Início Site Página 243

A Luta Silenciosa dos Defensores dos Direitos Humanos no Brasil

Em meio à celebração do 75º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, uma realidade sombria se desdobra no Brasil. A luta pela defesa dos direitos humanos no país é marcada por violência e perigo. De 2019 a 2022, o Brasil registrou 1.171 casos de violência contra defensores de direitos humanos, resultando na morte de 169 pessoas. Esses números colocam o Brasil entre os países mais perigosos do mundo para quem defende os direitos humanos.

A História de Tiago Henrique Karai Djekupe

Tiago Henrique Karai Djekupe, um xondaro ruwixa (líder entre os guerreiros) da Terra Indígena Jaraguá, é um desses defensores. Ele relata uma tentativa de homicídio ocorrida no início deste ano, um reflexo da realidade enfrentada por muitos ativistas de direitos humanos no Brasil. “Pessoas passam na frente da aldeia e ameaçam com arma. Apontam. Falam na região que minha cabeça está a prêmio. Isso é o que vem trazendo essa dificuldade de eu conseguir… viver mesmo”, declara o jovem de 29 anos, estudante de arquitetura e urbanismo da Escola da Cidade.

A Terra Indígena Jaraguá

A Terra Indígena Jaraguá, lar de Djekupe, tem uma história longa e tumultuada. Originalmente parte de um aldeamento do século 17, o Barueri, a terra foi colonizada ao longo dos séculos, levando à morte de muitos indígenas e à adoção da cultura dos colonizadores por outros. No entanto, alguns resistiram.

Nos anos 1960, a família de Djekupe foi expulsa de outro aldeamento guarani, no Sul do Brasil. Forçados a se mudar para São Paulo, encontraram guaranis remanescentes do Barueri no Pico do Jaraguá, um pedaço preservado da Mata Atlântica em plena cidade de São Paulo.

A terra foi demarcada em 1987 como a menor reserva indígena do Brasil, com apenas 1,7 hectare. Em 2015, a terra foi ampliada para 532 hectares, mas em 2016, uma portaria reduziu o território novamente para 3 hectares. Os indígenas recorreram à Justiça e conseguiram suspender a vigência da portaria, mas a ameaça de redução do território continua a assombrar os guaranis do Jaraguá.

A Luta Continua

A luta de Djekupe e de outros defensores dos direitos humanos no Brasil é uma luta pela sobrevivência, pelo direito à terra e pela preservação do meio ambiente. Eles enfrentam a violência e a ameaça constante de poderosos interesses econômicos. A família Pereira Leite é apenas uma das 15 que reivindicam a propriedade de partes da Terra Indígena Jaraguá.

A luta por direitos no Brasil é atravessada por uma dicotomia que persiste desde o passado escravagista do país, uma dicotomia entre os “alguém” e os “ninguém”, como coloca o psicanalista Christian Dunker, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).

A luta silenciosa dos defensores dos direitos humanos no Brasil continua, apesar dos riscos e desafios. Eles são a linha de frente na batalha pelos direitos e garantias fundamentais, uma batalha que é vital para o futuro do país. Eles são os verdadeiros heróis, os guerreiros silenciosos que lutam pela justiça e pela igualdade, mesmo diante do perigo.

Análise da Distribuição dos Recursos do FPM aos Municípios do Amazonas

Os municípios do Amazonas estão prestes a receber um grande impulso financeiro. Nesta sexta-feira (8), mais de R$ 56 milhões serão distribuídos entre as prefeituras do estado, provenientes do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Este valor corresponde à parcela do 1° decêndio do mês de dezembro de 2023.

Distribuição dos Recursos

Os recursos do FPM, que fazem parte do dinheiro arrecadado pela União através de impostos, são repassados a cada dez dias a todas as prefeituras do país. Portanto, são feitas transferências de dinheiro aos municípios nos dias 10, 20 e 30 de cada mês. Caso a data caia num sábado, domingo ou feriado, o repasse é feito no primeiro dia útil anterior.

A distribuição dos recursos não é uniforme entre os municípios. Parintins é o município que receberá o maior valor, de R$ 1.988.081,29, seguido por Itacoatiara e Manacapuru, que receberão R$ 1.863.826,32 cada. Em contraste, os menores valores serão destinados a cidades como Amaturá, Caapiranga e Uarini, com um valor de R$ 497.020,46 cada.

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) esclarece que a distribuição dos recursos é feita de acordo com o número de habitantes, conforme a Lei 5172/66 (Código Tributário Nacional) e o Decreto-Lei 1881/81.

Análise Econômica

Cesar Lima, consultor de orçamento, observa que o FPM registrou uma queda de 28% em novembro em comparação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, ele destaca a expectativa de que o pagamento do 13º salário possa impulsionar a economia nos próximos dias. Apesar da queda recente, o economista ressalta que a redução do FPM foi menor em comparação ao ano passado, marcando uma diminuição de 8%.

“Em compensação, esse 1% que vem agora sobre o acumulado de dezembro a novembro, ele teve aumento de 7% esse ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Esse ano nós temos R$ 1,3 bilhão a serem distribuídos aos municípios e em 2022 esse valor foi de R$ 1,2 bi”, avalia Lima.

Este fluxo constante de recursos é vital para o funcionamento dos municípios e para a prestação de serviços à população. A análise cuidadosa desses fundos e sua distribuição é essencial para entender a saúde financeira dos municípios e planejar o futuro.

A Crise dos Incêndios e a Vazante Extrema na Amazônia

A Amazônia, o pulmão verde do mundo, enfrenta uma crise sem precedentes. Entre 12 de julho e 6 de dezembro, o estado do Amazonas registrou 2.928 incêndios combatidos pelo Corpo de Bombeiros. Destes, 835 ocorreram na capital, Manaus, e 2.093 no interior do estado. Todos os 62 municípios do Amazonas permanecem em estado de emergência devido à estiagem, afetando 150 mil famílias. Esses dados são do último boletim divulgado pela Defesa Civil do estado na quinta-feira, 7 de dezembro.

Paralelamente, a região também enfrenta uma vazante extrema. Segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), em julho deste ano, começou o processo de vazante, ou seja, a descida do nível dos rios Negro, Solimões e Amazonas, que formam a Bacia do Rio Amazonas. André Luiz dos Santos, pesquisador em geociências no SGB, explica que a última vazante foi extrema, e os rios da Bacia Amazônica ficaram com as cotas abaixo do esperado.

