Diálogos Amazônicos começaram nesta sexta-feira

Nos dias 4, 5 e 6 os povos amazônidas terão oportunidade de debater, em Belém, no Pará, os desafios e as potencialidades da região que abriga a maior floresta tropical do planeta. O evento coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência da República em parceria com o Ministério das Relações Exteriores terá cinco plenárias-síntese para 3 mil pessoas cada. Os resultados dos debates de cada plenária servirão como base para a produção de cinco relatórios que serão entregues aos presidentes dos países amazônicos presentes à Cúpula da Amazônia, nos dias 8 e 9 de agosto.

“Os Diálogos Amazônicos são um processo extremamente rico de debate. São os movimentos sociais de todos os países amazônicos, mais o Brasil, colocando seu olhar sobre os problemas, sobre as potencialidades e sobre as possibilidades da floresta amazônica. E nesse processo de interação com a cúpula dos países. Então o que será feito nos diálogos, ele será apresentado na Cúpula para os chefes de Estado. Eu acho que temas como a mudança do clima, como os povos indígenas da Amazônia e uma necessidade de um projeto de inclusão para a região, esse processo de debate acerca da agroecologia e dos trabalhadores que sobrevivem da floresta, a necessidade do combate ao garimpo ilegal. Eu acho que esses temas são temas que têm necessidade de serem debatidos e que com certeza ganharão protagonismo nesse processo.” explicou Márcio Macêdo, ministro da Secretaria-Geral da Presidência.

Os Diálogos Amazônicos devem reunir cerca de 10 mil pessoas durante os três dias do evento no Hangar Centro de Convenções e Feiras, na capital do Pará. No dia 4, das 13h às 16h, acontece a plenária transversal que terá como tema “Mulheres na Panamazônia – Direitos, Corpos e Territórios por Justiça Socioambiental e Climática”. Das 16 às 19h, será a plenária-síntese sobre a participação e a proteção dos territórios, dos ativistas, da sociedade civil e dos povos das florestas e das águas no desenvolvimento sustentável da Amazônia. Erradicação do trabalho escravo no território. A partir das 19h será feita a cerimônia de abertura, com a participação de ministras, ministros, governador, prefeito e parlamentares.

O ministro Márcio Macêdo ressalta a importância da participação da sociedade no processo de contribuição com soluções que subsidiem as decisões estratégicas que serão tomadas no ambiente do Governo e que poderão se complementar a um projeto bem sucedido para a Amazônia.

SAÚDE

Os diálogos continuarão no dia 5 de agosto com a plenária-síntese que aborda o tema “Saúde, soberania e segurança alimentar e nutricional na região amazônica: ações emergenciais e políticas estruturantes”, das 9h às 12h. No início da tarde será a vez da plenária transversal sobre juventudes que acontece entre 13h e 16h. “Como pensar a Amazônia para o futuro a partir da ciência, tecnologia, inovação e pesquisa acadêmica e transição energética” será o tema do debate da terceira plenária-síntese, que será realizada entre 17 e 20h.

Já no último dia dos Diálogos será a vez da “Mudança do clima, agroecologia e as sociobioeconomias da Amazônia: manejo sustentável e os novos modelos de produção para o desenvolvimento regional” entrar na pauta da quarta plenária-síntese, entre 9h e 12h. A plenária transversal do dia, de 13h às 16h. tratará sobre as “Amazônias Negras e: Racismo Ambiental, Povos e Comunidades Tradicionais”.  Encerrando o evento, a quinta e última plenária-síntese vai debater a inclusão dos povos indígenas. A plenária, entre 17 e 20h, finalizará toda a programação dos Diálogos.

A partir de tudo o que for discutido nos Diálogos, especialmente nas plenárias-síntese, serão produzidos cinco relatórios que serão entregues aos presidentes dos países presentes à Cúpula da Amazônia e poderão orientar a implantação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável de toda a região.

“Estamos certos de que a iniciativa brasileira de ouvir os anseios dos povos da floresta é um marco histórico e a partir dele, teremos uma nova fase de desenvolvimento para a Amazônia. Um desenvolvimento que atenda aos anseios dos povos que habitam a floresta, quer na beira dos rios, nas aldeias, nas cidades, em cada canto da região” finalizou o ministro Márcio Macêdo.

Palestra no Fórum das Cidades debate a importância da construção coletiva na região amazônica

O segundo dia de programação do Fórum das Cidades Amazônicas iniciou na manhã desta sexta-feira, 4, com a palestra ” Amazônia urbana, construções coletivas para o desenvolvimento sustentável”. O evento reúne gestores de cidades de do Pan-Amazônia e está sendo realizado no Hangar- Convenções e Feiras da Amazônia.

Participaram da palestra a prefeita da cidade de Cobija – na Bolívia -, Ana Lúcia Reis, e o prefeito da cidade de Rio Preto da Eva, no Amazonas, Anderson Souza. A plenária abordou como, estrategicamente, os municípios da região podem buscar um desenvolvimento sustentável por meio das riquezas naturais da região e transformar essa questão em um construção coletiva para as cidades da Amazônia.

Gestora da cidade de Cobija, município com mais de 20 mil habitantes e que faz parte da Pan-Amazônia, Ana Lúcia Reis ressaltou que as riquezas naturais da região que podem ajudar na geração de empregos e o desenvolvimento.

1d805cd1-7cbb-439c-a4b8-0123855733d1-1024x682 Palestra no Fórum das Cidades debate a importância da construção coletiva na região amazônica“Hoje em dia o mundo está concentrado na Amazônia. Um dos problemas sérios que vivemos é não dar conta do local que habitamos e da importância de preservá-lo. Por exemplo, em Cobija temos nossa castanha e a usamos para a geração de emprego na cidade, utilizando nossos recursos para o desenvolvimento do município”.

Para Anderson Souza, prefeito de Rio Preto da Eva, a construção de forma conjunta gera uma região mais desenvolvida e sustentável. E na opinião dele, tudo passa pela criação de um fórum permanente de prefeitos e prefeitas da Amazônia. “Este fórum tem que ser permanente, para discutirmos os problemas e soluções da nossa região”, sugeriu.

A iniciativa do Fórum é da Prefeitura de Belém, com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), e em coordenação com o Governo do Estado do Pará, a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (SRI/PR), Ministério das Cidades (MCID), Ministério do Meio Ambiente e Mudança de Clima (MMA), Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Federação das Associações de Municípios do Estado do Pará (Famep) e Governos Locais pela Sustentabilidade (Iclei).

Substituição de espécies sensíveis por tolerantes ‘equilibra’ ecossistemas em áreas agrícolas, diz estudo

Ao estudar práticas de manejo sustentáveis para a agricultura, particularmente canaviais, pesquisadores brasileiros demonstraram que corpos d’água, como pequenas lagoas e mesmo poças, podem manter serviços ecossistêmicos, desde que existam nos arredores espécies animais tolerantes que substituam as mais sensíveis às práticas agrícolas.

Em um trabalho inovador, no qual áreas de cultivo em larga escala foram manipuladas, o grupo testou as consequências da intensificação do uso da terra comparando pastagens extensivas e intensivas e plantações de cana-de-açúcar, com simulações de lagoas e poças de 4 mil litros. Apesar de as áreas canavieiras terem recebido aplicação de inseticidas e de vinhaça, a biomassa no hábitat [quantidade de matéria orgânica animal] ficou estável nos três cenários.

Isso somente foi possível porque, após a aplicação dos produtos, a extinção local de um predador sensível (no caso a libélula) foi compensada pela colonização de um conjunto de outros mais tolerantes, como besouros e percevejos. Com isso, a estabilidade da comunidade evidenciou um efeito “portfólio” da biodiversidade, ou seja, a entrada de espécies compensando o desaparecimento de outras.

“Demonstramos experimentalmente que o funcionamento de ecossistemas aquáticos em ambientes agrícolas pode ser mantido, apesar de práticas danosas, desde que haja espécies tolerantes vindas de fora da plantação para substituir as mais sensíveis. Na pesquisa, usamos como indicador do funcionamento ecossistêmico a produção de biomassa, ou seja, quantos gramas de animais estão sendo observados em cada ecossistema ao longo do tempo. Percebemos que [a produção de biomassa] permaneceu constante até mesmo no canavial. Isso é muito interessante do ponto de vista da discussão dos diversos valores que a biodiversidade tem, entre eles a manutenção de funções ecossistêmicas de um local”, avalia o biólogo Luis Cesar Schiesari, professor da Universidade de São Paulo (USP) e autor correspondente do artigo publicado no Journal of Applied Ecology, uma das mais prestigiadas revistas científicas na área de ecologia.

O trabalho foi conduzido no âmbito de um Projeto Temático vinculado ao Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) e liderado pelo engenheiro agrônomo Luiz Antonio Martinelli, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP. Também recebeu financiamento por meio de um projeto coordenado pelo biólogo Victor Satoru Saito, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Ambos são coautores do artigo.

Sustentabilidade

Estudos anteriores mostraram que esse suprimento de espécies não está disponível em campos agrícolas reais, onde ecossistemas aquáticos têm diversidade bastante empobrecida. Por isso, os cientistas sugerem no artigo agora publicado a inclusão das práticas de manejo para a proteção de brejos, pântanos e lagoas nas bordas de campos agrícolas, que serviriam de provedores de biodiversidade para colonizar poças formadas naturalmente ou artificialmente nessas áreas.

“Esses organismos são benéficos para o próprio cultivo já que, além de retroalimentar o ecossistema, servem de predadores para pragas agrícolas. Insetos e anfíbios colocam ovos nessas poças temporárias, que eclodem em larvas. Elas se alimentam no ambiente aquático e, depois, metamorfoseiam em adultos terrestres. Esses adultos eventualmente morrem no ambiente terrestre, ‘exportando’ a matéria acumulada dentro da poça, inclusive o nitrogênio, o fósforo e o potássio, de volta para a plantação. Essas funções ecossistêmicas satisfazem as premissas da agricultura sustentável e de precisão”, diz Schiesari à Agência FAPESP.

Com a agenda global indicando a crescente necessidade de reduzir impactos ambientais nas cadeias produtivas e mitigar os efeitos das mudanças climáticas para promover o desenvolvimento sustentável, a produção agropecuária e a transição energética (com o uso de fontes limpas e renováveis para combustíveis) têm sido focos de atenção no mundo.

