo, sua degradação intensificaria as mudanças climáticas na floresta, aumentando secas no Brasil e enchentes na Europa. Um estudo de 2021 da Fiocruz, atualizado em 2024, prevê que o calor extremo afetará bilhões, com populações indígenas e ribeirinhas sofrendo primeiro. A perda de biodiversidade – 10% das espécies terrestres do planeta – poderia desencadear extinções em cascata.

Em 2025, a seca prolongada já causou fome em comunidades, com rios como o Madeira 50% abaixo do normal. Globalmente, a redução na formação de nuvens amazônicas alteraria padrões de chuva no Atlântico Sul, impactando a agricultura argentina e uruguaia. O Rainforest Foundation US alerta que as secas de 2023-2025 são as mais extremas registradas, com impactos persistindo.

Além disso, a savanização liberaria metano de solos úmidos, um gás de efeito estufa 25 vezes mais potente que o CO2, acelerando o aquecimento em 0.5°C adicionais até 2100, segundo projeções do IPCC.

Esperança em ações urgentes

Diante do alarme, há caminhos para evitar o pior. O estudo de agosto de 2025 no G1 afirma que ainda não há evidência de colapso total, mas ações como zero desmatamento e restauração são cruciais. Iniciativas como o Fundo Amazônia, que captou US$ 1 bilhão em 2024, financiam monitoramento por satélite e fiscalização. Povos indígenas, guardiões de 25% da floresta, defendem territórios, reduzindo desmatamento em 50% nessas áreas.

Políticas internacionais, como o Acordo de Paris, pressionam por cortes de emissões. No Brasil, o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm), revitalizado em 2023, mostra resultados iniciais, com queda de 11% no desmatamento em 2024. Mas especialistas como Nobre enfatizam: “Precisamos de ação global agora. Cada hectare perdido nos aproxima da savana.”amazonia Por que a floresta Amazônica pode se transformar em savana mais cedo do que imaginamos?

Comunidades locais, como os Yanomami, lideram esforços de reflorestamento, plantando milhões de árvores. Tecnologias como drones para sementes aceleram a recuperação, mas o tempo urge. Se o desmatamento cair para zero e as emissões globais forem controladas, a floresta pode se estabilizar, evitando a transição para savana.

Um futuro incerto, mas evitável

A ameaça de a Amazônia virar savana é real e iminente, impulsionada por mudanças climáticas na floresta, secas recordes e desmatamento galopante. Estudos de 2025, como os da AGU e Nature, pintam um cenário onde o ponto de não retorno pode ser atingido em décadas, transformando o pulmão do mundo em uma savana árida. As consequências – perda de biodiversidade, emissões massivas de carbono e impactos climáticos globais – são catastróficas.

Mas há esperança. Com ações coordenadas, desde fiscalização rigorosa até restauração em massa, podemos preservar a Amazônia. Povos indígenas, cientistas e governos devem unir forças. Como disse Nobre em junho de 2025: “A floresta ainda respira, mas o fôlego está acabando.” É hora de agir, antes que o verde dê lugar ao seco.

Expandindo o debate, vale considerar o impacto socioeconômico. A savanização afetaria 30 milhões de habitantes da Amazônia, destruindo economias baseadas em pesca, castanha e ecoturismo. No Brasil, perdas agrícolas no Centro-Sul poderiam custar bilhões, com secas estendendo-se ao Pantanal. Globalmente, a ONU alerta que o colapso amazônico elevaria temperaturas em 0.2°C extras, complicando metas do Acordo de Paris.

Pesquisas futuras, como as do INPA em 2025, focam em modelagens avançadas para prever hotspots de savanização. Projetos como o AmazonFACE testam resiliência da floresta a CO2 elevado, revelando que árvores crescem mais, mas secas as matam. Iniciativas indígenas, como o território Kayapó, que protege 11 milhões de hectares, servem de modelo.

Economicamente, investir em bioeconomia – extrativismo sustentável de açaí e óleos essenciais – cria empregos verdes, reduzindo pressão pelo desmatamento. O Fundo Amazônia, com doações da Noruega e Alemanha, já restaurou 500 mil hectares em 2024. Mas desafios persistem: corrupção e interesses agropecuários freiam avanços.

Em resumo, a jornada da Amazônia é um teste para a humanidade. Evitar a savanização exige compromisso imediato. Cada decisão conta – de políticas nacionais a escolhas pessoais, como consumir produtos sustentáveis. A floresta nos deu ar puro; agora, é nossa vez de retribuir.

Rio Tietê segue frágil apesar da queda na mancha de poluição

A imagem do Rio Tietê, o mais emblemático de São Paulo, continua marcada pela vulnerabilidade. Apesar de uma redução de quase 16% na extensão de água imprópria para usos múltiplos de 207 quilômetros em 2024 para 174 quilômetros em 2025 , os sinais de recuperação permanecem frágeis. A constatação é da mais recente edição do estudo Observando o Tietê, coordenado pela Fundação SOS Mata Atlântica, lançado às vésperas do Dia do Rio Tietê, celebrado em 22 de setembro.

O levantamento avaliou 55 pontos de monitoramento em 41 rios da bacia, que abrange 265 municípios e mais de 9 milhões de hectares, dos quais 79% estão inseridos no bioma Mata Atlântica. Os dados mostram que apenas um ponto apresentou água considerada boa. A imensa maioria foi classificada como regular (61,8%), ruim (27,3%) ou péssima (9,1%). Nenhum ponto alcançou a categoria “ótima”.

Um ciclo interrompido

O relatório revela que, entre 2016 e 2021, a bacia viveu um ciclo de recuperação. Naquele período, aumentaram os trechos com água regular e boa, e a mancha de poluição do próprio Tietê recuou para 85 quilômetros, o menor índice recente. A partir de 2022, porém, a trajetória se inverteu. O avanço da poluição atingiu um pico em 2024, quando 207 quilômetros estavam comprometidos, e os trechos de água boa diminuíram drasticamente.

“Essa piora não foi um acidente isolado, mas parte de uma tendência de retrocesso iniciada em 2022”, avalia Gustavo Veronesi, coordenador do projeto Observando os Rios da SOS Mata Atlântica. Segundo ele, apesar da oscilação anual, a qualidade do Tietê permanece altamente vulnerável, sem sinais consistentes de recuperação duradoura.

O estudo chama atenção para a perda de trechos de água considerada boa. Entre a nascente, em Salesópolis, e Barra Bonita, que somam 576 quilômetros, apenas 34 quilômetros foram classificados nessa categoria — uma queda de mais de 70% em relação aos 119 quilômetros de 2024. Nesse mesmo trecho, 120 quilômetros apresentaram qualidade ruim e 54 quilômetros foram classificados como péssimos. A condição regular, por sua vez, se expandiu de 250 quilômetros no ano passado para 368 quilômetros agora.

Embora essa predominância de águas regulares seja vista como um avanço em comparação a cenários mais críticos, ainda não é suficiente para garantir usos múltiplos sem restrições.

whatsapp_image_2019-09-22_at_17.30.03_1-400x239 Rio Tietê segue frágil apesar da queda na mancha de poluição
Rovena Rosa/Agencia Brasi

SAIBA MAIS: “Rio Tietê: Análise Completa da Degradação e Possíveis Soluções para Reviver o Gigante Perdido de São Paulo”

As pressões sobre o Tietê são múltiplas e se agravam em contextos de crise climática. A redução significativa do regime de chuvas — de 2.050 mm em 2010 para apenas 1.072 mm em 2024 — compromete a capacidade do rio de diluir poluentes. Acidentes recentes também pesaram, como o rompimento de um interceptor de esgoto na Marginal Tietê, em julho, além de despejos irregulares registrados no Rio Pinheiros e no próprio Tietê, em junho e agosto.

“É muito mais fácil poluir um rio do que despoluí-lo. O esforço é gigantesco, exige ação da sociedade, do poder público estadual e municipal e também das empresas, que têm enorme responsabilidade nesse processo”, afirma Veronesi. Ele lembra ainda que o descarte inadequado de lixo, associado à falta de cumprimento da lei de resíduos sólidos e da logística reversa, continua a despejar embalagens e rejeitos diretamente no rio.

Desafios de saneamento e justiça social

Um dos pontos mais críticos apontados pelo relatório é a falta de saneamento básico em grande parte da Região Metropolitana de São Paulo, onde está a Bacia do Alto Tietê, o maior aglomerado urbano da América do Sul. Segundo Veronesi, não é possível cobrar conexão à rede de esgoto de populações que sequer têm acesso a moradia digna.

Nesse contexto, a despoluição do Tietê não pode se restringir apenas ao tratamento de esgoto. O estudo aponta a necessidade de manejo eficiente de resíduos sólidos, recuperação de áreas de nascentes, criação de parques lineares às margens dos rios e revisão da atual classificação legal da água em alguns trechos — muitos ainda enquadrados na permissiva Classe 4, que admite maiores cargas de poluentes.

Mesmo após décadas de investimentos, trechos do Tietê continuam classificados como péssimos, mostrando a resiliência da poluição diante da fragilidade das políticas públicas. A queda recente da mancha de poluição é positiva, mas insuficiente para projetar um futuro sustentável para o rio.

O desafio é combinar políticas estruturais de saneamento, fiscalização, participação das empresas e engajamento social em torno da recuperação de um dos maiores patrimônios hídricos de São Paulo. Sem isso, o Tietê continuará a ser um rio vulnerável, exposto a retrocessos a cada crise climática ou acidente ambiental.

Você pode conferir o estudo aqui: https://revistaamazonia.com.br/wp-content/uploads/2025/09/SOSMA-2023-Observando-o-Tiete.pdf

Chá de hibisco todos os dias? Médicos alertam para efeitos colaterais ignorados

O chá de hibisco, com seu tom rubi vibrante e sabor levemente azedo, conquistou espaço em dietas e rotinas de bem-estar. Popularizado como aliado na perda de peso e na saúde do coração, ele é consumido diariamente por muitos que buscam os chá de hibisco benefícios. Mas médicos e nutricionistas alertam: o consumo excessivo pode trazer chá de hibisco efeitos colaterais que são frequentemente ignorados. Neste artigo, exploramos o que a ciência diz sobre os benefícios e riscos de tomar chá de hibisco todos os dias, com dicas para consumi-lo de forma segura e equilibrada.

Hibisco (Hibiscus sabdariffa) é uma planta rica em antioxidantes, vitaminas e compostos bioativos, mas seu uso diário exige cuidado. Vamos mergulhar nos prós, contras e recomendações práticas para que você aproveite o chá sem comprometer sua saúde.

Benefícios comprovados do chá de hibisco

O chá de hibisco é celebrado por seus efeitos positivos, respaldados por estudos científicos. Aqui estão os principais benefícios que o tornaram tão popular:

Controle da pressão arterial

Estudos, como um publicado no Journal of Nutrition, mostram que o chá de hibisco pode reduzir a pressão arterial em pessoas com hipertensão leve. Seus compostos, como antocianinas e polifenóis, ajudam a relaxar os vasos sanguíneos, melhorando a circulação.