No entanto, o período de enchente já começou, e a tendência é que o nível dos rios suba. “Com exceção da Bacia do Rio Negro, as outras já estão em processo de enchente. Manaus acompanha o Rio Solimões, por isso já está em processo de enchente. Apesar do Rio Negro não estar em processo de enchente, só Manaus. As estações que estão no Baixo Rio Negro, que sofrem influência hidráulica do Rio Solimões, acabam replicando o regime hidrológico do Rio Solimões”, informa Santos.

O processo de enchente do Rio Negro geralmente começa entre fevereiro e abril, quando ocorre a subida das águas do Alto e Médio Rio Negro. A previsão do tempo até domingo, 10 de dezembro, indica muitas nuvens com pancadas de chuva e trovoadas isoladas em todo o Amazonas, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Os últimos dados divulgados pela Defesa Civil do Amazonas mostram que o nível da calha do Negro em Manaus é de 14,97 metros, enquanto em Beruri, o nível da calha do Purus é de 7,51 metros. Em Nova Olinda do Norte, o nível da calha do Madeira é de 7,44 metros, e em Guajará, o nível da calha do Juruá é de 6,43 metros. Em Parintins, o nível da calha do Baixo Amazonas é de -1,40 metros, e em Itacoatiara, o nível da calha do Médio Amazonas é de 2,07 metros. Em Careiro da Várzea, o nível da calha do Baixo Solimões é de 2,66 metros, em Fonte Boa, o nível da calha do Médio Solimões é de 11,75 metros, e em Tabatinga, o nível da calha do Alto Solimões é de 6,83 metros.

A situação atual na Amazônia é um lembrete contundente da necessidade urgente de ações concretas para combater as mudanças climáticas e proteger nossos ecossistemas vitais.

Novas cepas da Covid-19 no Brasil e a contínua importância da vacinação

A emergência para a Covid-19 pode ter sido retirada, mas isso não é motivo para descuidar. No Brasil, foram identificadas duas novas cepas da doença — a JN.1 e a JG.3. Segundo o Ministério da Saúde, a melhor forma de se proteger contra elas ainda é se vacinando.

O imunizante bivalente, oferecido pelo SUS e disponível nos postos de saúde, protege contra essas novas cepas. Segundo o infectologista Marcelo Daher, os sintomas dessas subvariantes são os mesmos da Covid-19 — febre, tosse, dores de cabeça e no corpo, ausência de olfato e paladar. No entanto, o grande problema é a forma como a doença se espalha a cada nova cepa.

“Cada variante que surge favorece uma nova onda de doença. O que a gente observa é que tivemos duas grandes ondas, em 2020 e 2021, e agora a gente passa a ter repiques de ondas, cada vez que surge uma nova subvariante”, explica Daher.

Quem tem mais de 60 anos, algum comprometimento imunológico ou já recebeu a última dose da vacina contra a Covid-19 há mais de 6 meses, deve reforçar a imunização. Mas quem não faz parte desse grupo, também precisa manter o esquema vacinal em dia para evitar sintomas graves da doença e até a morte.

Novas cepas: JN.1 e JG.3

Inicialmente detectada em exames de pacientes do Ceará, a variante JN.1 se espalhou e já representa 3,2% dos casos de Covid-19 no mundo. A JG.3, que também foi encontrada no estado nordestino, é monitorada em São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás nos últimos meses. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as duas subvariantes já foram encontradas em 47 países.

O Ceará recebeu, desde o mês passado, um reforço de 900 tratamentos antivirais para casos leves de Covid-19. O tratamento é ministrado em maiores de 65 anos e imunossuprimidos. O Ministério da Saúde também enviou ao estado cerca de 35 mil reações para diagnóstico molecular do vírus e 30 mil testes rápidos de antígeno.

De acordo com o painel que mostra a cobertura vacinal no Brasil, até hoje já foram aplicadas 30.788.008 doses da vacina bivalente, o que corresponde a 17,26% da população apta a receber as doses.

A experiência de quem já se vacinou

A aposentada Ângela Cuculo, de 70 anos, já tinha tomado três doses da vacina quando pegou Covid-19, em 2022. “Foi a forma mais branda da doença, quase não tive sintomas e só descobri porque fiz o exame”, conta. Ela acredita que o imunizante é a única forma eficaz de combater a doença.

“É muito importante a vacina principalmente para crianças e idosos que já têm a saúde vulnerável, eu acredito totalmente na vacina e acho que todo mundo tem que se vacinar”, afirma Ângela.

A busca por imunizantes mais eficazes

O infectologista Daher explica que a vacina bivalente oferecida pelo SUS protege, de fato, contra as novas cepas, mas já existem outros imunizantes fora do Brasil que são mais modernos e ainda mais eficazes contra o vírus.

“A vacina atual que está sendo utilizada nos Estados Unidos tem uma proteção maior do que a vacina bivalente que nós temos no Brasil. O que precisamos cobrar do Ministério não é para não vacinar, mas é para que tenhamos vacinas atuais oferecidas para a população”, conclui Daher.

Impactos na Saúde Mental Causados por Eventos Climáticos Extremos

Eventos climáticos extremos, como queimadas, estiagem e inundações, têm um impacto profundo não apenas na saúde física, mas também na saúde mental das pessoas afetadas. As incertezas, o medo e outros efeitos psicológicos causados por esses eventos podem desencadear ansiedade, depressão e outros transtornos psicológicos.

Impacto nos Jovens

Crianças e jovens são particularmente vulneráveis a esses efeitos, pois sua personalidade ainda está em formação e o impacto dessas tragédias climáticas pode ser mais profundo do que para os adultos.

A Resposta do UNICEF

Para combater esses problemas, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) criou programas que ajudam a identificar e encaminhar crianças e jovens afetados por questões climáticas. Gabriela Mora, oficial de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes do UNICEF, explica que o primeiro passo é identificar quando eles mudam de comportamento.

Identificando o Sofrimento

“É fundamental que os adultos de referência na vida desses adolescentes estejam atentos para esses sinais de mudança de comportamento e o isolamento certamente é um deles. A dificuldade de comunicação ou comportamentos mais agressivos são questões que as famílias precisam estar com o radar ligado para esses possíveis sinais comportamentais que podem representar um sofrimento psíquico”, diz Mora.

Canais de Ajuda

Um dos canais oferecidos pelo UNICEF é o Pode Falar, que fica disponível 24 horas para oferecer ajuda em saúde mental. “O Pode Falar acontece de maneira regular e é um apoio psicossocial. Os atendentes são treinados para identificar esses casos e apoiar adolescentes a encontrar, em sua região, o que existe de serviços e quem faz parte da sua rede de referência”, explica Mora.