Maior produtor mundial de cana-de-açúcar e um dos principais de etanol, o Brasil vem discutindo há alguns anos a sustentabilidade da cadeia de produção e o custo socioeconômico do uso da terra. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de cana-de-açúcar na safra 2023/24 deve crescer 4,4% em relação a 2022/23, sendo estimada em 637,1 milhões de toneladas.

“Em minha linha de pesquisa busco entender as vias pelas quais as alterações do ambiente por ações humanas impactam a biodiversidade. Especificamente nos últimos 15 anos, tenho procurado compreender as consequências da conversão de hábitats nativos, como florestas e cerrados, para pastagens e a intensificação das pastagens em áreas de plantios agrícolas monoculturais, como soja e cana. Esse processo de conversão e intensificação do ambiente implica alterações estruturais, físicas e químicas”, complementa o biólogo.

As pastagens são o principal uso dado ao solo brasileiro, ocupando 154 milhões de hectares, com presença nos seis biomas, segundo relatório do MapBiomas. A área equivale praticamente a todo o Estado do Amazonas, que tem 156 milhões de hectares.

As etapas

Os cientistas trabalharam em uma área da fazenda experimental da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), em Brotas, no interior de São Paulo. Dividiram o local em 15 parcelas (plots) de 50 por 50 metros.

Cinco foram mantidas com pastagem extensiva, onde não existe cuidado específico com o solo e o capim cresce naturalmente, de acordo com a fertilidade da área. A mesma quantidade de parcelas foi convertida em pastagem intensiva – com gradagem do solo usando tratores, mistura de calcário para elevar o pH (processo chamado calagem), fertilização e plantio de braquiária, um dos tipos de capim mais usados no país. Tanto na extensiva como na intensiva houve manejo de gado.

Nas outras cinco parcelas, o cultivo foi de cana-de-açúcar, com práticas de manejo semelhantes às utilizadas por produtores no Brasil, incluindo tecnologias e insumos, visando intensificar os resultados. Foram usadas mudas adequadas ao solo e ao clima, além da aplicação de fertilizantes, inseticidas e vinhaça – resíduo obtido após a destilação fracionada do caldo de cana fermentado, para a obtenção do etanol, que promove o crescimento bacteriano e consumo do oxigênio quando lançado em ecossistemas aquáticos.

Foram montados 18 mesocosmos aquáticos, de 4 mil litros de água cada um. Eles são ecossistemas construídos para simular os naturais – no caso, as poças temporárias encontradas dentro de pastagens e plantações no Brasil todo. O monitoramento dos mesocosmos levou em consideração parâmetros físico-químicos, nutrientes, pesticidas, fitoplâncton e a biodiversidade que colonizou espontaneamente o local.

“Nossa pesquisa foi conduzida em uma única estação do ano em um ecossistema modelo inerentemente transitório, isto é, poças temporárias. Estudos futuros devem testar no longo prazo as consequências do uso da terra, explorando efeitos do contexto da paisagem e, portanto, isolamento espacial e limitação de dispersão, na capacidade das comunidades de lagoas para manter a produção de biomassa estável, apesar de práticas de manejo de terras perigosas”, escrevem os cientistas no trabalho.

O artigo Community reorganization stabilizes freshwater ecosystems in intensively managed agricultural fields pode ser lido em: https://besjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/1365-2664.14423.

Mudanças climáticas e o estudo por combustíveis renováveis

Recentemente, crescentes preocupações com as mudanças climáticas têm levado ao desenvolvimento de processos e tecnologias mais sustentáveis. No Brasil, a implementação do programa RenovaBio tem impulsionado a indústria de biocombustíveis — especialmente o setor de etanol de milho. Nesse sentido, um estudo realizado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo avalia a produção de etanol de mosto misto de milho e cana de açúcar irradiado por feixe de elétrons.

A pesquisa apresenta efeito direto na busca por combustíveis renováveis. Marcela dos Passos Galluzzi Baltazar, professora do Departamento de Engenharia Química da Escola Politécnica da USP e do Laboratório de Reciclagem, Tratamento de Resíduos e Extração (Larex), explica que a pesquisa vai ao encontro da política pública de estado, o RenovaBio, que incentiva o desenvolvimento por meio de rotas sustentáveis. Assim, o trabalho apresenta um impacto direto para atender a Agenda 2030 — plano de ação global que reúne 17 objetivos de desenvolvimento sustentável.

Trabalho

20230728_nathalidiasdasilva Mudanças climáticas e o estudo por combustíveis renováveis
Nathalia Dias Silva – Foto: Arquivo Pessoal

A professora comenta que o objetivo central do trabalho foi avaliar o impacto dos parâmetros envolvidos na produção de etanol de milho e cana-de-açúcar. “Como a gente sabe, os Estados Unidos é destaque como maior produtor de etanol de milho e o Brasil é destaque na produção de cana-de-açúcar. Entretanto, não existiam linhas de pesquisa que unissem essas duas matérias primas para a produção de etanol”, reflete Marcela.

Dessa forma, com o objetivo de unir os dois componentes e analisar os impactos que eles teriam, a pesquisa foi iniciada. Nathália Dias Silva, mestranda do Departamento de Engenharia Química e autora do estudo, explica que existem três principais benefícios da utilização desses materiais em conjunto: a diversificação das fontes de matéria prima, o aumento da sustentabilidade e o crescimento da eficiência da indústria de etanol e milho. Segundo a pesquisadora, nota-se que o custo de materiais é responsável por cerca de 60% a 70% dos custos da produção de etanol, assim com o aumento da flexibilidade a partir da possibilidade de utilização dos dois insumos, há também o aumento do poder de barganha — aumentando a competitividade da indústria nacional.

Outro aspecto importante observado pelo estudo foi a percepção de que essa mistura poderia aumentar o rendimento do produto final. A irradiação por feixes de elétrons foi um dos importantes mecanismos utilizado nesse processo, a pesquisadora explica que os feixes são uma radiação ionizante provocada através de uma alta voltagem, “basicamente, são elétrons que quando interagem com a matéria-prima podem modificar as características do produto final trazendo alguns benefícios”, explica a especialista.

Além disso, também foi possível perceber que esse feixe de elétrons poderia melhorar a velocidade da produção de biomassa, podendo ter  outras aplicações, como na esterilização de outros mostos e de outros biocombustíveis. Ele também apresenta utilidade na hidrólise de, por exemplo, material líquido na célula para a produção de etanol 2G.

Fontes renováveis

20230728_marcelabalthazar Mudanças climáticas e o estudo por combustíveis renováveis
Marcela dos Passos Galluzzi Baltazar – Foto: ResearchGate

A professora Marcela reflete também que o Brasil, apesar de não consumir o milho em um grande volume, é um grande produtor. Assim, com a utilização desse material em excesso em conjunto com a cana-de-açúcar é possível obter um melhoramento de 4% a 8% no processo, representando um aumento de aproximadamente 2 bilhões de litros na produção de etanol. “Isso quer dizer pra gente uma economia gigante tanto na questão de maior rendimento quanto na economia da área de cultivo”, afirma.

Além do uso do feixe ter um impacto positivo no rendimento, ele também tem um efeito direto na produção e no tratamento da biomassa. “O que eu acho importante frisar aqui é que a gente está em um cenário de transição de energia e tecnologia”, comenta a professora. Dessa forma, devemos considerar todas as formas de energias limpas e sustentáveis e utilizá-las de forma aliada. Os carros elétricos, por exemplo, se tornaram muito populares nos últimos anos, mas Marcela reforça que eles não devem ser utilizados de forma isolada.

Nathália acrescenta que o Brasil deve utilizar todo o seu potencial. “Essa pesquisa tem um potencial incrível e inovador, que é o uso do feixe de elétrons para aumentar o rendimento dessa indústria de etanol e poder utilizar todo o potencial de biomassa que nem todos os países têm acesso”, destaca a pesquisadora.

Santarém sedia nesta quarta, 2, evento da ONU que discute desenvolvimento sustentável com os estados da Amazônia Legal

O município de Santarém, no oeste do Pará, sedia nesta quarta (2), às 17h30, no Centro de Convenções Sebastião Tapajós, o evento ONU e Amazônia: parceria para o desenvolvimento sustentável, organizado conjuntamente pelo Sistema ONU no Brasil e o Governo do Estado do Pará, em nome do Consórcio Interestadual para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal Brasileira, presidido, neste momento, pelo executivo estadual.

A vice-secretária-geral da Organização das Nações Unidas, Amina Mohammed, que veio ao Brasil a convite do Governo Federal, participará do evento que marcará o lançamento nacional do Fundo Brasil-ONU para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia.

O evento também contará com autoridades do Governo Federal, dos governos dos estados amazônicos, de órgãos diplomáticos, de organismos internacionais e do setor privado, com o objetivo de discutir os esforços conjuntos para promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia em benefício das 29 milhões de pessoas que vivem na região.

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), abre o evento, que no primeiro bloco vai apresentar uma visão política sobre a importância de ampliar a compreensão global sobre a Amazônia.

“Nós teremos a honra de receber a vice-secretária-geral da Organização das Nações Unidas, Amina Mohammed, para debater os desafios da Amazônia, para o envolvimento das Nações Unidas nos desafios de um modelo de desenvolvimento sustentável, olhando pela florestas, olhando pelas pessoas, pela nossa gente e pelas comunidades tradicionais, construindo conosco um importante momento em que o Pará lidera esta agenda para o planeta”, disse o governador.

Para o prefeito de Santarém, Nélio Aguiar (União Brasil), o encontro é mais uma oportunidade de discutir o presente e firmar ações concretas para pavimentarmos o caminho que nós pretendemos seguir nas próximas décadas.

“Estamos em uma posição única de contribuir para o desenvolvimento sustentável na Amazônia, por isso nos sentimos honrados e com extrema responsabilidade em sediar este evento, em assumir o protagonismo pelas decisões da região em que moramos, em proteger a floresta, os povos tradicionais, com a responsabilidade do desenvolvimento comum aos estados que hoje fazem parte da Amazônia Legal”, ressaltou o prefeito.