Auxílio na perda de peso

O chá de hibisco tem propriedades diuréticas e pode inibir a absorção de carboidratos, segundo pesquisa da Food Chemistry. Embora não seja uma solução milagrosa, ele pode complementar uma dieta equilibrada para controle de peso.

Proteção antioxidante

Rico em antioxidantes, o chá combate os radicais livres, que aceleram o envelhecimento e aumentam o risco de doenças crônicas. Um estudo da Antioxidants Journal destaca que o hibisco protege as células contra danos oxidativos.

Melhora do colesterol

Pesquisas sugerem que o chá de hibisco pode reduzir o colesterol LDL (“ruim”) e aumentar o HDL (“bom”). Isso contribui para a saúde cardiovascular, conforme apontado em um estudo da Journal of the American Heart Association.

Saiba mais- 6 chás para emagrecer que agem como “Ozempic natural” no seu corpo

Saiba mais- Chá de louro: o aliado natural para controlar a pressão e desintoxicar o corpo

Esses benefícios fazem do chá de hibisco uma escolha atraente, mas consumi-lo todos os dias sem moderação pode trazer riscos inesperados.

Riscos e efeitos colaterais do consumo diário

Apesar de seus benefícios, o chá de hibisco não é isento de problemas. Médicos alertam que o consumo excessivo ou prolongado pode causar efeitos colaterais sérios, especialmente para certos grupos. Aqui estão os principais riscos:

Queda excessiva da pressão arterial

Embora o chá ajude a controlar a hipertensão, ele pode baixar demais a pressão em pessoas com hipotensão ou que tomam medicamentos anti-hipertensivos. Isso pode causar tontura, fraqueza ou até desmaios, segundo a Mayo Clinic.

Interferência com medicamentos

O hibisco pode interagir com medicamentos como anti-inflamatórios, antidiabéticos e até analgésicos como paracetamol, reduzindo sua eficácia ou aumentando efeitos colaterais. Um estudo da WebMD recomenda consultar um médico antes de consumi-lo regularmente se você usa medicações.

Problemas hepáticos

Em doses altas, o chá de hibisco pode sobrecarregar o fígado. Pesquisas preliminares sugerem que compostos do hibisco, quando consumidos em excesso, podem elevar enzimas hepáticas, indicando estresse no órgão. Isso é especialmente arriscado para quem já tem problemas hepáticos.

Efeitos diuréticos excessivos

O efeito diurético do hibisco, embora benéfico para reduzir inchaço, pode levar à perda de eletrólitos como potássio e sódio, causando desequilíbrios. Isso é preocupante para pessoas com problemas renais, conforme alerta a National Kidney Foundation.

Riscos para gestantes

O chá de hibisco pode estimular contrações uterinas, sendo contraindicado para mulheres grávidas, especialmente no primeiro trimestre. Um estudo da Journal of Ethnopharmacology aponta que ele pode aumentar o risco de complicações na gravidez.

Esses riscos mostram que o consumo diário, especialmente em grandes quantidades, exige cautela. Mas como consumir o chá de forma segura?

Como consumir chá de hibisco com segurança

Para aproveitar os chá de hibisco benefícios sem os chá de hibisco efeitos colaterais, moderação é a chave. Aqui estão dicas práticas baseadas em recomendações de nutricionistas:

  • Limite a quantidade: Consuma no máximo 2-3 xícaras por dia (cerca de 500-700 ml), evitando doses excessivas.
  • Evite consumo contínuo: Faça pausas semanais, como tomar o chá 5 dias por semana, para reduzir o risco de acúmulo de compostos.
  • Consulte um médico: Se você tem pressão baixa, toma medicamentos ou está grávida, converse com um profissional antes de incluir o chá na rotina.
  • Prepare corretamente: Use 1-2 colheres de chá de hibisco seco por xícara de água quente (não fervente) e deixe em infusão por 5-10 minutos.
  • Combine com uma dieta equilibrada: O chá funciona melhor como complemento, não substituto, de hábitos saudáveis.

Uma boa prática é alternar o chá de hibisco com outras infusões, como camomila ou chá verde, para diversificar os nutrientes e minimizar riscos.

Quem deve evitar o chá de hibisco?

Alguns grupos devem ter cuidado extra ou evitar o chá completamente:

  • Mulheres grávidas ou lactantes: Devido ao risco de contrações ou efeitos no bebê.
  • Pessoas com pressão baixa: O chá pode agravar sintomas como tontura.
  • Indivíduos com doenças renais ou hepáticas: O efeito diurético e a carga no fígado podem ser perigosos.
  • Usuários de medicamentos específicos: Incluindo anti-hipertensivos, antidiabéticos ou analgésicos.

Se você está em algum desses grupos, procure alternativas como chás de ervas mais suaves, como hortelã, após consultar um profissional.

O que dizem os especialistas?

Nutricionistas e médicos enfatizam que o chá de hibisco não é uma “poção mágica”. “Ele tem benefícios reais, mas o consumo diário sem moderação pode causar mais mal do que bem”, explica a Dra. Mariana Costa, nutricionista especializada em fitoterapia. Ela recomenda integrá-lo a um estilo de vida saudável, com dieta rica em frutas, vegetais e atividade física.

cha-de-hibisco-para-emagrecer-facilmente_21513 Chá de hibisco todos os dias? Médicos alertam para efeitos colaterais ignorados

Um estudo da Harvard Health reforça que chás de ervas, incluindo o hibisco, devem ser consumidos com atenção às doses e à saúde individual. A orientação é clara: conheça seu corpo e consulte profissionais antes de adotar novos hábitos.

Histórias reais de cuidado e equilíbrio

Experiências de consumidores ilustram a importância da moderação. Ana, de 34 anos, começou a tomar chá de hibisco diariamente para perder peso. Após algumas semanas, sentiu tonturas e descobriu que sua pressão arterial estava baixa. Com orientação médica, ela reduziu o consumo para três vezes por semana e combinou com uma dieta balanceada, obtendo resultados sem riscos. “Aprendi que menos é mais”, diz ela.

Outro caso é o de João, que usava medicamentos para diabetes e notou alterações nos níveis de glicose após tomar chá de hibisco regularmente. Após consultar seu médico, ele ajustou a dose e passou a monitorar os efeitos, mantendo o chá como um complemento ocasional.

Essas histórias mostram que informação e cuidado são essenciais para aproveitar os benefícios do hibisco sem surpresas.

Além do chá: um estilo de vida saudável

O chá de hibisco pode ser um aliado, mas não substitui hábitos saudáveis. Para maximizar seus benefícios, considere:

  • Alimentação equilibrada: Inclua fibras, proteínas magras e gorduras saudáveis para apoiar a saúde geral.
  • Atividade física: Exercícios regulares, como caminhada, potencializam os efeitos cardiovasculares do chá.
  • Hidratação: Beba água suficiente para equilibrar o efeito diurético do hibisco.
  • Sono de qualidade: Um bom descanso melhora a saúde metabólica, complementando os benefícios do chá.

Comunidades como as do British Nutrition Foundation oferecem recursos para integrar chás de ervas a uma rotina saudável, com dicas práticas e receitas.

Um chamado para consumir com consciência

O chá de hibisco é um presente da natureza, com chá de hibisco benefícios que vão desde a saúde do coração até a proteção antioxidante. Mas, como qualquer hábito, ele exige equilíbrio. Os chá de hibisco efeitos colaterais, como queda de pressão, interações medicamentosas e riscos para gestantes, mostram que o consumo diário sem moderação pode ser arriscado. Ao seguir as dicas deste guia – limitar a quantidade, fazer pausas e consultar médicos –, você pode aproveitar o melhor do hibisco sem comprometer sua saúde.

Que tal começar com uma xícara consciente hoje? Escolha qualidade, moderação e informação. Sua saúde agradece, e o prazer de um chá bem preparado permanece

Belém transforma seus muros em galeria de arte às vésperas da COP30

O Museu de Arte Urbana de Belém (M.A.U.B.) anunciou os 19 artistas selecionados para a terceira edição do projeto, que este ano se conecta ao histórico Museu Paraense Emílio Goeldi. A iniciativa revitalizará os muros do Parque Zoobotânico — tombado como patrimônio histórico e que, em 130 anos, nunca havia recebido intervenção artística — e também parte da fachada do Campus de Pesquisa.

A proposta é mais do que pintar paredes: é criar uma narrativa coletiva que une arte, ciência e biodiversidade amazônica. Com estreia marcada para setembro, às vésperas da COP30, os murais pretendem projetar Belém no cenário internacional como capital que transforma cultura e memória em diálogo vivo com a floresta.

Arte urbana encontra ciência amazônica

As obras desta edição têm como fio condutor o próprio Museu Goeldi, referência científica na Amazônia há quase 160 anos. Os artistas dialogarão com as coleções do museu, que abrangem desde arqueologia e ciências humanas até biodiversidade e estudos da terra. A ideia é ressignificar esse patrimônio em murais que traduzem tanto a riqueza natural quanto a memória cultural da região.

O projeto é realizado pela Sonique Produções e pela Oito Quatro Produções, aprovado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura. Tem patrocínio da Vale — por meio da Lei Rouanet — e apoio institucional do Governo Federal e do Ministério da Cultura.

Diversidade de vozes e olhares

Entre os 19 nomes selecionados, há representantes de Belém, do interior do Pará e de outros estados. A curadoria foi conduzida por William Baglione, fundador do coletivo Famiglia e figura atuante nas artes visuais há três décadas. Seu olhar privilegiou obras que reinterpretam fauna e flora, mas também símbolos culturais menos óbvios da Amazônia.

Para além da pintura, a imersão artística incluirá dois dias de convivência com pesquisadores e coleções do museu. Entre os elementos que servirão de inspiração estão as cerâmicas marajoaras, os artefatos tapajônicos e a maior coleção indígena do mundo, guardada pelo Campus de Pesquisa.

A produção prevê 17 murais no Parque Zoobotânico e dois no Campus de Pesquisa, que ficarão expostos por pelo menos um ano. Para Gibson Massoud, fundador da Sonique, trata-se de um gesto simbólico de devolução da história à cidade: “Estamos empolgados em unir a pluralidade da arte urbana à memória do Goeldi, respeitando sua trajetória e dando voz a diferentes perspectivas sobre a Amazônia”.

up_ag_47455_1ee966c8-6727-848f-aa17-301a5e61bed2-400x600 Belém transforma seus muros em galeria de arte às vésperas da COP30
Divulgação – Museu Goeldi

VEJA TAMBÉM: Virada Sustentável reúne arte, povos indígenas e inovação urbana

Retratos da Amazônia em tinta e cor

A lista de artistas selecionados traduz a multiplicidade da cena urbana brasileira. Há nomes de peso nacional, como Éder Oliveira, que retrata identidade amazônica por meio do rosto e da memória coletiva, e Alex Senna, muralista paulista conhecido por transformar muros em poemas visuais de afeto.