Treinamento e Supervisão

Os atendentes são vinculados a 20 universidades parceiras do Pode Falar e todos são formados pelo Núcleo do Cuidado Humano da Universidade Federal de Pernambuco. Eles recebem formação contínua para lidar com os jovens e são supervisionados por um professor universitário.

Diálogo com a Gestão Pública

O UNICEF vem chamando a gestão pública local para o diálogo, fazendo com que esses gestores repensem o fluxo de atenção em saúde mental. A ideia é ajudar os gestores locais a agirem de forma ágil e dinâmica em situações de catástrofe e fazer com que as pessoas saibam onde e a quem procurar em casos como esses. “A gente está trabalhando com as prefeituras para que a questão psicossocial seja considerada uma das prioridades na resposta a situações emergenciais”, explica Mora.

Em resumo, a saúde mental é uma questão crucial em eventos climáticos extremos e requer a mesma atenção que a saúde física. Com a ajuda de organizações como o UNICEF, podemos garantir que aqueles que são mais vulneráveis a esses eventos recebam o apoio de que precisam.

Combate Nacional ao Aedes aegypti

O fim do ano no Brasil é um período de celebração, mas também traz consigo um desafio crescente. As chuvas intensas e o aumento das temperaturas criam o ambiente perfeito para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, o vetor de várias doenças graves. Em 2023, o país registrou um aumento preocupante de 15,8% nos casos de dengue, totalizando 1.601.848 casos até 2 de dezembro.

Os estados mais afetados foram Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Goiás. Infelizmente, o número de mortes também aumentou, com um crescimento de 5,4% em relação ao mesmo período de 2022.

A situação da Zika também é motivo de preocupação, com um aumento de 1% nos casos registrados de janeiro a agosto, totalizando 7.275 casos, com uma morte ainda sob investigação.

Por outro lado, houve uma redução de 43% nos casos de chikungunya em comparação com o mesmo período de 2022, com 149.901 casos e 100 mortes, um aumento de 7,5%.

Sintomas e Diagnóstico

As três arboviroses mais conhecidas – dengue, zika e chikungunya – têm sintomas semelhantes, mas também apresentam diferenças significativas, principalmente na evolução do quadro clínico. Segundo o médico infectologista e professor da Faculdade Bahiana de Medicina, Robson Reis, é importante buscar uma unidade de saúde ao primeiro sinal de suspeita, pois alguns pacientes apresentam maior risco de complicações.

Histórias Pessoais

A jornalista baiana Janayna Moradillo, que foi diagnosticada com zika na adolescência, lembra que a recuperação foi lenta, mas ela não precisou ser internada. Ela conta que a dor nas articulações era tão intensa que seu pai teve que carregá-la para casa e colocá-la na cama.

Prevenção e Investimentos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que os possíveis efeitos do El Niño podem contribuir para o aumento de casos no verão, além do ressurgimento recente dos sorotipos 3 e 4 do vírus no Brasil.

O Dr. Robson Reis enfatiza que, além de usar repelente para evitar o mosquito, a medida mais importante é eliminar a água parada, que serve como criadouro para o mosquito.

O Ministério da Saúde anunciou um investimento de R$ 256 milhões para combater as arboviroses no país. Destes, R$ 111,5 milhões serão efetivados até o fim de 2023, em parcela única, para fortalecer as ações de vigilância e contenção do Aedes aegypti, sendo R$ 39,5 milhões para estados e o Distrito Federal e outros R$ 72 milhões para municípios.

Hydro Paragominas amplia frota de veículos elétricos nas operações

A demanda crescente por este tipo de veículo no país é um reflexo da busca pela descarbonização e a empresa investe na renovação da frota.

Como parte da sua estratégia de descarbonização até 2030, a Hydro Paragominas, mina de bauxita localizada no Pará, está cada vez mais alinhada à tendência do transporte elétrico. A novidade mais recente, em parceria com a Irmen Máquinas, foi a aquisição de dois caminhões SANY SKT90E, 100% elétricos, cada um com capacidade de 60 toneladas.

“Comparado com o modelo 8×4 utilizado, com capacidade para 36 toneladas, cada caminhão elétrico representa a redução de cerca de 190 toneladas de COpor ano e tem cerca de 12 horas de autonomia por carga. O seu desempenho dentro da rotina da mina em diferentes cenários e condições climáticas será avaliado nos próximos meses”, explica Edil Pimentel, gerente da Operação de Mina da Hydro Paragominas.

A chegada dos caminhões é mais uma ação na lista de iniciativas da mineradora em contribuição para a estratégia de descarbonização até 2030. Outra medida foi a mudança na estrutura do contrato de locação de veículos leves, substituindo 50% da frota de combustão a diesel por veículos com combustão a etanol. A Hydro Paragominas também adquiriu este ano 10 carros elétricos para compor sua frota de veículos leves, substituindo modelos convencionais abastecidos com diesel.

“A aquisição dos carros elétricos significa uma redução de emissão de 120 toneladas de CO2 por ano, representando 332 árvores plantadas no mesmo período. Ao mudar o combustível, também reduzimos 575 toneladas de CO² no meio ambiente. E seguimos pesquisando no mercado novas alternativas para reduzir a utilização de diesel nas operações”, comenta Eduardo Pedras, gerente de Infraestrutura da Hydro Paragominas.

Segundo os dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), o número de carros elétricos em circulação no país triplicou nos últimos três anos. Embora ainda esteja atrás na frota deste tipo de veículo em relação a outros países, a procura tem crescido no Brasil e representou aproximadamente 3% dos emplacamentos de 2022, de acordo com o Ministério da Infraestrutura.

 Transporte mais confortável e sustentável

Outra novidade na Hydro Paragominas está nos ônibus utilizados para transportar os empregados na ida e volta da cidade e dentro da mina. Oito veículos foram equipados com um sistema inovador de ar-condicionado 100% elétrico. A novidade foi incorporada pela fornecedora de transporte Caliman com objetivo de apoiar a meta da Hydro de reduzir as emissões de CO2. O sistema vai funcionar em caráter de testes com expectativa de expansão para 100% da frota que atende a mina, gerando uma redução estimada de 220 toneladas de CO2 por ano, segundo a contratada.

“Nossa expectativa é reduzir o custo com a manutenção dos aparelhos, reduzir o tempo do veículo parado para manutenção, alcançar o menor consumo de combustível e contribuir para mitigar as emissões de CO2”, comenta Thiago Caliman, diretor da transportadora.