Fundo Multi-doadores

 

A ONU e o Consórcio Interestadual Amazônia Legal lançaram no dia 15 de novembro do ano passado, no Hub Amazônia Legal da COP27, um mecanismo programático-financeiro para a promoção do desenvolvimento sustentável da Amazônia brasileira. O mecanismo prevê a mobilização de recursos por meio da criação de um fundo fiduciário, chamado Fundo Multi-doadores das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável na Amazônia Legal (MPTF da Amazônia).

O mecanismo vai beneficiar os grupos populacionais mais vulneráveis da região com ações de geração de alternativas econômicas sustentáveis, de proteção de seus meios e modos de vida e de garantia de sua segurança física, sanitária, energética, climática e alimentar.

Biofertilizante, desenvolvido na USP, pode auxiliar a produção agrícola sustentável

Fertilizantes são componentes utilizados para fornecer nutrientes ao solo, contribuindo para o desenvolvimento de plantas e vegetais, e são fundamentais para a Revolução Verde, conjunto de inovações tecnológicas no campo, e o consequente desenvolvimento da produção agrícola. Contudo, seu uso inadequado pode levar à degradação do meio ambiente. Tanto a produção quanto a aplicação de certos fertilizantes podem gerar poluentes que contaminam o ar e o solo. Além disso, o uso excessivo desses produtos pode levar à sua saturação, resultando em contaminação dos corpos hídricos através de um processo chamado lixiviação.

Pensando nisso, pesquisadores da USP desenvolveram a patente Biofertilizante Bioativo Líquido Produzido a Partir de Resíduos Agrícolas. De acordo com Giovanna Ribeiro, pesquisadora do Instituto de Química de São Carlos da USP, que participou do desenvolvimento do produto, “a patente visa à aplicação de um biofertilizante que não utiliza produtos químicos danosos ao solo e aos animais presentes no ambiente de aplicação”. Além disso, Giovanna destaca que o seu principal diferencial é a utilização de resíduos que seriam simplesmente descartados, neste caso a cama de frango, que nada mais é do que um material depositado no galpão de criação de aves, e o esterco bovino. A patente também não prevê a dispersão do biofertilizante pelo ar, o que inibe a poluição atmosférica.

O biofertilizante é um subproduto obtido a partir da fermentação anaeróbica (sem a presença de ar) de resíduos da lavoura ou dejetos de animais. No caso da patente, esse produto é diluído em água e é aplicado na forma líquida, o que permite melhor absorção dos nutrientes pelas plantas. Ele também pode ser utilizado na hidroponia, que é uma técnica de produção de hortaliças que não utiliza o solo, ou seja, o cultivo é realizado em estufas e uma solução nutritiva substitui o solo, devido à sua capacidade indutora de crescimento da raiz.

Desenvolvimento agrícola 

agricultural-machine-2138996_1280 Biofertilizante, desenvolvido na USP, pode auxiliar a produção agrícola sustentável
Uma agricultura sustentável é essencial para a construção de um futuro verde e produtivo

A ideia teve origem no Laboratório de Química Ambiental da USP em São Carlos, sob a orientação da professora Maria Olimpia Oliveira, durante uma pesquisa de doutorado que investigava o potencial de desenvolvimento de bioprodutos para a agricultura. Giovanna explica que, a partir desse estudo, foi possível selecionar alguns resíduos agrícolas gerados em larga escala, que poderiam ser aproveitados como matérias-primas para o biofertilizante. Os pesquisadores escolheram a cama de frango e o esterco bovino, que são resíduos comuns na produção agrícola em pequena e grande escala.

Giovanna destaca que as matérias-primas utilizadas foram minuciosamente analisadas no laboratório durante todo o processo de desenvolvimento da patente, com o objetivo de verificar as melhorias na quantificação de macros e micronutrientes do produto, seguindo os padrões de qualidade estabelecidos inicialmente pelos pesquisadores.

O biofertilizante teve seu processo e efeitos validados em escala laboratorial, encontrando-se em um estágio de desenvolvimento avançado. O pedido de patente já foi depositado, porém, para que seja possível iniciar a comercialização, ainda são necessários alguns testes de desempenho em solo para ajustes de diluição, dosagem e aplicação, além do registro do produto junto aos órgãos reguladores e, também, a busca por uma parceria comercial.

* sob orientação de Cinderela Caldeira

Programa que busca estimular a vocação científica entre alunos de graduação lança edital

A FAPESP e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) anunciam o lançamento de uma nova chamada de propostas do Programa Aristides Pacheco Leão de Estímulo a Vocações Científicas (PAPL).

O objetivo é permitir que estudantes de graduação estagiem em instituição de pesquisa, sendo recebidos por pesquisadores membros titulares da ABC. O estudante deverá ter contato com um projeto científico em andamento e deverá ajudar em sua execução.

Os recursos da chamada serão destinados a dois grupos. Para o primeiro, serão concedidas 25 bolsas na modalidade Estímulo a Vocações Científicas (EVC), de até R$ 20 mil cada uma, para alunos do Estado de São Paulo em visita a instituições de ensino e pesquisa de outros Estados brasileiros. Outras 25 bolsas na modalidade EVC, no mesmo valor, serão destinadas a alunos de outros Estados em visita a instituições de ensino e pesquisa paulistas.

Caso a cota destinada a cada grupo não seja atingida, ela poderá ser utilizada pelo outro grupo.

Cada bolsa na modalidade EVC compreende recursos para a manutenção do aluno e para a realização do projeto, que serão concedidos como material de consumo e serviços de terceiros.

Todos os membros titulares da ABC interessados em receber bolsistas EVC do programa PAPL deverão estar cadastrados no Sistema de Apoio à Gestão (SAGe) da FAPESP.

O período da visita para a realização das atividades deverá ocorrer entre 4 de janeiro e 29 de março de 2024. A duração da visita deverá ser de 35 a 50 dias.

A chamada de propostas está publicada em: fapesp.br/vocacoes.

Coinfecção por nova espécie de parasita é confirmada em paciente com leishmaniose visceral

O primeiro caso de manifestação concomitante de leishmaniose visceral e leishmaniose cutânea não ulcerada foi relatado recentemente por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) no International Journal of Infectious Diseases. Financiado pela FAPESP, o trabalho chama atenção para novos aspectos de uma doença que avança por todo o país.

O paciente, uma criança do sexo masculino atendida no hospital vinculado à Universidade Federal de Sergipe (UFS), estava infectado pelo protozoário Leishmania infantum, causador de leishmaniose visceral, e por outro parasita do gênero Crithidia de espécie ainda não confirmada, que provoca sintomas semelhantes ao da leishmaniose, em alguns casos mais graves.

Nas Américas, o Brasil é o país mais afetado pela leishmaniose visceral, tendo como principal agente a Leishmania infantum. A doença pode ser letal se não diagnosticada ou tratada corretamente. Entre os sintomas clássicos estão febre, aumento do baço e do fígado e diminuição de todos os tipos de células sanguíneas (pancitopenia).

Nos últimos anos, com o avanço da genômica, pesquisadores passaram a observar que pacientes com leishmaniose podem estar coinfectados por outras espécies de tripanossomatídeos além de Leishmania, como as dos gêneros Leptomonas e Crithidia, que, a princípio, não são patogênicos ao homem, ou Trypanosoma (grupo de protozoários que inclui o causador da doença de Chagas). Geralmente associados à imunossupressão, casos como esses passaram a ser observados também em pessoas sem comprometimento imunológico.

Em 2019, o mesmo grupo de pesquisadores descreveu um caso fatal de doença semelhante à leishmaniose visceral, mas que acreditavam ser causada por uma nova espécie de parasita do gênero Crithidia – diferente da já conhecida C. fasciculata, que parasita apenas insetos (leia mais em: agencia.fapesp.br/31573/).

O relato gerou polêmica na comunidade científica: enquanto as espécies de Leishmania são dixênicas, ou seja, têm uma fase do ciclo em que se mantêm no vetor (inseto) e outra no hospedeiro mamífero (humano), esse outro gênero é considerado monoxênico e sobrevive somente em um tipo de hospedeiro (geralmente insetos, como o pernilongo comum).

A principal explicação alternativa levantada na época foi a de que poderia se tratar de um caso de coinfecção: o paciente estaria infectado tanto com Leishmania infantum quanto com Crithidia, que é uma espécie de fácil crescimento em condições laboratoriais e, se cultivada juntamente com L. infantum, elimina esta última da cultura.

Foi justamente a ocorrência de coinfecção que os pesquisadores demonstraram desta vez: o sequenciamento genômico de amostras da medula óssea e do baço da criança de Sergipe revelou, além de Leishmania infantum, a presença de Crithidia. Além disso, a criança teve uma manifestação clínica atípica da leishmaniose visceral descrita como “leishmaniose cutânea não ulcerada”, que se apresenta como lesões nodulares na pele, das quais foram isolados parasitas de L. infantum. O paciente, acompanhado entre 2016 e 2020 no Hospital Universitário de Sergipe, apresentou múltiplas recidivas de leishmaniose visceral refratária aos tratamentos disponíveis, complicações clínicas, rara manifestação cutânea e passou por esplenectomia (remoção cirúrgica do baço).

Além disso, resultados do sequenciamento genômico dos parasitas isolados do paciente sugerem que a espécie de Crithidia encontrada não é, de fato, a C. fasciculata, mas outra ainda sem nome definido.

“Esses resultados abrem espaço para uma série de novas hipóteses não só sobre o gênero Crithidia, mas sobre a própria leishmaniose”, afirma Sandra Regina Costa Maruyama, professora do Programa de Pós-Graduação em Genética Evolutiva e Biologia Molecular (PPGGEv) da UFSCar, pesquisadora do Programa Jovens Pesquisadores vinculada ao Departamento de Genética e Evolução da UFSCar e coordenadora do estudo – financiado pela FAPESP por meio de cinco projetos (16/20258-0, 17/16328-6, 19/12142-0, 20/14011-8 e 21/12464-8).