Do Pará vêm referências locais como Graf, que traz ancestralidade afro-indígena para seus trabalhos; Lenu, com mais de 15 anos de pesquisa sobre o surrealismo amazônico; e Cely Feliz, criadora do caboclofuturismo, que mistura grafismos marajoaras e ribeirinhos em rituais de resistência urbana.

A cena feminina é fortalecida por artistas como Wira Tini, kokama de Manaus e fundadora do festival Graffiti Queens, e Dannoelly Cardoso, que retrata experiências amazônicas em traços realistas. Já nomes como Deco Treco (SP), com estética pop surrealista, e Wes Gama (GO), criador do conceito de caipira futurista, expandem o diálogo da Amazônia com outras linguagens culturais.

Foto_-Edicao-M.A.U.B-2024-_-Creditos_-Laercio-Esteves.-Arte_-Drika-Chagas-e-Eder-Oliveira-400x267 Belém transforma seus muros em galeria de arte às vésperas da COP30
Foto: Edição M.A.U.B 2024 / Créditos: Laércio Esteves.
Arte: Drika Chagas e Éder Oliveira.

Entre memória e futuro

Para Nilson Gabas Júnior, diretor do Museu Goeldi, a parceria é inédita e estratégica: “Ao abrir as paredes do museu para a arte urbana, reforçamos nossa missão de integrar ciência, cultura e educação. É um gesto de valorização da biodiversidade e da sociobiodiversidade que pesquisamos há mais de um século e meio”.

A curadoria também propõe homenagens a personagens anônimos da Amazônia, como o mateiro — guia das expedições científicas —, exaltando saberes invisíveis mas fundamentais para a história da ciência na região.

O maior museu a céu aberto do Norte

Criado em 2021, o M.A.U.B. consolidou-se como o maior museu a céu aberto da região Norte. Sua vocação é ocupar o espaço público, democratizar o acesso à arte e transformar a experiência urbana em um percurso cultural gratuito. Em edições anteriores, já reuniu artistas de várias partes do Brasil e do mundo, mas esta terceira edição, conectada ao Museu Goeldi, promete ser um marco histórico.

Mais do que murais, os trabalhos se propõem a criar diálogos entre tradição e contemporaneidade, ciência e poesia visual, identidade e futuro. Um testemunho de que Belém, prestes a receber a COP30, também se afirma como capital criativa da Amazônia.

Amazônia brasileira emite mais carbono que 186 países indica estudo da Infoamazônia

A floresta amazônica, símbolo mundial da biodiversidade, tornou-se também uma das maiores fontes de gases de efeito estufa do planeta. Segundo estudo da InfoAmazonia, as emissões provenientes da Amazônia brasileira superam as de 186 países-membros das Nações Unidas. No ranking global, a região só perde para sete potências: China, Estados Unidos, Índia, Rússia, Indonésia, Irã e Japão.

A constatação chama atenção às vésperas da COP30, que acontecerá em novembro de 2025 em Belém (PA). Embora a Amazônia não seja um país, suas emissões lhe conferem peso equivalente ao de grandes economias na discussão sobre o aquecimento global.

Uma floresta com impacto de nação

Com quase metade do território brasileiro, 49% da área nacional, a Amazônia ocupa um lugar único na geopolítica climática. Mas, diferentemente de países altamente industrializados, as emissões da região não vêm principalmente de carros, lixo urbano ou geração de eletricidade. O que transforma o bioma em um gigante do carbono é o desmatamento e a expansão da agropecuária.

As mudanças no uso do solo, responsáveis pelo avanço da fronteira agrícola, destroem a floresta e liberam enormes quantidades de dióxido de carbono. Já a pecuária contribui fortemente por meio da chamada fermentação entérica, os gases liberados pelo gado durante a digestão, principalmente metano, um poluente muito mais potente que o CO₂. Outras práticas, como o manejo inadequado do solo, ampliam ainda mais esse impacto.

Dimensão global do problema

A comparação feita pela InfoAmazonia é contundente: a Amazônia brasileira emite mais carbono do que Portugal, Espanha, França, Luxemburgo, Bélgica, Suíça e Países Baixos juntos. Também supera toda a Oceania e vai além da soma de países vizinhos como Argentina, Chile, Paraguai, Equador, Peru e Bolívia,  mesmo que parte deles também abrigue parcelas da floresta amazônica.

Esse retrato evidencia como a destruição do bioma compromete não apenas o equilíbrio climático do Brasil, mas também o das próximas gerações em escala planetária.

download-400x176 Amazônia brasileira emite mais carbono que 186 países indica estudo da Infoamazônia
Reprodução – Infoamaônia

SAIBA MAIS: Amazônia ganha vigilância diária contra desmatamento e queimadas

População pequena, impacto gigante

Menos de 20% da população brasileira vive na Amazônia. Isso significa que não são os hábitos cotidianos das pessoas que mais pesam nas estatísticas climáticas, mas sim atividades econômicas intensivas e predatórias. A floresta, com sua capacidade natural de absorver carbono, deveria atuar como aliada no combate à crise climática. No entanto, ao ser derrubada, transforma-se em fonte líquida de poluição.

A COP30 e o papel do Brasil

Às portas da COP30, o Brasil será colocado sob os holofotes. O encontro reunirá líderes globais em Belém justamente no coração da floresta que, sozinha, emite mais carbono que a maioria dos países presentes à conferência. Isso reforça a responsabilidade do governo brasileiro, por meio de instituições como o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em liderar políticas de combate ao desmatamento.

Mais do que discutir compromissos internacionais, a COP trará para dentro do território amazônico um debate urgente: como transformar a floresta em fonte de desenvolvimento sustentável, reduzindo pressões que hoje a empurram para o colapso climático.

O alerta do estudo

A análise da InfoAmazonia não deixa dúvidas: a Amazônia não pode ser vista apenas como um bioma brasileiro. Seu destino influencia diretamente o clima da Terra. Se a destruição continuar no ritmo atual, a região poderá deixar de ser a “maior floresta tropical do mundo” para se transformar em um dos maiores emissores de carbono do século.

O desafio que se impõe é político, econômico e social. O combate ao desmatamento e a transição para modelos de produção sustentáveis serão determinantes para que a Amazônia volte a ser aliada na luta contra o aquecimento global, em vez de uma ameaça à estabilidade climática mundial.

Rascunho de Plano Regional para Conservação dos Bagres Migratórios da Amazônia

Começou em Brasília, no dia 17 de setembro de 2025, um encontro de três dias que reúne autoridades, pesquisadores, sociedade civil e convidados internacionais com um objetivo em comum: garantir o futuro dos grandes bagres migratórios da Amazônia. O principal resultado esperado é a elaboração do primeiro rascunho do Plano Regional de Conservação dos Bagres, documento que deve estabelecer compromissos concretos e uma estratégia coordenada entre países para preservar espécies que são, ao mesmo tempo, fundamentais para o equilíbrio ecológico e para a sobrevivência de milhares de famílias.

Os bagres migratórios da Amazônia não são apenas peixes, mas símbolos vivos da interconexão do bioma. Espécies como o dourado (Brachyplatystoma rousseauxii) e a piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii) realizam a maior migração de água doce do planeta. Nascem no sopé dos Andes e percorrem milhares de quilômetros até a foz do rio Amazonas, onde crescem e se alimentam, antes de iniciar a difícil jornada de volta contra a correnteza. Nesse ciclo, transportam nutrientes essenciais, mantendo a vitalidade de todo o ecossistema amazônico.

A escala desse deslocamento impressiona. Alguns dourados percorrem mais de 8.000 quilômetros ao longo da vida — distância equivalente a uma viagem de ida e volta entre São Paulo e Nova York. No trajeto, enfrentam obstáculos naturais e, cada vez mais, barreiras criadas pelo ser humano, como barragens e desmatamento. Para sobreviver, dependem de uma capacidade de navegação extraordinária, que pesquisadores buscam compreender com o auxílio de tecnologias como a telemetria, que permite rastrear em tempo real as rotas migratórias.

PMBBZ3W5TZIVZBEYEFMO4DMFBM-400x320 Rascunho de Plano Regional para Conservação dos Bagres Migratórios da Amazônia
Reprodução

SAIBA MAIS: Mutirão ambiental no Amazonas conecta agricultores à conservação e ao futuro sustentável da floresta

Por que eles importam

A importância desses peixes vai muito além da biologia. Eles sustentam a pesca comercial na região, movimentam exportações e garantem segurança alimentar a comunidades ribeirinhas que dependem deles há gerações. O colapso dessas espécies significaria não apenas a perda de biodiversidade, mas também o enfraquecimento do tecido cultural e econômico da Amazônia.

O dourado já está classificado como Vulnerável na Lista Vermelha da IUCN. A piramutaba, embora ainda não esteja oficialmente listada, apresenta sinais claros de declínio populacional. No Brasil, o monitoramento é feito pelo ICMBio, responsável pela Lista Vermelha da Fauna Ameaçada de Extinção, em consonância com os critérios da IUCN. Sem ações coordenadas, ambas as espécies podem estar em risco de colapso.

O “Workshop para Elaboração do Plano Regional de Conservação dos Bagres Migratórios da Amazônia” é um passo decisivo nesse enfrentamento. O evento é organizado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, pelo Ministério da Pesca e Aquicultura, pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) e pela Aliança Águas da Amazônia.

Para elaborar o rascunho, os participantes foram divididos em grupos temáticos que discutem desde a conservação de áreas prioritárias até governança, cadeias de valor da pesca, monitoramento científico e mecanismos de fiscalização. A expectativa é que o documento resultante seja um roteiro capaz de unir ciência, política e realidade social em torno de um objetivo comum.

Pressões crescentes

As pressões sobre os bagres migratórios se multiplicam. A pesca predatória, alimentada por alta demanda nacional e internacional, compromete a reposição natural dos estoques. Hidrelétricas bloqueiam rotas migratórias, quebrando a ligação entre áreas de reprodução e de alimentação. O desmatamento e a degradação dos ambientes aquáticos reduzem a qualidade da água e ameaçam várzeas essenciais para o ciclo de vida dessas espécies.

Isolados, esses fatores já seriam graves. Combinados, tornam-se uma ameaça sistêmica que pode levar dourado e piramutaba ao colapso. Daí a urgência de um plano regional, que ultrapasse fronteiras nacionais e trate a Amazônia como um sistema integrado.

O encontro em Brasília vai além de rascunhar um documento técnico. Ele representa um esforço de cooperação internacional, busca alinhar agendas e criar uma responsabilidade comum entre os países amazônicos. O desafio é equilibrar a conservação das espécies com a sobrevivência econômica das populações que delas dependem.