A Hydro é a primeira mineradora no país que contará com a tecnologia desenvolvida pela empresa catarinense Innovaklim. O novo sistema de refrigeração funciona com compressor elétrico e alimentação por baterias, o que reduz o consumo de combustível nos veículos. Um dos ônibus tem um sistema combinado com painéis fotovoltaicos para utilização da luz solar como energia elétrica para o veículo. A frota atual a serviço da Hydro é de 35 ônibus. Após o período de testes com os novos aparelhos de ar-condicionado, será avaliada a mudança no restante.

“Os usuários vão perceber menos ruído e mais conforto térmico. Para as empresas, otimização do tempo e custos de manutenção, além de maior disponibilidade do veículo. A Hydro Paragominas está sempre buscando tecnologias que melhorem a segurança, o bem-estar e a produtividade dentro da mina e felizmente nossos fornecedores e parceiros têm comprado a ideia da sustentabilidade e investindo para serem mais competitivos no mercado, ficamos felizes de incentivar estas práticas”, conclui Eduardo Pedras.

Bioeconomia pode recuperar 108 milhões de hectares de áreas degradadas até 2050

Estudo da ABBI projeta o impacto desse meio de produção para a descarbonização do país; desdobramentos também incluem faturamento adicional de US$284 bilhões por ano

Bioeconomia é a aliança entre biodiversidade com tecnologia e inovação. Além da relevância socioambiental, esse modelo de produção também traz oportunidades para o Brasil em um contexto de transição para uma economia de baixo carbono. A prática foi tema do painel Desafios e oportunidades da bioeconomia, realizado no estande da Confederação Nacional da Indústria (CNI) durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP28), em Dubai.

 

Durante o evento, a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) apresentou a atualização do estudo Identificação das Oportunidades e o Potencial do Impacto da Bioeconomia para a Descarbonização do Brasil, lançado inicialmente em 2021 e realizado em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Agroenergia), o Laboratório Nacional de Biorrenováveis do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (LNBR/CNPEM), o Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (SENAI/CETIQT) e o Laboratório Cenergia/UFRJ.

 

De acordo com o levantamento, a implementação total da bioeconomia no país pode resultar em um faturamento adicional de US$284 bilhões/ano para o setor industrial. “Isso representa, basicamente, um acréscimo de 37% no PIB brasileiro só com produtos da inovação baseado em produtos biológicos e renováveis”, afirma o presidente-executivo da ABBI, Thiago Falda.

 

Na versão atualizada do estudo, que levou em consideração os setores de bioquímicos, biocombustíveis, proteínas alternativas e um agrupamento de diversos outros setores, incluindo agricultura, também foi identificado o potencial de recuperação de 108 milhões de hectares de áreas degradadas até 2050, equivalente a cerca de três vezes o tamanho da Alemanha.

Para atingir tais resultados, esse processo deve ser apoiado pela promoção de políticas públicas que considerem as particularidades e vantagens competitivas brasileiras no contexto de transição para uma economia de baixo carbono.

 

Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia e do Instituto Amazônia+21, Marcelo Thomé, os resultados somente serão atingidos quando houver uma boa governança. “Uma série de medidas precisam estar estruturadas tanto do ponto de vista do financiamento quanto do componente tecnológico para que a inovação chegue na ponta. Superados esses desafios, a gente esbarra na questão do risco reputacional e na capacidade de nos organizarmos para termos uma boa governança entre setor público, setor privado e setor financeiro”, diz.

 Sobre o Projeto Indústria Verde

O Indústria Verde é uma iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para apresentar as contribuições da indústria brasileira à agenda ambiental. A indústria é parte da solução no desenvolvimento sustentável. O setor produtivo é um dos pioneiros a assumir a responsabilidade de estimular a implementação dos compromissos climáticos no país.

Impactos do Aumento da Dengue no Brasil

O Brasil enfrenta um aumento significativo nos casos de dengue, com um aumento de 15,8% em 2023 em relação ao ano anterior. Segundo o Ministério da Saúde, as ocorrências passaram de 1,3 milhão em 2022 para 1,6 milhão este ano. A taxa de letalidade manteve-se estável em 0,07% nos dois anos, com 1.053 mortes confirmadas em 2023, um ligeiro aumento em relação às 999 do ano anterior.

Fatores Contribuintes

Vários fatores podem ter contribuído para esse crescimento. A variação climática, o aumento das chuvas, o número de pessoas suscetíveis às doenças e a mudança na circulação de sorotipo do vírus são alguns dos fatores citados pelo Ministério da Saúde. Os estados com maior incidência de dengue são Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Goiás.

Outras Doenças Transmitidas por Mosquitos

Além da dengue, o Brasil também registrou casos de chikungunya e zika. Até dezembro de 2023, foram notificados 145,3 mil casos de chikungunya no país, com uma taxa de incidência de 71,6 casos por 100 mil habitantes. Isso representa uma redução de 45% em comparação com o mesmo período de 2022. Este ano, foram confirmados 100 óbitos provocados pela doença.

Os dados de zika foram coletados até o fim de abril de 2023. Ao todo, foram notificados 7.275 mil casos da doença, com uma taxa de incidência de 3,6 casos por 100 mil habitantes. Houve um aumento de 1% em relação ao mesmo período de 2022.

Criadouros do Mosquito

O Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) e o Levantamento de Índice Amostral (LIA) indicam que, em 2023, 74,8% dos criadouros do mosquito da dengue estão nos domicílios. Os depósitos de armazenamento de água elevados e no nível do solo aparecem como o segundo maior foco de procriação dos mosquitos, com 22%, enquanto depósitos de pneus e lixo têm 3,2%.

Mudanças Climáticas e Prevenção

A projeção de aumento de casos de dengue no próximo verão brasileiro se deve a fatores como a combinação entre calor e chuva intensos, possíveis efeitos do El Niño, conforme aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS). Outro agravante é o ressurgimento recente dos sorotipos 3 e 4 do vírus no Brasil.

Para garantir a proteção contra o mosquito vetor das arboviroses, o Ministério da Saúde encaminha um biolarvicida aos estados e municípios, de acordo com a situação epidemiológica local e com a demanda. O produto representa uma alternativa eficiente no controle das larvas dos mosquitos, com baixo impacto ambiental.

Controle e Vigilância

O Ministério da Saúde informou estar alerta e monitorar constantemente o cenário das arboviroses no Brasil. Como parte das ações de enfrentamento às doenças, a pasta anunciou R$ 256 milhões para o fortalecimento da vigilância das arboviroses. O momento é de intensificar os esforços e as medidas de prevenção por parte de todos para reduzir a transmissão das doenças.

Reflexões sobre o Futuro dos Combustíveis Fósseis na COP28

A Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas de 2023 (COP28), realizada em Dubai, Emirados Árabes Unidos, foi um marco na luta global contra as mudanças climáticas. Quase 200 países se reuniram para discutir o futuro dos combustíveis fósseis, o principal vetor do aquecimento global.