“Qual parasita causou a primeira infecção? O paciente já apresentava um quadro grave de leishmaniose visceral e por isso se tornou mais suscetível à essa nova infecção por Crithidia? Uma infecção primária por Crithidia deixaria posteriormente o hospedeiro mais suscetível à infecção por L. infantum? Qual seria o vetor de transmissão de Crithidia para os humanos? Estaria o mesmo inseto vetor coinfectado pelos dois parasitas? No momento, temos muito mais perguntas do que respostas, por isso a importância de se estudar as infecções por Crithidia em hospedeiros vertebrados e identificar os possíveis vetores”, acrescenta.

Maruyama ressalta ainda que estudos recentes sobre metagenômica de insetos vetores têm mostrado que flebotomíneos (insetos que transmitem a leishmaniose) carregam diversos microrganismos, como vírus, bactérias e tripanossomatídeos (entre eles Crithidia).

Novo alvo para diagnóstico

Geralmente, o diagnóstico da leishmaniose visceral se dá pela sintomatologia clínica (os sintomas são comuns a várias outras doenças infecciosas) associada aos aspectos epidemiológicos da doença. A principal estratégia usada atualmente no SUS é o teste rápido, um método indireto que detecta no paciente a presença de anticorpos contra a Leishmania e não o próprio parasita.

Apesar de prático, não é altamente específico como os métodos moleculares, que detectam diretamente a presença do protozoário na amostra. Por isso, para diferenciar com mais precisão a Leishmania infantum e a espécie de Crithidia durante a realização deste estudo, os pesquisadores desenvolveram um método molecular de detecção específica dessas espécies, que já foi utilizado no artigo recentemente publicado e será descrito detalhadamente em novo artigo em breve. “Conseguimos encontrar a mesma espécie de Crithidia em várias outras amostras de pacientes com leishmaniose visceral”, revela Maruyama.

Saúde pública

Além de investigar a possível nova espécie de Crithidia para confirmar se é mesmo um parasita emergente, capaz de causar impacto no país, o próximo passo do estudo será investigar o efeito da coinfecção, ou seja, se ela agrava a leishmaniose visceral.

“Sabe-se que uma pequena parcela dos pacientes que testam positivo para a infecção por Leishmania de fato desenvolvem a doença, porém, esses exames são sorológicos e as proteínas dos parasitas são muito semelhantes, impedindo a distinção completa de qual é a espécie infectante”, diz Maruyama.

De acordo com a pesquisadora, se aprofundar no tema e entender esse novo componente é fundamental em um cenário de avanço da leishmaniose visceral pelo país. “Se antes a leishmaniose visceral estava concentrada no Nordeste, hoje casos da doença já são encontrados até no Sul do país. Minas Gerais está num estado crítico e os especialistas têm nos alertado sobre o avanço da doença no Estado de São Paulo.”

O artigo Co-infection of Leishmania infantum and a Crithidia-related species in a case of refractory relapsed visceral leishmaniasis with non-ulcerated cutaneous manifestation in Brazil pode ser lido em: www.ijidonline.com/article/S1201-9712(23)00563-5/fulltext.

Iniciativa Amazônia+10 promove mesa-redonda em evento que antecede a Cúpula da Amazônia

A capital paraense sediará neste fim de semana (de 04 a 06 de agosto) o evento “Diálogos Amazônicos”, que foi idealizado pelo governo federal e conta com uma extensa programação de plenárias voltadas a demandas da sociedade civil sobre temas ligados ao meio ambiente e à formulação de estratégias para a região.

Entre as mesas de discussão está a de “Inovação Orientada para Missões para alavancar as Bioeconomias da Amazônia”, organizada pela Iniciativa Amazônia+10 – projeto do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) que reúne 25 Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) estaduais para apoiar e financiar a transição para um modelo de desenvolvimento sustentável da Amazônia por meio de ciência, tecnologia e inovação (CT&I).

Uma das linhas de atuação da Iniciativa Amazônia+10 é o programa Desafios da Amazônia, que visa coordenar esforços multidisciplinares de pesquisa, de desenvolvimento tecnológico e de inovação na resolução de problemas concretos vivenciados na região da Amazônia Legal.

A mesa-redonda será realizada na sexta-feira, entre 16h e 18h, com a participação de convidados de diferentes perfis – incluindo academia, governo, terceiro setor e comunidades tradicionais – para discutir como a inovação orientada por missões pode mobilizar recursos de CT&I para o adensamento e a qualificação das cadeias produtivas ligadas a produtos e serviços das bioeconomias na Amazônia.

Os participantes serão Raquel Tupinambá, coordenadora do Conselho indígena Tupinambá do baixo Tapajós Amazônia (Citupi); Paulo Simonetti, líder da iniciativa estratégica Inovação e Bioeconomia do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam); Andre Wongtschowski, gerente de Operações da World-Transforming Technologies (WTT), uma fundação dedicada a promover a inovação como ferramenta para a superação de desafios sociais e ambientais; e Judson Ferreira Valentim, do Centro de Pesquisa Agroflorestal do Acre, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A mediação será feita por Marcel do Nascimento Botelho, diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Pará (Fapespa).

O grupo debaterá o potencial de usar inovação orientada por missões para estruturar o financiamento à pesquisa e ao desenvolvimento (P&D) na região.

Políticas de inovação orientadas por missões consistem em uma combinação de diferentes instrumentos de políticas públicas que buscam aplicar conhecimento científico e tecnologias inovadoras na resolução de grandes desafios públicos e sociais. Uma missão possui uma meta clara, ambiciosa, mensurável e com um prazo delimitado. O aspecto central da inovação orientada por missões é que o ponto de partida é o impacto que será gerado. É a partir dele que é estabelecida a missão, e a partir daí são estruturados os instrumentos e formas de apoio para que pesquisadores e empresas inovadoras direcionem os esforços de produção científica e tecnológica para resolver um problema complexo, de interesse público.

O debate será pautado por três perguntas: Como identificar necessidades de inovação e gargalos tecnológicos nas cadeias produtivas da bioeconomia amazônica? Como financiar e desenvolver soluções para responder a essas necessidades dentro do ecossistema de CT&I da Amazônia Legal? E, por fim, como disseminar e apoiar a adoção dessas soluções em escala?

A ideia é que as discussões de cada plenária resultem em cartas temáticas, que serão levadas à Cúpula da Amazônia, evento que acontece na sequência, nos dias 8 e 9 deste mês em Belém, e que reunirá representantes de países-membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) – Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela – e também outros chefes de Estados.

O evento será realizado no Hangar Centro de Convenções, av. Dr. Freitas, s/n – Marco, Belém (PA).

Mais informações em: www.gov.br/secretariageral/pt-br/assuntos/dialogosamazonicos.

Balança comercial tem superávit de US$ 9,035 bi em julho

A balança comercial – diferença entre exportações e importações – fechou julho com superávit de US$ 9,035 bilhões, divulgou nesta terça-feira (1º) o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O resultado é o melhor para meses de julho e representa alta de 68,7% em relação ao mesmo mês do ano passado, pelo critério da média diária.ebc Balança comercial tem superávit de US$ 9,035 bi em julhoebc Balança comercial tem superávit de US$ 9,035 bi em julho

Com o resultado de julho, a balança comercial encerrou os sete primeiros meses do ano com superávit acumulado de US$ 54,1 bilhões, resultado recorde para o período desde o início da série histórica, em 1989.

Em relação ao resultado mensal, o recorde ocorreu apesar de tanto as exportações como as importações terem caído em julho. No mês passado, o Brasil vendeu US$ 29,062 bilhões para o exterior, queda de 2,6% em relação ao mesmo mês de 2022 pelo critério da média diária. As compras do exterior somaram US$ 20,027 bilhões, recuo de 18,2% pelo mesmo critério.

Do lado das exportações, a queda das commodities (bens primários com cotação internacional) foi a principal responsável pela retração. Após baterem recorde no primeiro semestre do ano passado, após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, as commodities recuaram nos últimos meses, provocando a retração nas vendas externas. A safra recorde de grãos contribuiu para segurar a queda nas exportações.

No mês passado, o volume de mercadorias exportadas subiu 14,1%, enquanto os preços caíram 14,2% em média na comparação com o mesmo mês do ano passado. Nas importações, a quantidade comprada caiu 2,7%, mas os preços médios recuaram 14,8%.

Setores

Ao comparar o setor agropecuário, a safra recorde de grãos pesou mais nas exportações. O volume de mercadorias embarcadas subiu 26,7% em julho na comparação com o mesmo mês de 2022, enquanto o preço médio caiu 18,7%. Na indústria de transformação, a quantidade subiu 1,9%, com o preço médio recuando 6,3%. Na indústria extrativa, que engloba a exportação de minérios e de petróleo, a quantidade exportada subiu 31,5%, enquanto os preços médios caíram 26%.

Os produtos com maior destaque nas exportações agropecuárias foram milho não moído (-7,3%), mel natural (-69,1%) e café não torrado (-12,6%). Exceto no caso do café, afetado pela safra menor, essa diminuição se deve principalmente aos preços. O destaque positivo para a soja, cujas exportações subiram 3,2% entre julho do ano passado e julho deste ano. A safra recorde fez o volume de embarques de soja aumentar 31,9%, mas o preço médio caiu 21,8%.

Na indústria extrativa, as principais quedas foram registradas em minérios de ferro e seus concentrados (-15,9%) e minérios de cobre e seus concentrados (-11%) na mesma comparação. Nos dois casos, a quantidade exportada subiu, mas os preços médios caíram com a acomodação das cotações internacionais após o primeiro aniversário da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Em relação aos óleos brutos de petróleo, que também são classificados dentro da indústria extrativa, as exportações subiram 8,2%. Os preços médios recuaram 35,7% em relação a julho do ano passado, mas a quantidade embarcada aumentou 68,2%, impulsionada pelo crescimento da produção.

Na indústria de transformação, as maiores quedas ocorreram nos combustíveis (-32,3%), na carne bovina fresca, refrigerada ou congelada (-30,4%) e em produtos semiacabados de ferro ou aço (-27,1%).

Em relação às importações, os principais recuos foram registrados nos seguintes produtos: trigo e centeio não moídos (-42,4%); cevada não moída (-61,1%) e milho não moído (-47,3%), na agropecuária; gás natural (-28,6%), outros minérios e concentrados dos metais de base (-20,9%) e carvão não aglomerado ( -7,1%), na indústria extrativa; e compostos organo-inorgânicos (-37,6%) e adubos ou fertilizantes químicos (-64,8%), na indústria de transformação.