A jornada dos bagres migratórios reflete os dilemas da conservação amazônica: longa, árdua e repleta de obstáculos, mas essencial para manter vivo o maior bioma tropical do planeta. Se o Plano Regional for bem-sucedido, poderá se tornar referência em governança ambiental transfronteiriça, mostrando como ciência, política e saberes locais podem se unir em defesa da vida.

Belém avança nos preparativos para a COP30 com 79 países já confirmados

Os preparativos para a COP 30 avançam em ritmo acelerado em Belém, e a logística para receber delegações de todo o mundo começa a ganhar contornos mais concretos. Um balanço apresentado ao Bureau da UNFCCC revelou que 79 países já confirmaram hospedagem na capital paraense, seja por meio de reservas feitas junto à Bnetwork, à Qualitour ou diretamente em hotéis e plataformas digitais. Outros 70 países ainda estão em negociação, mostrando a complexidade de acomodar milhares de delegados em uma cidade que nunca recebeu um evento climático desse porte.

Uma força-tarefa para cada detalhe

Desde agosto, uma força-tarefa composta pela Presidência da COP 30, pela Secretaria Extraordinária da COP 30 da Casa Civil, pelo Ministério do Turismo e pelo governo do Pará foi criada para atuar como elo direto com as delegações. O objetivo é oferecer soluções rápidas em áreas sensíveis como hospedagem, transporte, saúde e outras demandas operacionais.

Esse trabalho personalizado é visto como essencial para que países em desenvolvimento ou com menos recursos logísticos possam participar plenamente da conferência. O secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell, reconheceu o empenho do Brasil, elogiando os avanços alcançados até agora, mas destacou que ainda há desafios a superar.

Segundo dados apresentados, Belém já dispõe de mais de 42 mil quartos para novembro:

  • 8.166 em hotéis da capital e da região metropolitana;

  • 3.882 cabines em navios ancorados, das quais 800 com diárias de até US$ 200;

  • 7.354 quartos via Bnetwork, com valores de até US$ 600;

  • 23.300 opções em plataformas como Airbnb e Booking.com.

Para garantir acessibilidade financeira, o governo brasileiro tem atuado junto a órgãos de defesa do consumidor, como a Defensoria Pública do Pará, o Ministério Público, o Procon e a OAB, na contenção de práticas abusivas de preços. Plataformas como Airbnb e Hotels.com acataram recomendações, bloqueando anúncios considerados fora da realidade e emitindo alertas quando os valores ultrapassam a média de mercado.

COP30-Belem-Para-1080-848x477-1-400x225 Belém avança nos preparativos para a COP30 com 79 países já confirmados
Reproduçao

VEJA TAMBÉM: China declara apoio decisivo ao Brasil para COP30 em Belém

Apoio financeiro para países em desenvolvimento

Um dos pontos de maior destaque da reunião com o Bureau foi o anúncio do reajuste da taxa de Diária das Nações Unidas (DSA) para Belém, que passou de US$ 144 para US$ 197 para 144 países em desenvolvimento, incluindo os Países Menos Desenvolvidos (LDCs) e os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS). Esse apoio, embora limitado a alguns delegados por nação, foi visto como um avanço importante para garantir a presença de países mais vulneráveis.

Ainda assim, o governo brasileiro considera que o valor segue abaixo da média praticada em outras capitais nacionais e insuficiente para cobrir todos os custos locais. Por isso, sugeriu à UNFCCC o estudo da aplicação de uma taxa ad hoc — um reforço emergencial e específico para esta edição da COP.

Simbolismo da Amazônia

A diretora-executiva da Conferência no Brasil, Ana Toni, ressaltou a importância de Belém como sede, lembrando que durante as missões internacionais da Presidência da COP 30 houve grande receptividade ao simbolismo da escolha da Amazônia. Em um cenário geopolítico complexo, a floresta aparece como um ponto de convergência para discussões sobre futuro climático.

O secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Maurício Lyrio, reforçou esse aspecto. Para ele, organizar a primeira COP no coração da Amazônia é um gesto de coerência e liderança: o país que abriga a maior floresta tropical do mundo assume sua responsabilidade em dar visibilidade ao papel crucial das florestas no combate à crise climática.

Entre a prática e o desafio

Com a Cúpula da COP 30 marcada para os dias 6 e 7 de novembro e os convites já enviados, o governo brasileiro se vê diante de uma equação complexa: garantir infraestrutura adequada em uma cidade de médio porte, sem perder de vista a acessibilidade econômica, a inclusão de países em desenvolvimento e o simbolismo da Amazônia como centro do debate climático global.

A logística de hospedagem é apenas uma das engrenagens dessa operação monumental, mas talvez a mais sensível, já que impacta diretamente na experiência dos milhares de delegados esperados. Se os números de reservas confirmadas e os esforços para conter preços abusivos são sinais positivos, ainda há a expectativa de ajustes e soluções criativas até a chegada do evento.

O sucesso da COP 30 em Belém dependerá tanto da infraestrutura física e logística quanto da mensagem política transmitida ao mundo: a de que a Amazônia não é apenas palco, mas protagonista das negociações que definirão o futuro climático do planeta.

Microplásticos e a saúde óssea: um risco invisível que preocupa cientistas

A presença de plástico em praias, rios e até no fundo dos oceanos já é um retrato conhecido da crise ambiental global. Mas as partículas minúsculas desse material, chamadas microplásticos, têm revelado um impacto ainda mais silencioso e profundo: o risco à saúde humana. Pesquisadores brasileiros, após revisarem mais de 60 artigos científicos, apontam que essas partículas não apenas circulam em nosso sangue, cérebro e placenta, mas também podem afetar diretamente a saúde dos ossos.

A produção mundial de plástico ultrapassa 400 milhões de toneladas por ano e, junto com o descarte incorreto, está associada à emissão de 1,8 bilhão de toneladas anuais de gases de efeito estufa. Essa cadeia de consequências vai além do aquecimento global: o material, presente em roupas, móveis, utensílios domésticos e embalagens, libera partículas microscópicas que se espalham pelo ar, pela água potável e pelos alimentos. Essas micropartículas podem ser inaladas, ingeridas ou entrar em contato com a pele, acumulando-se em diferentes tecidos humanos.

O que antes parecia improvável já se tornou evidência. Pesquisas científicas relatam a presença de microplásticos no leite materno, no cérebro, na placenta e até na medula óssea. O passo seguinte, agora em estudo, é compreender de que forma essas partículas afetam a estrutura e o metabolismo ósseo.

Um alerta vindo da ciência

Um estudo apoiado pela FAPESP e publicado na revista Osteoporosis International trouxe novas respostas a essa questão. A revisão de 62 trabalhos revelou que os microplásticos podem prejudicar funções cruciais das células-tronco da medula óssea. Essas células, em contato com as partículas, passam a favorecer a formação de osteoclastos, células responsáveis por degradar o tecido ósseo em um processo chamado reabsorção.

Segundo o nefrologista Rodrigo Bueno de Oliveira, coordenador do Laboratório para o Estudo Mineral e Ósseo em Nefrologia (Lemon) da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, os riscos não são apenas teóricos. Testes laboratoriais demonstraram que os microplásticos prejudicam a viabilidade das células do tecido ósseo, aceleram o envelhecimento celular, alteram sua diferenciação e ainda promovem inflamação. Em estudos com animais, esses efeitos culminaram em alterações preocupantes, como a interrupção do crescimento esquelético e o comprometimento da microestrutura dos ossos, o que pode levar a deformidades, fragilidade e fraturas espontâneas.

abre-meio-2-400x217 Microplásticos e a saúde óssea: um risco invisível que preocupa cientistas
Segundo Oliveira, apesar de as doenças osteometabólicas serem relativamente bem compreendidas, há uma lacuna quanto à influência de microplásticos no desenvolvimento dessas enfermidades (foto: Lemon-FCM-Unicamp)

SAIBA MAIS: Microplásticos interferindo na fotossíntese das plantas

Ossos em risco silencioso

As evidências sugerem que os microplásticos não apenas circulam pelo sangue, mas conseguem atingir a intimidade do tecido ósseo, afetando inclusive a medula. Essa possibilidade abre um campo de investigação delicado: se confirmada, pode significar que os plásticos invisíveis que nos cercam no dia a dia estão contribuindo para um enfraquecimento progressivo da saúde óssea.

Embora ainda haja lacunas no conhecimento sobre o impacto desses materiais nas propriedades mecânicas dos ossos, a literatura já aponta um cenário preocupante. O envelhecimento da população global, aliado à exposição contínua aos plásticos, pode intensificar a prevalência de doenças osteometabólicas e aumentar significativamente a incidência de fraturas.

A International Osteoporosis Foundation (IOF) estima que, até 2050, o número de fraturas por osteoporose cresça 32% no mundo. Diante disso, práticas já conhecidas como alimentação equilibrada, exercícios físicos regulares e uso de medicamentos específicos seguem fundamentais. No entanto, compreender se os microplásticos funcionam como um fator ambiental adicional pode ser decisivo para prevenir milhões de casos futuros.

Um novo campo de investigação

É justamente nesse ponto que a equipe de Oliveira está avançando. O grupo inicia um projeto experimental que buscará comprovar, em modelo animal, o efeito dos microplásticos na resistência óssea, testando especialmente o fêmur de roedores. Se os resultados confirmarem o que já foi observado em análises celulares e experimentos iniciais, abre-se um novo paradigma: o plástico, além de poluente e agente climático, poderia ser também um inimigo da saúde esquelética.

Para a ciência, esse vínculo entre partículas invisíveis e ossos humanos significa repensar estratégias de saúde pública. Se os microplásticos realmente interferem no metabolismo ósseo, eles podem ser um fator “controlável” na prevenção de doenças. Ao contrário do envelhecimento populacional, não há fatalidade nesse risco: políticas ambientais mais rígidas, redução do consumo de plástico descartável e maior inovação em materiais biodegradáveis podem se tornar, também, políticas de saúde.

No cenário atual, os microplásticos estão em toda parte, e seus efeitos são cada vez mais desvendados. A diferença agora é que não se fala apenas de ecossistemas marinhos ou da cadeia alimentar. Fala-se da integridade dos ossos humanos — daquilo que sustenta, protege e dá movimento ao corpo. Se as próximas pesquisas confirmarem os riscos, o combate à poluição plástica terá de ser pensado não apenas como uma ação ambiental, mas também como uma prioridade médica e social.

veja o artigo na íntegra aqui: https://link.springer.com/article/10.1007/s00198-025-07580-4

O hábito simples que pode aumentar em anos a expectativa de vida do seu gato

Quem tem um gato sabe o quanto esses companheiros trazem alegria. Seja com um ronronar suave ou uma corrida atrás de uma bolinha, eles conquistam nossos corações. Mas você já parou para pensar em como prolongar a vida do seu gato? A expectativa de vida felina varia entre 12 e 18 anos para gatos domésticos, mas com o cuidado certo, muitos vivem até os 20 ou mais. O segredo? Um hábito simples, mas poderoso: check-ups veterinários regulares. Esse cuidado preventivo, combinado com outras práticas, pode adicionar anos à vida do seu felino. Neste artigo, exploramos como visitas ao veterinário e outros hábitos saudáveis podem transformar a saúde do seu gato, com base em estudos e recomendações de especialistas.