O Rascunho do Documento Final

O encontro culminou com a elaboração de um segundo rascunho para o documento final, que apresenta quatro opções de texto sobre o futuro dos combustíveis fósseis. As opções variam desde a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis de acordo com a melhor ciência disponível, até a redução rápida de sua utilização, visando alcançar emissões líquidas zero de CO2 nos sistemas energéticos até meados do século.

No entanto, uma quinta opção, “sem texto”, indica que alguns países discordam que o tema seja abordado no documento. Isso destaca a complexidade e a controvérsia em torno da questão dos combustíveis fósseis.

Subsídios aos Combustíveis Fósseis

O rascunho também propõe a “eliminação progressiva dos subsídios aos combustíveis fósseis que não abordam a pobreza energética ou a transição justa”. Isso sugere um reconhecimento da necessidade de equilibrar as metas ambientais com as questões socioeconômicas.

Energia Renovável

Além disso, o rascunho promete triplicar a capacidade de energia renovável em nível global até 2030. Isso é crucial para garantir que o aumento da capacidade de energia renovável seja estrategicamente implementado para substituir a energia baseada em combustíveis fósseis.

A Posição do IPCC

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) desempenhou um papel fundamental na COP28. Jim Skea, representante do IPCC, reafirmou a posição do órgão sobre os combustíveis fósseis. Segundo ele, para limitar o aquecimento global a 1,5ºC, a utilização de combustíveis fósseis deve ser grandemente reduzida e a utilização do carvão deve ser completamente eliminada.

A COP28 destacou a urgência de abordar a questão dos combustíveis fósseis. Embora existam desafios e divergências, o compromisso global com a redução das emissões de gases de efeito estufa e a transição para energias renováveis é um passo positivo em direção a um futuro mais sustentável. A luta contra as mudanças climáticas continua, e a COP28 foi um passo importante nessa jornada.

O Brasil e o Desafio Global do Plástico

O Brasil está se preparando para contribuir significativamente para o Acordo Global de Plásticos da Organização das Nações Unidas (ONU), com propostas inovadoras para minimizar o impacto ambiental do plástico. O Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano (IMA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Sociedade Brasileira de Química (SBQ) estão liderando o caminho, fornecendo subsídios técnicos ao Ministério das Relações Exteriores.

A Luta Contra o Plástico

A professora Maria Inês Bruno Tavares, diretora do IMA, explicou que o objetivo é minimizar o efeito do plástico, que é frequentemente descartado de forma indiscriminada por indivíduos e empresas. Esses efeitos são prejudiciais à saúde humana, à vida marinha e ao meio ambiente.

O Problema em Números

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas anualmente. O Brasil é responsável por 2% da produção mundial de plástico, produzindo um total de 6,7 milhões de toneladas por ano. Este setor abrange mais de 11 mil empresas, emprega mais de 340 mil brasileiros e gera uma receita de 117,5 bilhões de reais.

Identificando o Plástico

Maria Inês Bruno Tavares destacou a necessidade de definir critérios técnicos para caracterizar os tipos de plástico. Isso inclui a identificação de plásticos de uso único e plásticos desnecessários ou problemáticos. Ela também enfatizou a importância da educação ambiental, reciclagem e reutilização.

Propostas Inovadoras

O grupo do IMA já fez várias sugestões. Entre elas, a substituição de polímeros sintéticos por biodegradáveis na cadeia produtiva e o aumento do uso de materiais recicláveis na composição de novos produtos. A diretora também sugeriu que os plásticos de uso único não precisam ser descartados, pois podem ser usados para gerar energia. “Reciclagem é a palavra-chave para minimizar os problemas”, disse ela.

Incentivando a Reciclagem

Para incentivar a reciclagem entre a indústria e a população, uma das propostas é que a embalagem seja devolvida à empresa pelo consumidor e trocada por um desconto na próxima compra. Maria Inês acredita que as empresas brasileiras que lidam com polímeros têm participado ativamente dos esforços para reduzir o uso de plásticos.

Educação e Conscientização

O IMA está iniciando um processo de educação para os profissionais que trabalham com reciclagem, para que eles possam reconhecer as diferenças entre os materiais plásticos e seu potencial financeiro. Além disso, o instituto continua realizando ações educativas nas escolas, iniciadas em 2009. Durante as semanas de Nanotecnologia e de Polímeros, o IMA recebe anualmente estudantes de escolas públicas e particulares para aprenderem sobre polímeros e suas características.

O Brasil está demonstrando que, com a combinação certa de inovação, educação e cooperação, é possível enfrentar o desafio global do plástico.

Mercosul: Unindo Forças para Proteger a Democracia e a Integridade da Informação Digital

Em uma reunião histórica no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, os presidentes dos países membros do Mercosul assinaram uma declaração especial, comprometendo-se a defender a democracia e a integridade da informação em ambientes digitais. O acordo foi firmado pelos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; da Argentina, Alberto Fernández; do Paraguai, Santiago Peña; e do Uruguai, Luis Lacalle Pou, além de autoridades dos Estados Associados ao Mercosul.

Regulação das Plataformas Digitais

O destaque da declaração é o compromisso de adotar medidas conjuntas para regular plataformas digitais que possam ampliar a radicalização política no continente. Os líderes expressaram preocupação com modelos de negócios em ambientes digitais que, com o objetivo de aumentar as receitas publicitárias e os resultados empresariais, ampliam a recomendação e a reprodução de informações distorcidas, falsas e discursos de ódio.

Direito à Privacidade e Transparência

Os presidentes também enfatizaram que as plataformas digitais devem respeitar o direito à privacidade dos usuários e desenvolver modelos de negócios alternativos que não monetizem esses dados. Eles lembraram que as mesmas leis, regulamentos e direitos que se aplicam fora do ambiente digital também se estendem a ele, incluindo a liberdade de expressão, de imprensa, privacidade e proteção de informações pessoais.

Avanços na Inteligência Artificial

Os avanços na inteligência artificial também foram destacados, com preocupações específicas sobre a desinformação e a apologia a diferentes tipos de violência. Os presidentes afirmaram que a coesão social, os valores democráticos, os direitos humanos, o conhecimento científico e a confiança no jornalismo estão em risco. Eles citaram fenômenos climáticos e a pandemia do coronavírus como casos em que o debate público foi comprometido.

Formação de Cidadanias Digitais

Finalmente, os líderes sinalizaram a necessidade de promover ações para formar cidadanias digitais, principalmente entre crianças e adolescentes, preparando-os para se desenvolverem de maneira segura nos ambientes digitais.