Em relação aos fertilizantes, cujas compras do exterior ainda são impactadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia, a queda deve-se principalmente à diminuição de 57,7% nos preços. A quantidade importada caiu 16,8% em julho na comparação com julho do ano passado.

Estimativa

Apesar da desvalorização das commodities, o governo prevê saldo positivo recorde de US$ 84,7 bilhões, contra projeção anterior de US$ 84,1 bilhões, feita em abril.

Segundo o MDIC, as exportações diminuirão 1,4% em 2023 e encerrarão o ano em US$ 330 bilhões. As estimativas são atualizadas a cada três meses. As importações recuarão 10% e fecharão o ano em US$ 245,2 bilhões.

As previsões estão muito mais otimistas que as do mercado financeiro. O boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, projeta superávit de US$ 66 bilhões neste ano.

EBC apresenta nova marca e identidade visual de seus veículos

Empresa Brasil de Comunicação (EBC) tem uma nova marca. A identidade visual da empresa e dos seus quatro veículos – TV BrasilRádio NacionalRádio MEC e Agência Brasil – foi lançada nesta terça-feira (1º). ebc EBC apresenta nova marca e identidade visual de seus veículosebc EBC apresenta nova marca e identidade visual de seus veículos

O projeto foi desenvolvido pelos profissionais da casa e busca traduzir a diversidade brasileira e os conteúdos produzidos e veiculados pelas emissoras. A nova identidade conecta os veículos, respeitando a vocação individual de cada um. A tipologia, cores e símbolos trazem mais leveza e proximidade da marca com o público.

A campanha da nova identidade conta com a participação de empregadas e empregados e incluem imagens produzidas pelos fotógrafos da EBC. “Queremos marcar a mudança, deixar claro essa nova fase”, afirmou o diretor-presidente, Hélio Doyle, no evento interno de apresentação da marca.

Desde o fim de julho, com o lançamento do Canal Gov, responsável pelas notícias do governo federal, os veículos da EBC, e em especial a TV Brasil, reassumiram integralmente o caráter público, com programação cultural e educativa, dedicada à promoção da cidadania e dos valores democráticos.

Além da nova identidade, a TV Brasil prepara estreias para o segundo semestre, como a volta do Sem Censura, com novo formato, e um programa diário sobre o debate público no ambiente digital, o Voz nas Redes.

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A diretora de jornalismo da EBC, Cidinha Matos, durante lançamento da nova marca da EBC. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A diretora de Conteúdo e Programação, Antonia Pellegrino, ressaltou que o cinema nacional volta com força para a grade da TV Brasil, e as emissoras de rádio ganham novos programas, já em setembro, produzidos a partir de pitching interno.

Por sua vez, a diretora de Jornalismo, Cidinha Matos, destacou o fortalecimento do jornalismo público e apresentou a nova dupla de âncoras que vai estar à frente do principal jornal da TV: o Repórter Brasil. Ainda neste mês, os jornalistas Maria Paula Sato e Luiz Carlos Braga assumem o noticiário que vai ao ar de segunda a sábado, às 19h.

Sobre a EBC

Criada em 2008, a EBC é uma empresa pública federal responsável por importantes veículos de comunicação do país. Ela dá efetividade ao princípio constitucional de complementaridade entre o sistema público, privado e estatal de comunicação. Além da função de prestadora de serviços, contribui para o objetivo de ampliar o debate público sobre temas nacionais e internacionais, com uma programação educativa, inclusiva, artística, cultural, informativa e científica, com foco no cidadão.

TV Brasil

Atualmente entre as cinco emissoras de mais assistidas do país, a TV Brasil foi criada para complementar e ampliar a oferta de conteúdos em sinal aberto, oferecendo uma programação de natureza informativa, cultural, artística e educativa. Referência em programação infantil e com conteúdos jornalísticos premiados em sua grade, a emissora tem um papel importante no fortalecimento da comunicação pública do país e está presente em 2,6 mil municípios por meio de suas afiliadas, além da estrutura própria.

Agência Brasil

Com 33 anos de história, a agência pública de notícias publica diariamente cerca de 80 matérias, além de conteúdos áudio e fotos, que são reproduzidos por milhares de sites e veículos impressos de todo o país – e também do exterior, com textos traduzidos para inglês e espanhol. Sua cobertura abrange temas de impacto no cenário nacional como política, economia, educação, direitos humanos, pesquisa e, inovação, cultura e saúde, entre outros.

Rádio Nacional

A marca faz parte da história do país e conta, atualmente, com sete emissoras principais. A Rádio Nacional do Rio de Janeiro está presente na memória afetiva da população e é reconhecida como referência de programação plural e popular. Em Brasília, a Rádio Nacional AM foi criada em 1958 para apoiar a construção da capital e, em 1976, estreou na frequência FM – a primeira a operar no Distrito Federal. Já a Rádio Nacional da Amazônia transmite em ondas curtas para a região da Amazônia Legal, com cobertura de mais da metade do território brasileiro. Alcança, potencialmente, 60 milhões de habitantes. Sintonizada desde 2006, a Rádio Nacional do Alto Solimões mistura informação local e nacional com protagonismo para a região de fronteira. Em 2021 e 2002, São Paulo, Recife e São Luís ganharam sua emissora Nacional.

Rádio MEC

Conhecida como “A Rádio de Música Clássica do Brasil”, a Rádio MEC é consagrada pelo público por sua vocação direcionada à música erudita. A emissora dedica 80% de sua programação à música clássica e leva ao ar compositores brasileiros e internacionais de todos os tempos. Sinônimo de educação, arte e cultura, a MEC foi a primeira emissora radiofônica do país. Sucessora da Rádio Sociedade, criada em 1923 por Edgard Roquette-Pinto e Henrique Morize, guarda a história da música brasileira. Em 5 de julho de 2022, foi declarada Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial do Rio de Janeiro.

Economia Mutirão de emprego oferece 12 mil vagas

Começou nesta terça-feira (1º) a 8ª edição do Mutirão Nacional do Emprego da União Geral dos Trabalhadores (UGT), na sede do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, na região central da cidade, no Vale do Anhangabaú. Até o dia 4 serão oferecidas 12 mil vagas para os trabalhadores que estão em busca de uma oportunidade de trabalho ou para se reintegrarem no mercado. São oportunidades em diversas áreas para contemplar todas as faixas etárias, incluindo jovens aprendizes e pessoas com mais de 50 anos. Há ainda oportunidades específicas para mulheres, negros e população LGBTQIA+. A estimativa é a de que pelo menos 80% das vagas sejam ocupadas.ebc Economia Mutirão de emprego oferece 12 mil vagasebc Economia Mutirão de emprego oferece 12 mil vagas

“Estamos em busca de inclusão social e capacitação profissional e a novidade é que esse ano há uma quantidade enorme de vagas para o jovem aprendiz, porque mesmo que tenha diminuído o desemprego, na juventude continua elevado. Então, o primeiro emprego mantém o jovem na escola, mas já começa a dar oportunidade de ele ter facilidade de ter um segundo, terceiro emprego”, disse o presidente do Sindicato dos Comerciários e da UGT, Ricardo Patah.

Capacitação

Segundo Patah, este ano o mutirão conta com uma parceria com o Sistema S, que abrirá espaço para capacitação sob medida, de acordo com a demanda das empresas que já firmaram esse compromisso conjunto. “Caso a empresa perceba que faltou algum quesito de capacitação, a vaga fica garantida, o candidato faz a capacitação necessária e já vai para o trabalho. Por isso eu chamo de mutirão da solidariedade, da esperança e tenho certeza de que o resultado será muito positivo”.

Todas as empresas que aderiram ao mutirão estarão concentradas no prédio do sindicato e os interessados em se inscrever farão o cadastro para verificar em qual tipo de trabalho se enquadram. Preenchida a ficha, o candidato é encaminhado para a entrevista. “Muitas das entrevistas já são definitivas e a pessoa já sai daqui com o emprego. Outras passam por uma primeira seleção e depois tem outros testes que são feitos na própria empresa, mas já é um bom começo”, afirmou Patah.

Direitos Humanos

Além disso, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) participa oferecendo ao público serviços como emissão de certidão de nascimento, orientações sobre retificação do nome civil, o uso do Disque 100 para denúncias de abusos e violações de direitos humanos, e as funcionalidades do aplicativo Clique Cidadania, destinado a brasileiros e migrantes no Brasil.

O objetivo do MDHC é dar informações que ampliem a conscientização sobre os direitos humanos, orientar de que forma podem ser encaminhadas denúncias de violações de trabalho escravo, de trabalho escravo doméstico e outras denúncias ligadas ao aspecto do exercício e dos direitos da população a cidadania.

Geração de empregos

De acordo com o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, é importante que se ofereça através de iniciativas como esta a oportunidade de cada trabalhador e trabalhadora ter a sua porta de possibilidades de informação, da prestação de serviços e de capacitação. Segundo ele, o número de empregos gerado no primeiro semestre, que ficou em 1,23 milhão, poderia ser maior caso houvesse queda da taxa de juros.

“Espero que para o segundo semestre o Banco Central cumpra a sua obrigação legal que é de observar os indicadores da economia e monitorar juros conforme esse indicador. Por esses indicadores, os juros poderiam estar abaixo do que estão. Aliás, está lá nas obrigações do Banco Central também observar emprego”, afirmou.

Marinho também disse esperar para o segundo semestre que uma nova etapa se inicie e os investimentos e a produção aumentem para caminharem em sintonia com as medidas do governo, com as políticas públicas e econômicas, para chegar ao processo de retomada e crescimento da geração de emprego.

“Da mesma forma, é preciso alavancar a produção para estar sintonizado entre o crescimento da massa salarial e o crescimento da produção brasileira. É assim que se controla a inflação. Não se controla a inflação só com arrocho, restrição de crédito, como está acontecendo. É preciso ofertar e não permitir que a procura ultrapasse a quantidade que está lá na prateleira. É dessa forma que se controla a inflação, crescendo empregos, salário e sem gerar inflação”, disse.