Gatos são mestres em esconder problemas de saúde, o que torna a atenção do tutor ainda mais crucial. Desde a alimentação até o enriquecimento ambiental, cada detalhe conta. Vamos mergulhar nas práticas comprovadas para garantir que seu gato viva mais e melhor, com dicas práticas para aplicar hoje mesmo.

O poder dos check-ups veterinários regulares

O hábito mais impactante para a longevidade do seu gato é simples: leve-o ao veterinário pelo menos uma vez por ano, ou a cada seis meses para gatos acima de 7 anos. Check-ups regulares permitem detectar problemas como doenças renais, diabetes ou problemas dentários antes que se agravem. Segundo a American Veterinary Medical Association, gatos com acompanhamento veterinário constante vivem significativamente mais.

Por que é tão importante? Gatos são especialistas em mascarar sintomas. Um problema renal, por exemplo, pode passar despercebido até estar em estágio avançado. Exames de sangue, urina e avaliações físicas identificam alterações precoces, permitindo tratamentos que prolongam a vida.

Como aplicar?

  • Agende consultas anuais, mesmo que o gato pareça saudável.
  • Peça ao veterinário exames de rotina, como hemograma e função renal.
  • Mantenha a carteirinha de vacinação em dia, incluindo vacinas contra raiva e leucemia felina.
  • Observe mudanças sutis, como beber mais água, e relate ao veterinário.

Histórias como a de Luna, uma siamesa de 15 anos, mostram o impacto. Sua tutora, Carla, notou que Luna bebia água em excesso. Um check-up revelou insuficiência renal precoce, tratada com dieta especial e medicação. Hoje, Luna continua ativa e brincalhona.

Alimentação equilibrada para uma vida longa

A alimentação é a base da saúde felina. Uma dieta inadequada, como oferecer apenas comida caseira ou ração de baixa qualidade, pode levar à obesidade, diabetes ou deficiências nutricionais, reduzindo a expectativa de vida felina.

Por que é importante? Gatos são carnívoros obrigatórios, precisando de proteínas de alta qualidade e nutrientes como taurina. Estudos da Cornell Feline Health Center mostram que uma dieta balanceada previne doenças crônicas e fortalece o sistema imunológico.

Como aplicar?

  • Escolha rações premium ou super premium, com alto teor de proteína animal.
  • Evite alimentos humanos, como salgadinhos ou doces, que podem ser tóxicos.
  • Ofereça comida úmida (sachês) para aumentar a hidratação, especialmente para gatos idosos.
  • Consulte um veterinário para ajustar a dieta conforme a idade e peso do gato.

Porções controladas evitam obesidade, que reduz a expectativa de vida em até dois anos, segundo a Association for Pet Obesity Prevention.

Exercício e enriquecimento ambiental

Gatos sedentários envelhecem mais rápido. A falta de atividade leva à obesidade, problemas articulares e até estresse. Enriquecimento ambiental, como brinquedos e arranhadores, mantém o gato ativo e mentalmente estimulado.

Por que é importante? O exercício fortalece músculos, melhora a circulação e reduz o risco de doenças cardíacas. Um estudo da Journal of Feline Medicine and Surgery indica que gatos com ambientes enriquecidos têm menor incidência de ansiedade e problemas comportamentais.

Como aplicar?

  • Ofereça brinquedos interativos, como varinhas com penas ou bolas com guizos.
  • Instale prateleiras ou árvores para gatos, incentivando escaladas.
  • Brinque com seu gato por 10-15 minutos diários para estimular o movimento.
  • Esconda petiscos em brinquedos para estimular a caça natural.

Um ambiente estimulante não só prolonga a vida, mas também torna seu gato mais feliz. Experimente criar uma “caça ao tesouro” com petiscos para manter seu felino entretido.

Higiene e cuidados dentários

Problemas dentários, como tártaro e gengivite, são comuns em gatos e podem afetar órgãos como rins e coração. Escovar os dentes do gato e manter a higiene geral é essencial para a longevidade.

Saiba mais- 5 sinais que seu gato usa para pedir carinho (e você não percebe)

Saiba mais- 5 medidas seguras para proteger cães e gatos de corujas à noite

Por que é importante? Doenças periodontais afetam 70% dos gatos acima de 3 anos, segundo a VCA Animal Hospitals. A infecção pode se espalhar, reduzindo a qualidade e a duração da vida.

Como aplicar?

  • Escove os dentes do gato com pasta específica pelo menos uma vez por semana.
  • Ofereça petiscos dentais recomendados pelo veterinário.
  • Agende limpezas dentárias profissionais conforme orientação veterinária.
  • Mantenha a caixa de areia limpa para evitar infecções urinárias.

Acostumar o gato à escovação desde jovem facilita o processo. Comece com sessões curtas e recompense com carinho.

Controle de estresse e bem-estar emocional

Gatos são sensíveis ao estresse, que pode vir de mudanças na casa, novos pets ou até barulhos altos. O estresse crônico enfraquece o sistema imunológico, acelerando o envelhecimento.

Por que é importante? Um estudo da Frontiers in Veterinary Science mostra que gatos estressados têm maior risco de doenças como cistite idiopática. Um ambiente calmo promove saúde e longevidade.

Como aplicar?

  • Crie áreas seguras, como caminhas ou caixas onde o gato possa se esconder.
  • Use difusores de feromônios para reduzir ansiedade em mudanças.
  • Evite alterações bruscas na rotina, como mudanças de horário de alimentação.
  • Dedique tempo para interagir com seu gato, reforçando o vínculo.

Por que os gatos envelhecem mais rápido sem esses cuidados?

A expectativa de vida felina depende de uma combinação de genética e ambiente. Gatos de rua vivem em média 5-7 anos, enquanto gatos domésticos bem cuidados podem ultrapassar os 20. Fatores como doenças não tratadas, má nutrição e estresse aceleram o envelhecimento. Por exemplo, a insuficiência renal, comum em gatos idosos, pode ser retardada com hidratação adequada e check-ups. A PetMD destaca que cuidados preventivos são a chave para evitar problemas crônicos.

atividades-para-gatos-caixa O hábito simples que pode aumentar em anos a expectativa de vida do seu gato

Gatos castrados também tendem a viver mais, pois a castração reduz riscos de doenças reprodutivas e comportamentos perigosos, como fugas. Além disso, manter o gato dentro de casa protege contra acidentes e infecções, como o vírus da imunodeficiência felina (FIV).

Impacto emocional para os tutores

Cuidar de um gato é uma jornada de amor, mas também de responsabilidade. Ver seu felino envelhecer pode trazer ansiedade, especialmente se ele desenvolve problemas de saúde. Comunidades como as do The Cat Site oferecem apoio, com fóruns onde tutores compartilham dicas e experiências. Histórias como a de Pedro, que ajudou seu gato Tico a superar uma infecção urinária com tratamento precoce, mostram que a ação rápida faz diferença. “Ele voltou a pular no armário aos 14 anos”, conta Pedro, orgulhoso.

Investir em cuidados preventivos não só prolonga a vida do gato, mas também fortalece o vínculo com o tutor, criando memórias preciosas.

Um chamado para transformar a vida do seu gato

Como prolongar a vida do seu gato começa com um hábito simples: check-ups veterinários regulares. Combinado com alimentação adequada, exercícios, higiene e um ambiente sem estresse, esse cuidado pode adicionar anos à vida do seu felino. Cada ronronar, cada salto e cada momento de carinho é um presente que pode ser estendido com atenção e amor.

Seu gato merece uma vida longa e saudável. Comece hoje observando seus hábitos, agendando uma consulta veterinária e ajustando sua rotina. Com essas práticas, você não só aumenta a expectativa de vida felina, mas também garante que cada dia com seu companheiro seja cheio de alegria.

6 curiosidades marcantes sobre capivaras que vivem em áreas urbanas

Você já se deparou com uma capivara atravessando calmamente a rua ou descansando perto de um lago em um parque da cidade? A cena, que antes parecia exclusiva do interior, hoje é cada vez mais comum em grandes centros urbanos. Esses roedores gigantes, que chamam atenção pelo tamanho e pelo jeito pacato, estão conquistando espaço em áreas urbanizadas, revelando um convívio curioso entre natureza e rotina humana.

Capivaras e a adaptação às cidades

As capivaras são os maiores roedores do mundo e, apesar de pertencerem ao ambiente silvestre, conseguem se adaptar bem a áreas urbanas desde que haja água e vegetação disponível. Lagos artificiais, canais e parques são ambientes perfeitos para abrigar esses animais, que formam grupos sociais e despertam a curiosidade de quem cruza com eles no dia a dia. A presença crescente desses animais levanta debates sobre convivência, saúde e até impacto ambiental.

1. Elas são extremamente sociáveis

Capivaras não gostam de viver sozinhas. Em áreas urbanas, é comum encontrá-las em grupos que podem variar de cinco a vinte indivíduos. Essa sociabilidade garante maior proteção contra predadores e reforça os laços do grupo, já que passam boa parte do tempo se alimentando e descansando juntas. Em parques e margens de rios, famílias inteiras podem ser vistas deitadas lado a lado, sem pressa.

2. Possuem hábitos semiaquáticos

Uma das maiores curiosidades é que capivaras são exímias nadadoras. Elas dependem da água para regular a temperatura do corpo, fugir de predadores e até para se reproduzir. Nas cidades, é comum vê-las em lagoas artificiais ou canais. Elas conseguem permanecer submersas por vários minutos, usando essa habilidade para descansar e se proteger. É essa ligação com a água que explica por que tantos grupos aparecem próximos a lagos urbanos.

3. A dieta urbana não mudou

Mesmo em áreas urbanas, as capivaras mantêm uma dieta essencialmente herbívora. Alimentam-se de gramíneas, folhas e cascas de árvores. Nos parques, elas acabam se aproveitando da grama cortada, o que facilita ainda mais a adaptação. Um detalhe interessante é que, mesmo com acesso a restos de comida deixados por humanos, elas tendem a rejeitar alimentos industrializados, preferindo o que encontram naturalmente.

4. Convivem com riscos de doenças

Uma questão que gera atenção é a relação das capivaras com a febre maculosa, transmitida pelo carrapato-estrela. Esses animais podem carregar os parasitas sem apresentar sintomas, tornando-se vetores indiretos da doença. Por isso, órgãos de saúde em algumas cidades monitoram populações de capivaras e alertam para que moradores evitem contato direto. É uma curiosidade que mistura biologia com saúde pública e mostra os desafios dessa convivência.