Este acordo representa um passo significativo na luta contra a desinformação e a radicalização política, demonstrando o compromisso dos países do Mercosul em proteger a integridade da informação e a democracia na era digital.

Compreendendo a Emissão de Metano na Amazônia

A Amazônia, uma região que abrange nove países e concentra 60% de sua área no Brasil, é uma fonte significativa de metano (CH4), um gás de efeito estufa. Este gás é o segundo mais importante depois do dióxido de carbono (CO2) em termos de impacto climático. De acordo com um estudo publicado em dezembro de 2021 no periódico científico Communications Earth & Environment, a produção de metano na Amazônia representou 8% das emissões globais desse gás entre 2010 e 2018.

Origem do Metano na Amazônia

Cerca de três quartos do metano liberado na Amazônia foi produzido por um processo natural, em razão da decomposição de biomassa, essencialmente árvores e vegetação, em áreas parcial ou totalmente alagadas durante o ano. O restante foi emitido como subproduto de duas atividades promovidas pela ocupação humana: as queimadas (16% do total) e a criação de gado (11%).

Estimativas de Emissão de CH4

Entre 2010 e 2018, a Amazônia emitiu anualmente cerca de 46 milhões de toneladas de metano. No entanto, estimativas anteriores variaram amplamente, com valores que variam entre menos de 10 e cerca de 50 milhões de toneladas anuais. Essas discrepâncias podem ser atribuídas a diferenças metodológicas e à variação na extensão territorial considerada para a Amazônia nos diferentes estudos.

 Mudanças Climáticas

Embora o metano tenha uma vida média mais curta na atmosfera (cerca de 12 anos) em comparação com o CO2 (120 anos), sua importância nas discussões sobre mudanças climáticas tem aumentado. Na mais recente Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 26, realizada em novembro de 2021, o Brasil fez parte de um grupo de pouco mais de 100 países que se comprometeram a reduzir em 30% as emissões de metano até 2030.

A Amazônia continua a ser uma importante fonte de metano, contribuindo com 8% das emissões globais. No entanto, é importante notar que a região não contribuiu significativamente para a recente elevação das emissões desse gás. Portanto, enquanto continuamos a lutar contra as mudanças climáticas, é crucial que continuemos a monitorar e entender as complexas dinâmicas das emissões de metano na Amazônia.

Brasil Anfitrião do G20 em 2024

O Brasil, pela primeira vez, assumiu a presidência temporária do G20, um dos principais fóruns de coordenação geopolítica do planeta. O governo brasileiro divulgou um calendário de atividades preparatórias para a reunião principal do G20, que ocorrerá em novembro de 2024.

O Cronograma

Serão mais de 120 eventos distribuídos ao longo do ano em diversas cidades-sede do país. O cronograma inclui 93 reuniões técnicas, 26 videoconferências, dez encontros de vice-ministros e 23 reuniões ministeriais. As primeiras reuniões preparatórias começam ainda este ano, entre os dias 11 e 15 de dezembro, no Palácio do Itamaraty, em Brasília.

O G20

O G20 é composto por 19 países e dois órgãos regionais: a União Africana e a União Europeia. Os membros do G20 representam cerca de 85% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, mais de 75% do comércio mundial e cerca de dois terços da população mundial.

Prioridades do Brasil

Ao tomar posse à frente do G20, o governo destacou que as três prioridades de discussão serão combate à fome, questões climáticas e governança global. Inicialmente, quando foi instituído, o G20 concentrava-se principalmente em questões macroeconômicas gerais, mas expandiu sua agenda para incluir temas como comércio, desenvolvimento sustentável, saúde, agricultura, energia, meio ambiente, mudanças climáticas e combate à corrupção.

G20 Social

Na presidência brasileira, outra novidade é a constituição do G20 Social, que são eventos paralelos para que a sociedade civil seja ouvida no processo de construção das políticas públicas e decisões do grupo. O objetivo do G20 Social é ampliar a participação de atores não governamentais nas atividades e nos processos decisórios do G20.

Trilhas de Sherpas e de Finanças

No dia 13 de dezembro, o destaque será o encontro inédito das Trilhas de Sherpas e de Finanças, em uma reunião conjunta unindo as pautas políticas e financeiras desde o início das atividades do G20. A Trilha de Sherpas envolve diplomatas emissários de cada país e bloco do G20 e que atuam diretamente nas negociações, discussão e coordenação dos trabalhos. Já a Trilha de Finanças trata de assuntos macroeconômicos estratégicos e é comandada pelos ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais dos países-membros.

Com essas iniciativas, o Brasil se posiciona como um líder global na coordenação de políticas públicas e na promoção de discussões sobre questões de importância global.

O Brasil no Caminho para a Eliminação do Sarampo

O diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, recentemente expressou otimismo de que o Brasil recuperará seu certificado de eliminação do sarampo nos próximos meses. Esta previsão foi feita durante um seminário sobre vacinação na Academia Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro.

Contexto Histórico

O Brasil recebeu o certificado de eliminação do sarampo da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2016, mas perdeu em 2019 devido a um surto da doença. As Américas foram o primeiro continente a receber um certificado regional de eliminação da doença. No entanto, surtos no Brasil e na Venezuela, que também perdeu o certificado em 2019, resultaram na suspensão da certificação regional em 2018.

Progresso Atual

Recentemente, uma comissão da Opas verificou que a Venezuela interrompeu a transmissão da doença. Agora, apenas o Brasil precisa recuperar seu certificado para que o continente possa novamente ser considerado uma região livre do sarampo.

Cobertura Vacinal e Desinformação

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou que, desde 2016, o Brasil enfrenta o fenômeno da hesitação vacinal, com campanhas de desinformação que fazem com que a população deixe de buscar a imunização e a cobertura vacinal caia. No entanto, dados preliminares do Ministério da Saúde indicam que a cobertura vacinal no país voltou a aumentar este ano.

Combate à Desinformação

Para combater a desinformação, o governo instituiu uma plataforma, Saúde com Ciência, como estratégia interministerial para esclarecer à população e identificar práticas criminosas de desinformação. Além disso, Barbosa enfatizou a necessidade de monitoramento diário das redes sociais para desmistificar boatos que surgem contra as vacinas.

Estratégias Futuras

Barbosa também destacou a necessidade de adotar outras medidas para ampliar o alcance da vacinação, como sensibilizar os profissionais de saúde, monitorar as coberturas vacinais e ampliar a oferta em alguns lugares. Ele citou a dificuldade de vacinar crianças em áreas violentas das grandes cidades e a necessidade de ampliar o horário de atendimento em postos de vacinação.