Abertas inscrições para o Prêmio Pontos de Memória 2023

Escuta só essa novidade. Você que ama a nossa história, memória e cultura. O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), vinculado ao Ministério da Cultura, lançou o aguardado Prêmio Pontos de Memória 2023 – Edição Helena Quadros.

Vão ser oferecidos 40 prêmios no valor de 40 mil reais. Ele está aberto para entidades e coletivos culturais certificados pelo Ibram.

Se você faz parte de uma iniciativa que resgata tradições, histórias e saberes populares, essa é a sua chance.

Ouça agora o que a presidenta do Ibram, Fernanda Castro, disse no lançamento do prêmio. “O lançamento do edital Pontos de Memória, Prêmio Helena Quadros marca para o Ibram a retomada das nossas políticas públicas do diálogo com a sociedade civil no contexto da recriação do MinC. É bom dizer isso: a cultura voltou, o ministério voltou. Esse prêmio é também antes de tudo um reconhecimento de quem durante os tempos mais difíceis porque passamos, nos últimos anos, não se deixou abater e manteve viva a chama da memória em instituições, movimentos e iniciativas populares de cultura plurais e diversas. É obrigação desse governo eleito e defendido por vocês nos duros seis anos de desmonte cultural em que vocês foram a resistência e alento para todos nós e, agora, de resistência, seremos existência. Queremos que vocês sejam os protagonistas da nossa gestão compartilhada. Sem vocês não temos como seguir adiante”.

O prêmio busca reconhecer e valorizar práticas em museologia social e processos museais comunitários que tenham contribuído para a identificação, registro, pesquisa e promoção do patrimônio da diversidade cultural brasileira.

É o que a ministra da cultura, margareth menezes lembrou em sua fala no lançamento do prêmio. “O Ibram e o Ministério da Cultura retomam essa importante iniciativa de resgate da cultura e da memória. Assim como temos direito à cultura, assegurado na constituição, o povo brasileiro tem direito a memória em suas diferentes linguagens a partir da ideia da participação social, respeitando a identidade cultural, o território e as memórias invizibilizadas. No dia 8 de janeiro atentaram não apenas contra o que temos de mais sagrado, a democracia, foram ações dirigidas também contra obras de arte e o patrimônio cultural brasileiro. Foi atingida a memória de uma nação num surto insano de violência e ignorância. Está nos dando imenso trabalho a reconstrução e o resgate de tudo o que foi atingido, mas o importante é que a democracia não sucumbiu. Os pontos de memória trazem esse entendimento e não apenas memórias do passado, mas aquilo que é presente das nossas culturas contemporâneas que se recriam a partir das necessidades sociais e que se colocam no cotidiano”.

Então, não perca essa chance de compartilhar o legado cultural do Brasil. Participe e faça parte dessa história!

Corra porque as inscrições vão até o dia 7 de agosto! Entre no site www.gov.br/museus, escreva na busca “Prêmio Pontos de Memória 2023” e confira o edital completo.

Esta é uma realização do Instituto Brasileiro de Museus com o Ministério da Cultura.

Fonte: Brasil 61

Patentes: “INPI é pequeno para o Brasil”, diz presidente interino do instituto

O investimento em pesquisa e desenvolvimento de produtos ou tecnologias está diretamente ligado ao registro de patentes. É por meio delas que pesquisadores, laboratórios ou indústrias garantem que a propriedade sobre aquele produto está resguardada. O registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) serve para impedir que a marca ou patente seja usada ou copiada por terceiros sem autorização.

Atualmente, a legislação brasileira garante validade de 10 anos para o registro de marca e ele pode ser renovado quantas vezes forem necessárias. Segundo Júlio César Moreira, presidente interino do INPI, o instituto tem um depósito de 450 mil marcas por ano, mas esse número deveria ser maior.

“O INPI é pequeno para o Brasil. A gente deveria ter muito mais pedido de depósito tanto de marcas, patente como os outros registros de propriedades industriais. E isso passa pela falta de conhecimento que a sociedade tem sobre o assunto”, afirma.

O presidente completou que estão trabalhando em iniciativas de disseminação da cultura da propriedade intelectual.

“Nós procuramos combater através da disseminação de informação, através de cursos específicos, de programas de mentoria, da parceria com os outros atores de inovação no Brasil. Principalmente os órgãos de governo, para que a gente consiga encurtar e colocar nos atores envolvidos, a necessidade e o sentimento da importância da propriedade intelectual para os seus negócios”, diz.

Fortalecimento do INPI

Apesar de ser uma autarquia autossuficiente, com arrecadação final de R$ 745,4 milhões em 2022, o INPI não faz uso dessa verba. Segundo o instituto, desse valor apenas R$ 373,8 milhões foram para despesas efetivas (despesas de pessoal ativo, encargos e benefícios, inativos, custeio e investimento e precatórios). A outra parte do montante  — R$ 371,6 milhões —  é destinada a uma reserva de contingência, estabelecida na Lei Orçamentária Anual (LOA) e que representa o quanto da previsão da receita do INPI não está autorizado como despesa.

Pelo Projeto de Lei Orçamentária Anual  (PLOA), dentro do valor para despesas efetivas, R$ 70 milhões seriam destinados somente para custeio e investimentos, mas após reduções o valor final para essas despesas foi de R$ 55,6 milhões.

De acordo com o INPI, a previsão para a receita na LOA 2023 é de R$ 756,3 milhões. No entanto, a arrecadação final para o ano está fixada no montante de R$ 889,6 milhões: sendo R$ 384,8 milhões para despesas efetivas e R$ 504,8 milhões para a reserva de contingência. A Lei Orçamentária Anual 2023 fixou, inicialmente, para as despesas de custeio e investimento do instituto R$ 52 milhões. O valor é -7,0% menor em relação à LOA Final 2022, que foi de R$ 55,6 milhões.

No início de julho, parte do valor foi recomposto (R$ 5,5 milhões). Com esse crédito a dotação atualizada para despesas de custeio e investimento é de R$ 57,5 milhões. Entretanto, a necessidade total do INPI atualizada até junho/2023 é de R$ 80,3 milhões. Ou seja, as despesas que ainda não estão com orçamento garantido totalizam R$ 22,8 milhões.

Segundo o presidente, a escassez de recursos é um dos principais problemas enfrentados pela instituição. Ele destaca que os recursos são necessários para executar o plano de ação do instituto.

“Não que nós queiramos usar os R$ 700 milhões por ano. A gente quer usar apenas uma parcela que seria em torno de 10% para executar os nossos projetos, para garantir não só a eficiência, mas também a qualidade dos serviços prestados na área de propriedade industrial do país”, afirma.

De acordo com o presidente interino, o instituto juntamente com o Congresso Nacional, o governo federal e atores privados estão mantendo conversas para entender qual é a melhor figura jurídica que se ajusta às necessidades do INPI, inclusive para não ter contingenciamento ao longo de cada exercício financeiro.

“São pontos fundamentais que efetivamente podem nos levar a um patamar avançado com relação à propriedade industrial no Brasil. A redução do nosso orçamento ao longo dos anos preocupa porque o nosso plano contempla uma série de ações que são ações estruturantes do instituto e, se o dinheiro não chega no momento adequado, a gente acaba tendo dificuldade de execução desse orçamento — ou mesmo a inexecução do orçamento”, enfatiza.

Fonte: Brasil 61

Educação profissional: antídoto para jovem vencer “disputa” com tecnologia no mercado de trabalho

Impulsionado pela “disputa” com inteligência artificial, automação e outros avanços tecnológicos, o acesso ao mercado de trabalho para os jovens depende da Educação Profissional Tecnológica (EPT). A conclusão é da pesquisa “O Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras”, de autoria do Itaú Educação e Trabalho, Fundação Roberto Marinho, Fundação Arymaz e GOYN SP.

Para aproximar empregadores e potenciais contratados por meio da capacitação, o estudo apresenta como eixos estruturantes a ampliação de matrículas e cursos, a adaptação da formação dos jovens para as demandas produtivas e mudanças tecnológicas, a orientação profissional e acompanhamento de carreira das juventudes e a governança comprometida com os desafios da profissionalização.

Na visão do especialista e professor Marcelo Vieira, o ensino profissionalizante é a chave para o desenvolvimento do país. “O Brasil mudou. Um país que quer se desenvolver deve ter diretrizes formais para mão de obra especializada sem precisar recorrer a outras formas como importação de talentos, por exemplo. A educação profissional tem a possibilidade de ocupar esse espaço no cenário nacional e entregar uma educação pública de qualidade e preparatória para o mundo do trabalho”, avalia.

Um dos caminhos, indica o levantamento “O Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras”, é ampliar a oferta da modalidade no país, em um esforço estratégico que deve incluir governos e órgãos públicos, instituições de ensino, empresas, organizações da sociedade civil, universidades e instituições de pesquisa e organizações juvenis.

É justamente com esta perspectiva que o Senado Federal aprovou em 12 de julho a criação da Frente Parlamentar em Favor da Educação Profissional e Tecnológica. O autor do projeto de resolução (PRS 31/2023) que deu origem ao colegiado, senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), ressaltou a importância de proporcionar oportunidades aos brasileiros mais vulneráveis.

“Temos milhões de jovens vivendo em condições financeiras difíceis, assim como eu estive lá atrás. Nascido na periferia, através do ensino profissionalizante consegui mudar minha vida. Tenho certeza que isso pode acontecer com milhões de jovens no Brasil. Temos de um lado empresas que precisam de profissionais e temos milhões de jovens que precisam de emprego. Precisamos fazer esse casamento com o ensino profissional e tecnológico”, defende.

“Problema generalizado de baixa oferta”

O presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, Flávio Arns (PSB-PR), considera que é preciso haver articulação entre governo e sociedade para acelerar o “ritmo de expansão das matrículas da educação profissional e tecnológica”.

“Segundo o Inep, o nosso ritmo atual é apenas 3% do ritmo ideal necessário para se cumprir a meta do plano nacional de educação. Há um problema, eu diria, generalizado de baixa oferta. Muito por conta da falta de parcerias das redes públicas, por exemplo, com entidades da comunidade que oferecem o acesso ao mundo do trabalho. Tem que haver essa abertura para essa modalidade de ensino, em uma grande articulação com a sociedade. Isso é essencial para o país”, acredita.