5. São animais de rotina tranquila

Ao contrário do que muitos pensam, capivaras não oferecem riscos diretos às pessoas. Elas são animais pacíficos, acostumados a uma rotina tranquila de descanso, alimentação e banho de sol. Raramente demonstram agressividade, a não ser quando se sentem ameaçadas ou quando filhotes estão por perto. Esse comportamento sereno ajuda a explicar por que se tornaram símbolos de harmonia e até personagens queridos na cultura popular.

6. Tornaram-se parte da paisagem urbana

Em várias cidades brasileiras, como Campinas, Curitiba e até Brasília, as capivaras já fazem parte da paisagem urbana. Elas convivem com pedestres, ciclistas e motoristas, despertando a curiosidade de turistas e moradores. Em alguns locais, ganharam até placas de trânsito próprias, alertando sobre travessias em avenidas próximas a lagos e áreas verdes. A presença dessas gigantes pacíficas acaba reforçando a conexão entre natureza e cidade.

O fascínio humano pelas capivaras

A presença de capivaras nas cidades não passa despercebida. Muitos visitantes param para fotografar, filmar e compartilhar nas redes sociais, transformando esses encontros em momentos virais. Há quem se encante pelo jeito tranquilo, outros pela aparência fofa e desajeitada. De qualquer forma, a curiosidade em torno desses animais só cresce, fazendo com que sejam cada vez mais vistos como símbolos da convivência pacífica entre fauna silvestre e ambientes urbanos.

Conviver com respeito e consciência

Apesar da proximidade, é fundamental lembrar que capivaras continuam sendo animais silvestres. Isso significa que não devem ser alimentadas nem tocadas por humanos. A melhor forma de conviver é observar de longe, respeitar seu espaço e evitar qualquer interação que possa colocar em risco tanto a saúde das pessoas quanto o bem-estar dos animais.

As capivaras, com seu porte imponente e comportamento calmo, são a prova viva de que a natureza encontra caminhos de adaptação até mesmo em áreas densamente urbanizadas. Elas ensinam sobre convivência, respeito e equilíbrio — valores que, se aplicados, podem transformar nossa relação com o meio ambiente em algo muito mais harmonioso.

Leia mais artigos aqui

Conheça também – Revista Para+

5 medidas fáceis para evitar encontros de pets com gambás à noite

Imagine abrir a porta de casa à noite e encontrar seu cachorro latindo desesperado para um gambá no quintal. A cena, além de assustadora, pode trazer riscos para os animais de estimação e para os humanos. Os gambás, comuns em áreas urbanas, não costumam atacar, mas se sentem ameaçados facilmente e podem liberar seu famoso jato de odor forte ou até transmitir doenças. Por isso, evitar o contato entre pets e gambás é essencial para manter a segurança e a tranquilidade no ambiente doméstico.

Gambás: presença noturna em áreas urbanas

Esses animais são típicos da fauna brasileira e têm hábitos noturnos. Procuram comida em terrenos baldios, lixeiras abertas e quintais com frutas caídas no chão. Apesar de seu aspecto que pode assustar, os gambás são importantes para o equilíbrio ambiental, já que controlam insetos e pequenos roedores. O problema surge quando eles cruzam o caminho dos pets, principalmente cães curiosos que se aproximam com latidos e movimentos bruscos. O encontro pode terminar em ferimentos, estresse e mau cheiro difícil de remover.

A importância de prevenir encontros com pets

Evitar que seu animal de estimação entre em contato com gambás é uma medida preventiva de saúde e bem-estar. Além da possibilidade de transmissão de doenças como leptospirose, mordidas e arranhões podem levar a infecções. O odor característico liberado pelos gambás também pode causar irritação nos olhos e nas vias respiratórias dos pets e até dos moradores da casa.

Manter distância é o melhor caminho, e isso pode ser alcançado com medidas simples no dia a dia que reduzem a chance de visitas noturnas indesejadas.

1. Proteja o lixo da sua casa

O lixo é a principal fonte de atração para gambás. Sacos plásticos deixados no quintal ou em lixeiras abertas funcionam como um convite para esses animais. A solução é investir em lixeiras com tampa bem vedada e nunca deixar restos de comida ao ar livre. Se possível, coloque o lixo para fora apenas nos horários próximos à coleta.

2. Recolha frutas e restos do quintal

Quem tem árvores frutíferas sabe que, durante a noite, frutas caídas no chão se tornam banquete para visitantes inesperados. Recolher diariamente esses restos é uma maneira eficaz de reduzir o interesse dos gambás pelo seu quintal. O mesmo vale para restos de ração de cães e gatos: nunca deixe potes cheios durante a madrugada.

3. Feche acessos e buracos no terreno

Gambás são ágeis e conseguem entrar por pequenos espaços. Verifique muros, portões e cercas em busca de frestas que facilitem a entrada. Telas metálicas podem ser usadas para reforçar áreas vulneráveis. Em casas com jardins extensos, é importante inspecionar galpões, garagens e depósitos, pois esses locais podem servir de abrigo temporário para os animais.

4. Ilumine bem o quintal à noite

A iluminação é um recurso simples, mas eficiente. Como os gambás preferem ambientes escuros e silenciosos, instalar refletores com sensor de movimento pode afastá-los. Além de inibir a presença dos animais, a luz ajuda a manter seus pets mais visíveis quando soltos no quintal, reduzindo o risco de encontros inesperados.

5. Supervisione os pets em horários de maior risco

Deixar cães e gatos soltos no quintal durante a noite aumenta a probabilidade de contato com gambás. Sempre que possível, mantenha os pets dentro de casa nesses horários. Caso precise soltá-los, faça a supervisão. Passeios noturnos também devem ser feitos com coleira e guia para evitar fugas em direção a terrenos baldios ou áreas com presença desses animais.

Convivência responsável com a fauna urbana

Os gambás não são inimigos — pelo contrário, desempenham funções importantes na natureza. O que deve ser evitado é o contato direto com pets, que pode ser perigoso para ambos os lados. Ao adotar medidas simples como vedar o lixo, recolher frutas, fechar acessos, iluminar o quintal e supervisionar os animais de estimação, você protege sua casa e contribui para uma convivência mais harmoniosa com a fauna urbana.

Cuidar da segurança dos pets não significa eliminar os gambás, mas sim evitar situações de conflito. Com pequenas mudanças de rotina, é possível reduzir os riscos e garantir noites tranquilas para toda a família.

Leia mais artigos aqui

Conheça também – Revista Para+

O erro mais comum que mata orquídeas em apartamentos

Uma orquídea murcha em um vaso decorativo, sinal de cuidados inadequados que podem ser evitados com as dicas certas.

Orquídeas são as queridinhas de quem busca beleza e sofisticação em apartamentos. Suas flores vibrantes e formas exóticas transformam qualquer canto em um oásis. Mas, apesar do encanto, muitos amantes de plantas enfrentam o mesmo drama: a orquídea que parecia perfeita na floricultura começa a murchar, perde folhas e, em poucos meses, morre. O que deu errado? O erro mais comum no cultivo de orquídeas em ambientes internos é o excesso de água, mas outros equívocos também sabotam essas plantas delicadas. Neste guia, vamos explorar os principais erros ao cuidar de orquídeas em apartamentos, com foco em como evitá-los e garantir que suas plantas floresçam por anos.

Cultivar orquídeas em casa não é tão complicado quanto parece, mas exige atenção a detalhes que muitas vezes passam despercebidos. Com base em recomendações de especialistas e estudos botânicos, como os da American Orchid Society, este artigo traz um passo a passo para corrigir os erros mais comuns e transformar você em um verdadeiro guardião de orquídeas. Vamos começar?

O maior vilão: excesso de água

Se sua orquídea está com folhas amareladas, raízes escuras ou um aspecto “molhado” demais, o excesso de rega é provavelmente o culpado. Orquídeas, especialmente as populares do gênero Phalaenopsis, são epífitas, ou seja, na natureza, crescem agarradas a árvores, absorvendo umidade do ar e chuvas esporádicas. Em apartamentos, onde a ventilação é limitada, regar demais sufoca as raízes, levando ao apodrecimento.

Por que é um erro? Raízes encharcadas não conseguem respirar, o que favorece fungos e bactérias. Um estudo da Royal Horticultural Society aponta que até 70% das orquídeas cultivadas em casa morrem por rega excessiva.

Como evitar?

  • Regue apenas quando o substrato estiver seco ao toque, geralmente a cada 7-10 dias.
  • Use vasos com furos de drenagem para evitar acúmulo de água.
  • Prefira regar pela manhã, permitindo que o excesso evapore durante o dia.
  • Verifique as raízes: raízes verdes ou brancas estão saudáveis; raízes marrons ou moles indicam problema.

Um truque simples é mergulhar o vaso em água por 10 minutos e depois deixar escorrer completamente. Assim, você imita a chuva natural sem afogar a planta.

Falta de luz adequada

Outro erro no cultivo de orquídeas é colocá-las em locais com pouca luz. Muitos acreditam que orquídeas sobrevivem bem em cantos escuros de apartamentos, mas a verdade é que elas precisam de luz indireta brilhante para florescer. Sem luz suficiente, as folhas ficam escuras, o crescimento para e as flores não aparecem.

Por que é um erro? A fotossíntese, essencial para a produção de energia, depende de luz. A Missouri Botanical Garden destaca que orquídeas em ambientes com pouca luz entram em “modo de sobrevivência”, sem energia para florescer.

Como evitar?

  • Coloque a orquídea perto de uma janela com luz indireta, como leste ou oeste.
  • Use cortinas leves para filtrar o sol direto, que pode queimar as folhas.
  • Se a luz natural for limitada, considere lâmpadas LED de espectro completo para plantas.
  • Observe as folhas: verde-claro é ideal; verde-escuro indica falta de luz.

Em apartamentos pequenos, uma prateleira próxima a uma janela pode ser o local perfeito. Gire o vaso a cada duas semanas para garantir luz uniforme.

Vaso ou substrato inadequado

Usar vasos comuns de terra ou substratos pesados é um erro clássico. Orquídeas não crescem em solo comum na natureza; elas precisam de um substrato aerado, como casca de pinus, carvão vegetal ou musgo esfagno, que permita a circulação de ar nas raízes.

Por que é um erro? Substratos compactos retêm umidade demais, sufocando as raízes. Vasos sem drenagem agravam o problema, criando um ambiente propício a doenças. A Gardener’s World recomenda materiais específicos para orquídeas para garantir saúde a longo prazo.

Como evitar?

  • Escolha vasos transparentes com furos, que facilitam a observação das raízes.
  • Use substratos próprios para orquídeas, disponíveis em lojas de jardinagem.
  • Reenvasar a cada 1-2 anos para renovar o substrato e evitar compactação.
  • Evite terra comum ou vasos decorativos sem drenagem.

Um vaso bem escolhido é como uma casa confortável para sua orquídea – ela precisa respirar e se sentir segura.