A luta contra o sarampo no Brasil é uma questão complexa que envolve não apenas a administração de vacinas, mas também o combate à desinformação e a implementação de estratégias eficazes para superar as barreiras à vacinação. Com esforços contínuos e abordagens inovadoras, o Brasil está no caminho certo para recuperar seu certificado de eliminação do sarampo.

A Crise Climática e a Desigualdade de Gênero

A crise climática tem efeitos devastadores em todo o mundo, mas um estudo recente da Organização Não Governamental (ONG) Plan International revela que as meninas menores de 18 anos são desproporcionalmente afetadas, exacerbando a desigualdade de gênero existente.

Impacto na Educação

O estudo, que entrevistou 78 meninas de oito países, incluindo o Brasil, Benim, Camboja, El Salvador, Filipinas, República Dominicana, Togo e Vietnã, descobriu que as mudanças climáticas estão afetando o acesso à educação. As meninas são frequentemente sobrecarregadas com responsabilidades domésticas, levando a uma redução significativa da frequência escolar. No Vietnã, por exemplo, os pais tendem a retirar as meninas da escola para ajudar nas tarefas domésticas, enquanto os meninos continuam a receber educação.

Dados do Fundo Malala sugerem que as mudanças climáticas podem retirar das escolas, a cada ano, pelo menos 12,5 milhões de garotas em 30 países vulneráveis ao clima.

Casamentos Infantis

Outra consequência preocupante da crise climática é o aumento dos casamentos infantis, muitas vezes ligado ao aumento da pobreza. O casamento infantil é visto como uma estratégia de sobrevivência, transferindo a responsabilidade pela menina para outro núcleo familiar.

Financiamento Climático Infantil

Uma pesquisa adicional da Plan International revelou que apenas 5% dos 591 projetos financiados por fundos ligados ao clima ao longo de 17 anos foram destinados prioritariamente a atividades voltadas às crianças. Isso representou apenas 2,4% dos recursos mobilizados para a crise climática. Além disso, apenas um dos projetos foi direcionado à educação de crianças.

Recomendações

A Plan International recomenda a reformulação das políticas para mudanças climáticas, com o objetivo de prever a dimensão da desigualdade entre os gêneros e combater esse tipo de discriminação. É fundamental trabalhar com as comunidades, principalmente por meio da educação, para desconstruir esses padrões e melhorar a situação das meninas.

A crise climática não só amplia a desigualdade de gênero, mas também todas as outras desigualdades. Os países mais ricos, com mais recursos para investir na adaptação às mudanças climáticas, sofrerão menos. É crucial que a educação e a igualdade de gênero sejam consideradas nas políticas de mudança climática para garantir um futuro sustentável para todos.

A Amazônia Está à Beira da Savanização

O climatologista brasileiro Carlos Nobre, um estudioso das alterações climáticas, alertou recentemente para uma realidade alarmante: a Amazônia está à beira de uma transformação drástica. Segundo Nobre, a maior floresta tropical do mundo está perigosamente próxima do ponto em que deixará de ser uma floresta tropical e se tornará uma savana.

Aproximando-se do Ponto de Não Retorno

Nobre, que participou de cinco estudos sobre a Amazônia brasileira apresentados na 28ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP28) em Dubai, explicou que o período de seca na região tem aumentado nas últimas décadas. Este é um claro sinal de que o chamado ponto de não retorno, ou seja, a “savanização” do bioma, está próximo.

“Estamos muito próximos desse ponto de não retorno porque em todo o sul da Amazônia a estação seca está muito mais longa. Essa estação era de três a quatro meses. Hoje, está de quatro a cinco meses. Se chegar de cinco a seis meses em duas décadas, se continuarmos nessa direção, já é um clima de savana tropical, do cerrado e não mais um clima da Amazônia”, afirmou Nobre.

A Floresta Amazônica: Uma Fonte de Carbono

O especialista citou como exemplo da perda de vitalidade do bioma, que é fundamental para deter o aquecimento global, o fato de no sul do Pará e no norte de Mato Grosso a floresta amazônica já se ter tornado uma fonte de carbono. Isso significa que a floresta está emitindo mais carbono na atmosfera do que é capaz de absorver.

A Complexa Combinação de Fatores

Mas por que a estação seca na Amazônia está ficando mais longa? Nobre aponta para uma combinação complexa e sinergética de fatores. “É uma combinação complexa, sinergética, entre o aquecimento global que está fazendo os fenômenos se tornarem mais extremos”, afirmou, mencionando o El Niño, um fenômeno climático natural que ocorre em média a cada dois a sete anos, associado ao aumento das temperaturas.

A situação é grave e requer ação imediata. A transformação da Amazônia de uma floresta tropical para uma savana teria implicações devastadoras para o clima global e a biodiversidade. É imperativo que tomemos medidas para combater as mudanças climáticas e preservar a Amazônia para as gerações futuras.

A Funai e a Proteção dos Povos Indígenas

Em 2023, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) retomou sua missão institucional de garantir a posse plena e o usufruto exclusivo dos territórios pelos povos indígenas. Este artigo explora as principais realizações e desafios enfrentados pela Funai neste ano.

Retomada da Política de Demarcação

A política de demarcação foi retomada após seis anos de paralisação. O Governo Federal reconheceu três novos estudos e homologou oito terras indígenas em 2023. Além disso, a Funai enviou 14 processos de demarcação de terras indígenas para tramitação com vistas ao decreto de homologação pela Presidência da República.

Investimentos na Proteção Territorial

A Funai destinou mais de R$ 200 milhões para ações de proteção e demarcação territorial em 2023. As atividades foram desenvolvidas especialmente nas Terras Indígenas (TIs) Yanomami, Trincheira Bacajá, Kayapó, Munduruku, Uru Eu Waw Waw, Karipuna e Arariboia, além da inclusão da TI Apyterewa.

Cooperações Técnicas

A Funai firmou uma parceria com o Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (IEPE) que beneficiará mais de oito povos indígenas contatados, além de isolados, com a finalidade de realizar a demarcação física e a regularização fundiária da Terra Indígena Kaxuyana Tunayana, nos estados do Pará e Amazonas.

Proteção aos Yanomami

Cerca de R$ 50 milhões foram investidos pela Diretoria de Proteção Territorial (DPT) em unidades descentralizadas da Funai que atendem as comunidades Yanomami e Ye’kwana nos estados do Amazonas e em Roraima. A Funai também firmou um contrato histórico de quase R$ 70 milhões com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) com o objetivo de melhorar as condições das pistas de pouso no território.