Entre as atribuições da Frente Parlamentar em Favor da Educação Profissional e Tecnológica estão o aprimoramento da legislação federal, a fiscalização das políticas públicas e o monitoramento da elaboração e execução do orçamento público. O grupo de trabalho funcionará no Senado, mas poderá ser integrado também por deputados.

Fonte: Brasil 61

Acesso a crédito ajuda a alavancar protagonismo de pequenos negócios, destaca Sebrae

No primeiro semestre deste ano o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) viabilizou R$ 43 bilhões em apoio a micro, pequenas e médias empresas. O presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Décio Lima, destaca que o acesso ao crédito colabora para o crescimento dos negócios, mas que também é necessário que as condições gerais da economia sejam favoráveis.

“É evidente que os pequenos negócios precisam alavancar o seu protagonismo com acesso ao crédito na forma como o BNDES ofereceu neste primeiro semestre, que reuniu em torno de R$ 43 bilhões, dos quais parte significativa destinada aos micro e pequenos negócios. Entretanto, precisamos trabalhar a queda da taxa Selic, e criar aquilo que chamamos de fundo garantidor”, explicou.

Os fundos garantidores servem para atender às garantias exigidas pelos agentes financeiros ao conceder crédito. É o caso do FGI PEAC, que é o  Programa Emergencial de Acesso a Crédito, criado durante a pandemia e reaberto até o final de 2023.

Esse programa possibilita que, mesmo em cenários econômicos adversos, os agentes financeiros parceiros do BNDES possam oferecer linhas com condições diferenciadas nas operações de crédito que contratam, beneficiando principalmente pequenos negócios. Dentre os recursos, R$ 24,1 bilhões foram destinados a operações de crédito com soluções de garantia do BNDES. O FGI PEAC teve mais de 77 mil operações.

Os empréstimos e financiamentos às micro, pequenas e médias empresas nos primeiros seis meses do ano somaram R$ 18,9 bilhões, um aumento de 53% em relação ao mesmo período do ano passado. Nesse ano foram, ao todo, 71,5 mil operações de crédito, realizadas por 46 instituições financeiras. Desse valor, a maior parte foi destinada à aquisição de máquinas e equipamentos, um total de R$ 12,7 bilhões. Os recursos também foram destinados a projetos de investimento, capital de giro, entre outros.

Esse investimento colabora com o crescimento das empresas e para a criação de novos postos de trabalho, como destaca o presidente do Sebrae, Décio Lima. “Alcançamos 1,023 milhão novos empregos no primeiro semestre, isso significa dizer que o setor que representamos, o Sebrae, micro e pequenos empreendedores reuniram uma expectativa além das possibilidades iniciais, quando começamos o ano. Os resultados da economia identificam que a maior empregabilidade ocorrida nesse período é do micro e pequeno empreendedor”, afirmou.

Importância do crédito para indústrias

O Plano de Retomada da Indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI) cita a necessidade de financiamento como uma das medidas fundamentais para o setor. Uma agenda com 60 medidas transversais foi elaborada com o objetivo de contribuir para a modernização de processos produtivos, a redução dos custos de produção e a inserção de empresas brasileiras no mercado global.

Em relação à necessidade de financiamento, o plano inclui propostas que “visam garantir o acesso ao crédito, principalmente das pequenas e médias empresas, com programas que ofereçam garantias aos empréstimos e para a modernização industrial, para a inovação e para a economia de baixo carbono, além de fortalecer a atuação do BNDES como principal agente promotor da reindustrialização do Brasil”, aponta a CNI.

As propostas estão divididas em nove eixos temáticos: tributação, financiamento, comércio e integração internacional, ambiente regulatório e segurança jurídica, infraestrutura, inovação e desenvolvimento produtivo, educação, relações de trabalho e desenvolvimento regional.

Fonte: Brasil 61

DNA revela que Luzio, habitante de São Paulo há 10 mil anos, era ameríndio, como os indígenas do Brasil

Estudo divulgado nesta segunda-feira (31/07) na revista Nature Ecology & Evolution revela que Luzio, o esqueleto humano mais antigo identificado no Estado de São Paulo, descende da mesma população ancestral que povoou a América há 16 mil anos e deu origem a todas as populações indígenas atuais, como os tupi. A pesquisa, que compilou o maior conjunto de dados genômicos arqueológicos brasileiros, ajuda ainda a desvendar como desapareceram as comunidades mais antigas do litoral, responsáveis pela construção dos sambaquis – enormes montes de conchas e ossos de peixes intencionalmente erguidos na costa brasileira e usados como habitações, cemitérios e demarcação territorial, que são ícones da arqueologia nacional.

“Depois das civilizações andinas, os sambaquis da costa atlântica brasileira são o fenômeno humano de maior densidade demográfica da América do Sul pré-colonial”, afirma André Menezes Strauss, arqueólogo do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador sênior do estudo, cujo primeiro autor é o pesquisador Tiago Ferraz. “Eles foram os ‘reis da costa’ por milhares e milhares de anos e sumiram de forma repentina há cerca de 2 mil anos.”

O estudo, que contou com apoio da FAPESP (projetos 17/16451-2 e 20/06527-4) e a colaboração de pesquisadores do Senckenberg Centre for Hu-man Evolution and Palaeoenvironment da Universidade de Tübingen (Alemanha), baseou-se na extração do genoma de 34 amostras de quatro regiões diferentes da costa leste do Brasil, com até 10 mil anos de idade, entre sambaquis e outros fósseis dos sítios Cabeçuda, Capelinha, Cubatão, Limão, Jabuticabeira II, Palmeiras Xingu, Pedra do Alexandre e Vau Una.

Entre esse material está Luzio, o esqueleto mais antigo de São Paulo, encontrado no Vale do Rio Ribeira de Iguape pela equipe de Levy Figuti, professor do MAE-USP, no sambaqui ribeirinho Capelinha. Por sua morfologia craniana semelhante à de Luzia (fóssil humano mais antigo da América do Sul, com cerca de 13 mil anos), pesquisadores acreditavam que ele pudesse pertencer a uma população biologicamente diferente dos indígenas atuais (ameríndios), que teriam ocupado o Brasil há cerca de 14 mil anos. Não é o caso.

“A genética mostra que Luzio é um ameríndio, assim como um tupi, um quéchua ou um cherokee”, afirma Strauss. “Isso não quer dizer que sejam iguais, mas que, em uma perspectiva global, todos derivam de uma única leva migratória, que chegou à América há não mais de 16 mil anos e, se houve uma outra população por aqui 30 mil anos atrás, ela não deixou descendentes entre esses grupos.”

O DNA de Luzio esclareceu ainda uma outra dúvida: considerado um sambaqui fluvial, ele não é semelhante aos exemplares da costa e, portanto, não pode ser considerado um ancestral direto dos grandes sambaquis clássicos que apareceram na sequência. Essa descoberta indica que, desde muito cedo, houve duas movimentações distintas, com um grupo pelo interior e outro, pela costa.

 

O que aconteceu com os povos sambaquieiros?

O material genético extraído revela comunidades heterogêneas que, apesar de compartilharem semelhanças culturais, não representavam uma única população do ponto de vista biológico. Havia diferenças principalmente entre os grupos da costa sul e da costa sudeste.

“Estudos dos anos 2000 com morfologia craniana já indicavam uma diferença sutil entre essas comunidades e, agora, os dados genéticos trazem essa confirmação”, diz Strauss. “Identificamos que uma das causas para isso é o fato de essas populações costeiras não estarem isoladas na costa, mas ‘trocando genes’ com outras do interior e, ao longo dos milhares de anos, esse processo deve ter contribuído para as diferenciações regionais dos sambaquis.”

Sobre o mistério do desaparecimento dessa civilização costeira, composta pelos primeiros caçadores-coletores do Holoceno, as amostras de DNA são claras: ao contrário do que ocorreu no Neolítico europeu, quando houve um processo de substituição populacional total, o que se viu por aqui foi uma mudança de práticas, com o declínio da construção de sambaquis com conchas e a introdução da cerâmica, entre os próprios sambaquieiros. Isso porque o material genético encontrado no sítio mais emblemático da época, o Galheta IV, em Santa Catarina, que já não apresenta restos de conchas, mas de cerâmica, é semelhante ao dos sambaquis clássicos.

“Essa informação é compatível com um estudo de 2014, que analisou as cerâmicas dos sambaquis e constatou que elas não eram usadas para cozinhar vegetais domesticados, mas peixe, ou seja, houve a apropriação de uma tecnologia do interior para processar alimentos que já estavam tradicionalmente ali”, explica Strauss.

O artigo Genomic history of coastal societies from eastern South America pode ser lido em: www.nature.com/articles/s41559-023-02114-9.

Maior telescópio aberto ao público do Brasil pode ser visitado em Amparo, no interior paulista

O Polo Astronômico de Amparo completa oito anos de atividades em 2023. Equipado por telescópios e planetário de ponta, o espaço recebe milhares de visitantes a cada temporada. Ele está localizado no município de Amparo, a 138 quilômetros da capital paulista.

Nesse complexo está instalado o maior telescópio refletor do Brasil regularmente aberto ao público. O instrumento tem 650 milímetros (mm) de abertura. Outros telescópios desse porte existentes no país são exclusivamente dedicados a pesquisas, sem que os visitantes possam utilizá-los para a observação do céu.

O diretor do Polo Astronômico, Carlos Eduardo Mariano, explica que o equipamento é o diferencial que consolida a unidade astronômica do interior paulista como uma das melhores infraestruturas do Brasil para a visitação.

“Os telescópios são basicamente equipamentos que coletam luz e fornecem imagens ampliadas de objetos distantes. Alguns utilizam apenas lentes, como os refratores ou lunetas astronômicas. Outros funcionam por meio da combinação de lentes e espelhos especiais, são os telescópios refletores, como é o caso do novo instrumento em funcionamento no Polo de Amparo”, explicou Mariano à Assessoria de Imprensa do Polo Astronômico de Amparo.

O equipamento tem como componente óptico principal um espelho parabólico capaz de coletar cerca de 14 mil vezes mais luz se comparado ao olho humano. “Isso o qualifica para a observação de milhões de objetos celestes muito pouco brilhantes, como estrelas, nebulosas e galáxias, que não são visíveis a olho nu”, observou o professor.