Ignorar a umidade do ambiente

Apartamentos, especialmente com ar-condicionado, tendem a ter baixa umidade, o que é um pesadelo para orquídeas. Essas plantas tropicais precisam de umidade relativa entre 50% e 70% para prosperar. Folhas enrugadas ou botões que caem antes de abrir são sinais de ar seco.

Saiba mais- Orquídea-cymbidium: 5 segredos para florescer em vasos médios

Saiba mais- Orquídea com brotos novos e sem flor? Veja o que pode estar travando a floração

Por que é um erro? A baixa umidade impede a absorção de água pelas raízes aéreas, enfraquecendo a planta. Segundo a Orchid Web, a umidade inadequada é uma das principais causas de falhas no florescimento.

Como evitar?

  • Coloque um umidificador perto da orquídea ou use bandejas com água e pedras.
  • Borrife água nas folhas pela manhã, evitando molhar as flores.
  • Posicione a planta em áreas naturalmente úmidas, como banheiros com boa ventilação.
  • Monitore a umidade com um higrômetro, se possível.

Uma bandeja com seixos e água sob o vaso é uma solução barata e eficaz para manter a umidade ideal.

Adubação excessiva ou inadequada

Adubar orquídeas é essencial, mas exagerar na dose ou usar fertilizantes genéricos pode ser fatal. Muitos tutores aplicam adubos comuns para plantas, que são fortes demais, ou fertilizam com frequência excessiva, queimando as raízes.

o-que-e-adubo-foliar-3-1280x720-1 O erro mais comum que mata orquídeas em apartamentosPor que é um erro? Orquídeas precisam de nutrientes específicos em doses pequenas. Excesso de adubo causa acúmulo de sais nas raízes, levando à desidratação. A University of Minnesota Extension sugere fertilizantes balanceados, como NPK 20-20-20, diluídos.

Como evitar?

  • Use adubos específicos para orquídeas, diluídos a 1/4 da dose recomendada.
  • Fertilize a cada 2-3 semanas durante a primavera e o verão, reduzindo no inverno.
  • Lave o substrato com água limpa mensalmente para evitar acúmulo de sais.
  • Observe sinais de excesso, como pontas de folhas queimadas.

Adubar com moderação é como oferecer uma dieta equilibrada – menos é mais para a saúde da orquídea.

Outros erros comuns a evitar

Além dos cinco erros principais, outros descuidos podem comprometer suas orquídeas:

  • Ignorar pragas: Cochonilhas e ácaros são comuns em ambientes internos. Inspecione as folhas regularmente e use sabão inseticida, se necessário.
  • Temperatura inadequada: Orquídeas preferem temperaturas entre 18°C e 25°C. Evite correntes de ar frio ou calor extremo.
  • Não podar corretamente: Corte hastes florais secas acima de um nó para estimular novo florescimento.
  • Falta de paciência: Orquídeas podem demorar meses para florescer novamente. Continue os cuidados mesmo sem flores.

Tratar orquídeas como plantas comuns é um erro. Elas exigem um cuidado específico, mas, com prática, tornam-se fáceis de manter.

Por que orquídeas são tão sensíveis em apartamentos?

Apartamentos apresentam desafios únicos para o cultivo de orquídeas. A falta de ventilação, luz natural limitada e flutuações de umidade criam um ambiente bem diferente das florestas tropicais onde essas plantas evoluíram. Além disso, a rotina agitada de moradores urbanos pode levar a descuidos, como esquecer de regar ou deixar a planta em um canto escuro. A BBC Gardening destaca que entender as necessidades específicas de cada espécie é a chave para o sucesso.

Orquídeas como a Phalaenopsis são populares por sua adaptação a ambientes internos, mas até elas sofrem sem cuidados adequados. Raízes aéreas, que absorvem umidade do ar, são particularmente sensíveis a erros como rega excessiva ou substratos inadequados.

Como transformar o cultivo em sucesso

Como cuidar de orquídeas em apartamentos requer paciência e observação, mas os resultados valem o esforço. Aqui estão dicas gerais para garantir plantas saudáveis:

  • Crie uma rotina: Estabeleça dias fixos para verificar a umidade do substrato e regar.
  • Observe a planta: Folhas murchas, raízes escuras ou falta de flores são sinais de que algo está errado.
  • Invista em acessórios: Vasos com drenagem, bandejas de umidade e adubos específicos fazem diferença.
  • Aprenda com a comunidade: Fóruns como os da Orchid Board oferecem dicas de cultivadores experientes.

Histórias de sucesso inspiram. Mariana, uma moradora de São Paulo, perdeu três orquídeas por regar demais. Após ajustar a frequência de rega e mudar para um vaso com casca de pinus, sua Phalaenopsis floresceu por dois anos consecutivos. “É como aprender a linguagem da planta”, ela conta.

Benefícios de cultivar orquídeas

Além da beleza, orquídeas trazem benefícios reais. Estudos da Frontiers in Psychology mostram que cuidar de plantas reduz o estresse e melhora o bem-estar. Em apartamentos, onde a conexão com a natureza é limitada, orquídeas oferecem um toque de verde que transforma o ambiente. Elas também podem melhorar a qualidade do ar ao aumentar a umidade, especialmente em climas secos.

Além disso, cultivar orquídeas é uma lição de paciência e cuidado. Cada flor que desabrocha é uma recompensa pelo esforço, criando um vínculo especial com a planta.

Um chamado para cuidar melhor

O erro mais comum no cultivo de orquídeas – regar demais – é apenas o começo. Falta de luz, vasos inadequados, baixa umidade e adubação errada completam a lista de armadilhas que podem matar suas plantas. Mas com as dicas certas, você pode transformar seu apartamento em um refúgio para orquídeas saudáveis e floridas. Comece observando sua planta, ajustando a rega e escolhendo o local ideal. Com paciência, você verá suas orquídeas prosperarem, trazendo beleza e serenidade ao seu lar.

Então, que tal dar uma chance às suas orquídeas? Evite esses erros, siga as dicas e descubra a alegria de cultivar essas plantas incríveis. Sua próxima flor pode estar a apenas um cuidado certo de distância.

Recorde de desmatamento na Caatinga expõe fragilidades fundiárias e legado da Boi Gordo

O desmatamento na Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, atingiu em 2025 um de seus episódios mais alarmantes. Entre novembro do ano passado e fevereiro deste ano, uma única fazenda situada nos municípios piauienses de Canto do Buriti e Pavussu derrubou 13,7 mil hectares de vegetação nativa em apenas três meses. O dado, revelado em abril pelo MapBiomas, representa o maior registro desde o início do monitoramento, em 2019.

Embora a área possua autorização emitida pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (Semarh), imagens de satélite analisadas pela geógrafa Débora Lima, pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) e integrante do grupo de Estudos Críticos do Desenvolvimento Rural do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO), mostram que o desmate já ultrapassou os 30 mil hectares. O salto equivale a devastar uma área pouco maior que a capital mineira, Belo Horizonte, ou transformar em pasto o equivalente a 43 mil campos de futebol.

Esse processo está diretamente ligado à expansão da agropecuária intensiva e ao avanço de projetos de energia solar e eólica, que se tornaram motores adicionais de pressão sobre a Caatinga. No caso específico do Piauí, documentos obtidos pela reportagem indicam que a fazenda prepara espaço para a criação de 43 mil cabeças de gado.

Fantasmas da Boi Gordo

O desmatamento recorde traz de volta o nome da Fazendas Reunidas Boi Gordo, grupo que protagonizou um dos maiores escândalos financeiros do Brasil nos anos 2000. A empresa, criada com a promessa de ganhos rápidos por meio de cotas em rebanhos e terras, quebrou em 2004 e deixou um rombo de cerca de R$ 4 bilhões, atingindo mais de 32 mil investidores.

Na massa falida, relatórios apontaram que propriedades públicas e privadas vinculadas à Boi Gordo foram repassadas irregularmente a terceiros próximos ao grupo, muitas vezes sem registro válido ou com documentação forjada. Entre os nomes associados a essas transferências aparece o da gaúcha Maribel Schmittz Golin, hoje relacionada à exploração de terras na metade sul do Piauí, incluindo a área atualmente desmatada.

O Ministério Público de São Paulo, estado onde a Boi Gordo foi registrada, e o Ministério Público do Piauí chegaram a investigar fraudes, grilagem e desvio de imóveis da massa falida. Algumas propriedades tiveram os registros bloqueados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), por apresentarem documentos invalidados. Apesar disso, parte das terras segue em uso privado, alimentando novos ciclos de devastação.

DSC00910-400x267 Recorde de desmatamento na Caatinga expõe fragilidades fundiárias e legado da Boi Gordo
A paisagem lembra um trecho de litoral com restinga ao fundo, mas, na verdade, mostra a ocupação do agro entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Foto: Entidades civis/Divulgação

SAIBA MAIS: Este pequeno roedor da caatinga tem uma tática genial de sobrevivência

Uma Caatinga sob risco

O caso no Piauí é apenas a face mais visível de um fenômeno mais amplo. Segundo o MapBiomas, a Caatinga perdeu 9,25 milhões de hectares de vegetação nativa nos últimos 40 anos, equivalente a 14% de sua cobertura original. É como se uma área do tamanho de Portugal tivesse sido devastada, com impactos severos para os ecossistemas semiáridos, já vulneráveis às mudanças climáticas.

As causas principais são a expansão da fronteira agropecuária e, mais recentemente, a implantação acelerada de usinas solares e eólicas. Embora essas fontes de energia sejam vistas como alternativas limpas, sua instalação em áreas sensíveis, sem planejamento socioambiental adequado, pode gerar novos conflitos fundiários e ecológicos.

Em paralelo, operações do governo piauiense têm tentado frear a destruição. Só em 2025, até o fechamento desta reportagem, foram aplicados R$ 23 milhões em multas por crimes ambientais em municípios como Cajueiro da Praia, Milton Brandão, Bom Jesus e Currais. Segundo José Renato Araújo Nogueira, gerente de Fiscalização da Semarh, a repressão só é possível porque as equipes trabalham com imagens de satélite constantemente atualizadas.

O nó da regularização

Para a especialista Débora Lima, o avanço da fronteira agropecuária e energética no semiárido coloca em risco as metas climáticas do Brasil e expõe a fragilidade dos instrumentos de regulação. Ela aponta que o Cadastro Ambiental Rural (CAR) no Piauí apresenta falhas como sobreposição de áreas, baixa validação e pouca transparência sobre reservas legais e Áreas de Preservação Permanente.

Um painel federal confirma que, no estado, apenas 108 cadastros tiveram a análise de regularidade ambiental concluída até agora — número insignificante diante da extensão da fronteira agrícola. Sem uma base sólida de dados, as fiscalizações ficam comprometidas e a chance de fraudes e grilagens aumenta.