Desintrusões

Após 30 anos de espera, a Operação de Desintrusão da Terra Indígena Alto Rio Guamá, no Pará, com participação da Funai, tem progressivamente retirado os não indígenas que ocupam ilegalmente partes do território.

O ano de 2023 marcou um avanço significativo na proteção dos direitos dos povos indígenas no Brasil. No entanto, ainda há muito a ser feito para garantir a posse plena e o usufruto exclusivo dos territórios pelos povos indígenas. A Funai, com o apoio do governo e de outras organizações, continua a trabalhar para alcançar esses objetivos.

Desenvolvimento de Vacina Contra o Zika

O Instituto Butantan, um dos principais centros de pesquisa biomédica do mundo, anunciou recentemente que está trabalhando no desenvolvimento de uma vacina contra o vírus Zika. Este vírus é conhecido por causar microcefalia em bebês quando a mãe é infectada durante a gravidez.

A Vacina

A vacina é composta pelo vírus Zika inativado, uma abordagem que o Instituto Butantan considera ideal e mais segura para uso em gestantes. A previsão é que os testes em animais comecem no segundo semestre de 2024.

Os pesquisadores do Instituto Butantan estão empenhados no estudo da vacina desde 2015, ano em que o Brasil sofreu uma epidemia do vírus. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2015 e 2022, o país registrou quase 1,9 mil casos de microcefalia congênita.

Estudos e Resultados

Estudos de prova de conceito realizados em animais para avaliar a viabilidade do produto já demonstraram que a vacina é capaz de produzir anticorpos neutralizantes contra o Zika. A próxima fase, prevista para agosto de 2024, é realizar testes pré-clínicos de segurança para verificar a tolerabilidade e possíveis reações adversas.

Apesar de ainda estar em fase inicial, a expectativa em relação à nova candidata a vacina é positiva. Ela utiliza técnicas clássicas de produção, além de um adjuvante tradicional, o hidróxido de alumínio. Este composto é conhecido por potencializar a resposta imunológica e ajudar a mantê-la a longo prazo.

Processo de Produção

O processo de produção do imunizante funciona da seguinte maneira: as células são cultivadas em frascos, multiplicadas em biorreator e inoculadas com o vírus. Em seguida, o material é filtrado para eliminar contaminantes celulares. O próximo passo é a inativação do vírus, utilizando um reagente químico clássico e, depois, a purificação. Por fim, o vírus inativado e purificado é concentrado e formulado. O produto final pode ser armazenado em refrigeração comum – entre 2 graus Celsius (°C) e 8°C.

Desafios e Expectativas

É importante lembrar que, sem o vírus em circulação, não é possível realizar ensaios clínicos de eficácia (fase 3) para avaliar se os vacinados ficam menos doentes do que os não vacinados. Atualmente, existem duas vacinas contra o Zika de farmacêuticas estrangeiras sendo estudadas em pacientes, que estão nas fases 1 (de análise de segurança) e 2 (de análise de imunogenicidade, ou seja, capacidade de induzir anticorpos) de ensaio clínico.

Microcefalia

A microcefalia é uma condição em que a cabeça do bebê é muito menor do que o esperado, exigindo acompanhamento médico para toda a vida. As crianças podem apresentar convulsões, atrasos no desenvolvimento, deficiência intelectual, problemas motores e de equilíbrio, dificuldade de se alimentar, perda auditiva e problemas de visão. Em quadros mais graves, a expectativa de vida pode variar de alguns meses até 10 anos.

Prevenção

A principal forma de evitar a doença é eliminar os criadouros do mosquito Aedes aegypti (transmissor do vírus), ou seja, evitar acúmulo de água parada em vasilhas, vasos de plantas e pneus velhos; instalar telas em janelas e portas; usar roupas compridas (calças e blusas) ou aplicar repelente nas áreas do corpo expostas e dar preferência a locais com telas de proteção e mosquiteiros.

No Brasil, a epidemia do zika durou aproximadamente um ano, o que, segundo o Butantan, desacelerou o estudo. No entanto, os cientistas continuaram trabalhando nas etapas de produção do vírus. Com a continuação desses esforços, a esperança é que uma vacina eficaz contra o Zika esteja disponível no futuro próximo.

Eliminação Progressiva dos Combustíveis Fósseis – Uma Análise Crítica da COP28

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP28), realizada em Dubai, Emirados Árabes Unidos, trouxe à tona um tema crucial para o futuro do nosso planeta: a eliminação progressiva do uso de combustíveis fósseis.

O Balanço Global Preliminar

O documento preliminar do Balanço Global (Global Stocktake, GST) apresentado na conferência inclui a eliminação progressiva do uso de combustíveis fósseis. Este documento servirá de base para as negociações do documento final da COP28, que deve fazer uma avaliação do combate às mudanças climáticas a partir do Acordo de Paris.

Para os combustíveis fósseis, o Balanço Global apresenta duas opções de texto e deixa aberta uma terceira opção sem texto construído. A primeira opção diz que as partes se comprometem com a “eliminação progressiva, ordenada e justa dos combustíveis fósseis”. Já a segunda opção diz ser necessário “acelerar os esforços no sentido da eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e reduzir rapidamente a sua utilização, de modo a alcançar emissões líquidas zero de CO2 nos sistemas energéticos por volta de meados do século”.

A Perspectiva dos Especialistas

Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, considera o texto preliminar histórico por incluir, entre as opções, a eliminação dos combustíveis fósseis. Ela compara a situação atual com a COP anterior, onde os textos faziam referência à eliminação dos subsídios para combustíveis fósseis e também teve um foco na transição do carvão.

No entanto, Carlos Eduardo Young, coordenador do Grupo de Economia do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal da Rio de Janeiro (UFRJ), acredita que a inclusão do termo “eliminação” no documento, apesar de poder ser considerado um avanço, não é capaz de produzir mudanças no uso de combustíveis fósseis.

Desafios e Interesses Contrários

A eliminação progressiva dos combustíveis fósseis enfrenta vários desafios, incluindo interesses contrários de países produtores de petróleo. Além disso, existem exemplos que indicam que o mundo não está trabalhando para a eliminação dos combustíveis fósseis, como o projeto do governo brasileiro de explorar petróleo na margem equatorial do país.

Conclusão

A COP28 trouxe à tona a necessidade urgente de eliminar progressivamente os combustíveis fósseis. No entanto, a implementação desta medida enfrenta vários desafios, incluindo a resistência de países produtores de petróleo e a falta de medidas concretas para reverter o uso dos combustíveis fósseis. Ainda assim, a inclusão deste tema nas discussões da COP28 é um passo importante na luta contra as mudanças climáticas.