O espelho parabólico funciona como o “olho do telescópio”, que oferece um poder de resolução muito superior do que a nossa visão. “Quanto maior o espelho principal de um telescópio refletor, maior será sua capacidade de separar pontos próximos entre si. Isso é importante para a observação de detalhes na superfície da Lua e dos planetas, por exemplo”, acrescentou.

Estrutura do observatório

Além do telescópio de 650 mm de abertura, o complexo reúne outros equipamentos, todos disponíveis durante as sessões públicas, aos sábados, e às visitas escolares previamente agendadas.

A unidade astronômica é equipada com mais três telescópios refletores de 360 mm, 340 mm e 200 mm de abertura, um refrator de 150 mm e ainda dois instrumentos para a observação solar. Também faz parte do aglomerado astronômico um moderno planetário digital, montado em uma ampla sala de projeções com domo de oito metros. O local é usado para simulações de céu estrelado e projeções hemisféricas com alto grau de imersão.

O Polo Astronômico, com área de 60 mil metros quadrados, às margens da Serra da Mantiqueira, foi inaugurado em setembro de 2015, a cerca de 1.000 metros de altitude.

O observatório está localizado a 15 minutos do perímetro urbano de Amparo, com acesso no km 29 da Rodovia Benevenuto Moretto (SP-095), que liga Amparo a Bragança Paulista, bairro do Sertãozinho. As sessões públicas ocorrem todos os sábados às 19h e às 21h15, com duas horas de duração cada.

Durante a semana são realizadas sessões especiais para grupos escolares e de outros segmentos previamente agendados.

Mais informações: www.poloastronomicoamparo.com.br/.

Portal Research.com divulga ranking dos melhores cientistas em diversas áreas do conhecimento

O portal acadêmico Research.com divulgou recentemente a segunda edição do ranking de melhores cientistas em diversas áreas do conhecimento. A posição de cada pesquisador é baseada no chamado D-index (Discipline H-index), que considera exclusivamente número de artigos e quantidade de citações para cada disciplina examinada. Para fazer a seleção, foram combinados dados bibliométricos de várias fontes, incluindo OpenAlex e CrossRef. As informações foram coletadas em dezembro de 2022.

Segundo a plataforma, a iniciativa visa “inspirar acadêmicos, empresas e órgãos administrativos em todo o mundo a examinar para onde os principais especialistas estão indo e fornecer uma ferramenta para que toda a comunidade científica conheça quem são os principais especialistas em áreas específicas de estudo, em diferentes países, ou mesmo dentro de instituições de pesquisa”.

O Brasil se destaca na área de química, com 117 pesquisadores figurando entre os mais citados do mundo. Jairton Dupont, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), encabeça a lista no país, sendo o 1.208º colocado no ranking geral da disciplina. Na sequência está Nelson Durán, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 1.217º colocado na lista mundial.

A área de biologia e bioquímica vem em seguida, com 104 brasileiros entre os mais citados, seguida por ciência animal e veterinária (103 brasileiros), ecologia e evolução (95), ciência ambiental (59), neurociência (54), medicina (50), ciência de materiais (48) e microbiologia (46), entre outras.

O ranking da área de genética chama a atenção pelo fato de, entre os dez brasileiros que figuram entre os mais citados do mundo, sete serem vinculados à Universidade de São Paulo (USP): Jeremy Squire (1º no Brasil e 561º mundial); Mayana Zatz (2ª e 1.352ª posições); Gustavo Goldman (3ª e 1602ª posições); Maria Rita Passos-Bueno (5ª e 2.089ª posições); Sergio Verjovski-Almeida (8ª e 2.437ª posições); João C. Setubal (9ª e 3.089ª posições); e Carla Rosenberg (10ª e 3.347ª posições). Desses, quatro são associados ao Centro de Estudos do Genoma Humano e de Células-Tronco (CEGH-CEL), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado no Instituto de Biociências (IB-USP).

Fernando Queiroz Cunha, que também é professor da USP e coordena o Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID) – outro CEPID da FAPESP –, ficou em primeiro lugar no ranking brasileiro da área de imunologia (355ª colocação mundial) e em segundo lugar no ranking de medicina (3.688º no ranking geral da área).

Na plataforma também é possível visualizar o ranking geral de melhores cientistas divulgado em 2022, que considera todos os países e áreas do conhecimento. Nenhum brasileiro figurou entre os mil cientistas com maior Índice H. Já no ranking que considera apenas cientistas mulheres há duas brasileiras: Maria Inês Schmidt, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1ª colocada no país e 723ª no mundo), e Deborah Carvalho Malta, da Universidade Federal de Minas Gerais (2ª no país e 835ª no mundo). Também há dois brasileiros no ranking “Best Rising Stars of Science” (Melhores Estrelas em Ascensão da Ciência): José C. S. dos Santos, da Universidade Federal do Ceará (1º no país e 230º no mundo), e Felipe Barreto Schuch, da Universidade Federal de Santa Maria (2º no país e 363º no mundo).

O portal traz ainda rankings das melhores universidades (do mundo e de cada país), das melhores revistas científicas (por área do conhecimento) e das melhores conferências científicas (por área do conhecimento).

Todas as listas podem ser consultadas em: https://research.com/.

DNA revela que Luzio, habitante de São Paulo há 10 mil anos, era ameríndio, como os indígenas do Brasil

Estudo divulgado nesta segunda-feira (31/07) na revista Nature Ecology & Evolution revela que Luzio, o esqueleto humano mais antigo identificado no Estado de São Paulo, descende da mesma população ancestral que povoou a América há 16 mil anos e deu origem a todas as populações indígenas atuais, como os tupi. A pesquisa, que compilou o maior conjunto de dados genômicos arqueológicos brasileiros, ajuda ainda a desvendar como desapareceram as comunidades mais antigas do litoral, responsáveis pela construção dos sambaquis – enormes montes de conchas e ossos de peixes intencionalmente erguidos na costa brasileira e usados como habitações, cemitérios e demarcação territorial, que são ícones da arqueologia nacional.

“Depois das civilizações andinas, os sambaquis da costa atlântica brasileira são o fenômeno humano de maior densidade demográfica da América do Sul pré-colonial”, afirma André Menezes Strauss, arqueólogo do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador sênior do estudo, cujo primeiro autor é o pesquisador Tiago Ferraz. “Eles foram os ‘reis da costa’ por milhares e milhares de anos e sumiram de forma repentina há cerca de 2 mil anos.”

O estudo, que contou com apoio da FAPESP (projetos 17/16451-2 e 20/06527-4) e a colaboração de pesquisadores do Senckenberg Centre for Hu-man Evolution and Palaeoenvironment da Universidade de Tübingen (Alemanha), baseou-se na extração do genoma de 34 amostras de quatro regiões diferentes da costa leste do Brasil, com até 10 mil anos de idade, entre sambaquis e outros fósseis dos sítios Cabeçuda, Capelinha, Cubatão, Limão, Jabuticabeira II, Palmeiras Xingu, Pedra do Alexandre e Vau Una.

Entre esse material está Luzio, o esqueleto mais antigo de São Paulo, encontrado no Vale do Rio Ribeira de Iguape pela equipe de Levy Figuti, professor do MAE-USP, no sambaqui ribeirinho Capelinha. Por sua morfologia craniana semelhante à de Luzia (fóssil humano mais antigo da América do Sul, com cerca de 13 mil anos), pesquisadores acreditavam que ele pudesse pertencer a uma população biologicamente diferente dos indígenas atuais (ameríndios), que teriam ocupado o Brasil há cerca de 14 mil anos. Não é o caso.

“A genética mostra que Luzio é um ameríndio, assim como um tupi, um quéchua ou um cherokee”, afirma Strauss. “Isso não quer dizer que sejam iguais, mas que, em uma perspectiva global, todos derivam de uma única leva migratória, que chegou à América há não mais de 16 mil anos e, se houve uma outra população por aqui 30 mil anos atrás, ela não deixou descendentes entre esses grupos.”

O DNA de Luzio esclareceu ainda uma outra dúvida: considerado um sambaqui fluvial, ele não é semelhante aos exemplares da costa e, portanto, não pode ser considerado um ancestral direto dos grandes sambaquis clássicos que apareceram na sequência. Essa descoberta indica que, desde muito cedo, houve duas movimentações distintas, com um grupo pelo interior e outro, pela costa.

O que aconteceu com os povos sambaquieiros?

O material genético extraído revela comunidades heterogêneas que, apesar de compartilharem semelhanças culturais, não representavam uma única população do ponto de vista biológico. Havia diferenças principalmente entre os grupos da costa sul e da costa sudeste.

“Estudos dos anos 2000 com morfologia craniana já indicavam uma diferença sutil entre essas comunidades e, agora, os dados genéticos trazem essa confirmação”, diz Strauss. “Identificamos que uma das causas para isso é o fato de essas populações costeiras não estarem isoladas na costa, mas ‘trocando genes’ com outras do interior e, ao longo dos milhares de anos, esse processo deve ter contribuído para as diferenciações regionais dos sambaquis.”

Sobre o mistério do desaparecimento dessa civilização costeira, composta pelos primeiros caçadores-coletores do Holoceno, as amostras de DNA são claras: ao contrário do que ocorreu no Neolítico europeu, quando houve um processo de substituição populacional total, o que se viu por aqui foi uma mudança de práticas, com o declínio da construção de sambaquis com conchas e a introdução da cerâmica, entre os próprios sambaquieiros. Isso porque o material genético encontrado no sítio mais emblemático da época, o Galheta IV, em Santa Catarina, que já não apresenta restos de conchas, mas de cerâmica, é semelhante ao dos sambaquis clássicos.

“Essa informação é compatível com um estudo de 2014, que analisou as cerâmicas dos sambaquis e constatou que elas não eram usadas para cozinhar vegetais domesticados, mas peixe, ou seja, houve a apropriação de uma tecnologia do interior para processar alimentos que já estavam tradicionalmente ali”, explica Strauss.

O artigo Genomic history of coastal societies from eastern South America pode ser lido em: www.nature.com/articles/s41559-023-02114-9.