O desmatamento recorde na Caatinga escancara como o vácuo de governança fundiária se converte em terreno fértil para velhos e novos atores do capital extrativista. O fantasma da Boi Gordo, que arruinou milhares de investidores e se apropriou de terras de forma questionável, volta a assombrar o semiárido agora sob o rastro de tratores e correntões.

A pressão por carne, grãos e energia verde transforma a Caatinga em um bioma cada vez mais frágil, em um momento em que o mundo exige transições sustentáveis. Desviar dessa rota exige mais do que operações pontuais: pede reformas legais, fortalecimento de cadastros ambientais, transparência fundiária e alternativas produtivas que valorizem o território sem destruí-lo.

5 sinais de que seu cachorro está envelhecendo mais rápido do que deveria

Seu cachorro já não corre atrás da bola com a mesma energia de antes? Ou talvez ele pareça mais quieto, com o focinho salpicado de pelos brancos? Envelhecer é parte natural da vida, mas alguns cães mostram sinais de idade mais cedo do que o esperado. Identificar um cachorro envelhecendo rápido pode ser crucial para garantir que ele viva uma vida longa e saudável. Fatores como genética, dieta, estilo de vida e cuidados veterinários influenciam o ritmo do envelhecimento. Neste artigo, apresentamos cinco sinais de envelhecimento precoce em cães, explicamos suas causas e oferecemos dicas práticas para agir, com base em recomendações veterinárias. Se você ama seu pet, fique atento e aprenda a protegê-lo.

Cães de raças pequenas, como chihuahuas, podem viver até 15 anos ou mais, enquanto raças grandes, como dogues alemães, raramente passam dos 10. Mas quando os sinais de envelhecimento aparecem antes do esperado – às vezes em cães de apenas 5 ou 6 anos –, é hora de investigar. Vamos explorar os cinco principais alertas, com orientações para cuidar melhor do seu companheiro.

1. Lentidão e fadiga excessiva

Seu cachorro, que antes pulava no sofá ou corria pelo quintal, agora prefere ficar deitado o dia todo? A lentidão é um dos primeiros sinais de idade em cães, mas quando ocorre cedo demais, pode indicar problemas. Cães jovens ou de meia-idade que mostram fadiga extrema após atividades leves podem estar sofrendo de condições como hipotireoidismo, anemia ou até dores articulares não diagnosticadas.

Por que acontece? A fadiga pode estar ligada a uma dieta pobre em nutrientes, falta de exercício adequado ou problemas metabólicos. Segundo a American Kennel Club, a obesidade também acelera o envelhecimento, sobrecarregando o coração e as articulações.

Como agir?

  • Consulte um veterinário para exames de sangue e avaliação geral.
  • Ajuste a dieta com ração de alta qualidade, rica em proteínas e antioxidantes.
  • Introduza exercícios leves, como caminhadas curtas, para manter a mobilidade sem sobrecarga.
  • Considere suplementos como glucosamina, após recomendação veterinária, para apoiar as articulações.

Observar o ritmo do seu cachorro é essencial. Um labrador de 6 anos que evita subir escadas pode estar com mais do que preguiça – ele precisa de atenção.

2. Perda de visão ou olhos embaçados

Você já notou seu cachorro trombando em móveis ou hesitando em locais mal iluminados? Alterações na visão, como olhos embaçados ou dificuldade para enxergar à noite, são sinais comuns de envelhecimento, mas podem surgir precocemente devido a catarata, glaucoma ou até deficiências nutricionais.

Por que acontece? A catarata, que deixa o olho com aparência opaca, pode ser genética ou desencadeada por diabetes, uma condição cada vez mais comum em cães, segundo estudos da Cornell University. A falta de antioxidantes, como vitamina E, também pode acelerar danos oculares.

Como agir?

  • Procure um veterinário oftalmologista para exames específicos.
  • Garanta uma dieta rica em antioxidantes, como cenoura e ração com ômega-3.
  • Evite expor o cão a luz solar intensa, que pode agravar problemas oculares.
  • Mantenha o ambiente seguro, removendo obstáculos que possam causar acidentes.

Se o seu cão parece desorientado, um check-up pode prevenir a progressão de problemas visuais e melhorar sua qualidade de vida.

3. Perda auditiva ou desatenção

Seu cachorro parou de responder quando você o chama ou não reage a sons como a campainha? A perda auditiva é um dos sinais de idade em cães, mas quando ocorre em animais mais jovens, pode indicar infecções crônicas de ouvido, acúmulo de cera ou até danos neurológicos.

Por que acontece? Infecções recorrentes, comuns em raças com orelhas longas como cocker spaniels, podem danificar o canal auditivo. Exposição a ruídos altos ou falta de higiene também contribui. A VCA Animal Hospitals alerta que a surdez precoce pode ser um sinal de doenças sistêmicas.

Como agir?

  • Agende uma consulta veterinária para limpar os ouvidos e descartar infecções.
  • Use sinais visuais, como gestos, para se comunicar com o cão.
  • Mantenha as orelhas limpas com produtos recomendados pelo veterinário.
  • Evite ambientes barulhentos que possam piorar o problema.

Ensinar comandos com gestos pode ajudar seu cão a se adaptar, mantendo a conexão com você mesmo com a audição comprometida.

4. Mudanças no apetite ou perda de peso

Seu cachorro está recusando comida ou perdendo peso sem motivo aparente? Alterações no apetite são sinais preocupantes de envelhecimento precoce. Tanto a falta de interesse pela comida quanto a fome excessiva podem indicar problemas de saúde sérios.

Por que acontece? Doenças dentárias, como tártaro ou gengivite, podem tornar a alimentação dolorosa. Problemas renais, hepáticos ou endócrinos, como diabetes, também afetam o apetite. Um estudo da UC Davis Veterinary Medicine aponta que a perda de peso inexplicada é um alerta vermelho.

Como agir?

  • Verifique a saúde bucal do cão com um veterinário e considere limpezas dentárias.
  • Ofereça alimentos úmidos ou mais palatáveis, se aprovado pelo profissional.
  • Monitore o peso regularmente e anote mudanças no comportamento alimentar.
  • Realize exames para descartar doenças metabólicas ou renais.

Um cão que come menos ou mais do que o normal precisa de atenção imediata para evitar complicações graves.

5. Problemas de mobilidade ou dores articulares

Seu cachorro hesita ao subir escadas, manca ou evita pular? Dificuldades de mobilidade são um dos sinais de idade em cães, mas em animais mais jovens podem indicar artrite, displasia de quadril ou lesões não tratadas.

Por que acontece? Raças grandes, como pastores alemães, são mais propensas a problemas articulares devido ao peso. Obesidade, falta de exercício ou traumas antigos também aceleram o desgaste. A Arthritis Foundation destaca que a artrite canina pode começar cedo se não houver cuidados preventivos.

Saiba mais- Donos estão errando a ração e encurtando a vida dos pets sem perceber

Saiba mais- 5 Sinais de que seu cachorro está deprimido — E como agir antes que piore

Como agir?

  • Consulte um veterinário para radiografias e diagnóstico preciso.
  • Considere suplementos como condroitina e glucosamina, após recomendação.
  • Forneça camas ortopédicas e evite superfícies escorregadias em casa.
  • Introduza exercícios de baixo impacto, como natação, para fortalecer músculos.

Melhorar a mobilidade do seu cão pode devolver a ele anos de qualidade de vida. Pequenas mudanças, como rampas, fazem diferença.

tabela_idade_de_cachorros 5 sinais de que seu cachorro está envelhecendo mais rápido do que deveria
Infográfico destacando os 5 sinais de envelhecimento precoce em cães: lentidão, visão, audição, apetite e mobilidade.

Por que o envelhecimento precoce acontece?

Um cachorro envelhecendo rápido pode estar enfrentando uma combinação de fatores. Genética desempenha um papel – raças como buldogues e mastins têm expectativa de vida menor –, mas o ambiente é igualmente crucial. Dietas desbalanceadas, falta de check-ups regulares, exposição a toxinas (como pesticidas) e estresse crônico, como viver em espaços confinados, aceleram o desgaste. A PetMD explica que o estresse oxidativo, causado por radicais livres, danifica células e antecipa sinais de idade.

Além disso, a falta de cuidados preventivos, como vacinas e desparasitações, pode enfraquecer o sistema imunológico, deixando o cão mais vulnerável. Cães resgatados ou com histórico de negligência são especialmente propensos a envelhecer precocemente devido a traumas passados.

Como proteger seu cachorro do envelhecimento precoce

Prevenir é sempre melhor que remediar. Aqui estão estratégias para garantir que seu cão envelheça de forma saudável:

  • Check-ups regulares: Visitas anuais ao veterinário, ou semestrais para cães acima de 7 anos, ajudam a detectar problemas cedo.
  • Dieta equilibrada: Escolha rações premium ou dietas caseiras supervisionadas por nutricionistas veterinários.
  • Exercício adequado: Caminhadas diárias e brincadeiras mantêm o peso controlado e o coração saudável.
  • Estímulo mental: Brinquedos interativos e treinamento evitam o tédio, que pode levar ao estresse.
  • Ambiente seguro: Evite exposição a produtos químicos e mantenha a casa adaptada para a mobilidade do cão.

Investir em bem-estar emocional também é vital. Cães que recebem carinho, socialização e um ambiente estável tendem a viver mais. Um estudo da Applied Animal Behaviour Science mostra que o estresse crônico reduz a longevidade canina em até dois anos.

Impacto emocional para os tutores

Notar que seu cachorro está envelhecendo rápido pode ser doloroso. Muitos tutores relatam sentimentos de culpa ou ansiedade ao perceber que seu companheiro está menos ativo. É importante lembrar que você não está sozinho. Comunidades como as do Dogster oferecem fóruns para compartilhar experiências e dicas. Além disso, buscar apoio com um veterinário de confiança pode transformar preocupação em ação prática.

Histórias como a de Ana, tutora de um golden retriever chamado Max, ilustram a importância da atenção precoce. Aos 5 anos, Max começou a mancar e recusar comida. Após exames, Ana descobriu que ele tinha artrite precoce e hipotireoidismo. Com tratamento, dieta ajustada e fisioterapia, Max voltou a brincar. “Foi um susto, mas agir rápido fez toda a diferença”, conta ela.

Um chamado para cuidar melhor

Identificar os sinais de idade em cães é o primeiro passo para garantir que seu pet viva o máximo possível com qualidade. Lentidão, perda de visão, audição, mudanças no apetite e problemas de mobilidade não são apenas sinais normais do tempo – eles podem indicar que seu cachorro precisa de ajuda agora. Com visitas regulares ao veterinário, uma rotina saudável e muito carinho, você pode desacelerar o relógio biológico do seu companheiro.

Seu cão é mais do que um pet; é família. Ao reconhecer um cachorro envelhecendo rápido, você tem a chance de agir, oferecendo a ele o cuidado que merece. Comece observando, consulte um profissional e transforme pequenos ajustes em grandes diferenças. Afinal, cada lambida e abanada de rabo vale o esforço.